sábado, 29 de janeiro de 2011

Luto

Estou de luto por uma perda muito significativa
Que está relacionada há várias outras perdas de elementos materiais:
É a morte do cerrado campineiro, com sua fauna e flora;
É a morte de inúmeras nascentes, que do fundo da terra jorram límpidas águas;
É o fim de sítios e fazendas sustentáveis;
É o término da comunidade histórica de Friburgo;
E de grande parte da também histórica Helvetia.

Mas meu luto não advém apenas dessas perdas,
De tudo isso que ficará em minha memória.
Minha maior dor, vem da perda da dignidade,
da perda da força das pessoas
e da consciência de constatar,
que muitos são à favor desse projeto doentio e megalomaníaco,
que tecnicamente não precisava ser assim,
que socialmente não precisava ser assim,
mas que políticamente só se viabilizará assim.

Meu luto é profundo por que  hoje não é verdade que
"quem sabe faz a hora, não espera acontecer".


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Referente ao obituário: em janeiro de 2010 foi emitida a Licença Prévia
para a ampliação do Aeroporto de Viracopos

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Industrialização em Indaiatuba

Periodicamente, a Revista Exemplo Imóveis publica artigos sobre diferentes logradouros (bairros, vilas, distritos) de nossa Indaiatuba traçando um perfil do local enquanto "produto" imobiliário e, ao mesmo tempo, transmitindo dados sobre a História.

Abaixo, texto publicado sobre o Distrito Industrial em dezembro de 2010,
cedido pela jornalista  Mariana Corrér.

(Clique para ampliar)





Caso tenha imagens ou informações sobre a industrialização em Indaiatuba e queira compartilhar, escreva para elianabelo@terra.com.br

sábado, 22 de janeiro de 2011

Fazenda Água Branca - INDAIATUBA

 

Fazenda Água Branca
Foto do acervo de Filipe Maschietto Scallet (Facebook)




  • 1818 - Joaquim Pereira era o proprietário de uma área contendo 380 braças (1) de testada e 1500 braças de fundo onde, com dois escravos, mantinha uma plantação de mantimentos - pequena horta e pomar.
  • No mesmo ano de 1818, o proprietário desta mesma área passa a ser Manoel Dias Aranha que introduz a plantação de cana, um engenho (ou fábrica) de açucar e onde continua mantendo a área de produção de mantimentos para a subsistência da família e de mais onze (11) trabalhadores negros escravizados.
  • Em 1826 o novo proprietário passa a ser Fernando Dias Paes Leme. Consta a descrição de uma estrada aberta na área da fazenda.
  • Em 1868 consta que, após ter sido por um tempo de João Paulo de Camargo, o novo proprietário passa a ser Francisco de Almeida Prado. Documentalmente, a estrada que passa na propriedade é reconhecida como "estrada provincial" e ligava Itu até Jundiaí (esse Jundiaí seria o atual bairro de Itaici?) (2).
  • Em 1877, José Vasconcellos de Almeida Prado, recebe a propriedade do pai dele, Francisco de Almeida Prado.
  • 1893 o proprietário era Joaquim Rodrigues de Barros
  • 1971 o proprietário era Lino Pizzo.

(1) Braça é uma antiga medida de comprimento equivalente a 2,20 metros[1] linearmente.[2] Apesar de antiga, atualmente ainda é usada e compreendida por muitos trabalhadores rurais e outras pessoas envolvidas com o meio rural. Ao conjunto de 3 000 braças se dá o nome de légua. Por courela diz-se uma unidade de área de 100 braças de comprimento por 10 de largura.[3]

(2) Pergunta feita por mim, Eliana Belo Silva.

(3) O cronograma acima carece de complementos. Caso os tenha, entre com contato pelo formulário do blog.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Noites de Arte

 texto de Francisca Nadir Ferreira Menck*
.
A partir de 1947, algumas crianças e jovens de nossa cidade iniciaram seus estudos de piano com D. Tereza Zoppi, filha de D. Elvira e Sr. Rêmulo, sendo que as aulas eram ministradas em sua casa, que ficava no Largo  do Randolfo (Praça D. Pedro), onde hoje (1) está a Loja Esplanada.

Todos os anos havia uma audição de piano chamada de “Noite de Arte”. Os dias que antecipavam essa audição eram de muita ansiedade para nós alunos, pois tínhamos que exercitar até decorar as peças que íamos tocar. Mas quando não conseguíamos, D. Tereza deixava que levássemos a partitura.

Essas “Noites de Arte” eram realizadas no “Salão da Lita”, que era chamado de “Indaiá Clube” (único Clube existente na cidade), e ficava na Rua Bernardino de Campos, onde hoje se encontra o Banco Itaú.

Era um acontecimento esperado pela sociedade e pelos pais dos alunos, orgulhosos de seus filhos.

Os próprios alunos iam procurar flores nos jardins de nossos amigos e familiares (folhagens nos vasos, samambaias, margaridas, copos de leite, dálias, rosas, lírios etc...).

Os meninos vestiam ternos, gravatas e sapatos bem engraxados. As meninas e jovens faziam vestidos novos e arrumavam o cabelo com bonitas fitas. Ao fim de cada apresentação, os alunos recebiam um ramalhete de flores e a audição terminava com a reunião dos alunos com D. Tereza numa foto de recordações do evento.

Tais “Noites de Arte”, assim como as audições de sanfona, que também eram realizadas naquela época, eram esperadas com expectativa por nossa sociedade. Era uma grande satisfação para os pais que assistiam a apresentação de seus filhos todos os anos.

Assim, muitas crianças e jovens de Indaiatuba desenvolveram, juntamente com suas habilidades ao piano, características de dedicação aos estudos, disciplina, educação, caráter, força de vontade. E, futuramente, muitos desses alunos vieram a se destacar em nossa sociedade como professores, engenheiros, médicos, advogados, etc.


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* Originalmente publicado no livro "Um olhar sobre Indaiatuba" 2006.
(1) Texto escrito em 2006.
 
 
(clique na imagem para ampliar)

Foto original de Sonia Maria Domingues Barnabé
Publicada originalmente no grupo virtual Dinossauros de Indaiá de Patrick Ribeiro (Facebook).
 
 
Em pé da esquerda. para a direita:
Clemente Sannazzaro,
Zaira Ciciliato,
Elza de Franceschi Vieira,
Nelson Norberto de Souza Vieira Sobrinho,
Ruth Seabra,
Sonia Mazzoni,
Gioconda Campos,
Silvia Fiori,
Denizie Julia Capovilla,
Maria Aparecida....,
José Machado de Campos Filho (Zezito).
 
Sentados:
Sonia Maria Domingues,
Virginês Antonia Pilotto,
Angelina Giaquinto,
Maria Thereza Zoppi,
Abigail Zoppi,
Valderez Stocco,
Sidney Mazzoni,
Maria Regina Machado de Campos.
 
Primeira fila:
 Marina Limongi,
Maria Luiza Lins,
Walda Maria Stocco,
Márcia Giomi,
Valderez Limongi,
Donária Silvia Sannazzaro,
Leda Mazzoni e
Silvia Campos do Amaral.
 
Identificação feita por José Aristides Barnabé.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Escoteiros de Indaiatuba - Década de 1940

(clique na imagem para ampliar)

Escoteiros de Indaiatuba posam para foto em 1947.
Em pé na 3a. fila, da esquerda para a direita:
Archimedes Prandini (instrutor),
Valdir Ferrari,
Romeu Scisci,
Hermoni Luiz Escodro (Alemão),
Tasca,
Ataide Dias de Oliveira,
Renato Cordeiro,
Darci Martinez,
Antonio Petrilli,
(não identificado),
Rubens Wof e
Roberto Wolf (filhos da professora Alice de Matos Wolf),
os três filhos de Domingos Di Ciero e
o filho do soldado João Ventura.

Na 2a. fila:
Acácio Modaneza,
(não identificado),
Cézar Garanhani,
Paulo Steiner,
Claudionor Civolani (Nono),
José Antonio Lui (Zico),
José Calunga,
Luiz Edson Bimonti,
Walter Ferigatti,
Benedito Zoppi,
Flávio Sureira (auxiliar).

Na 1a. fila:
Anatole França (diretor do Grupo Escolar),
Jacob Lyra (prefeito),

Agachados:
Israel Germani,
Rubens Martinez,
Itamar Alves,
Mário de Genaro,
Benedito Vaciloto e
Luiz Adalberto Pinto.



Mais informações, consulte a fonte: "O Ofício de Compartilhar Histórias", de Ana Lígia Sacachetti (2001), disponível na Biblioteca do Casarão e à venda no mesmo local, para quem quiser seu exemplar.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Projeto de Lei que homenageia Rodrigo Colli Badino é apresentado na Câmara Municipal

De autoria do vereador Helton Ribeiro, foi apresentando, na Câmara Municipal de Indaiatuba, o Projeto de Lei número 6/2011, que propõe homenagem póstuma ao atleta Rodrigo Colli Badino.

O local que receberá o nome do atleta que faleceu tragicamente - em 1999 - em um acidente automobilístico em Indaiatuba, causando muita comoção em nossa cidade, é o atual "Campo da Osan", que passará a ser chamado de "Praça de Esportes Rodrigo Colli Badino"  - localizado no Jardim Rêmulo Zoppi.


O vereador Dr. Helton justificou que 

...o jovem RODRIGO COLLI BADINO, que no ápice de sua juventude teve sua vida ceifada por um fatídico acidente automobilístico. Rodrigo sempre foi um esportista vencedor. Iniciou na natação por recomendação médica, eis que sofria de bronquite asmática. Aos 9 anos iniciou a carreira no judô, tendo se consagrada campeão regional em sua categoria (mirim pesado) em evento oficial da Federação Paulista de Judô. Contudo, seu caminho de glórias ocorreu mesmo foi no Futsal, onde defendendo a camisa da Associação Esportiva Tejusa, alcançou muitos títulos, entre os quais: 

1990 - Campeão Metropolitano e Estadual Infantil e Vice Infanto-Juvenil; 1991 - Campeão Metropolitano e Estadual Infantil e Vice Infanto-Juvenil; 1992 - Vice-Campeão Juvenil 1993 - Vice-Campeão Juvenil 1994 - Campeão Paulista do Interior categoria juvenil, sendo este um título inédito para a Tejusa. 

Como prêmios individuais, foi eleito pela Federação Paulista de Futsal, por quatro anos consecutivos, o melhor goleiro dos anos de 1991, 1992, 1993 e 1994, ocasião em que conquistou seus quatro tênis de ouro, troféus que premiam os atletas pela sua performance e também pela sua disciplina.

Rodrigo defendeu a cidade de Indaiatuba nos Jogos Regionais de 1993, 1994 e 1995, ajudando a trazer o título de Campeão nos dois últimos anos. 

O jovem Rodrigo já foi por diversas vezes homenageado e, entre várias homenagens, a Escola de Samba Imperador de Santa Cruz trouxe para a avenida em seu enredo de 1999, toda a trajetória do grande esportista que foi RODRIGO COLLI BADINO . 

Foi também homenageado pela LIDI - Liga Regional Desportiva Indaiatubana , sendo o Campeonato Municipal de Futsal denominado: Campeonato Municipal "RODRIGO COLLI BADINO" - Série Ouro. • Campeonato Municipal "RODRIGO COLLI BADINO" - Série Prata. • Campeonato Municipal "RODRIGO COLLI BADINO" - Série Bronze. 

De se destacar, ainda, que a própria Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo apresentou votos de pesar à família do jovem Rodrigo, que com muita propriedade representava o nome de Indaiatuba quando defendia a cidade nos Jogos Regionais e nos Jogos Abertos, ou até mesmo, através da equipe da Tejusa, que representava Indaiatuba em toda a região na modalidade."


 

Em seu Projeto de Lei, o vereador Helton anexou a homenagem feita para o jovem goleiro pela Escola de Samba Imperador de Santa Cruz:


ENREDO DO GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA IMPERADOR DE SANTA CRUZ ; 

ENREDO : FASCÍNIO E GLÓRIA  -BRINCADEIRA E VITORIA 

"O Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperador de Santa Cruz, traz para a avenida toda a trajetória do grande esportista RODRIGO COLLI BADINO, jovem simples, porém justo e merecedor por tudo o que representou para a cidade de Indaiatuba. Nascido aos 19 de fevereiro de 1976, na cidade de Cafelândia, SP, RODRIGO descobriu Indaiatuba aos 07 anos de vida, quando mudou-se com sua família e rapidamente se viu cercado de muitos amigos, com quem dividia seus brinquedos infantis. Estudou no Colégio Monteiro Lobato e EEPG Prof. Aurea Moreira da Costa, onde completou o ciclo básico. Já nesta época começou a praticar Volley, Basquete e Futebol nos torneios escolares, já se destacando em todos os esportes que praticava. RODRIGO fez natação durante muito tempo à pedido médico, pois sofria de crises asmáticas. Aos 09 anos começou a carreira no judô, tendo sido inclusive, campeão regional em sua categoria (mirim pesado), evento oficial da Federação Paulista de Judô. O caminho para a escola sempre era feito de bicicleta, junto com seu irmão Fabrício, dois anos mais novo e isto ocorreu até terminar a 8a. série. Filho exemplar, amigo leal e coração de ouro, RODRIGO partilhava com todos o que era seu. Aos 15 anos iniciou o curso de processamento de Dados na Fundação lndaiatubana de Educação e Cultura (FIEC), concluído quando tinha 18 anos, quando então prestou vestibular para o curso de Administração de Empresas na UNIMEP, em Piracicaba, curso que concluiria no ano que faleceu. O caminho para suas glórias e vitórias ocorreu por volta de 1989, quando ingressou no Futsal, nas categorias menores da Associação Esportiva Tejusa, Clube tradicional da cidade e lá devido à primazia com que desenvolvia tal modalidade esportiva, alcançou muitos títulos, entre os quais: 1990 - Campeão Metropolitano e Estadual Infantil e Vice Infanto-Juvenil 1991 - Campeão Metropolitano e Estadual infantil e Vice Infanto-Juvenil 1992 - Vice Campeão Juvenil 1993 - Vice Campeão Juvenil 1994 - Campeão Paulista do Interior categoria juvenil, sendo este uni título inédito para o Tejusa. Foi eleito pela Federação Paulista de Futsal, por 04 anos consecutivos, o melhor goleiro dos anos de: 1991, 1992, 1993 e 1994, conquistando seus 04 tênis de ouro, troféus que premiam os atletas pela sua performance e também pela sua disciplina. Defendeu a cidade de Indaituba nos Jogos Regionais de: 1993, 1994 e 1995, ajudando a trazer os títulos de Campeão nos dois últimos anos. Sempre foi um lutador e corria em suas veias, o sangue da azulada Tejusa e consequentemente de Indaiatuba, o amor ao esporte superava tudo, RODRIGO também passou pelo Esporte Clube XV de Novembro, Esporte Clube Bahia, que disputam o Campeonato Amador da cidade, sempre com destaque. Sua luta e dedicação o deixou no topo, local de campeão e vencedor. Sua trajetória não foi interrompida, já que forças divinas o chamaram para a eternidade, temos certeza que é lá, o verdadeiro lugar de um campeão. RODRIGO brilha hoje em outra dimensão, como sempre aqui brilhou e seu brilho ilumina a nós todos que hoje o homenageamos, homenagem esta mais do que justa a uma estrela a mais na constelação."


 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Verão de 2011 - As enchentes

Imagens da manhã de hoje, 13 de janeiro de 2011, entre 9:30 e 9:45,
no Parque Ecológico, do Córrego Barnabé, que transbordou.

A rotatória do Colégio Objetivo ficou impedida no sentido Elias Fausto-Centro. Quando a água diminuiu um pouco, saindo da rua, tirei essas fotos.

O laguinho atrás do Colégio Objetivo transbordou, invadindo as ruas e formando um córrego por cima da rua em direção ao outro lago.

(clique na imagem, caso queira ampliar)












A assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Indaiatuba informou que entre 8h30 e 10h30  choveu em Indaiatuba 55 mm.

Ninguém ficou desalojado ou desabrigado.
 
Além do transbordamento do Córrego do Barnabé, são esses alguns dos outros problemas:
  • Boca-de-lobo entupida causa inundação: um guarda-roupas dentro de uma boca-de-lobo, na rua Ignácio Wolf, no Jardim Pedroso, causou inundações no local. A garagem do prédio número 195 da rua ficou inundado.
  •  Ruas que alagaram e problemas ocasionados: Ademar de Barros (centro); ruas no entorno da Praça D. Pedro II (centro); região do Parque Corolla; rua Agide Scachetti, 136, Jardim Esplanada I (o terreno dos fundos jogou água que atingiram o quintal da referida residência); rua Domacir Stocco Júnior, bairro costa e Silva (residências foram inundadas); rua 73 (Morada do Sol);  
  • Cabo da Espingarda (Morada do Sol):  a água chegou no quintal das residências. Cerca de 10 casas foram invadidas pelo transbordamento do Córrego do Barnabé.
  • Semáforos que apresentaram problemas:  da avenida Itororó com a rua XV de Novembro e semáforo da avenida Presidente Kennedy com a rua 13 de Maio.
  • A ETA V (Estação de Tratamento de Água) teve a casa de bombas inundada, mas os reparos já começaram. O SAAE fez previsão de que a situação seria resolvida por volta de 14h. Informou também que o problema não afetou a distribuição de água devido aos reservatórios existentes.
  • Cras Tombadouro: infiltração derrubou teto de gesso e alagou a unidade. O atendimento foi suspenso.
  • Caps II Pau Preto: Calha não deu vazão às águas e vazou água pelo teto em algumas salas.
  • Projeto Guri: parte do teto de gesso da sala de ensaio musical caiu. O chão está inundado. Medidas terão que ser tomadas pela Secretaria da Cultura, para não desabar tudo.
  • O córrego Barrinha, afluente do rio Jundiaí no Jardim Oliveira Camargo, passou por cima da ponte e atingiu o interior de 05 casas com mais ou menos 50 cm. Foram 06 famílias atingidas, um total de 30 pessoas. A água atingiu o quintal de outras 06 residências. As águas já baixaram (por volta de 10h30) e os moradores começaram a limpar o local. A Secretaria da Família e Bem Estar Social enviou cestas básicas e cobertores para os moradores.
  • Ambulatório de Pediatria e Farmácia (Morada do Sol) foi inundado porque voltou água pelos ralos. O atendimento foi suspenso. Iniciou-se a desinfecção do espaço e  os funcionários foram remanejados.
  • Derefim (Morada do Sol): inundou duas salas com retorno de água, mas já foi realizada limpeza e o atendimento foi retomado.
  • Cras IV (Morada do Sol) : foi alagado com retorno da água pelos ralos e  o atendimento  foi suspenso.
  • Escola do Tombadouro: problema com o sistema de águas pluviais que encheu o prédio parcialmente. Com o fim das chuvas a situação normalizou.
  • Escolas Municipais  tiveram problemas com telefonia e energia elétrica.
  • Itaici: a Estrada Ezequiel Montoanelli teve o asfalto danificado (que liga o bairro Tombadouro à avenida coronel Estanislau do Amaral).
  • A segunda represa dentro do Mosteiro de Itaici transbordou e inundou as alamedas Andorinhas e Peroba. Não há possibilidade de trânsito.
  • Caminho da Luz: a Avenida Lix da Cunha na altura do pesqueiro Santo Agostinho ficou inundada. Não passam carros ou caminhões.
  • O córrego São Lourenço  também transbordou.
  • Estrada que liga Indaiatuba a Itupeva: a ponte sobre o rio Jundiaí na avenida Coronel Antônio Estanislau do Amaral ficou com o asfalto danificado.
  • Jardim Kioto: residências inundadas.
  • Nipo: o barranco atrás do clube cedeu e a terra derrubou o muro de uma residência que fica na parte de baixo. O muro de um vizinho está comprometido. Engenharia no local para providências. O barro atingiu duas residências. Foi adquirida uma lona de 20x50 metros para contar novos deslizamentos. O problema ocorreu na rua Ignácio Ambiel, o muro da residência 1.312 foi o que caiu.
  • Saúde: algumas unidades tiveram transtornos momentâneos durante as chuvas.
  • O Rio Jundiaí subiu 2,5 metros além da média normal; a prefeitura de Indaiatuba solicitou à Prefeitura de Salto a abertura das comportas. Com a medida o nível do rio Jundiaí já baixou e a situação está se normalizando.
  • E já que é o assunto, completo esta desagradável lista registrando que dentro do Casarão do Pau-Preto, um patrimônio tombado, também chove há algum tempo. Eu escrevi e repito: chove DENTRO do Casarão, onde está a Biblioteca Pública, entre outros departamentos/processos da Fundação Pró-Memória.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Em Indaiatuba... Um Empregador

texto de Arlete Schimidt Doi
originalmente publicado no livro "Um Olhar sobre Indaiatuba II"


Existem muitas riquezas ao nosso redor.

Há também riquezas dentro de nós. São os sentimentos considerados nobres, as emoções que dão vida.
Uma dessas riquezas interiores é nossa memória, porque dela nada pode ser subtraído, tudo o que realizamos na vida é nela que guardamos.

A história é assim, conhecemos o passado para compreendermos o presente.

Indaiatuba possui muitas riquezas em seu passado, no presente e no futuro muitas se apresentarão.
Buscando na memória, gostaria de apresentar uma pessoa, que demonstrou com sua vida uma participação importante na história de Indaiatuba.

Seu nome, David Silvério, nascido na cidade de São Paulo aqui se estabeleceu desde a sua juventude. Dedicou-se ao trabalho de transformar madeira em peças de arte e em seguida para móveis para muitos lares.

Constituiu em 1948, uma empresa que levava seu próprio nome, estabelecida na Rua Candelária, Centro, onde hoje está o prédio da Telefônica; nela ensinou muitos meninos aquilo que sabia, formando neles não só uma profissão, mas pelo exemplo de honestidade, formou caráter e dignidade.

Mais tarde, em 1977, mudou sua empresa para um novo prédio estabelecido na Rua Almirante Tamandaré, no Bairro Cidade Nova. Não manteve mais a empresa em seu nome, deu-lhe o nome de Viber, fazendo uma homenagem ao seu sogro Vicente Bernardinetti.

Com a empresa instalada em lugar maior, empregou muito mais pessoas e passou a produzir e a enviar móveis de cozinha para vários estados brasileiros como: Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro entre outros e para grande parte do interior do Estado de São Paulo.

Deixou posteriormente a produção industrial e voltou à atividade artesanal de fazer móveis. De seu trabalho, há peças nas Igrejas e em muitos lares.

Sofreu perdas pessoais e materiais, mas sempre recomeçou.

Importante para o “Sr. David” era efetuar os pagamentos de salários a seus funcionários no prazo certo, empenhava seus esforços para isso.

Sempre honrou seus compromissos, não fazendo conta de que muitas vezes sofria prejuízos.

Deixou um legado de honra para aqueles que o conheceram, uma rua do Bairro denominado Jardim Regente leva o seu nome e o prédio da Viber, que continua em evidência, sendo usado pela Prefeitura Municipal para a realização de eventos importantes.

Todos nós deixamos uma história construída com as nossas vidas e, muitas delas continuam nos falando e fazendo a história continuar viva.



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Pavilhão da Viber em julho de 2010
13a. FENUI - Festa Nações Unidas de Indaiatuba
Crédito da imagem: Mais Indaiá



Pavilhão da Viber em agosto de 2010
Feira do Sushi
Crédito da imagem: Programa Por Aí


Pavilhão da Viber em setembro de 2010
Feira das Indústrias e Negócios de Indaiatuba
Crédito da imagem: Notícias Indaiá


Pavilhão da Viber em novembro de 2010
Feira da Bondade
Crédito da imagem: Mais Indaiá

sábado, 8 de janeiro de 2011

Fazendas de Cana de Açúcar na Região Ituana

 

Anicleide Zequini (2010)

 

Para o texto proposto, pretende-se compor um quadro bibliográfico referencial das obras que tratam da região ituana, objetivando identificar padrões de estruturas existentes na área do Bairro do Pirahy, atualmente, denominado de Bairro do Pedregulho, no município de Itu-SP.  Esse bairro pode ser considerado, a partir de meados do século XVIII, como uma das mais significativas áreas de concentração das propriedades rurais açucareiras do interior paulista.

Para tanto, é necessário percorrer uma bibliografia extensa baseada em ampla pesquisa documental, bem como, em documentos iconográficos e na memória de antigos habitantes do local.

Maria Thereza Petrone (1962: 12), ao analisar a lavoura canavieira em São Paulo situa, entre a segunda metade do século XVIII e a primeira do XIX, a disseminação e desenvolvimento dessa agricultura pelo litoral, Vale do Paraíba e toda área que denomina de "Quadrilátero do Açúcar", compreendida entre Sorocaba, Piracicaba, Mogi Guaçu e Jundiaí, na qual Itu e Campinas destacam-se em produção e exportação desse produto. Atribui esse movimento ao governo da Capitania de São Paulo, presidido pelo Morgado de Mateus (1765-1775), que implementa tais empreendimentos visando o mercado mundial.

Até então, Itu esteve, segundo Suely R. Queiroz (1968: 243), "despovoada, com seus habitantes reduzidos a miséria. No fim do século a Vila achava-se a vanguarda da produção açucareira. Em 1798 a produção total da Capitania era de 152.840 arrobas de açúcar. Só Itu nesse ano, produziu 16.635 quintais, o que equivale a 66.540 arrobas, ou seja, mais de 1/3 do açúcar fabricado em São Paulo - estas quantidades faziam-na a mais opulenta área paulista no período". Este novo contexto reflete-se em mudanças também na área urbana, com o início do calçamento das ruas, em 1790, e a construção de diversos edifícios religiosos, parte do patrimônio cultural da cidade.

Fatores de ordem climática e tipo de solo, foram decisivos para a localização da agricultura da cana-de-açúcar. "Campinas, Itu, Moji Mirim e Sorocaba situam-se na divisa entre os solos que tem origem na decomposição de rochas cristalinas pré-devonianas e a área onde os solos se formam, predominantemente, pela decomposição de rochas sedimentares" (Petrone, 1968: 91). Em Itu, "terras pretas" ou "massapés" existentes nos arredores e livres de geadas, como no bairro do Pirahy, foram as escolhidas para o desenvolvimento daquela agricultura.

Relatos de viajantes, informações de caráter ética, que passaram por Itu, constituem fonte bastante utilizada nas análises historiográficas. Nesses trabalhos pode-se encontrar dados e descrições interessantes quanto à situação da localidade no final do século XVIII. Em 1789, Lacerda e Almeida (1841: 86) descreve a Vila de Itu, como populosa e grande e, "em cujo distrito se faz a maior parte do assucar, que se gasta em São Paulo, e se exporta, pois a qualidade do terreno assim o permite, porque nos meses de junho, julho e agosto, caindo muita geada em grade parte da Capitania de São Paulo, e nas circunvizinhanças d´esta cidade, destruindo os canaviais, e os vegetais, que lhe não resistem, o território desta vila é livre dela, ou pelo menos é tão pouca que não causa prejuízo".

Se questões climáticas foram decisivas para a escolha de regiões propícias para a cana-de-açúcar, o mesmo não acontecia com os caminhos para o transporte do açúcar até o porto de Santos. Estradas do planalto como à Itu, já existiam desde o século XVII, esboçadas com a rota do ouro para Goiás (saindo de São Paulo, passando por Jundiaí, Campinas, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, para depois seguir para Franca e Goiás) e a de Cuiabá, passando por Itu e depois, por via fluvial, através de Porto Feliz, proporcionaram uma ampla modificação no sistema viário, que tornou-se mais complexo a partir da segunda metade do século XIX, com a presença das ferrovias e novos caminhos, ligados ao café.

Movimentos regulares de tropas de animais carregados de açúcar até o Porto de Santos e daí para Lisboa, parecem ter se intensificado a partir do governo de Francisco da Cunha Menezes (1782-1786). Deste período constam documentos que se referem a tropas regulares originárias da Vila de Itu. Até as primeiras décadas do século XIX, as condições das estradas até São Paulo eram precárias. Desta cidade até Cubatão, recebeu obras de melhoramentos em função da política de exportação, implantada em 1789 por Bernardo José de Lorena, "que visava fazer convergir para Santos toda a exportação da Capitania". A calçada do Lorena, pronta entre 1791-92, transforma o caminho do mar em caminho do açúcar (Petrone, 1968:192-93).

Em 1804, é projetado o chamado "caminho novo", passando por Jundiaí e nas imediações do Bairro do Pirahy, uma das regiões onde se concentravam as propriedades açucareiras de Itu, que apresentavam um número significativo de escravos africanos para o trabalho na roça e na fabricação do açúcar.

A proporcionalidade em Itu, na época canavieira, da população escrava em relação à livre, motivou muitos estudos que focalizaram em suas análises a cana-de-açúcar e o trabalho escravo. Como exemplo, no ano de 1773, Itu tinha uma população rural de 3.464 livres e 2.528 escravos. Este contexto é confirmado por relatos de viajantes como Auguste Saint-Hilaire (1967: 206) segundo o qual, "o número de indivíduos livres estava para o de escravos em 1813 como 3 para 1, o que se explica pelo extenso desenvolvimento tomado pela cultura da cana-de-açúcar para qual empregam-se muitos escravos".

A este respeito, Petrone (1962: 131) afirma que "na fazenda de cana paulista o número de livres é geralmente pequeno. Além do senhor de engenho e de sua família, encontramos, às vezes, feitores ou administradores, e alguns agregados e suas respectivas famílias. Não raro, esse todo também tem escravos".

 

Eni Mesquita Samara (1977: 94), a partir da análise da presença de agregados em Itu, compondo uma das categorias da sociedade escravocrata, apresenta informações quanto à constituição daquela sociedade no decorrer da segunda metade do século XVIII e início do XIX. Afirma que era constituída por "grandes e pequenos proprietários (roceiros, pequenos sitiantes, chacareiros, pequenos fazendeiros, donos de pequenas propriedades), lavradores, moradores da vila com ofícios diversos, tropeiros, camaradas, escravos, enfim, uma série bastante complexa de estratos de classe que compunham a sociedade escravocrata".

Acrescenta ainda, importantes informações sobre os bairros rurais daquele mesmo período, como número de fogos e habitantes. Vale observar que, entre as localidades citadas, está o Bairro do Pirahy, pertencente à quarta companhia de ordenanças, em 1792. O dado apresentado reflete a importância econômica do local naquele final de século: com a agricultura da cana-de-açúcar de significativa produção, o bairro era o mais populoso. No chamado Pirahy de Baixo havia, naquele ano, 400 habitantes e 29 fogos; no Pirahy de Cima, 390 habitantes e 44 fogos. Os dados estatísticos oferecem referência com relação ao bairro Pirahy de Cima, sendo que dados sobre o Pirahy de Baixo aparecem apenas em 1822.Ver:  Samara Eni Mesquita. O papel do agregado em Itu 1780-1830.Coleção Museu Paulista, SP, série de História, vol. 6 pp. 30-38

Lisanti Filho (1962: 109), ao analisar produção e exportação de três localidades - Porto Feliz, Campinas e Itu -, durante final do século XVIII e início do XIX, afirma que Itu "chama a atenção desde logo, pois o fundamento do comércio ituano era o açúcar, sempre o açúcar. Ao lado deste produto algum café, alguma aguardente e uns poucos couros. Evidentemente, a vila vivia totalmente baseada no cultivo da cana. De resto, já vimos que no seu território se concentrava a maior quantidade de terra cultivada".

O avanço da cultura canavieira e a instalação de engenhos de açúcar refletiram diretamente na paisagem rural devido ao desaparecimento da mata para obtenção de novas terras de cultura e lenha para as fornalhas. "O capitão-mor de Itu, Vicente da Costa Goes e Aranha, já em 1784, chamava atenção para o fato de que os ituanos teriam de procurar novas terras para a lavoura canavieira. Além de não haver mais muitas terras disponíveis para novas fazendas, alguns hão de deixar os seus estabelecimentos por falta de lenhas" (Petrone, 1962: 80).

Em 1820, o problema persistia. O Relato da Viagem Mineralógica na Província de São Paulo, realizada por José Bonifácio de Andrada e Silva, informa que, aproximando-se de Itu, indo de Parnaíba, "todas as antigas matas foram barbaramente destruídas com o fogo e machado e esta falta acabou em muitos pontos com os engenhos".

Contudo, a presença de rios, córregos e riachos, utilizados para movimentar moendas, resfriar o alambique e servir de aguada para os animais necessários aos engenhos, garantiam a permanência do estabelecimento. E foi, justamente este aspecto, que fez das terras do bairro Pirahy, uma localidade bastante comercializada durante o final do século XVIII e todo o século XIX.

 

Suely Queiroz (1968), ao se referir à presença de engenhos movidos à água, afirma que aqueles por animais superaram em número. Chega a esta conclusão, devido às poucas informações que havia encontrado. Contudo, inventários dos séculos XVIII e XIX, de Itu, demonstram que a quase totalidade dos engenhos de açúcar existentes no bairro do Pirahy era movida à água, sendo que apenas num deles encontra-se referência à presença de trapiche (movido por junta de bois).

Evidência neste sentido é a existência, na Fazenda Capoava, ex-Japão, de um canal aberto através de rochas e terrenos, que movimentava uma roda d'água, possivelmente utilizada para o movimento das moendas, sistema que, nas décadas de 1910-20, foi amplamente utilizado para impulsionar uma máquina, marca Frederichi, selecionadora de grãos de café.

É do período do açúcar, a existência na área rural em Itu, de residências da classe dominante construídas de taipa de pilão, denominadas por Júlio Katinsky (1972), "casas de tradição bandeirista", diferenciando-se daquelas estudadas por Luiz Saia (1955), Mirim, Tatuapé, Morrinhos, Jabaquara, Butantã, Caxingui, Mandu, Padre Inácio, Santo Antonio (o mais puro exemplar de casa bandeirista), Querubim, São Romão e Santana do Parnaíba, que são as casas bandeiristas propriamente ditas (expressão primeiramente utilizada por Luis Saía), construídas entre 1611-1727, dentro do período bandeirista, da busca do ouro e índios (Katinsky, 1972: 89).

Carlos Lemos (1999: 127-28), também analisa estas casas procurando identificar as influências mineiras que ali se apresentam. Afirma que mineiros não passaram pela zona ituana, “mas aquela região mandou muito aventureiros às Minas, e grande parte deles voltou trazendo algum dinheiro e novidades". Classifica as casas ituanas pela inclusão de mineirices, "trazidas na bagagem de paulistas retornando à pátria, como no caso das janelas recurvadas da casa do engenho do Rosário, dos Pachecos de Itu".

Em Itu, foram arroladas por Júlio Katinsky (1972), as casas das Fazendas Pau d'Alho, Pirapetingui, Vassoural, Rosário, Nossa Senhora Conceição, Ponte e Japão (dividida em duas propriedades, em 2000, com as denominações Jequitibá e Capoava, localizando-se nesta última o exemplar da casa de tradição bandeirista referida por Katinsky).

Para a construção destas casas, segundo Katinsky (1971: 125), "com poucos recursos contava o arquiteto desconhecido”…mestre taipeiro e o carpinteiro, sendo este o profissional mais importante, pois sua intervenção se fazia em todas as etapas da obra, desde as formas (taipas) para as paredes, esquadrias e folhas das portas e janelas e armadura do telhado".

 

Das casas de tradição bandeirista arroladas por Katinsky, apenas a da Fazenda Capoava, ex-Japão, está localizada no bairro Pirahy (denominado, atualmente, Pedregulho).

A casa da Fazenda Capoava apresenta a planta semelhante às outras casas de tradição bandeirista de Itu. Como analisa Katinsky (1972: 87), com "três lanços, sendo o central ocupado pela sala maior e pela varanda. À direita conserva capela"...."Entretando, muitas transformações posteriores são visíveis. A sala contígua à varanda apresenta-se forrada, o quarto de "hóspedes" foi unido a outro compartimento, sendo hoje [1972] utilizado como sala de visitas. / Na mesma prumada da capela, foram construídas habitações (?) mais modestas de pau-a-pique, que deverão ser estudadas posteriormente".

A valorização da arte oriental, em particular a japonesa, nos fins do século XIX, início do XX, pode nos dar pistas para a mudança da denominação de Capoava para Japão, em 1881, dada pelos novos proprietários, João Guilherme da Costa Aguiar e Virgílio Augusto de Araújo.

A partir de 1850, dada a valorização do café, muitas fazendas e fazendeiros de Itu e, principalmente, os do "Oeste Paulista", como os de Campinas, passaram a se dedicar a esta cultura. Neste período, alguns ituanos passaram a investir capital também em outras regiões do estado, como Rio Claro e Jaú, transferindo para aquelas regiões parte da população. Contudo, na década seguinte, a guerra civil norte-americana, ao gerar dificuldades para o abastecimento de algodão às fábricas inglesas, possibilitou que muitos fazendeiros ituanos, incentivados por ingleses, passassem a se dedicar a esta agricultura, o que favoreceu, também, o aparecimento de um grande número de fábricas de tecidos na localidade e região.

Alice Canabrava (1984), ao analisar a presença do algodão na Província de São Paulo, destaca as atividades do ituano Carlos Ilidro da Silva, proprietário da Fazenda São Carlos, como intermediário entre os interesses da Associação para o suprimento do algodão de Manchester e fazendeiros ituanos.

Desta forma, enquanto o café fazia a fortuna de um grande número de proprietários de terras do Oeste Paulista, o algodão e o café ofereciam estes mesmos recursos aos ituanos. Na segunda metade do século XIX, a região contou com a presença da ferrovia - estrada de ferro ituana - ligando Itu ao porto de Santos através da São Paulo Railway (Santos-Jundiaí) e as grandes propriedades do bairro Pirahy, existentes na época do açúcar, apresentavam-se agora totalmente fracionadas e muitas delas transformadas em propriedades cafeeiras.

A paisagem novamente se modifica. O Bairro recebe duas denominações distintas: Pirahy e Pedregulho. Casas, agora características da época do café, começam a ser construídas na área, como as sedes das fazendas Floresta e Cana-verde, vizinhas à Capoava, que também se transforma em fazenda de café, conservando, porém, sua sede bandeirista.

 

A concentração do café, primeiramente, nesta região, provavelmente teve sua escolha, segundo a análise de Maria R. Sader (1970: 13) pela característica dos solos, "podzólizados com cascalhos, pouco profundos, moderadamente drenados, oriundos da decomposição do granito", indicados para a cultura de café, milho, videira e cana-de-açúcar. Posteriormente, foram ocupadas as áreas da depressão periférica para esse tipo de cultura.

Esta mesma autora (1970: 13), contudo, faz uma observação importante acerca da escolha da região para o café. Afirma que "a ocupação agrícola de Itu, não contraria a vocação de seus solos. Mas, se de um lado a zona do cristalino não apresenta condições pedológicas desfavoráveis, o mesmo não ocorre com a topografia, pois os terrenos, montanhosos com afloramento de granito em grande quantidade, formam verdadeiros "mares de pedra", o que dificulta enormemente o trabalho agrícola; além disso são solos susceptíveis ao desgaste, pela erosão e lixiviação".

Vale observar que mesmo com a intensificação da cultura cafeeira, a cana-de açúcar permanece como uma cultura importante, não desaparecendo do cenário rural. Em 1888, o Dr. Francisco Emydio da Fonseca Pacheco, proprietário da Fazenda Floresta e membro da Convenção Republicana de 1873, aparece como o maior produtor de café de Itu.

Contudo, há propriedades do Bairro Pirahy, em que a ruptura com a antiga cultura foi radical. Entre elas, Floresta, Piraí, Concórdia, Pinhal e Japão. O proprietário desta última, em 1881, Virgilio Augusto de Araújo, coloca à venda, através de anúncio na Imprensa Ytuana, todos os utensílios e instrumentos utilizados para a fabricação do açúcar, e a mão-de-obra permanece baseada na escravidão.

Em 1885, os escravos da Fazenda Japão, aparecem arrolados com seus respectivos números de matrícula, exigência que veio com a Lei Rio Branco (Lei do Ventre Livre), de 1871, que criou um Fundo de Emancipação para a libertação.

A escravidão permanece no trabalho das fazendas até 1889. Das análises feitas em inventários de 1870-1888, por Maria Regina Sader (1970: 58), a autora afirma que em apenas um deles, o de Francisco Correa Pacheco, proprietário da fazenda Concórdia, em 1887, constam referências a pagamentos de salários de trabalhadores, e consertos de casas para colonos". Contudo, outras propriedades daquele bairro haviam inserido o trabalho imigrante em suas propriedades, como a fazenda Floresta, que em 1875, muito antes do período da grande imigração, já contava com colonos italianos. Os que concederam liberdade a seus escravos, entretanto, condicionaram os libertos a prestar serviços por anos e décadas.

Exemplo disto é a atitude de Bento Dias de Almeida Prado, Barão do Itaim, que se pode conhecer através de publicação no jornal Imprensa Ytuana em que, em 1884, declarava ter concedido liberdade a seus 105 escravos com a condição de prestarem serviços ainda por dois anos.

 

Casas de colonos passam a compor a paisagem destas fazendas. Num primeiro momento utilizando antigas construções de taipa-de-pilão ou outras fabricadas de madeiras, das primeiras décadas do século XX e, posteriormente, de tijolos. Mudam os proprietários daquelas terras, algumas delas passando às mãos de antigos colonos, como no caso da Fazenda Concórdia daquele bairro.

Até a década de 1950, algumas dessas fazendas ainda produziam café para o mercado mas algumas delas passaram a se dedicar à pecuária, caso da fazenda Japão/Capoava. Atualmente, fazendas do bairro Pirahy, como a Pirahy, Concórdia, Capoava, Cana Verde, estão investindo numa outra alternativa de mercado: o turismo rural.

 

 

Bibliografia

 

QUEIROZ, Suely Robles Reis de. Algumas notas sobre a lavoura do açúcar em São Paulo no período colonial. Anais do Museu Paulista. Vol. 21, 1968.

PETRONE, Maria Thereza S. A lavoura canavieira em São Paulo: expansão e declínio 1765-1851.  SP: Difusão Europeia do Livro, 1968.

Almeida, Francisco Jose de Lacerda e. Diário da viagem do Dr. Francisco Jose de Lacerda e Almeida pelas capitanias do Para, Rio Negro, Matto-Grosso, Cuyaba, e S. Paulo, nos annos de 1780 a 1790. São Paulo : Na Typ. de Costa Silveira. 1841. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/1941

Auguste Saint-Hilaire, (1967: 206)

MESQUITA SAMARA, Eni de. O papel do agregado na região de Itu (1780-1830). Coleção Museu Paulista. Vol. 6, 1977.

LISANTI FILHO, Luiz. Comércio e Capitalismo: o Brasil e Europa entre o fim do século XVIII e o início século XIX. O exemplo de três Vilas: Itu, Porto Feliz e Campinas. Doutoramento. SP: IFLCH-USP, 1962

KATINSKY, Julio Roberto. Casas Bandeiristas: nascimento e reconhecimento da arte em São Paulo. Doutoramento, FAU-USP, 1972.

LEMOS. Carlos. Casa Paulista. SP: Edusp, 1999

CANABRAVA, Alice P. O algodão em São Paulo: 1861-1875. SP: T. A Queiroz, 1984.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

POLITICAGEM - Sobre a dança das cadeiras e o futuro das nossas nascentes

 As primeiras (ou primitivas) sociedades humanas eram (ou são) igualitárias: não existem ricos nem pobres, tudo é de todos. O trabalho é divido por sexo e por idade: homens caçam, pescam e se necessário fazem a guerra; mulheres coletam, cuidam das crianças e fazem artesanato;  os velhos ensinam (e são muito valorizados por isso), crianças aprendem. Se alguém manda em alguém, o fundamento da autoridade é a competência: um homem que é melhor estrategista na guerra ou na caça, uma mulher que se comunica melhor, alguém que reconhece as características das ervas torna-se curandeiro (pajé), outro ainda que possui características (entre outras) que definimos como fé passa a ser líder religioso e assim por diante. São os chamados líderes carismáticos, que chefiam por competência e não porque possuem capital, exército ou outros meios de coerção. Por terem competência reconhecida por atributos e variáveis pessoais, todos respeitam e muitos admiram, reforçando uma autoridade que já é literalmente natural.


         Sem medo de exagerar, assim foi Alexandre Peres no SAAE: um líder carísmático - o filho da minha querida amiga Bernadete e de meu professor Wanderley Peres (in memorian). Mas não é da genética e da educação pelo exemplo do ambiente familiar que quero falar. Quero destacar resultados, que é o que efetivamente caracteriza uma boa gestão.


          Não há quem não reconheça os resultados de sua gestão baseada em competência técnica. Os aproximadamente 3 anos em que foi superientendente entrarão para a história com marcos e fatos diferenciados:

  • a inauguração da ETE Mário Araldo Candello, uma estação de tratamento de esgoto que visa tratar 100% do esgoto doméstico de nossa Indaiatuba; poucos municípios no Brasil possuem uma obra de infraestrutura como essa;

  • a acreditação do laboratório de análises da qualidade da água, com a obtenção da certificação emitida pelo INMETRO com base na norma ABNT ISO IEC 17025;

  • a política de comunicação e educação ambiental com os cidadãos, através da divulgação de informações sobre nossos mananciais e consequente valorização das bacias e do uso consciente da água; destaque especial para o excelente trabalho feito sobre o Córrego do Barnabé e sobre o Rio Jundíaí;

  • obras de engenharia civil como: a implantação de centenas de quilômetros de adutoras, emissários e redes de abastecimento de água, construção de reservatórios, reforma do escritório no centro da cidade; duplicação da ETA V, modernização da ETA-I, na Vila Avaí, resgate das instalações da represa do Cupini (considerada pelo SAAE como o maior patrimônio ambiental de nossa Indaiatuba), etc.

Atualmente, seu empenho era a implantação do Plano Diretor de Combate às Perdas de Água. Sem dúvida uma lista e tanto de feitos, que não teriam sido viabilizados se todos os funcionários não estivessem do seu lado, devidamente treinados e comprometidos. Grande parte das obras foram financiadas pelo PAC do governo Lula e tiveram o aval do Poder Executivo na figura do Prefeito Reinaldo Nogueira Lopes Cruz. Mas foi sua competência técnica e sua liderança carismática que efetivamente conduziu tudo isso à resultados positivos e por isso mesmo manteve-se durante tanto tempo (eu diria com mais propriedade, tão pouco tempo) no primeiro escalão da Prefeitura. Porque político é que ele não foi, creio que nem será.



Reconhecidamente arredio à "politicagens", mantinha sua liderança carismática  pela formação, pelas habilidades e pelas atitudes. Ordenava, dirigia, comandava com propriedade técnica.


E por tudo isso dançou.


Foi exonerado com a desculpa de que é necessário "oxigenar" o primeiro escalão e foi substituído por um funcionário de confiança do Prefeito. Coitado, por eu ter fortes pressupostos maternais, fiquei com dó do Nilson Alcides Gaspar. Será difícil para ele herdar e superar esse legado. Que diga a Secretária da Cultura Érika Kikuti, sempre comparada ao brilho ofuscante da gestão do genial Wladimir Soares. Por mais que ela faça (e ela tenta, mesmo com um orçamento pequeno), parece que nunca a sua gestão conseguirá eclipsar o brilho que ele deixou. Eita herança difícil, sô!


Parece que a gota d´agua para seu afastamento foi esse episódio de supostos problemas em licitações do SAAE. Ele teria sido transparente como sempre é e partido para sua defesa pessoal com lisura, o que movimentou os holofotes investigatórios da imprensa e da polícia (polícia federal, gente!) para outros focos.


Mas enquanto tudo isso ainda é fofoca, não quero escrever sobre isso, não sou repórter policial e portanto não tenho competência para essa análise.


Mas algo incomoda-me profundamente nessa história: o mapeamento das nascentes de nossa querida Indaiatuba, que é para quem sobra mais pauladas nesses episódios onde os egos lutam de foice. Tínhamos até pouco tempo atrás pouco mais de uma centena de nascentes conhecidas e consequentemente catalogadas. Com o trabalho da equipe do SAAE gerida por Alexandre, foi feito um sério trabalho de busca, reconhecimento e identificação, inclusive com a ajuda de rastreamento via satélite. Pois bem: abra-te sésamo! Descobriu-se aproximadamente 600 nascentes! Um verdadeiro tesouro!


E nesse cenário todo, não podemos deixar de refletir para onde a História vai nos levar, caso não tomemos as rédeas do nosso destino. Nascentes precisam ser preservadas, inclusive de forma correta: com matas ciliares ao seu redor. Ora, ora... a quem a preservação de tantas nascentes incomodaria? Não seria aos proprietários de condomínios e loteamentos, que pupulam em Indaiatuba como pipoca em panela quente? Estaria eu divagando exageradamente? Queira Deus que sim. Que a privatização do SAAE [SIC!] seja apenas mera especulação. E que a exoneração de Alexandre não tenha nada a ver com essas nascentes e essa suposta privatização.


E por falar em Deus, Alexandre, termino esse artigo de uma forma que muitos até considerarão piegas, mas assumo minha fé: "Deus escreve certo por linhas tortas". Se a gente não tiver  esperança, não dá para suportar as injustiças da vida, né gente.


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