sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Lampiões


Eliana Belo Silva

Coluna semanal "Identidade Indaiatubana" - Jornal Exemplo

27/11/2015





Na Europa, a iluminação pública começou no século XV. 
Por séculos, a alimentação dos postes ficou a cargo dos “lamplighters”, ou acendedores de lampião. 
No Brasil, quem fazia o serviço eram os negros escravos.







LAMPIÕES

Em novembro de 1887 nossa cidade passou a ter suas ruas iluminadas por lampiões.


O primeiro dia, ou melhor, a primeira noite em que todos eles foram acesos foi 25 de novembro e a ideia de dotar a povoação com lampiões que afastasses as trevas de nossas vias públicas não partiu das autoridades locais.




A INICIATIVA


Quem lembrou da existência dos combustores à querosene foi o Governo da então Província de São Paulo. Naquela ocasião, os vereadores de Indaiatuba estavam envolvidos na construção de uma Cadeia, pedindo insistentemente verba para tal obra, e como ela não vinha, insistiam com a Assembleia Legislativa Provincial para obter autorização para vender patrimônios públicos – inclusive o cemitério - para levantar fundos.


Em 27 de março de 1887, em uma Ata da Câmara cujo assunto principal era justamente esses, foi também tratado do assunto “assentamento de lampiões nas esquinas”. Nossos vereadores pediam ‘consecção’ ao Senhor Presidente da Província, para que a Câmara local pudesse colocar em prática esse assentamento, ‘que ele mesmo houvera de lembrar que seria conveniente instalar’.




O CONTRATO


Vicente Tanclér foi contratado para fazer 17 (dezessete) lampiões para assentar nas esquinas pelo preço de 28$000 cada unidade, incluindo o poste. O contratado assumiu que os lampiões que produziria seriam iguais aos das ruas de Itu e que a madeira utilizada para os postes seria de boa qualidade. 


As dezessete unidades foram instaladas nas esquinas e também no meio das quadras, distantes uns dos outros aproximadamente 40 metros. No Largo da Matriz foram instalados modelos mais artísticos, diferentes dos demais.

 



FESTA DE INAUGURAÇÃO


A Câmara deliberou que fossem usadas cinco dúzias de rojões para inaugurar-se os lampiões, evento que ocorreu com festas, incluindo a banda.




GESTÃO



  O cidadão Felippe de Nery Camargo Thebas foi nomeado pela Câmara para ser zelador dos lampiões, que eram abastecidos, acesos ao escurecer e assim permaneciam até se acabar o combustível, sendo que se procedia dessa forma apenas durante vinte dias por mês, por medida de economia, não se acendendo durante o período de lua cheia, quando a luz do luar era, por sua vez, mais eficiente que a dos lampiões.


Já no início do século XX, memorialistas narram que "Nenê do Lampião" ou “Nenê Pedroso” – o Sr. João B. T. Pedroso de Barros, cuidava desse patrimônio público de forma um pouco diferente:  de escada ao ombro, ele acendia ao cair da noite e apagava aos primeiros clarões do dia seguinte, todos os dias, de domingo a domingo, “placidamente”.




SUBSTITUIÇÃO


O sistema de iluminação abastecido por querosene foi substituído por luz elétrica pela Empresa de Luz e Força de Jundiahy, cuja rede iluminou as ruas de Indaiatuba pela primeira vez no dia no dia 10 de maio de 1913. Mas a festa de inauguração aconteceu no dia 15 de maio do mesmo ano, com rojões e banda.



Lampiões à querosene em Indaiatuba
Rua Bernardino de Campos, esquina com Rua 15 de novembro
(início do século XX)




Leia mais sobre a história da iluminação pública de Indaiatuba aqui: https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2016/10/historia-da-iluminacao-em-indaiatuba.html


 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens mais visitadas na última semana