terça-feira, 29 de maio de 2018

Com qual idade uma mulher tem mais probabilidade de se casar?


O recorte abaixo é do jornal "A Imprensa Ytuana" ano 008, n. 344, do ano de  1882.

Trata-se de uma tabela que mostra estatisticamente a probabidade que a mulher do século XIX (19) tinha de casar de acordo com sua idade.



segunda-feira, 28 de maio de 2018

PAMPI – PRONTO ATENDIMENTO DOS MÉDICOS DE INDAIATUBA

 texto de Dr. Francisco Carlos Ruiz*



Dr. Francisco Carlos Ruiz (psiquiatra) e Dr. Argemiro Früet Júnior (médico do trabalho)


Não é possível se precisar quando se iniciaram as atividades do Pronto Atendimento de Médicos de Indaiatuba. O colega Dr. Argemiro Früet Júnior lembra que foi no ano de 1991. Recuperei uma escala de plantão de agosto de 1991 na qual constavam além de mim, o próprio Dr. Argemiro, Dr. Edmir, Dr. Valdir, Dr. José Joaquim, Dr. Rufi no, o falecido Dr. Renato Riggio Júnior, Dr. Manuel, Dra. Sueli e Dr. Paulo na Clínica Mé- dica. Na Pediatria havia o Dr. Sérgio Nitsch, Dra. Maria José, Dra. Maria de Lourdes, Dr. Rubens, entre outros. 


O Pampi foi uma iniciativa dos médicos da APM de Indaiatuba com o apoio da Unimed Campinas pelo fato de não haver um serviço de pronto atendimento para os usuários da Unimed além do Pronto Socorro do HAOC. Médicos de diversas especialidades prestavam atendimento na Clínica Médica e até na Pediatria. 

Inicialmente foi escolhida uma casa na Rua Siqueira Campos onde funcionavam o escritório da Unimed durante o dia e o serviço de pronto atendimento à noite e nos fins de semana. Nos fundos da casa estava localizada uma pequena sala que era a sede da APM de Indaiatuba. 

Havia sempre uma enfermeira que fazia o trabalho de enfermagem. Realizavam-se pequenas suturas, atendimentos para alguns tipos de urgência e pequenos procedimentos. Os casos mais graves eram encaminhados ao hospital, uma vez que não havia estrutura para atendê-los. Entre casos de crises asmáticas, hipertensivas, cólicas renais, havia situações excêntricas como os famosos pedidos de atestados, lavagem do ouvido e pacientes que chegavam na madrugada pedindo guias para realização de exames. 

O caso mais surreal foi de uma paciente que me procurou no plantão e falou: “Doutor, vou ser muito sincera. Estou aqui para lhe pedir um dinheiro emprestado porque meu problema é apenas falta de dinheiro”. Eu achava que estava preparado para qualquer emergência médica, mas aquele pedido foi surpreendente. Se eu tivesse alguma predisposição teria tido uma crise hipertensiva. 

Apesar do improviso, foram anos de atendimentos à população de Indaiatuba e de experiências interessantes para os plantonistas. Em 1999, com a aquisição da carteira de clientes da Samil pela Unimed Campinas, o Pampi deixou de existir, mas deixou também muitas saudades.


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Texto originalmente publicado na revista APM News da Associação Paulista de Medicina de Indaiatuba de Abril de 2018 - ANO XXI - Nº 233


quarta-feira, 23 de maio de 2018

CIGANOS


"Ciganos" - obra de George Morland - óleo sobre tela - 36 x 47 cm - 1800 - 
(The Hermitage (St. Petersburg, Russia)


"Cigana com filho" - obra de Amedeo Modigliani óleo sobre tela - 116 x 73 cm - 1918 - 
(Galeria Nacional de Art, Washington, EUA)





"A Cigana Adormecida" - obra de Henri Rousseauóleo sobre tela - 129,5 x 200,7 cm - 1897 
(Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA)



A historiografia considera – pelo menos essa é, até agora - a fonte mais antiga encontrada - que os primeiros ciganos chegaram no Brasil em 1574 quando João Torres, sua mulher e filhos foram degredados para o nosso país.[1] 

Desde então, as relações entre esses ciganos e os demais membros da sociedade, por terem se diferenciado bastante, no tempo e no espaço, não foram tranquilas[2] e a presença deles, substancialmente até o fim do século XIX e início do século XX, incomodava por demais as autoridades, como aconteceu na Indaiatuba do Major Alfredo Camargo Fonseca, do Tenente José Tacnlér-Tancredi e do Boticário Chiquinho.

Sendo ágrafos, a história dos ciganos ficou registrada, em grande parte, pelas autoridades policiais que os categorizavam como ‘perturbadores da ordem’ ou por memorialistas e escritores literatos, que na maior parte das vezes os descreveram com filtros subjetivos de juízos de valor, como sujos, trapaceiros, ladrões ou então elementos incivilizáveis, inúteis à sociedade, supersticiosos, corruptores dos costumes, vândalos, enfim, uma anomalia social e racial[3]. Perseguida, essa etnia estigmatizada foi massacrada na II Guerra Mundial ao lado de muitos homossexuais, negros, deficientes e judeus.

Após a Proclamação da Independência, as elites brasileiras que "pretenderam estabelecer um reordenamento físico das cidades, higienizar as vias públicas e excluir dos centros urbanos todos os indivíduos que não se adequaram à nova ordem"[4], passam a intensificar a repressão a populações marginalizadas como a dos ciganos, que no entender desse novo caráter nacional em formação, era uma ameaça ao “processo civilizatório”. Nesse período, as diligências policiais feitas nos encalços dos ciganos resultavam em sangrentos confrontos.[5]

O confronto registrado em Indaiatuba nesse ano de 1896 não fugiu à regra. Vários jornais da Província de São Paulo narraram a “invasão dos ciganos que infestaram vários locais no interior do estado”, gerando grande movimento de tropas e importantes diligências feitas pelo D. Xavier de Toledo afim de acabar com as maltas de ciganos. 

As autoridades de Indaiatuba e Campinas pediram reforço policial à polícia da província “a fim de evitar o saque que estava iminente por aquela terrível gente”. Consta que a força pedida pela autoridade de Indaiatuba, “chegando àquela vila, conseguiram pôr em debanda um grupo de ciganos, que portavam carabinas winchester”.  Mas não sem antes travar-se um tiroteio entre as forças comandas pelo alferes Aymoré e seus 30 comandados e o grupo de ciganos[6], calculado em 400 pessoas que haviam vindo de Itu onde já haviam amedrontado a população”[7], (outra fonte informa que eram 50 ciganos[8]) entre homens mulheres e crianças, estando a maior parte montadas em ‘magníficos cavalos’. As forças armadas da Província perseguiram

... os malfeitores... foram os menos ágeis presos por um sargento do destacamento de Indaiatuba, estando no meio deles um velho em cujo poder foi encontrada a quantia de 800$. Quantia esta que lhe foi entregue pelo Dr. Chefe de Polícia, depois de ter provado que lhe pertencia aquele dinheiro. [9]

O delegado de polícia de Campinas também recebeu força do 1º batalhão da Província de São Paulo, que reunida à força local, formou um contingente aproximadamente de oitenta homens, que conseguiu capturar os ciganos fugidos de Indaiatuba, “arrecadando” deles, seis cavalos.

                Bom, não é necessário ser um especialista em linguística ou um expert em interpretação de textos para ver o que as fontes dizem: por ser um grupo previamente estigmatizado, foram recebidos à bala, os mais velhos e frágeis foram capturados, seus pertences apreendidos (e depois vergonhosamente devolvidos) e seus cavalos tomados. Não consta nas fontes nenhum tipo de reação violenta por parte das vítimas.




Notícia publicada no “The Rio News” de 22 de dezembro de 1896[10]

                Esta história de discriminação não chegou ao seu final. Os grupos ciganos ainda são pouco conhecidos e acabam negligenciados pelos governos dos territórios onde vivem[11].





[1] COELHO. F. A., Os ciganos de Portugal. Lisboa, Dom Quixote, 1995. (Original: 1892).
[2] TEIXEIRA. Rodrigo Corrêa. A História dos Ciganos no Brasil – Núcleo de Estudos Ciganos, Recife, 2008. Disponível em http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/a_pdf/rct_historiaciganosbrasil2008.pdf (Original como tese de mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais).
[3]TEIXEIRA (2008).
[4] FRAGA F. Walter. Mendigos, moleques e vadios na Bahia do século XIX, São Paulo, HUCITEC; Salvador, EDUFBA, 1996.
[5] TEIXEIRA (2008).
[6] Jornal O Commércio de São Paulo de 19 de dezembro de 1896 -  Hemeroteca da Biblioteca Nacional.
[7] Jornal Minas Geraes – 22 de dezembro de 1896 -  Hemeroteca da Biblioteca Nacional.
[8] Jornal O Commércio de São Paulo de 19 de dezembro de 1896 -  Hemeroteca da Biblioteca Nacional.
[9] Jornal Gazeta da Tarde, 27 de dezembro de 1896 - Hemeroteca da Biblioteca Nacional.
[10] Jornal The Rio News de 22 de dezembro de 1896 – Hemeroteca da Biblioteca Nacional

[11] Difusão da história e cultura ciganas é arma na luta contra o preconceito, Texto publicado em “Sociedade”, USPonline, por Gabriela Malta Felix em 2 de dezembro de 2013.




Esta e outras histórias de Indaiatuba você encontra no livro abaixo:



quinta-feira, 17 de maio de 2018

Semana de Museus no Casarão

Esta semana o Museu do Casarão Pau Presto está participando da 16a. Semana de Museus (entre 14 a 20 de maio) com o tema  “Museus Hiperconectados: novas abordagens, novos públicos”.

Hoje haverá Oficina de Fotografia e hoje e amanhã, mediação da exposição "Caminho dos Tropeiros".




Sobre a oficina de fotografia
Ministrante: Vagner Luiz Vacchia
Atualmente coexistem nas sociedades modernas várias gerações. São pessoas que receberam educação, cultura, valores e objetivos de vida diferentes entre si. Esse cenário seria normal em outra época na história da humanidade, no entanto vivemos um período de transformações sociais cada vez mais rápidas e profundas. A principal máquina impulsionadora desse processo tem sido a revolução digital, que não sabemos onde vai parar. Entender as mudanças na sociedade, bem como estreitar os laços com a nova geração são grandes desafios nesse século.
Indústrias, empresas de serviços e de ensino se esforçam nessa tarefa.
Como os museus se posicionam nesse cenário? Que atividades poderão apaixonar e aproximar as novas gerações? A única certeza, por enquanto, é que não podemos parar esse processo de mudanças.
Será realizada, através da palestra no dia 17 de maio, uma reflexão e um panorama para entendermos melhor as transformações sociais das últimas décadas. As características das gerações Baby boomers, X, Y, Millennials e Alphas (que coexistem na atualidade) serão explicadas como auxílio na busca de novas abordagens.
O que é um museu?
Um museu é, na definição do International Council of Museums (ICOM, 2001), "uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade".
Todo museu, assim como a história, o patrimônio cultural e a memória - que configuram campos diferentes, mas são articulados entre si -  é um campo de tensão e intenção. Na maior parte das vezes, são "arenas políticas, territórios em litígio, lugares onde se disputa o passado, presente e futuro (IPHAN).
Essa tensão entre as partes interessadas deve ser mantida, faz parte dele e permite que qualquer museu seja apropriado de forma democrática por TODOS os grupos, etnias, classes, etc. 
O museu é de todos.
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Sobre a semana de museus em Indaiatuba, veja mais em:
Veja mais em: http://maisexpressao.com.br/noticia/fundacao-pro-memoria-de-indaiatuba-participa-da-16-semana-de-museus--47634.html
Sobre o museu como um local permanente de tensão, leia mais em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/educacao_museu_patrimonio_tensao.pdf

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Porque museu que é "Museu", educa

Museu Republicano de Itu inaugura recursos multissensoriais nas suas salas expositivas 




Resultado de projeto envolvendo diversas áreas de trabalho, o museu apresenta novos recursos de acessibilidade que incluem audiodescrições bilíngues e réplicas táteis de acervos e da fachada.

Desde 2015 o Museu Republicano vem desenvolvendo um grande projeto dedicado a ampliar o acesso de seu acervo e exposições junto ao público. Na próxima quarta-feira, 16 de maio, irá inaugurar um conjunto de recursos acessíveis que permitem que mais pessoas possam fruir os conteúdos que a instituição desenvolve. Será possível, por exemplo, agendar visitas com utilização de audioguias, em inglês e português, que descrevem aos visitantes a exposição do local.


Outro recurso importante que o museu estará apresentando no evento são os objetos táteis e a réplica da fachada de seu edifício e azulejos, que poderão ser apreciados pelo toque das mãos, de forma que mais pessoas possam usufruir e conhecer as exposições e a história do museu.

Os recursos foram adquiridos por meio de projetos fomentados pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, pela Fundação USP e pelo Santander, entre 2015 e 2018. Projeto multidisciplinar sob coordenação da supervisora do Museu Republicano, Maria Aparecida de Menezes Borrego, foi desenvolvido pelo Serviço Educativo do Museu Republicano e envolveu as equipes de informática, conservação, comunicação visual, administração e segurança da instituição. Contou também com consultorias da Fundação Dorina Nowill e da Escola de Cegos Santa Luzia de Itu. 

No dia da inauguração, acontecerá a apresentação de música da Banda Clareou, composta por músicos deficientes visuais e funcionários da AIADV Escola de Cegos Santa Luzia, coordenada pelo professor de música Cadú Scalet.


* As visitas com audioguias, em português e em inglês, serão disponibilizados para uso de grupos de segunda à sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h, com agendamento prévio junto ao Serviço Educativo.

Serviço
Local: Museu Republicano de Itu/USP.
Endereço: Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP.
Horário: 10h30
Sem necessidade de inscrição prévia.
Informações: (11) 4023-0240, menu 3, Setor Educativo

Confirme sua presença no evento do facebook: https://www.facebook.com/events/2025699034360249/

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