terça-feira, 25 de setembro de 2018

Peregrinação do Santo Lenho - Desde 1964

Texto de Janete Trevisani (setembro de 2018)

A peregrinação de Santo Lenho existe há mais de 40 anos. Fiéis saem às cinco da manhã em procissão da Rua Padre Bento Pacheco, em Indaiatuba, até a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Helvetia. A festa é celebrada em 14 de setembro. Conheça um pouco da história da peregrinação. 




Fiéis saem às cinco da manhã em procissão da Rua Padre Bento Pacheco, em Indaiatuba, até a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Helvetia (Divulgação)




História de uma tradição 

A Primavera ainda não chegara oficialmente, mas seus sinais eram tão fortes que já se considerava findo o Inverno. As videiras começavam a brotar e todos aguardavam a chuva já atrasada. 

Corria o ano de 1964 e em seu antigo sítio em Itaici, que se destacava entre os eucaliptos que ali existiam, Henrique Lins acabava de assistir pela televisão ao pronunciamento do novo papa, Paulo VI. 

Eram tempos conturbados no mundo todo e também a igreja se ressentia pela febre de mudanças que atingia a todos. 

O Concílio Vaticano II se reuniria em uma de suas fases finais em 14 de setembro daquele ano, dia da Exaltação da Santa Cruz, e o Sumo Pontífice rogava aos fiéis para que, com sacrifícios, orações e atos de fé, ajudassem o conclave a ter bom desfecho. 

Impressionado com a notícia, Henrique se lembrou de que uma das maiores alegrias de dom Ildefonso Stehle, vigário de Helvetia por mais de 50 anos, era uma relíquia: dois fragmentos da verdadeira cruz de Cristo trazida de Roma na década de 20 por Antônio Ambiel e esposa, oferta generosa do então papa Pio XI à igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Helvetia. 

Dom Ildefonso costumava abençoar o povo todo ano no dia da Exaltação da Santa Cruz.

Pegando sua bicicleta, foi até Helvetia, onde encontrou o vigário, padre Lino Bannwart, acompanhado do então padre Constantino Amstalden; eles ainda não sabiam do pedido do papa, mas apoiaram a ideia de uma peregrinação de Indaiatuba a Helvetia. 

Os vigários das duas paróquias da cidade também abraçaram a iniciativa, sendo então publicado no jornal da época um convite ao povo em geral. 

Uma centena de pessoas participou dessa primeira caminhada. 

Nos primeiros anos, a caminhada partia de madrugada da caixa d’água, no antigo parque municipal (hoje rodoviária) seguindo pela Avenida Presidente Vargas e depois pelo “estradão” (atual rodovia SP 75). 

Mais tarde, os peregrinos passaram a se reunir na Capela de Santa Cruz, que também é dedicada a São Benedito. 

O percurso também mudou: seguia a Rua Treze de Maio e depois pela estrada do Morro Torto. 

Quando se tornou vigário da paróquia de Nossa Senhora da Candelária, o padre Álvaro Ambiel levou o Santo Lenho uma semana antes para ser venerado na cidade e devolvido solenemente pela peregrinação, dando oportunidade de cada um carregar por alguns passos o fragmento da verdadeira cruz de Cristo. 


Fiéis chegam de várias cidades 

O costume é seguir até os limites da cidade em duas filas, rezando o terço. 

Dali para frente, as pessoas são convidadas a caminhar livremente; ao chegarem, é formado novamente o cortejo para ser recebido pela comunidade local, quando então é iniciada a missa. 

No início havia caminhoneiros que punham os seus veículos à disposição para transportar peregrinos cansados e sem condução. 

Com a proibição desse tipo de transporte, a prefeitura começou também a oferecer seus ônibus gratuitamente. 

Hoje, alguns políticos ajudam, após o pedido dos organizadores, com ônibus gratuitos para o transporte de regresso dos peregrinos. 

A peregrinação do Santo Lenho já atraiu pessoas de várias cidades vizinhas que chegavam a dormir no coreto da Praça Prudente de Morais para não perder a saída da caminhada. 

Antes de morrer, Henrique passou para alguns netos e amigos da comunidade local, a incumbência de zelar pela continuidade de sua iniciativa. 

Hoje, a peregrinação tem mais um sentido: o de celebrar sua memória junto da de tantos outros companheiros de caminhada, que ele nunca se cansava de lembrar carinhosamente, como lembra Daniel Steve, neto de Henrique. 

Ao lado, Henrique Lins, o idealizador da peregrinação, já morreu, mas os netos e amigos prosseguem com a tradição

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Famílias “só com mãe e avó”

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE,  o número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou em termos absolutos (105%), subindo de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015. Em termos percentuais, o total de famílias chefiadas por homens diminuiu de 72,6%, em 2001, para 59.5%, em 2015, enquanto o percentual de famílias chefiadas por mulheres subiu de 27,4% para 40,5%, no mesmo período.
As mulheres chefes de família sempre fizeram parte da sociedade brasileira. Nos tempos coloniais, os homens iam e vinham, se deslocando em busca de novas ocupações e oportunidades, deixando para trás mulheres e filhos. Atividades como mineração e pecuária atraiam aqueles que sonhavam em enriquecer e voltar para a Europa – onde, muitas vezes, já tinham deixado uma família formada. Nesse processo, núcleos familiares se formavam devido ao concubinato e às uniões informais. Quando eles partiam, elas ficavam responsáveis pelo sustento dos filhos.
Mary del Priore nos conta: “A existência de mulheres sozinhas nas cidades coloniais, por exemplo, dava uma característica especial às famílias, que se constituíam, muitas vezes, apenas de mãe, filhos e avós. Como hoje, multiplicavam-se os lares monoparentais com chefia feminina. Algumas dessas famílias incluíam escravos e escravas. Outras, parentes ou compadres e comadres agregados”. As mulheres lutavam para dar melhores condições aos filhos. Elas se uniam, ajudavam uma às outras, tentando sobreviver de pequenos negócios como hospedarias e venda de doces, ou da exploração dos serviços de seus escravos “de ganho”.
Essas mulheres, ricas ou pobres, tinham que se esforçar para serem respeitadas pela sociedade. “As mulheres viúvas ou abandonadas, que tocavam suas fazendas com a ajuda dos filhos ou de irmãos, deveriam aparentar viver com honra e recato, cumprir deveres de mulher cristã, manter costumes de decoro”, diz a historiadora. Elas não podiam ser “frágeis”: trabalhavam e cuidavam de seus negócios da mesma forma que os homens. As mais abastadas davam ordens aos escravos e capatazes, montavam em seus cavalos e inspecionavam as terras e roças.
As listas nominativas – espécie de censo demográfico do século XVIII – revelam vários destes casos como o de D. Maria Joaquina, paulista que:
“vive de suas quitandas, viúva, branca, de 56 anos, morava ao norte da Sé com uma filha solteira e 5 escravos.” Ou de  Maria Antonia da Fonseca, quitandeira, viúva, branca de 50 anos, morava em Santa Ifigênia com 5 agregados e 10 escravos.
                Entre os escravos alforriados, as mulheres também eram maioria. E cabia a elas, na maioria das vezes, cuidar da própria sobrevivência e da dos filhos. A moda se tornou uma opção no restrito mercado de trabalho. No século XIX, os brasileiros mais ricos adquiriam o hábito de fazer compras nos locais chics do Rio de Janeiro, como as ruas do Ouvidor e a Direita. Muitas escravas forras foram trabalhar neste comércio do luxo e aprenderam novos ofícios, abrindo posteriormente seus próprios negócios.  Costuravam, faziam arranjos em chapéus, bordavam, aplicavam pedrarias e arranjavam perucas, eram cabeleireiras…
Mães e trabalhadoras. Essa é a realidade brasileira desde que o Brasil começou a se formar. Não é novidade. Lembro-me de que, no final dos anos 90, fiz uma reportagem sobre a PNAD do IBGE. A editora me disse que precisávamos dar destaque ao fato de que o levantamento apontava um número significativo de mulheres chefes de família. Ora, pensei comigo, devemos deixar claro que isso não é um fato novo, mas um fenômeno histórico. Não é resultado da dissolução dos costumes, como foi dito ainda ontem, mas é resultado, muitas vezes, do abandono masculino e da irresponsabilidade paterna (nem sempre, obviamente). Ou fruto da necessidade e do destino…
A situação das mulheres chefes de família que se encontram na parte mais baixa da pirâmide social brasileira sempre foi dramática. Nos anos 80 do século passado, houve uma transformação nos costumes que trouxe mais autonomia às mulheres. Muitas passaram  a escolher a separação por uma série de fatores, inclusive em prol da carreira.  Mary del Priore lembra que, entre os mais pobres, “não foram os costumes liberais que colocaram o Nordeste como primeira região do país em número de mulheres chefes de família; foi a miséria, que empurrou os maridos para longe, em grandes fluxos migratórios, para onde partiram sozinhos, deixando mulheres e filhos para trás. Esse matriarcado na pobreza não supriu todas as necessidades, mas sem ele a degradação seria maior”.
Em um país em que o divórcio só foi aprovado em 1977, sabemos do estigma que acompanha as mulheres que criam seus filhos sozinhas. Segundo a nossa tradição, a mulher que não tem um homem para tutelá-la e protegê-la é vista como vulnerável. “Nas famílias latinas, que marcam nossa cultura, o pai é o defensor da honra da mulher. Na ausência dele, é o irmão. Na hora de brigar no condomínio, na oficina mecânica, de alugar um apartamento, uma mulher descasada tinha, até há bem pouco tempo, dificuldades imensas”, explicou a cientista social Maria Coleta Oliveira, do Núcleo de Estudos de População da Universidade de Campinas (Unicamp). “Hoje, isso está mudando nos grandes centros urbanos. As mulheres estão se inteirando de que podem conquistar espaços que não existiam antes.”
Os costumes mudam, entretanto, os preconceitos ficam. O que aprendemos com a História é que, com coragem, determinação e ajudando umas as outras, as mulheres chefes de família continuam a cuidar de seus filhos, apesar dos estigmas e discriminações. Por necessidade ou opção, aquelas que tomaram para si essa difícil tarefa devem ser respeitadas e, principalmente,  amparadas por políticas públicas inclusivas e responsáveis.

 “Uma senhora brasileira em seu lar” de Jean-Baptiste Debret. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Oficina da Escola do Patrimônio: "Museus históricos – Museu Republicano de Itu e a arquitetura da Cidade"


A Fundação Pró-Memória de Indaiatuba convida a todos para a próxima oficina do Projeto "ESCOLA DO PATRIMÔNIO": Museus históricos – Museu Republicano de Itu e a arquitetura da Cidade.

Inscrições através do link: https://goo.gl/forms/R0TD7eAqPb7FqaR73


Escola do Patrimônio - 22 de setembro de 2018
Oficina: Museus históricos – Museu Republicano de Itu e a arquitetura da Cidade

Professores: 
Dr. Francisco Dias de Andrade (Doutorado em História da Arte – UNICAMP)

Aline Antunes Zanatta (Doutoranda em Educação – FE/UNICAMP, Mestre em História Cultural – IFCH/UNICAMP, Educadora do Serviço Educativo do Museu Republicano de Itu/USP)

Horário: 9h às 13h - 14h às 16h
Local: Museu Republicano de Itu - Itu



Ementas da Oficina: 

1 - Museu de história: Educação não-formal e Novas Narrativas (Manhã)
Aline Antunes Zanatta
Doutoranda em Educação – FE/UNICAMP, Mestre em História Cultural – IFCH/UNICAMP - Serviço Educativo do Museu Republicano de Itu/USP
O intuito desta oficina consiste em estudar algumas propostas de educação não-formal desenvolvidas pelo Serviço Educativo do Museu Republicano “Convenção de Itu”, extensão do Museu Paulista da Universidade de São Paulo. Portanto, pretendemos refletir sobre como ações de educação não-formal em museus podem trazer à lume outras memórias não monumentalizadas, a partir de pesquisas em História Oral e dos processos curatoriais que levem em consideração os interesses e narrativas dos diversos sujeitos históricos na contemporaneidade.

2 - A arquitetura urbana de Itu, principal vila paulista dos séculos XVIII e XIX (Tarde)
Francisco Dias de Andrade
Doutorado em História da Arte – UNICAMP
A oficina procurará apresentar um panorama da evolução urbanística da vila de Itu nos séculos XVII, XVIII e XIX, relacionando seu desenvolvimento ao surgimento de um padrão arquitetônico singular no contexto da capitania e província de São Paulo. A oficina oferecerá algumas balizas conceituais e historiográficas úteis ao entendimento das questões relacionadas: 
- urbs e civitas no Brasil colonial;
- o conceito de decoro na história da arquitetura e do urbanismo;
- A importância das obras públicas na hierarquia urbana tradicional. 
Além disso, a oficina buscará fomentar a criação de um repertório tipológico e estilístico da arquitetura do período abordado utilizando-se de exemplares localizados na atual cidade de Itu e suas antigas paróquias filiadas.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Major, uma figura emblemática da política

Major Alfredo de Camargo Fonseca foi prefeito reeleito por todo o período da República Velha

 texto de Fernanda Bugallo com base nas memórias de Hélio Milani
Originalmente publicada na Tribuna de Indaiá, edição de 01/12/2016


Major Alfredo Camargo Fonseca 
(terceiro da esquerda para a direita, sentado)



Durante aproximadamente 30 anos à frente da administração da cidade de Indaiatuba, sendo 25 anos como intendente e depois como prefeito, o Major Alfredo de Camargo Fonseca é uma das figuras mais emblemáticas da política da cidade.

O Major Alfredo foi prefeito reeleito por todo o período da República Velha. Durante esse período, foram criadas as torneiras públicas, o código de posturas municipal foi atualizado e foi inaugurada a rede de iluminação elétrica, substituindo os lampiões que a Câmara havia instalado em 1887.

Nunca foi casado, teve amantes no decorrer da vida e firmou-se com dona Chiquinha por mais de 20 anos. Com bengala nas mãos, o Major era bem quisto por onde passasse. Conversava com todos na praça do Lago e, de acordo com relatos de Hélio Milani à Fundação Pró-Memória, o Major foi um homem muito honesto para a cidade.

Filho de Humberto Milani e Cleofas Mosca Milani, nascido em Indaiatuba pela parteira Dona Emília e recebido com um litro de vinho do porto jogado em seu corpo. Essa foi a chegada do recém-nascido Hélio Milani no dia quatro de outubro de mil novecentos e vinte e cinco.

Embora nascido na cidade de Salto, o pai de Hélio mudou-se para Indaiatuba e permaneceu com a profissão de barbeiro. "Ele sempre foi barbeiro e barbeiro dos bons. Ele era o barbeiro da época da lata sociedade", conta Hélio.

Vereador de 1956 a 1959 e presidente da Câmara, Hélio Milani conheceu e vivenciou muito da história de Indaiatuba. Faleceu em 13 de junho de 2012 por conta de problemas respiratórios e uma parada cardíaca.

Vida de engraxate

"O Hélio, tá engraxando. Tô Major! Então engraxe a minha. Era bonita, então ele pôs a butina dele né, eu levava cadeira", conta Hélio durante a entrevista relembrando diálogo que tivera com o Major.

O ex-presidente da Câmara conta que era ótimo engraxate e que o trabalho dele custava 400 réis. "E ele me deu mil réis". Foi exatamente esse valor que Hélio recebeu do Major Alfredo ao engraxar o seu sapato. "No segundo dia, engraxei o do Toninho Zoppi, Toninho Rêmulo, e assim foi e depois eu ia todo domingo engraxar sapato".

O trabalho de Hélio como engraxate durou um ano e acontecia na praça, embaixo das árvores no ponto de ônibus.

Pista de pouso na Revolução

Durante a Revolução de 1932, o Major Alfredo era o prefeito da época. Em apenas uma semana, construíram um campo de aviação entre as fazendas dos Amarais e de Indaiatuba para pousarem aviões do Estado de São Paulo na Revolução. O objetivo da construção, de acordo com a entrevista, era de que fazia-se necessário ter um aeroporto intermediário.

Segundo consta da documentação do acervo, a pista de pousos tinha cerca de 900 metros de altura por 30 a 40 metros de largura. "Ela começava aqui nos eucaliptos e terminava lá no Grischek (empresa alemã)", explica Hélio.

Perseguição religiosa dificultava o trabalho do Major

Segundo consta na entrevista realizada com Milani, o Major Alfredo chegou a ser perseguido na cidade por conta de sua religião. E tal perseguição dificultou o trabalho político realizado pelo Major na cidade.

De acordo com Hélio, o Major era presbiteriano e frequentava a Igreja Presbiteriana de Indaiatuba, que ficava na Rua Bernardino de Campos. O Major sempre estava no culto com a bengalinha dele.

Segundo consta, a perseguição religiosa ocorreu por conta de um padre espanhol da cidade. "Porque nós tivemos um padre mor*** aqui em Indaiatuba, porque você sabe, nada tem a ver a religião com o padre. Era um padre espanhol, Padre Luís Soriano. Ele pegava o púlpito na igreja e dizia: "Não pode votar nessa gente! Tem que votar contra", recorda Hélio na entrevista. E ele ainda completa que o padre espanhol espalhava para seus fiéis que as pessoas que eram protestantes eram demônios.

Enérgico, mas determinado e um bom administrador

Milani sempre elogiava muito a conduta e posicionamento pessoal e político do Major Alfredo em Indaiatuba. "O Major Alfredo de Camargo Fonseca, na minha opinião, foi uma bandeira pra esta terra! Era um homem de integridade moral".

Major cuidava muito bem das terras de Indaiatuba e supervisionava tudo o que acontecia. "Não podia pisar na bola com ele, porque ele era muito duro mesmo; o que era da cidade, era da cidade".

O ex-presidente da Câmara conta que algumas vezes o Major efetuou o pagamento dos colaboradores da Prefeitura com o próprio dinheiro. "Eu me recordo que quantas vezes o Odilon ia pra Campinas, naquele tempo eles iam de ônibus, ele o Angelin Bruni; pegavam o cheque do Major, aquele 'checão' grande do Banco Comercial do Estado de São Paulo. Então não tinha dinheiro, e ele fazia o cheque dele, e o Odilon com o Angelin Bruni iam de ônibus, pegavam o dinheiro lá e traziam pra fazer o pagamento do pessoal", relata. "Quando que ele foi restituído? Nunca! O município não tinha arrecadação! Era uma porcaria!"
Odilon era cunhado de Hélio e foi contador da Prefeitura, na época do Major Alfredo, e o Angelo Bruni era o tesoureiro.

Histórias da administração e os amores de Fonseca

Além de tudo, o Major ainda destrinchou o famoso crime do poço que ocorreu em Indaiatuba e chocou a cidade por décadas depois, virando, inclusive, um livro assinado pela historiadora Eliana Belo. "O Major tinha um sexto sentido, era um homem muito inteligente, ele era um administrador nato, acostumado a lidar até com escravos e tudo", afirma Milani.

A patente do Major dele provém da época do Império. "O pai dele deve ter recebido esses títulos no tempo do im-perador Dom Pedro II. Ele nasceu por volta de 1864, e deve ter recebido isso mocinho, influências das famílias", conta Milani.

Se por um lado o Major era um bom administrador, Hélio também contou durante a entrevista dos amores escondidos que o Major carregou durante a vida.

Milani conta que o Major nunca foi casado e que mais tarde se amasiou com a dona Chiquinha. "Ele teve amantes como a famosa Maria Laura e a Dona Teodora. Diziam que ela era muito bonita".

Pelo relato, a relação amorosa do Major com dona Chiquinha durou cerca de 20 anos.

Por conta da idade, foi solicitado o afastamento do Major e ele fez uma declaração pública oficial no Estado de São Paulo "Isso saiu no Diário Oficial da época, em função da integridade dele como homem público. Pôs no Diário Oficial do Estado", conta Hélio.


Em 1941, morre o prefeito e, na sequência, a companheira

No dia 4 de abril de 1941 a notícia se espalha: morreu o Major e morreu dona Chiquinha! Ele morreu primeiro que ela. Ela foi em seguida.

Hélio conta que a notícia foi uma tristeza na cidade, principalmente pra os amigos do Major. "Foi alegria para os inimigos, porque o Major tinha adversários leais, mas tinha inimigos ferrenhos, como o Scyllas e a família inteira do Scyllas Sampaio. Diziam que o Major não fez, que o Major não tinha iniciativa, que o Major era ignorante. Absolutamente! O Major fez um levantamento da água aqui em 1928 pra pôr água em Indaiatuba. Só que ele não tinha condição".

O Major, segundo as pessoas contam no relato de Milani, era dono de uma ou duas fazendas no município de Indaiatuba. "Quando ele morreu quase que precisou fazer 'vaca' pra fazer o enterro dele. E o túmulo dele ficou abandonado por muito tempo".







segunda-feira, 3 de setembro de 2018

LUTO



Dinoprata
Dinoprata, com 30 metros é o maior dinossauro encontrado no Brasil e estava no acervo do Museu Nacional


Meteorito do Bendegó, siderito descoberto na Bahia, em 1784


Meteorito Patos de Minas, siderito descoberto em Minas Gerais, em 1925


Crânio de Luzia (c. 11.500-13.000 anos antes do presente). Lapa Vermelha IV, Lagoa Santa, Minas Gerais


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