quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Estação Ferroviária de Indaiatuba - Fatos & Memórias

 

Reclamação publicada no jornal " A Nação - Orgão do Partido Republicano" a respeito da companhia ferroviária "Estrada de Ferro Sorocabana" que permaneceu em atividade de julho de 1875 até outubro de 1971 quando foi incorporada à FEPASA - Ferrovia Paulista S/A

A reclamação foi feita por um indaiatubano e publicada no jornal "A Nação - Orgão do Partido Republicano no dia 17 de outubro de 1897.




Vale registrar que, na data da reclamação a atual Estação Ferroviária ainda não tinha sido construída. Só havia um prédio/parada (não se sabe ao certo) que fora inaugurado em 1873, inclusive sendo uma das mais antigas estações da Ituana e do Estado, tendo sido a primeira a ser construída no ramal que levaria para Piracicaba. 

Em seguida a esse local "improvisado" foi erguido o prédio pequeno que está atualmente à esquerda da estação "nova" (que inclusive foi reinaugurada este mês, após passar por restauro e reforma). 
Esse prédio não foi erguido pela Companhia Ituana de Estradas de Ferro - CIEF (que originou-se de uma concessão em 1870, para a ligação entre Itu e Jundiaí pela São Paulo Railway) e sim construída pela população, que fez uma "vaquinha", doou o prédio para a ferrovia e foi inaugurado em 1880. 

No primeiro plano está a estação construída por um grupo liderado por Joaquim Emígdio de Campos Bicudo, que foi doada para a então Companhia em 1880.


O prédio atual da Estação Ferroviária de Indaiatuba foi inaugurado em 1911 e é igualzinho ao projeto de outras estações (veja aqui). Quando ele foi inaugurado, a antiga estaçãozinha feita às custas dos indaiatubanos foi transformada em uma oficina-escola de liuteria (preciso pesquisar mais sobre isso!) e mais tarde, como armazém da ferrovia.

Depois de desativada em janeiro de 1977 para passageiros, serviu por um bom tempo, até por volta de 2003, como delegacia de polícia da cidade, situada na praça Newton Prado, na esquina das ruas Pedro de Toledo e Augusto Camargo, com o leito da antiga linha do trem fazendo o limite da cidade original

Pela estação de Indaiatuba passaram trens de passageiros até fevereiro de 1977 e raros trens de carga até por volta de 1990, quando o antigo ramal foi definitivamente arrancado pela FEPASA.


Ao fundo, o Hospital Augusto de Oliveira Camargo. Em primeiro plano, os trilhos e os desvios da Estação de Indaiatuba, cujas plataformas estão à direita da imagem.
Repare na porteira. Durante um tempo, uma pessoa era responsável por controlar o acesso de quem ia e vinha*, como o local começou a ter movimento, a porteira preservava as propriedades "do lado de lá" da cerca, que antes do HAOC era praticamente uma zona rural, pouco habitada. 
Na foto também se vê a lavandeira municipal onde as mulheres iam lavar e estender as roupas, perto de uma biquinha do Córrego Belchior (atual Praça da Nascente).

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*Colaborou com a informação Tânia Castanho, cujo avô foi Chefe de Estação  local.
** Você pode ler mais sobre a Estação Ferroviária de Indaiatuba e outras estações aqui.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Criação da Escola Mista de Itaici

(1) Em 24 de julho de 1892, o jornal "O Correio Paulistano" publicou o projeto de lei que criaria a Escola Mista da Estação de Itaicy:



O projeto foi aprovado pelo Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, que promulgou a lei  no dia 24 de setembro de 1892 através da Lei nº 101, que você pode ler aqui.

Para conhecer sobre a História da Educação em Indaiatuba, leia a tese de mestrado da Profa. Silvane Leite Poltronieri que está aqui.




Veterano indaiatubano da Guerra do Paraguai

Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado entre países da América do Sul. 

Na segunda metade do século XIX, Brasil, Argentina, Uruguai, que juntos formaram a Tríplice Aliança, se uniram contra o Paraguai em um embate longo e sangrento, que durou entre 1864 e 1870 e que trouxe prejuízos e perdas para todos, mas principalmente para o Paraguai, que foi devastado. Estima-se que aproximadamente 80% da população masculina foi dizimada e o que restou eram idosos, crianças e mutilados de guerra.

No Brasil, até a metade do século passado, a descrição da guerra dava ênfase ao heroísmo nacional, sendo descrita como uma sucessão de feitos e fatos militares com excessiva dose de ufanismo. Por esse motivo, diversas ruas de Indaiatuba e de outras cidades foram nomeadas com nomes das diferentes batalhas dessa guerra, como por exemplo as ruas 11 de junho, 24 de Maio, Tuiuti, Humaitá e Itororó.

Também por isso, muitos dos que entraram no conflito passaram a compor a construção da imagem dos militares como heróis, salvadores e/ou defensores da pátria, corajosos e honestos que perdurou e se intensificou durante a República Velha, só sendo abalada após 1964.

Nessa perspectiva,  vemos um indaiatubano sendo homenageado como veterano da Guerra do Paraguai.

Trata-se do cabo de esquadra Benedicto Gomes da Silva nascido em Indaiatuba em 1842, que você pode conferir na imagem (sentado, à direita) e reportagem abaixo, publicada pelo jornal “O Commércio de São Paulo” do dia 16 de novembro de 1909.






Padre Jerônimo Migliani

Foi pároco da paróquia Nossa Senhora da Candelária de Indaiatuba entre 7 de dezembro de 1897 até 21 de dezembro de 1901. 


Padre Jerônimo Migliani ou Girolano Migliano foi:


  •  professor diplomado em Cosenza pelo “providore agli studii” da província de Calábria Citeriore em 1876; 

  • professor do Seminário Ginásio de São Marco Bisignano Argentano entre 1882 e 1884; 

  • conciliador do município de Mongrassano na mesma província durante um triênio, por decreto do Rei Humberto I, assinado no dia 1º de abril de 1886 e;

  • sacerdote na paróquia de Mongrassano em 1888.


No final de 1893 recebeu licença por um ano para celebrar no bispado do Rio de Janeiro e, em 1897, com carta assinada pelo bispo Vicento Ricotta, do bispado de São Marco Bisignano, foi apresentado ao bispado de São Paulo, o qual o nomeou vigário de Indaiatuba, pelo prazo de apenas 15 dias.


Padre Migliani gostou tanto que acabou ficando em Indaiatuba durante 4 anos. Neste período as provisões do pároco foram sendo renovadas anualmente até que, ao final de 1901, foi nomeado para a paróquia de Mato Grosso de Batatais. Se último batizado foi realizado a 21 de dezembro de 1901.


O padre Jerônimo era o vigário de Indaiatuba quando houve na cidade a epidemia de febre amarela que dizimou muitos habitantes. O jornal o Estado de São Paulo assim noticiou:


 Indaiatuba / A febre amarela tem-se alastrado de um modo assustador nos últimos dias. No hospital de isolamento existem 14 enfermos e em casas particulares, outros tantos. Já se está sentindo a falta de recursos em muitos lares. O comércio, quase todo fechado, dificulta horrivelmente o meio de subsistência. Nestes dias retiraram-se desta Vila trinta e tantas famílias.


No dia 6 de julho de 1899 voltou a noticiar:


 Indaiatuba / No dia 30 passado retiraram-se desta Vila os inspetores sanitários que felizmente deram por extinta a epidemia, que durante três meses devastou esse lugar. Durante esses três meses em que reinou a Febre Amarela, faleceram desse mal 64 pessoas, na sua maioria de 30 anos para cima.


Padre Jerônimo tinha influência no Bispado, tanto que é uma das poucas vezes que se anuncia que foi enviado proventos para Indaiatuba, em vez do contrário, como mostra a publicação do jornal "O Commércio de São Paulo, do dia 7 de dezembro de 1899:




Em 23 de outubro de 2020 o Padre Jerônimo Migliani finalmente foi homenageado através da Lei Municipal nº 7459, de autoria do vereador Alexandre Peres, cujo conteúdo completo você pode ler aqui.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Violência e morte na "Fazenda Sertão" de José Estanislau do Amaral

 

José Estanislau do Amaral 
Do álbum PROFILES & PROJECTS, POR ANA MARIA TOLEDO RODRIGUES 


José Estanislau do Amaral nasceu em 9 de julho de 1817 em São Roque, faleceu em 10 de dezembro de 1899 e foi um fazendeiro de Indaiatuba no século XIX (veja aqui). Filho de Estanislau do Amaral Campos e Ana Leoniza de Camargo, foi casado com Teresa de Jesus Aguirre e pai de Anna Leonizia do Amaral, Estanislau do Amaral Campos, Antonia do Amaral, Maria Rita do Amaral, Antonio Estanislau do Amaral e José Estanislau do Amaral este último, homônimo, foi pai da artista Tarsila do Amaral.


Notícia publicada no jornal "O Commercio de São Paulo" no dia 29/08/1893





186 alforriados em Indaiatuba

No dia 13 de maio de 1888, após seis dias de votações e debates no Congresso, a Princesa Isabel, sem ter outra opção assinou a Lei Áurea, que decretava a libertação dos escravos no país.

Sobre este dia, Machado de Assis escreveu anos depois na coluna “A Semana”, no jornal carioca Gazeta de Notícias: “Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto”.

Alguns meses antes, era anunciado em jornal que a fazendeira Francisca Amalia de Oliveira Camargo - de Indaiatuba - libertara seus 186 trabalhadores negros escravizados.

Francisca Amalia de Oliveira Camargo era filha de Agostinho Rodrigues de Camargo  (1820-1876) e Francisca Amália de Oliveira (1817-1881) e irmã de Augusto de Oliveira Camargo que, junto com sua esposa Leonor de Paula Leite de Barros construíram o Hospital Augusto de Oliveira Camargo.


Fonte - jornal "A Folha de Vitória" (ES) do dia 15 de janeiro de 1888



O conteúdo foi publicado no Jornal do Commercio (SC) na edição de 17 de janeiro de 1888, só que citando 400 escravos.

Indaiatuba e a Colônia Militar do Avanhandava

Durante o século XIX, principalmente a partir de 1850, o império brasileiro planejou a instalação de colônias militares que deveriam ser implantadas por todo o território. 

Enquanto na maioria dos países o problema é a falta de espaço geográfico, no Brasil, a imensidão de terras constituiu-se como permanente preocupação dos administradores. Assim, as colônias militares tinham por principal função promover a “povoação e cultura agrícola” de determinadas regiões, bem como a de “policiar e proteger” o interior do país. 

Ambos os modelos, colônias militares e civis, representavam, antes de tudo, um esforço de levar a “civilização” e marcar presença em locais não ocupados ou mal ocupados pelo homem branco. Na província de São Paulo duas colônias foram implantadas: Itapura e Avanhandava.

Croqui com a localização aproximada dos “Campos do Avanhandava” no Estado de São Paulo.
Crédito: DANIEL CANDELORO FERRARI  (UNESP - 2020) 



No recorte abaixo, retirado do jornal Correio Paulistano do dia 7 de abril de 1888 onde se lê que a Câmara Municipal de Indaiatuba solicita ao Governo da Província de São Paulo a abertura de uma estrada ligando Indaiatuba até o Salto de Avanhandava demonstrando que a propaganda oficial que divulgava a necessidade da ocupação do local chegou a sensibilizar os nossos vereadores.




Para saber mais sobre a Colônia Militar do Avanhandava, leia a dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Bauru, como requisito final para a obtenção do título de Mestre feita por Daniel Candeloro Ferrari. Além (1) de aprender sobre o tema e uma pesquisa única até então, (2) você poderá aprender como a metodologia do trabalho científico é aplicada em Ciências Humanas. Em um período onde a ciência e os cientistas estão sendo consecutivamente atacados por extremistas de direita para sustentar um sistema de poder, é relevante conhecer como a História é construída de maneira sistemática. Leitura indispensável.

História da Educação em Indaiatuba - Fragmentos

 

Edital publicado no jornal de 11 de novembro de 1858 - vaga de professor para sexo masculino



Ordem de pagamento emitida pelo tesoureiro da Província de São Paulo, publicada no 
jornal Diário de São Paulo do dia 26 de agosto de 1871


Correio Paulistano de 11 de maio de 1886




Fonte: Imprensa Ytuana de 24 de novembro de 1887



Secretaria do Interior do Governo da Província de São Paulo concedendo licença
Publicado no jornal " O Commércio de São Paulo" no dia 12/07/1899




Publicado no jornal " O Commércio de São Paulo" em dezembro de 1899



Após ter que provar que era brasileira, foi autorizada a gerir a Escola de Itaicy
Publicado no jornal " O Commércio de São Paulo" em 6 de fevereiro de 1905


Jornal "Municipio de Itu" de 28 de maio de 1916



quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Casarão e Museu Municipal passam por manutenção preventiva durante o mês de janeiro

 Espaço expositivo será readequado e abertura está prevista para fevereiro

Durante o mês de janeiro de 2022, o Casarão Municipal Pau Preto passará por uma completa manutenção preventiva do prédio, com o objetivo de prepará-lo para se tornar um polo cultural de Indaiatuba, com diversas atrações e a inauguração do Núcleo Musical Nabor Pires Camargo.

Aproveitando todo processo de manutenção, o Departamento de Preservação e Memória irá readequar, reorganizar e modernizar a estrutura expositiva do Museu Municipal ‘Antônio Reginaldo Geiss’. O objetivo é aproximar a comunidade indaiatubana com a história e a memória da cidade, desenvolvendo exposições com peças que compõem seu acervo, além de exposições interativas para todos os públicos.

A reabertura do Museu Municipal e do Casarão Pau Preto está prevista para o início de fevereiro de 2022.



Foto: Divulgação Prefeitura Municipal de Indaiatuba

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

1880 - Suicídio de um escravo fugitivo

História publicada no jornal baiano "O Monitor" do dia 22 de agosto de 1880

SUICÍDIO


Lê-se na Província de São Paulo, do dia 13 do corrente:

Comunicaram-nos de Indaiatuba que a 10 ocorreu, na fazenda do Sr. A. de Almeida, o seguinte:

"Foi preso um preto africano que mostrava pela fisionomia ter mais ou menos 50 anos, trajava calça de riscado nacional, camisa de algodãozinho e uma de baeta vermelha nova, cobertor pardo e chapéu preto.

Logo que o prenderam, foi por ordem do dono da fazenda recolhido a uma prisão e posto no tronco; pouco depois foi uma pessoa na prisão e encontrou o preto morto, tendo o mesmo se suicidado com uma canivetada no vão da clavícula esquerda. Veio o cadáver à Villa, e foi feito o auto de corpo de delito por ordem do juiz municipal, e consta que foram interrogados os pretos que conduziram o cadáver. Foi ali enterrado o infeliz no campo, fora da Villa, por que o vigário da paróquia não consentiu que fosse no cemitério!!

Não era conhecido o nome do suicida e apenas constava ter ele dito, quando foi presto, que pertencia a pessoa que reside na capital."


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Nota: o pároco da igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, na época, era "Vigário Collado Antonio Cassemiro da Costa Roris."

 


Doação para vítimas da seca no Ceará via paróquia - 1877

 

Correio Paulistano - 11 de outubro de 1877

Indayatuba - Poema publicado em 1875

 

Publicado no CORREIO PAULISTANO em 6/2/1875

Veja mais poetas de nossa Indaiatuba antiga aqui, aqui e aqui.



Relação de Acionistas de Indaiatuba da Companhia Ituana de Estrada de Ferro - 1871

 


Publicado no jornal O Correio Paulistano de 4 de janeiro de 1871






Formação da primeira junta do "Partido Conservador" do império em Indaiatuba

Durante o Segundo Reinado da época do Brasil imperial tivemos dois partidos políticos, o Partido Conservador (dos saquaremas) e o Partido Liberal (dos luzias), ambos monarquistas e escravocratas ao ponto de um político pernambucano dizer uma frase que ficou famosa para descrever essa aparente oposição: "nada se assemelha mais a um 'saquerema' do que um 'luzia' no poder".

Os dois partidos alternaram-se no poder legislativo durante todo o Segundo Reinado. O exercício do poder ocorria através da ocupação do Conselho de Estado, órgão do poder político-administrativo do Império, diretamente controlado por D. Pedro II. Na monarquia parlamentarista brasileira, não era o rei que ficava subordinado ao parlamento, mas o contrário, o parlamento era submetido ao monarca.

Essa dualidade partidária brasileira iria acabar apenas na década de 1870, quando a crise do modelo escravista no Brasil levaria parte dos latifundiários, com o apoio de camadas sociais urbanas, a defenderem a abolição e a formar o Partido Republicano.

Abaixo vemos os saquaremas de Indaiatuba que formaram a primeira "Junta Conservadora" da nossa cidade:

Fonte: jornal Diário de São Paulo de 1º de dezembro de 1869


No mesmo dia e no mesmo jornal, foi publicado que os habitantes da então "Villa de Indaiatuba" estavam reivindicando a instalação de um Foro Civil e um Conselho de Jurados, uma vez que dependíamos de Itu no que tange a aos assuntos relacionados:


Veja o resultado da eleição feita em nossa cidade em agosto de 1878; repare no percentual dos eleitos de cada um dos três partidos existentes na época - Partido Conservador (saquaremas), Partido Liberal (luzias) e Partido Republicano:

Fonte: " O Cruzeiro" de 10 de agosto de 1878






Escravos fugidos de Indaiatuba

 

Publicado no Diário de São Paulo de 23 de outubro de 1869 e mais dois dias consecutivos


Publicado no mesmo jornal  Diário de São Paulo 


Publicado na Revista Comercial em 18 de janeiro de 1866



Francisca de Sampaio Botelho

 

Fonte: Diário de São Paulo - 9 de agosto de 1867

Eleitores em Indaiatuba em 1856

Na publicação feita pelo jornal Correio Mercantil do dia 3 de abril de 1856 há um projeto citando a quantidade de eleitores em várias localidades da então Província de São Paulo. 

Confira a quantidade de eleitores citados em Indaiatuba, que na data era uma Freguesia de Itu e, nesta condição votavam apenas para vereadores da Câmara Municipal de Itu. Indaiatuba só passaria a ter uma Câmara Municipal a partir do dia 24 de março de 1859, quando ganha a autonomia política em relação a Itu, passando a ter sua própria Câmara de Vereadores. 





segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Aniversário de Indaiatuba - Reflexões no 191º aniversário

Indaiatuba 191 anos – Origem, Fundação e Futuro

EPIDEMIAS E PANDEMIAS

Eliana Belo Silva

Neste nove de dezembro de 2021 completou 191 anos que nossa Indaiatuba deixou de ser um bairro rural de Itu chamado Cocaes – nome dado por causa da grande quantidade da palmeira indaiá - e passou a ser uma freguesia, ou seja, um local com uma capela curada e um padre fixo, com um juiz de paz e com o direito de fazer uma eleição para eleger vereadores para compor a Câmara de Itu. Ter se tornado uma freguesia é uma condição de elevação religiosa - e não política – uma Câmara Municipal com eleições e vereadores locais só teríamos a partir de 24 de março de 1859, quando uma lei elevou a freguesia para vila (sinônimo de cidade).

Embora o nove de dezembro tenha sido determinado formalmente como a "data de fundação de Indaiatuba", sua origem aconteceu bem antes. Esclarecer a origem do povoamento da cidade é um desafio para historiadores, pois atualmente há carência de mais fontes documentadas e arqueológicas.

Na tentativa de esclarecer essa origem, temos dois contrapontos, o lendário e o histórico - que ainda carece de mais dados.

O primeiro é um texto belíssimo, que pode ser considerado uma crônica benevolente e suave para a época em que foi escrito, inclusive apresentando uma estória que é repetida em muitas outras localidades, quando se narra a origem delas, o que nos permite categorizá-la como, em grande parte, lendária. Trata-se da narrativa feita pelo memorialista Francisco Nardy Filho, que conta que certo José da Costa, no século XVIII, saiu para procurar uma novilha perdida e, esgotado, teria resolvido matar a sede no Ribeirão Votura (atual Córrego do Barnabé), em cujas margens havia um pequeno povoado com o mesmo nome. Para sua surpresa, ele encontrou uma imagem de Nossa Senhora da Candelária e, com ela não mão e orando fervorosamente, encontrou a novilha perdida. Em gratidão, ergueu uma capelinha em homenagem a ela, onde, segundo o historiador Manuel Eufrásio de Azevedo Marques, os moradores de Votura se reuniam todas as sextas-feiras para orarem. 

No Livro “Indaiatuba, sua História” Scyllas e Caio da Costa Sampaio, além de fazerem certas correções nos apontamentos de Azevedo Marques, também afirmam que, em 1924, quando houve um desmatamento no local onde teria existido Votura, “observou-se vestígios de diversas casas, fragmentos de louças, pedaços de potes” e outros testemunhos, inclusive “nabos de esteios apodrecidos que apontam para um arraial regularmente construído.” Os autores apontam que o local estaria à esquerda do Ribeirão Caldeira - que desaguava no Ribeirão Votura - e nasce na frente da Toyota. 

Nilson Cardoso de Carvalho levanta a hipótese sobre Votura (que você pode ler aqui), afirmando que o povoado estaria nas proximidades do Rio Jundiai e essa hipótese é corroborada pelo fato de que o Ribeirão Votura também foi chamado, por alguns, por "Ribeirão Caldeira".

Já fazendo um exercício de levantar possibilidades de acordo com o que conhecemos hoje sobre o Ribeirão Caldeira, podemos inferir que o povoado de Votura estaria hoje nos arredores do Parque Corolla. (Veja estudo fotográfico abaixo).

De acordo com a tradição oral, que carece de confirmação documentada, os habitantes de Votura saíram de lá e mudaram-se para o pico de uma colina próxima, fugindo de uma epidemia de varíola e ali construíram outra capela exatamente onde hoje é a Matriz Nossa Senhora da Candelária, capela esta que foi curada (recebeu bens) por Pedro Gonçalves Meira, que é considerado o “fundador” de Indaiatuba. Nas proximidades da capela (hoje Matriz) havia uma nascente - onde hoje é a “Praça da Nascente” - local relevante de pouso para tropeiros, atividade que impulsionou o crescimento de nossa cidade.

Deixando a parte lendária de lado, por mais que seja bacana pensar que nossa cidade nasceu de um mito tão singelo, encontra-se, em pelo menos três testamentos antigos - a menção a certo José da Costa Homem, o que nos permite avançar na descrição da origem do povoado de Votura, mais tarde Cocais e finalmente, Indaiatuba. Esse José da Costa Homem é, nada mais, nada menos, do que herdeiro comprovado do bandeirante paulista Domingos Fernandes (1577 - 24 de janeiro de 1652) que, em 1610, juntamente com seu genro, Cristóvão Diniz, fundou o povoado de Itu, erguendo no local para devoção a Nossa Senhora da Candelária, que mais tarde se tornaria padroeira daquele (e do nosso) município. Ou seja: há, sim, comprovação histórica comprovada que certo José da Costa existiu e que recebeu em inventário partes das terras, justamente onde hoje está Indaiatuba.

Considerando tudo o que já temos sobre a  origem da cidade e tudo o que está por ser ainda pesquisado, comprovado e divulgado, chama-nos a atenção o impacto que uma epidemia deu no citado arraial de Votura. Previsível em uma época em que grande parte das crianças morriam na primeira infância e pouquíssimos e privilegiados adultos viviam mais do que sessenta anos, a debandada de uma população inteira para outro local fugindo de uma doença é chocante. Podemos fazer o exercício de imaginar o trabalho e esforço dos sobreviventes, em uma época que não tínhamos nada: hospitais, médicos, enfermeiros, rede, antibióticos, penicilina e nem vacina, sendo esta última uma das principais responsáveis por elevar a expectativa de vida daquela época em cerca de 30 anos, uma vez que doenças até então graves reduziram seus impactos, como – além da varíola – o sarampo, tétano, poliomielite, rubéola, catapora, diarreia por rotavírus, caxumba, coqueluche, difteria, tuberculose, febre amarela, gripe, hepatite A e B, HPV, HiB, meningite e agora, uma nova peste: a Covid19, que devastou o mundo até os resultados das primeiras levas de vacinação, quando então, a esperança ressurgiu.

Do Votura citado neste texto e seu provável local, passando por Cocaes e em seguida Indaiatuba, a varíola e outras doenças infecciosas sempre provocaram medo e reações de confronto, sendo essas de cuidado ou tentativas de prevenção. De transferir toda uma comunidade para a outro local até o advento da primeira vacina, justamente a de varíola, não se passou muito tempo; inclusive a história da imunização ativa confunde-se com a história da varíola, doença que não só dizimou Votura, mas flagelou a humanidade por milênios e ceifou a vida de centenas de milhões de pessoas ao longo da sua convivência com o ser humano.

As tentativas de evitar as formas graves dessa doença remontam os primeiros séculos. Ao notar-se que os sobreviventes de surtos de varíola não voltavam a desenvolver a doença, foram inúmeras as tentativas de tentar provocar uma forma mais branda dessa moléstia – a chamada variolização. Povos, como hindus, egípcios, persas e árabes, desenvolveram técnicas que incluíam inocular conteúdo derivado das cascas das feridas (pústulas) da varíola, as quais eram moídas e colocadas na pele ou introduzidas nas narinas. Mesmo com a comprovação que apenas 2% dos inoculados morriam e que alguns poucos desenvolviam as formas graves da doença, a variolização enfrentou oposição ferrenha e mesmo após o médico inglês Edward Jenner ter criado – em 1796 - o que seria a primeira vacina contra essa doença, ainda assim havia opositores – principalmente religiosos e dos variolizadores.

Passados 225 anos da invenção da primeira vacina, o método de produção é basicamente o mesmo: a vacina é produzida com parte atenuada do agente transmissor; isso aconteceu com a varíola e com a Covid 19. E mesmo já tendo salvado bilhões de vidas desde as primeiras doses, ainda há oposição e resistência ao método, por mais incrível que isso possa parecer.

A indistinção entre opinião/(des)informação e argumentos fundamentados e numéricos de autoridades científicas, levam a algumas pessoas há construir e divulgar pseudo-saberes que fomentam o discurso negacionista influenciando decisões individuais que atrapalham o pacto coletivo que é a vacinação em massa. Mesmo quando os óbitos diminuíram com o avanço do processo de vacinação e com as evidências incontestáveis de que os não-vacinados produzem cepas mais perigosas, ainda assim a resistência pueril continua, passados mais de dois séculos. Na esfera do indivíduo, recusar a vacina é defendido [SIC!]  como resistência ao que se entende como uma “violação” do Estado à inalienável liberdade individual.  No entanto, o que se vê é mais amplo do que isso: é uma biopolítica (ou necropolítica?) claramente advinda do governo federal e seus apoiadores.

E neste cenário todo, interligado por epidemias e pandemias, do ponto de vista micro, não é só a história de Indaiatuba que carece de políticas públicas do Departamento de Preservação e Memória para que possamos esclarecer nossas origens com mais acurácia; mas do ponto de vista macro, carecemos de bom senso para romper, de uma vez por todas, o desrespeito à Ciência motivado por fanatismo político que transformou a vacina em um elemento ideológico.

O que José da Costa Homem diria sobre isso, se pudesse?

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Com base na possibilidade levantada neste texto, o arquiteto Charles Fernandes fez um estudo fotográfico do local onde teria existido o povoado de Votura, caso consideremos (1) que foi na margem esquerda do atual Ribeirão Caldeira* e que (2) o local escolhido por José da Costa Homem foi o de maior altitude - como era feito no início das povoações coloniais e imperiais no Brasil - para construir as capelinhas católicas.



Com base nesses dados, provavelmente a capela do povoado de Votura estaria onde hoje é a Rua Orlando Barnabé, entre as ruas Silvio Candello e Serafim Gilberto Candello. Esta afirmação carece de mais estudos. Com base nessa hipótese, esta seria a vista da capelinha em direção ao Ribeirão Caldeira.

O local indicado é o de maior altitude possível de ser avistada do ponto de união entre o Córrego do Caldeira e o Córrego do Barnabé (Ribeirão Votura) junto à várzea do Jundiaí que se estende até o Piraí conforme hipótese aqui apresentada.


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NOTA: Conforme está escrito no texto, há informações que carecem de mais fontes, embora hajam pistas relevantes.

* Corroborou com a confirmação da localização o Engo. Alexandre Carlos Peres (SAAE).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Estação Ferroviária de Indaiatuba é (re)inaugurada com Museu Ferroviário e Locomotiva trazendo Papai Noel

Na sexta-feira p.p. (10 de dezembro de 2021) aconteceu a reinauguração do Museu Ferroviário de Indaiatuba, sediado na Estação Ferroviária de Indaiatuba, como parte integrante dos eventos que comemoraram o 191º ano em que Indaiatuba foi elevada à freguesia. Logo após o descerramento da placa, a Locomotiva nº 1 da Ytuana e nº10 da Sorocabana trouxe o Papai Noel, para alegria dos presentes e principalmente da criançada que pode testemunhar, pela primeira vez, o funcionamento de uma "vaporosa". 

O restauro/reforma

Embora não seja tombado, o edifício da antiga Estação Ferroviária de Indaiatuba pode ser classificado como um dos mais importantes Patrimônios Culturais Edificados de Indaiatuba e como tal, faz parte de um conceito em constante mutação conquanto são construção, interferências e preservação. Mesmo com a mutabilidade desses conceitos, há praticamente um consenso que determina a maior imutabilidade possível quando um item desses tem que passar por uma obra. 

O responsável pela obra feita na Estação Ferroviária, o engenheiro civil Eduardo Constantino Gomes informou que algumas partes do patrimônio teve que passar por reforma, ou seja, foi total ou em grande parte substituída por elementos novos, os mais próximos dos originais possíveis. Foi o caso do madeiramento do telhado, que estava podre e não protegia o acervo do museu de umidade, principalmente com chuva forte. Já as telhas também foram substituídas "por idênticas às originais", segundo informou o prefeito Nilson Alcides Gaspar.

Outro sistema que precisou ser trocado, segundo o engenheiro responsável, foi o elétrico. Além de partes antigas obsoletas, ainda havia um conjunto de instalações que foram feitas conforme o uso do prédio foi mudando ao longo do tempo, inclusive tendo sido sede da Guarda Civil Municipal de Indaiatuba por muito tempo. O engo. Eduardo Gomes informou que a fiação/cabeamento foram retirados e substituídos por novos, o que provê não só melhoria técnica, mas mais adequação quanto a segurança e saúde de funcionários e usuários.

Outro aspecto que o engenheiro responsável destacou foi que foram instaladas paredes de gesso na frente das originais, que podem ser utilizadas sem comprometer a estrutura original. Completou informando que muitos componentes foram apenas restaurados - o que é melhor ainda - como por exemplo as janelas e portas de madeira, que foram mantidas e pintadas para durarem mais. A área externa do prédio foi pintada de branco e amarelo, preservando - o máximo possível - as cores originais.

Engenheiro Eduardo Constantino Gomes
Responsável técnico pela obra


De Fiec para Departamento de Preservação e Memória

Por pressão da extinta Fundação Pró-Memória de Indaiatuba teve início, em 2002, um projeto para preservar o Centro Histórico de Indaiatuba e a Estação Ferroviária era um dos elementos considerados. O então prefeito Reinaldo Nogueira passou para a FIEC as atribuições para elaborar o projeto de restauração e revitalização da antiga estação. Após negociações com a Rede Ferroviária Federal S/A e sobretudo com a ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, assinou-se um convênio no dia 17 de fevereiro do mesmo ano, no qual a locomotiva foi cedida para Indaiatuba. Após dois anos, no dia 1º de outubro de 2004 foi inaugurado o "Espaço Cultural Estação Indaiatubana Museu Ferroviário, que passou a ser administrado pela escola Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC) - decisão que causou sempre muita estranheza, uma vez que a Fundação Pró-Memória tinha tal atribuição - de cuidar de museus - em nossa cidade. Após a extinção da Fundação, o Departamento de Preservação e Memória assumiu as funções dela e no evento, o superintendente da FIEC - Geraldo Garcia, passou formal e publicamente a gestão  do Museu Ferroviário para a Secretaria da Cultura, gerida pela profa. Tânia Castanho, que, além de fazer um resumo sobre a s ações feitas, demonstrou afetividade pessoal ao patrimônio: "essa estação está profundamente ligada à minha história e de minha família; meu avô foi Chefe da Estação e minha bisavó era encarregada de abrir e fechar a porteira que existia ali", do lado da estação, na atual Rua Augusto de Oliveira Camargo.

A importância de um Chefe de Estação também foi citada de forma afetiva pelo vereador Alexandre Carlos Peres, que relembrou que o avô dele exerceu também esse ofício, que era, durante o período em que existiu, de muita importância e status. Não por acaso, ambos -  o vereador Alexandre e a secretária Tânia, preservaram essa memória. O Chefe da Estação era responsável pela conservação do prédio, da produção e qualidade dos processos, da comunicação (inclusive por telégrafo), da supervisão e treinamento dos funcionários e da coordenação das cargas e das composições, entre ouras funções. Seu cargo era tão relevante que ganhava o benefício de ficar alojado com sua família em uma casa sempre próxima da estação.

O prefeito Nilson Gaspar relembrou um marco que classificou a população de Indaiatuba desde quando a ferrovia foi instalada até praticamente quando a última composição por ali passou passou, na década de 1980: a linha do trem classificava e delimitava a população. "Tinha quem morava "do outro lado" e os que moravam do lado de cá. Os que moravam "dotrolado" (forma de falar dos indaiatubanos da época) eram mais humildes, uma população mais pobre. Meu pai que era do outro lado, vinha namorar minha mãe, que era do "lado de cá" da linha do trem. A memória afetiva do prefeito Gaspar procede e não é isolada. Muitos contam que "tinham medo" de ir namorar as meninas do outro lado e até não passavam da linha do trem após certo horário com receio  de "apanhar". Parte exagero, parte não - isso só as memórias de cada um podem dizer com acurácia - é fato que a linha do trem era uma linha não-imaginária de divisão de espaço e classe social, inclusive de forma bem preconceituosa uma vez que muitos diziam que "só preto" morava "dotrolado".

Descerramento da placa feito por (da esquerda para a direita): Arthur Spíndola, Tânia Castanho, 
Nilson Alcides Gaspar, Alexandre Carlos Peres e Geraldo Garcia.


Antes tarde...

Além do vereador Alexandre Peres, esteve no evento o vereador Arthur Spíndola, que destacou a importância da (re)inauguração chamando a atenção para a locomotiva, "um objeto imperial que faz parte da História do Brasil e que agora está guardado com mais cuidado ainda, fazendo parte do acervo do Museu Ferroviário de Indaiatuba, possibilitando a recriação do cenário histórico de uma época." Essa materialização destacada pelo vereador é de muita relevância para o estudo e compreensão do passado, principalmente das crianças dos primeiros anos.

Arthur Spíndola  ainda destacou um fato relevante: "todo esse cuidado garante a preservação e  a posse" desse importante fragmento histórico, que inclusive já foi motivo de disputa no passado, por outras prefeituras que a queriam em seus acervos históricos. A locomotiva, como bem ele pontuou, foi "inteiramente restaurada e retornou às suas cores originais". A obra foi feita por técnicos da ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que inclusive, foram os responsáveis por colocá-la em funcionamento, trazendo em sua janela acenando para o público presente, nada mais, nada menos, do que o Papai Noel, sacudido suavemente ao som da vaporosa, todinha restaurada.

Técnicos da ABPF



Desde a inauguração do Museu da Água ocorrido em 30 de abril de 2016 não se via em nossa cidade tamanho investimento em sua história, memória e patrimônio. 

E de minha parte, que defendo há anos esses meios como estratégias de educação, turismo, lazer, cidadania, identidade e geração de emprego e renda, nenhum evento foi tão relevante como este desde que o ex-prefeito José Onério assinou o tombamento de vários patrimônios em nossa cidade; patrimônios esses que precisam de mais atenção, mas essa texto fica para outro post, pois hoje é dia de escrever apenas sobre uma festa.

Aquela que, em 2021, trouxe o Papai Noel na locomotiva restaurada para o Museu Ferroviário, também restaurado. 

Viva "Indaiatuba sem par" em seu 191º ano de elevação à freguesia!

Viva!




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