segunda-feira, 11 de março de 2019

Sobre o enredo da Mangueira em 2019 - Resposta da ANPUH - Associação Nacional dos Professores Universitários de História

ANPUH RESPONDE

por Keila Grinberg, Hebe Mattos e Martha Abreu
março de 2019.


A Estação Primeira da Mangueira realizou neste último carnaval o que muitos professores de história vêm fazendo em seus cursos: contar a história de baixo para cima e aclamar com orgulho personagens heróicos da história do Brasil, com Dandaras, Cariris, Malês, Dragões do Mar, Luizas Mahins, Esperanças Garcias e Marielles.

Ainda assim, há aqueles que insistem em afirmar que a Mangueira trouxe um ponto de vista sobre a história do Brasil que jogava luz em personagens sobre os quais quase nada se sabia. A falta de profissionais de história entre os comentaristas do carnaval e a força das narrativas canônicas da história brasileira, ainda institucionalizadas na maioria dos museus e monumentos, acabam por relativizar o significado do carro “ditadura assassina” como denúncia política sem lastro historiográfico ou transformar a denúncia do genocídio indígena cometido pelos bandeirantes em “questão de ponto de vista” ou, ainda, a reforçar a falsa (mas potente) narrativa que fez da princesa Isabel, de discreta atuação abolicionista e que estava na chefia do estado brasileiro quando da aprovação da lei pelo parlamento, em a “redentora”, cuja vontade e benevolência teriam sido responsáveis pelo fim da escravidão no país.

É importante esclarecer que a história do Brasil cantada pela Mangueira na avenida vem sendo exaustivamente pesquisada, estudada e ensinada por historiadores dos quatro cantos do país desde pelo menos os anos 1980. Documentos de arquivo e textos de professores e historiadores fizeram parte diretamente do desfile. Há uma sólida lista de livros, artigos e teses a fundamentar a narrativa da Escola, alguns citados pelo carnavalesco na apresentação do enredo. Elencamos aqui alguns títulos que podem servir de guia para aqueles que querem se iniciar no assunto.

O vitorioso enredo de Leandro Vieira tornou evidente para o grande público o que especialistas e os sambistas há muito já sabiam: as escolas de samba são, e sempre foram, lugar privilegiado de produção de pensamento crítico sobre a história do Brasil. Não só a Mangueira, mas também escolas como a Tuiuti, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Estácio e Portela vêm, há anos, cumprindo este papel. Os profissionais de história não estão entre os comentaristas da TV, mas estão no mundo do samba. Não há dúvidas de que grande parte dos carnavalescos, compositores, cenógrafos, e todos os envolvidos na produção dos desfiles manjam mesmo, e muito, de História.

Bibliografia:
Ana Flavia Magalhães Pinto, Escritos de Liberdade: literatos negros, racismo e cidadania no Brasil Oitocentista. Campinas, Editora da Unicamp, 2018.
Comissão Nacional da Verdade. Centro de Referência Memórias Reveladas, Arquivo Nacional. http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/
Flavio dos Santos Gomes e Lilia Schwarcz, Dicionário da Escravidão e da Liberdade. São Paulo, Companhia das Letras, 2018.
Giovana Xavier, Juliana Barreto Farias e Flavio Gomes (orgs.). Mulheres negras no Brasil Escravista e do Pós-Emancipação. São Paulo, Selo Negro Edições, 2012.
João José Reis, Rebelião Escrava no Brasil: a história do levante dos malês de 1835. São Paulo, Companhia das Letras, 2004.
Manuela Carneiro da Cunha, História dos índios no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.
Maria Regina Celestino de Almeida. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas, 2010.


Autoras:

  • Keila Grinberg, Professora Titular de História do Brasil, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Hebe Mattos, Professora Titular de História do Brasil, Universidade Federal de Juiz de Fora e Universidade Federal Fluminense 
  • Martha Abreu, Professora Titular de História do Brasil, Universidade Federal Fluminense.
  • VEJA TAMBÉM O ARTIGO: " VIVA O CARNAVAL" - por Hebe Mattos e Martha Abreu


EMEB João Baptista de Macedo - CONHEÇA O PATRONO



João Baptista de Macedo nasceu em 1924, em Itatiba, estado de São Paulo.
Fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar Coronel Júlio César de Itatiba.
Concluiu o curso secundário no Colégio Roosevelt de São Paulo.
Licenciado em Geografia e História pela Universidade de São Paulo (USP), lecionou no Instituto Mackenzie e na Faculdade de Economia do Brás.
Prestou concurso para o Magistério Oficial e ingressou em Duartina no ano de 1951.
Em seguida foi para Pirajuí onde lecionou durante 3 anos e, depois, já casado, ministrou aulas em Tatuí por 1 (um) ano. Em 18-03-58 assumiu a cadeira de História do Colégio Estadual Dom José de Camargo Barros em Indaiatuba.
Lecionou também na Escola de Comércio Nossa Senhora da Candelária por 8 anos.
Em 1º-08-70 dirigiu o “Dom José” em substituição ao Prof. Paulo Celso de Freitas.
Organizou a mudança da Escola para o prédio próprio em 1972. Aprovado em concurso para Diretor, voltou para o prédio onde atualmente funciona a FIEC para ser o primeiro diretor efetivo do, então, Ginásio Estadual Prof. Hélio Cerqueira Leite a 17-06-1973.
Em 1994 foi homenageado e tornou-se o PATRONO da Biblioteca da FIEC.
Transferiu-se para Jundiaí para facilitar os estudos superiores dos três filhos.
Dirigiu a Escola Argos Industrial e aposentou-se na Escola Profª. Benedita Arruda.
Já aposentado, iniciou a carreira de escritor com os seguintes livros:
ITATIBA ANOS 30, editado pela Universidade São Francisco de Bragança Paulista,
TESTAMENTO EM PROSA E VERSO,
HISTÓRIA E ESTÓRIAS...


Leia mais sobre o prof. João Baptista de Macedo aqui, onde este texto foi originalmente publicado pelo Prof. Gentil Gonçales Filho.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos reúne informações sobre quase 36.000 viagens negreiras



Acaba de ser lançado o site Enslaved: Peoples of the Historic Slave Trade. É um banco de dados gratuito que permite a busca por africanos escravizados ao redor do mundo.

O recurso vem à luz no contexto norte-americano de comemoração dos 400 anos da chegada dos primeiros escravos à colônia inglesa da Virgínia em 1619.

O projeto, dirigido por cientistas da Michigan State University, estreou com informações sobre 500.000 africanos, cujos nomes e circunstâncias foram coletados por grandes historiadores da escravidão. 

Proximamente serão agregados novos registros étnicos, populacionais e geográficos.


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