quarta-feira, 27 de maio de 2020

7ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba - (conteúdo na pandemia do COVID-19) - O projeto da tulha do Casarão Pau Preto

Para auxiliar com conteúdo bacana neste período de isolamento social o blog História de Indaiatuba irá publicar "curiosidades" sobre a História de Indaiatuba com mais frequência, para colaborar na aprendizagem ou mesmo distração dos indaiatubanos, ao mesmo tempo em que se divulga conteúdo sobre nossa História, Memória e Patrimônio.

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7ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O projeto da tulha do Casarão Pau Preto




Em meados do século XVIII teve início na Inglaterra um conjunto de mudanças no modo de produção que acabaria por ser nomeado como Revolução Industrial. Tendo estado adiantada neste processo como nenhum outro país europeu, a Inglaterra iniciou um agressivo projeto de Expansão Comercial que no século XIX se consolidaria como uma frente colonialista/imperialista. Neste cenário, aqui resumido de forma muito generalista, estava contida uma forma de vender seus produtos, entre eles algumas de suas máquinas e equipamentos que, para serem aceitos no mercado de forma mais rápida, muitos eram oferecidos com projetos, o que hoje damos o nome de "valor agregado".


Neste grupo de produtos está a “Alvenaria Industrial Inglesa”, sendo que a matéria-prima, ou seja, o material usado, era encontrado em todos os países com os quais a Inglaterra comerciava: o barro. 

Os engenheiros ingleses desenvolveram uma sofisticada técnica utilizando basicamente tijolos de barro, podendo executá-las em qualquer local, e em quase qualquer terreno. 

Um exemplo dessa genial arquitetura inglesa onde se integra método construtivo e equipamento é a máquina de beneficiamento de café da Fazenda Pau Preto, que foi instalada no prédio que chamamos de "tuia" (tulha), que foi construída entre 1860/1870 (vide cronologia abaixo).

Quando adquirida da Inglaterra, necessitou de prédio adaptado para seu uso, construído com esta tecnologia estrangeira, tendo sido um marco de prosperidade para nossa cidade. Poucos anos depois, muitos adornos de residências, imitaram o encaixe das paredes de tijolos à vista e da estrutura do telhado da tuia, o que indica que esta arquitetura passou a ser desejada e simbolizar modernidade na cidade. 


Ainda é possível observar estes adornos, chamados de cornijas, nas lojas do centro que utilizam prédios antigos, ou mesmo casas por toda a cidade que se apoderaram da estética do "tijolo à vista" utilizado pela Inglaterra em muitos lugares para onde enviava seus produtos,  para minimizar custos, inclusive com rebocos e adornos. Alguns prédios ferroviários, como a Estação Pimenta, toda em alvenaria inglesa, são tão racionalizados, que parte de sua estrutura de cobertura, é feita de vergalhões advindos de linha férrea, e o mesmo se pode observar em tirantes da própria Tuia.

Parte da Tuia foi demolida na década de 80, e o remanescente do prédio abriga hoje um auditório do Museu Antonio Reginaldo Geiss, sediado no Casarão do Pau Preto.









Saiba mais - CRONOLOGIA DO CASARÃO PAU-PRETO

1810/1820
-         Construção do Casarão em taipa de pilão. Nesse período o casarão pertenceu ao pároco  local que utilizava o prédio como residência.



1860/1870
-         O Capitão José Manoel da Fonseca Leite dá o Casarão em dote quando do casamento de sua filha Escolástica Angelina Fonseca com Joaquim Emídio de Campos Bicudo.
-         Os novos proprietários ampliam o prédio com paredes de alvenaria de tijolos.
-         É construída em alvenaria um novo prédio ao lado do Casarão, semelhante à construções inglesas, onde é instalada a primeira máquina de beneficiar café de Indaiatuba.



1982
-         A família Bicudo põe a propriedade à venda. Anterior a este período o prédio sofreu algumas ampliações e intervenções arquitetônicas .
-         Diante do perigo da demolição do Casarão a sociedade organizou-se em um movimento em prol da sua preservação.
-         Decreto 2.394 de 20/04/82 – declara o Casarão Pau Preto de utilidade pública a fim de ser adquirido mediante desapropriação do imóvel e área de 9810 m2 com a finalidade de instalação de museu histórico, centro cultural e parque de lazer.
-         Decreto 2571 de 14/12/82 - revoga o decreto anterior.



1983
-         Decreto 2615 de 24/02/83 – declara o casarão Pau Preto de utilidade pública a fim de ser adquirido mediante desapropriação do imóvel e área de 4500,90 m2 com a finalidade de instalação de museu histórico, centro cultural e parque de lazer.

1985
-         O casarão sofre reformas para garantir sua preservação.
-         A Secretaria Municipal da Cultura  instala-se no prédio.



1993
-         Com a lei 3081 de 20/12/93 o Casarão Pau Preto e dependências passaram a integrar o patrimônio da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba efetivamente instalada em 9 de fevereiro de 1994.  


2001
-         É iniciado, em setembro, o projeto de dinamização do Museu Municipal de Indaiatuba e executadas obras de reparo no Casarão.


2002
-         No dia 04 de fevereiro é inaugurada uma nova exposição do acervo do Museu Municipal de Indaiatuba.


2008 -         No dia 17 de dezembro de 2008 o casarão Pau Preto é tombado pelo então prefeito José Onério. A partir de então sofreu ameaças, mas continua sendo preservado, principalmente pela pressão da população, sendo um dos raros museus que começou com um prédio e não como um acervo.

2019 -        O Museu do Casarão Pau Preto passa a se chamar Museu Municipal Antônio Reginaldo Geiss através da Lei Municipal 7236 de 25 de outubro de 2019 subscrita por todos os vereadores da cidade.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

6ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba - (conteúdo na pandemia do COVID-19) - O ser vivo mais antigo de Indaiatuba

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6ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O ser vivo mais antigo de Indaiatuba




Os grandes Jequitibás Brancos, que estão plantados nos canteiros centrais da Avenida Itororó e da Avenida Major Alfredo Camargo Fonseca, podem ser vistos até do espaço e são da espécie de um dos seres vivos mais antigos da nossa zona urbana.



Cruzeiro de Jequitibás  das Avenidas Itororó e Major Alfredo Camargo Fonseca


A urbanização destas duas vias foi incrementada pela então Área Industrial da cidade onde cotonifícios e outras indústrias instalaram-se desde a Rua 24 de Maio, até a Avenida Itororó, tendo como um de seus limites a Avenida Major Alfredo Camargo Fonseca. 

Pelo porte desses jequitibás, estima-se que possam ter mais de 100 anos e podem ter sido plantados no final do século XIX e XX, talvez em data próxima da implementação do Cemitério da Candelária. O que pode ser afirmado é que na mesma época foram plantados jequitibás brancos por mais locais da cidade; além destes, que formam essas alamedas colossais,  destacam-se dois outros encontrados na Praça Prudente de Morais; um ao lado do coreto, outro em frente ao antigo Cine Rex, atual Bradesco;  e outro muito grande, no Jardim do Casarão Pau Preto, que está tombado. 

Existe ainda um outro Jequitibá, especial, localizado em uma área de preservação permanente (APP) próximo ao Bosque do Saber, tão grande e vistoso, que deu nome a seu bairro, o Jardim Jequitibá. Ele possui uma copa de cerca de 30m de diâmetro, e mais de 20m de altura ou o equivalente a um prédio de sete andares. Pelo seu porte ele pode ser apontado como o ser vivo mais antigo de Indaiatuba, ou melhor, pode, até estudos mais profundos, ser o maior concorrente a tal título tendo centenas de anos.

Jequitibá do Jardim Jequitibá - possivelmente o habitante mais antigo de Indaiatuba

Outros indivíduos de mesma altura e tronco que supera o diâmetro de 1.50m tiveram idade avaliada em centenas de anos, então possivelmente esta árvore também seria o mais antigo ser vivo da cidade e um dos poucos remanescentes da Mata Atlântica que forrava originalmente grande parte da área onde hoje é o município de Indaiatuba.

Existem hoje dezenas de novos jequitibás, plantados recentemente, em parques públicos, e que ainda não se destacam na paisagem, passando despercebidos para quase toda a população. Com muita sorte, em algumas dezenas de anos, poderemos ver muitas outras novas formações arbóreas do espaço, marcando o desenho da cidade de Indaiatuba.


Sobre o Jequitibá:
Em 28 de novembro de 2018 o vereador Alexandre Peres indicou o tombamento daquela que pode ser o mais antigo habitante de nossa cidade. Ainda a Fundação Pró-Memória não se posicionou sobre a preservação da mesma. Leia mais sobre essa proposição aqui:
https://sapl.indaiatuba.sp.leg.br/pysc/download_materia_pysc?cod_materia=MjU2ODk=&texto_original=1

quarta-feira, 13 de maio de 2020

O oratório de pedra do Casarão Pau Preto

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5ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O oratório de pedra do Casarão Pau Preto






O Casarão Pau Preto possui muitos materiais e diferentes tecnologias construtivas, entre elas a taipa de pilão e pau a pique e estas variáveis indicam diferentes momentos de sua construção.  

Alguns trechos de parede do  Casarão Pau Preto, muito grossas, com mais de 60 cm de espessura de barro socado, do primeiro cômodo ao lado da Tulha, são similares aos da Igreja da Candelária, e relatos indicam que esta moradia já teria sido utilizada pelo Padre Pedro Dias Paes Leme durante seu tempo como pároco em Indaiatuba. 

O formato da construção,  os encaixes de estruturas de madeira e o posicionamento do piso, indicariam que este cômodo (vide imagens abaixo), adjacente à tulha, teria sido o mais antigo do casarão, possivelmente edificado entre os anos de 1831, da chegada do padre e 1838 com a finalização da igreja Matriz. 


Imagem do Casarão Pau Preto (em estudo)

Crédito - Charles Fernandes




Imagem do Casarão Pau Preto (em estudo)


Crédito - Charles Fernandes



Imagem do Casarão Pau Preto (em estudo)

Crédito - Charles Fernandes

O oratório feito em pedra, encravado na parede interna deste cômodo, e voltado para o pátio interno, é um elemento característico das casas bandeiristas, que costumava se localizar em áreas externas e avarandadas para receber visitantes. 



Oratório do Casarão Pau Preto - 2016

Crédito - Charles Fernandes


Oratório do Casarão Pau Preto - 2016
Crédito - Charles Fernandes


Os alpendres bandeiristas, geralmente possuíam uma capela ou oratório, uma acomodação para hóspedes e não ocasionalmente uma cozinha. 

A análise destas evidências pode proporcionar a visão de uma edificação muito mais singela, que acabaria por dar início a um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes da cidade.  

A imagem abaixo  feita com base em estudos (em andamento) sobre o Casarão Pau Preto, indica os diferentes materiais empregados, representados por  diferentes cores. 


Imagem do Casarão Pau Preto (em estudo)


Crédito - Charles Fernandes

Cada cor indica uma diferente época de construção, ou até uma diferente função para cada cômodo. As paredes em cor de rosa, são originalmente feitas exclusivamente em taipa de pilão e indicariam as primeiras construções destinadas a “chácara” que sediava a Casa Paroquial dos padres da Igreja da Candelária e que muito tempo depois foi comprada pela Fazenda Pau Preto, para ser sua sede urbana.



Foto do Oratório do Casarão Pau Preto - Maio de 2020
Crédito - Laís Villaverde Beccari
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba


 Foto do Oratório do Casarão Pau Preto - Maio de 2020
Crédito - Laís Villaverde Beccari
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba



Foto do Oratório do Casarão Pau Preto - Maio de 2020
Crédito - Laís Villaverde Beccari
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba


segunda-feira, 11 de maio de 2020

4ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba - (conteúdo na pandemia do COVID-19) - O sistema natural de climatização da Matriz Nossa Senhora Candelária

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4ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O sistema natural de climatização da Matriz Nossa Senhora da Candelária



A construção feita em taipa da atual da Matriz Nossa Senhora da Candelária teve início em 1807, pouco antes – aproximadamente um ano - da chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro, fugida de Portugal aos trancos e barrancos, com medo da eminente invasão de Napoleão.

Foi somente em 1839 que essa construção foi finalmente coberta e a capelinha original que permanecera preservada dentro dela foi demolida. A edificação que já estava em novas condições de receber o povo, foi então, inaugurada, ou melhor, benzida no dia 21 de outubro por ordem de Dom Manoel Joaquim Gonçalves, bispo de São Paulo.

Era uma construção bastante rudimentar, uma vez que em 1852 o vigário Antônio Cassemiro da Costa Roris descreveu que “minha matriz [...] está ainda sem reboco, sem forro, sem assoalhos, sem gradis nas janelas todas, [...] o telhado só com telhas soltas, muitas goteiras, as pontas dos caibros apodrecendo”. 

Quase cem anos depois, em 1940, após outras reformas e melhorias a matriz passou por uma considerável reforma custeada por D. Leonor de Barros Camargo, onde foi feito revestimento de reboco, troca de telhado, fechamento das fendas das torres, recolocação dos sinos, pintura na Capela do Santíssimo e melhorias no sacrário. Em 1941 as paredes externas foram revestidas de tijolos, as portas externas foram transformadas em janelas, o relógio foi consertado e a instalação elétrica foi totalmente reformada.

A edificação original em taipa possui muitas das características de uma típica igreja barroca, embora com poucos adornos e construção bastante tardia. Sua primeira configuração foi composta por altar-mor, seguido dos cadeiris do presbitério e nave única com duas capelas laterais que sustentam tribunas num pavimento superior. Esta configuração foi utilizada em todo o período da Contra-Reforma da Igreja Católica, em plantas maneiristas e barrocas, na intenção de proporcionar igrejas acústica e termicamente mais agradáveis.


Na Igreja da Candelária, tribunas destinadas ao uso de pessoas de grande importância na cidade, também atendem a uma função muito especial.  Localizadas sobre as capelas laterais, em um pavimento superior, proporcionam o que chamamos de ventilação cruzada, pois possuem aberturas protegidas que servem de exaustores para o ar quente, menos denso - que sobe - proporcionando que o ar mais frio e mais denso entre pelas portas, criando um fluxo contínuo, ventilando e tornando a temperatura da edificação mais amena.



Curiosidade adicional 01: A balaustrada de madeira entalhada dos guarda-corpos das tribunas, sobre o presbitério, com volutas e acantos barrocos, são possivelmente as mais antigas e expressivas peças de arte de toda a cidade. 

Curiosidade adicional 02: A disposição do altar-mor, presbitério e nave central, reflete uma solução acústica, destinada a projetar a voz do padre, como uma grande corneta, em direção ao fundo da igreja.

Curiosidade adicional 03: A expressão nave central, usada para descrever o local onde se acomodam os fiéis, se deve ao formato dos tetos antigos de madeira, que lembram um barco, de São Pedro, o pescador de almas.

sábado, 9 de maio de 2020

3ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba - (conteúdo na pandemia do COVID-19) - Os túmulos das Gertrudes mortas em 1892

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3ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

Os túmulos das Gertrudes mortas em 1892








 No cemitério de Taipas, da Candelária, na viela principal próximo ao portão de entrada, estão sepultadas duas mulheres de uma mesma família, mortas com poucos dias de diferença, no ano de 1892. 

Seus túmulos são os mais belos exemplos de escultura do século XIX, na cidade de Indaiatuba e são dedicados a Anna Gertrudes Leite de Barros e Gertrudes Marcolina Leite de Barros. 

Ambas eram tias de Dona Leonor de Barros Camargo, esposa de Augusto de Oliveira Camargo, e ambas sucumbiram à febre amarela, no 2º surto da doença que matou 1/3 da população de Campinas e que também atacou cidades vizinhas. 

O ano de 1892 não levou apenas estas mulheres, morreu também o marido de Gertrudes Marcolina, que também era seu primo, o Alferes Francisco Galvão de Barros Leite, também irmão de Anna Gertrudes.  

O irmão de Gertrudes Marcolina, Tenente-coronel Francisco de Paula Leite de Barros, senhor de engenho em Itu, também perde a esposa neste ano de 1892, para a febre amarela, a Sra. Maria de Almeida Sampaio, que também era sua prima. 

Até o ano de 1899, quando a causa da doença foi revelada pelos pesquisadores Ronald Ross e Giovanni Battista Grassi, não se sabia que o hospedeiro intermediário era um mosquito, da espécie Aedes aegypti,  mas se sabia que áreas com problemas de saneamento eram focos, sobretudo locais alagadiços, mal ventilados e insolados. 

Em decorrência desta tragédia, o estado de São Paulo foi levado a adotar rigorosas normas urbanísticas, muitas delas exigidas até os dias atuais.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

2ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba (conteúdo na pandemia do COVID-19) - A demolição da Casa da Câmara e Cadeia

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2ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

A demolição da Casa da Câmara e Cadeia




A Casa da Câmara e Cadeia de Indaiatuba, foi importante edifício administrativo do final do século XIX que destacou-se no traçado urbano do Centro tradicional, tanto pela sua localização e função essencial à ordem pública, quanto pela sua rica linguagem neoclássica sem paralelos entre as edificações do entorno.

Construído entre 1888 e 1889, o edifício de Câmara e Cadeia, localizava-se onde hoje é a fonte luminosa da Praça Prudente de Morais em Indaiatuba, e era um interessante exemplar do ecletismo do século XIX

Sua função inicial era acomodar o destacamento de polícia e cadeia usando para este fim 2/3 de sua área. Por acesso lateral separado, possuía uma ala de cerca de 50,00 m² onde também  acomodava a Câmara Municipal e gabinete do prefeito (ou seja, foi também a prefeitura)

Sem festas, foi fundado no dia 13 de maio de 1890,  após ser construído em conjunto com o Estado, isso é, o Município pagou os custos da construção da Câmara e a Província pagou os da Cadeia. 

Possuía cerca de 8.50 metros de altura e 14.00 metros de frente, ocupando uma área total de aproximadamente 150,00 m. 

Apesar da implantação singela em área, sua altura e imponência lhe dava escala monumental para as proporções da época, hierarquizando, controlando e caracterizando o entorno da cidade antiga.

Formava com os prédios da Igreja Matriz da Candelária e a Estação Ferroviária o conjunto arquitetônico que caracterizava a cidade de Indaiatuba final do século XIX.

Demolido na década de 60, para a construção da fonte luminosa, foi perda irreparável para nosso patrimônio histórico e na arquitetura do centro da cidade.





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quinta-feira, 7 de maio de 2020

1ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba (conteúdo na pandemia do COVID-19) - O alinhamento da porta da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária com a porta do Hospital Augusto de Oliveira Camargo

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1ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O alinhamento da porta da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária 
com a porta  do Hospital Augusto de Oliveira Camargo




A Rua Augusto de Oliveira Camargo, que liga a entrada do Hospital Augusto de Oliveira Camargo com a igreja Matriz Nossa Senhora da  Candelária, conhecida também como o “Descidão do Hospital”, homenageia o herdeiro da fazenda Itaóca, senhor de engenho, que casou-se com Leonor Barros de Camargo, filha do tenente-coronel Francisco de Paula Leite de Barros, herdeiro da fazenda Bom Retiro em Itu.

Esta rua cruza com a Av. Francisco de PaulaLeite, nome do irmão de D. Leonor, que administrou a obra do Hospital Augusto de Oliveira Camargo.

Dona Leonor passou por muitas tragédias pessoais: perdeu três tios e a mãe para a febre amarela no ano de 1892 (no segundo surto que acometeu Indaiatuba), perdeu o pai preso em uma roda de engenho e perdeu o marido após sofrido período de doença que comprometeu sua vida por uma embolia cerebral (ou AVC).

O casal, que não teve filhos, construiu, com seu próprio dinheiro, toda a obra do Hospital Augusto de Oliveira Camargo

Ao arquiteto responsável pelo projeto, Ramos de Azevedo, o mais importante do Brasil na época, Dona Leonor pediu que a porta do hospital ficasse no mesmo nível e mesma direção na porta da Igreja Candelária, cuja santa era sua devoção, tendo como eixo a Rua Direita, que posteriormente foi renomeada para Rua Augusto de Oliveira Camargo, cuja imagem você vê abaixo.




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segunda-feira, 4 de maio de 2020

NOTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA - O VETO À HISTÓRIA

Na noite do dia 24 de abril de 2020, o presidente da República, Jair Bolsonaro, vetou o projeto de regulamentação da profissão de historiador, que já havia sido aprovado na Câmara e no Senado. Nós podemos até fingir surpresa com o veto do presidente, mas a questão, porém, é um pouco mais complexa. Sim, tínhamos esperanças, mas o contexto histórico não parecia sinalizar que a assinatura de Bolsonaro seria conquistada facilmente. Ele gosta de usar a caneta e faz isso reiteradamente para destruir, não para construir.

Desde que a atual direção da ANPUH assumiu a gestão, estivemos preocupados em levar adiante o projeto de regulamentação, iniciado há décadas. Muitos de nossos associados nos cobravam uma posição, a despeito dos esforços incomensuráveis de vários ex-presidentes da ANPUH.

A primeira iniciativa para regulamentar a profissão foi o projeto apresentado à Câmara Federal pelo Deputado Almeida Pinto em 1968, logo arquivado pelo Regime Militar. Entre 1983 e 2000, várias propostas foram apresentadas, ainda sem sucesso. Em 2009, foi proposto o projeto do Senador Paulo Paim, mas que demorou bastante nas tramitações entre Câmara e Senado. Este projeto estava parado no Senado até o início deste ano. Logo quando assumimos, designamos o atual 2º Tesoureiro da ANPUH Brasil, o diretor Adalberto Paz (UNIFAP) para deslindar o histórico processo de regulamentação e reiniciar articulações em Brasília. Graças a esse empenho, muito apoiado pela historiadora Lara de Castro, no dia 18 de fevereiro deste ano, o projeto foi finalmente submetido à votação no Senado e aprovado. O texto votado era o projeto de lei que regulamenta a profissão de Historiador, PLS 368/2009, de autoria do senador Paulo Paim (PT), acrescido do texto substitutivo N. 3/2015.

A aprovação foi resultado, pois, de intensa articulação política da diretoria e de nossos associados a favor do projeto no Congresso Nacional. Paz e Castro conduziram as conversações sobre a matéria legislativa com representantes políticos do estado do Amapá, mais especificamente com o Senador Randolfe Rodrigues, historiador de formação e associado à ANPUH-AP. Após a aprovação no Senado, o projeto foi encaminhado à Secretaria da Presidência no dia 2 de abril de 2020, e aguardou a sanção do chefe do executivo federal. O prazo final para veto era o dia 24 de abril de 2020. Sem alarde, no último momento do prazo, Bolsonaro vetou o projeto com pareceres frágeis exarados pelo Advogado da União e pelo Ministério da Economia, ambos espaços políticos de confiança do presidente. Já sabíamos dessa possibilidade, por isso seguimos na mobilização para que o Congresso Nacional derrube o veto presidencial.

Como afirmamos no início, a rejeição não nos surpreende: lidamos com frases e ações diárias de um governo que fere os princípios mais básicos do direito à vida, à informação e à cultura. Além disso, seu principal projeto é o aparelhamento de estruturas autônomas de uma sociedade democrática. A ciência, a história, a justiça, o parlamento só têm valor para este governo se servem aos seus interesses particulares e muitas vezes obscuros. Por isso, os que lá estão trabalham para destruir os espaços de autonomia dos que defendem uma sociedade mais justa, igualitária e, sobretudo, que respeite a história. A única história que serve para este governo é uma "história" servil. Uma "história" servil, porém, é um mito, uma ficção, uma propaganda, mas certamente não é História enquanto um campo científico.

A despeito de tudo que já foi escrito, no Brasil e no exterior, sobre a Ditadura Militar, por exemplo, o presidente insiste em comemorar o 31 de março com o slogan “a revolução democrática de 1964”. Ninguém que tenha estudado história e possa formar opinião sólida neste terreno defenderia a ditadura negando seu caráter autoritário e golpista. Não há opinião sólida que justifique a defesa da censura prévia, da tortura e torturadores.

Em resumo, Bolsonaro tem como projeto destruir a autonomia da História como ciência e como saber. Uma parte da população talvez não compreenda bem para que serve e o que é a história enquanto um campo de conhecimento. Nossa tarefa é enfrentar esse desafio e chegar até essas pessoas. Temos feito muito como associação e como historiografia, mas muito ainda precisamos fazer. A luta pela regulamentação tem sido uma oportunidade para refletir sobre o papel social dos profissionais da história. Isso não significa dizer que a regulamentação fechará a porta para os que se veem como historiadores, ou criará qualquer reserva de mercado.


Para encerrar, vamos listar o que a ANPUH-BRASIL está fazendo neste momento:
a) Retomamos as articulações parlamentares para construir a derrubada do veto presidencial.
b) Estamos estreitando o contato com diversas associações de nossa área e áreas afins para articular ações conjuntas.
c) Buscamos constantemente espaços na grande imprensa e nos portais digitais para divulgar nossa luta e promover as iniciativas dos associados. Vários de nossos associados já produziram por conta própria materiais a respeito e publicaram em seus blogs, jornais e portais, como Jornalistas Livres, Café História etc.).
d) Vamos intensificar o debate e a campanha pela regulamentação, reforçando e valorizando os profissionais da história em suas diversas vocações e espaços de atuação.
e) Desde ontem estamos em campanha permanente em nossas redes sociais, produzindo material e mobilizando a comunidade para aumentar a pressão nos nossos representantes. Apenas no Facebook ontem alcançamos quase 700 mil pessoas.

O que a comunidade historiadora pode fazer?
a) Reforçar o engajamento com todas as redes sociais da Anpuh para que possamos cada vez mais agir de modo articulado e com a velocidade das demandas. É preciso curtir, compartilhar e comentar em nossos espaços públicos digitais.

b) Construir suas próprias iniciativas de comunicação, seja em âmbito individual ou institucional. Núcleos de pesquisa, laboratórios, programas de pós-graduação, departamentos de história, escolas, sindicatos, associações científicas e de classe podem e devem ter ações de história pública, divulgação científica e curadoria de conteúdos. Assim podermos formar uma grande rede de conhecimento seguro e de ação política cidadã.

c) Mobilizar para pressionar e apoiar parlamentares aliados do projeto em diversos níveis e frentes.

d) Buscar espaços nas mídias tradicionais para defender o projeto e ampliar a consciência sobre as funções sociais dos profissionais da história.

e) Apoiar a filiação à ANPUH-BRASIL e outras sociedades científicas.

O presidente vetou o projeto por medo e por má fé. Mas a evidência histórica está aí para todo mundo ver. Enquanto milhares de pessoas morrem, o presidente está preocupado em vetar a profissão de historiador, essencial para explicar a história e o emaranhado de tragédias que enfrentamos. Independente das versões mais ou menos incendiárias a respeito do governo bolsonarista, há evidências históricas indiscutíveis sobre o que ele representa. Continuaremos lutando para que o veto do presidente seja derrubado, mas regulamentada ou não, a profissão de Historiador existe e isso é um fato inquestionável, irrefutável, incontornável.

Márcia Maria Menendes Motta
Presidenta (biênio 2019-2021)
Associação Nacional de História- ANPUH-BRASIL

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