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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

O ESPAÇO DA MORTE: a História de Indaiatuba contada através da análise de seus cemitérios

Quando criança, me lembro de ter participado de procissões. Lembro do caminho, de sair da Matriz e voltar após ter alcançado a altura do cemitério. Lembro também que, até o Cemitério da Candelária, o calçamento era de pedra, e além dele, chão batido. O cemitério da minha memória de criança, marcava o fim da cidade, além dele estava a indústria Villanova e além dela, só mato. 

Em estudo a diversas cidades que tiveram origem no Brasil colônia, poderíamos afirmar que o traçado de suas ruas pode ser descrito por uma procissão, que saía do  largo de uma igreja, pela rua de seu frontispício, que era também a principal da cidade, dirigia-se até o cemitério e voltava, indicando o Centro, a direção de maior desenvolvimento do lugar e o limite da periferia da cidade tradicional.

Que afirmação inquietante, saber que a criação do espaço urbano no Brasil e em especial, minha INDAIATUBA, tenha sido vinculado às tradições religiosas, e que a posição do local destinado aos sepultamentos indicaria, não só um limite de onde a cidade é, mas onde não seria mais destinada ao habitar, mas também a direção na qual se conduz seu crescimento.

 

Com base nesta afirmação, proponho analisar o desenvolvimento de minha cidade, com vista para seis diferentes sítios que foram ou são locais de implantação de cemitérios junto a nossa área urbana, e que trarão panorama dos vetores de crescimento e de suas velocidades, no desenvolvimento de nossa cidade.

O traçado do crescimento urbano visto através dos cemitérios como eixos


O Tenente Pedro Gonçalves Meira, edificou uma capela em suas terras, que teria comprado após enriquecer nos Goyases. Esta capela, dedicada à Nossa Senhora da Conceição dataria do final dos anos 1700, tendo sido curada em 1813, ano da morte de Pedro Gonçalves.  Esta capela se localizava onde hoje é a nave central da Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária.  Nesta época, os mortos eram enterrados dentro da igreja (os ricos) ou no seu Largo (os pobres), que era o espaço de convívio localizado defronte ou em anexo. Pedro Gonçalves está enterrado no meio da nave da Igreja da Candelária dentro de onde havia a antiga capela. 

Entre cerca de 1791 até 1839, os sepultamentos eram realizados junto ou dentro da Capela de N. Sra. da Conceição, ou defronte da obra da Igreja da Candelária que literalmente abraçava a primeira capela e já determinava o que viria a ser o futuro Largo da Matriz. Abaixo do atual altar da Candelária, podem estar os primeiros túmulos da 'cidade colonial', pois a porta da antiga Capela da Conceição era voltada para o leito do Córrego de Cocais, invertida da atual posição, e ali era o antigo LARGO da capela original. Em um segundo momento, os sepultamentos seriam realizados na frente da Igreja em obras, atual Praça (que ainda é um Largo) Leonor Barros de Camargo. O último indaiatubano a ser tardiamente enterrado dentro da Candelária foi o Padre Cassimiro da Costa Roriz falecido em 1884, e que ganhou tal honraria por conta da enorme gratidão de toda Indaiatuba por suas décadas de serviço religioso. Registre-se que o ato de enterrar os mortos dentro das igrejas ou dos seus pátios já era tido como uma ação a ser banida, o que aconteceria com a Lei no. 1882 de 13 de agosto de 1908, com o objetivo de promover melhores condições de saúde pública e higiene, refletindo as mudanças nas práticas e conceitos de saneamento e cuidados com os cemitérios.

Em 1839, a atual Igreja da Candelária foi abençoada, e também o Cemitério São Benedito, localizado a pouco mais de 200 metros de distância em direção Nordeste pela Rua da Candelária, aproximadamente na face do quarteirão onde atualmente está o Bradesco (onde foi o Banco Mercantil). O perímetro urbano da cidade do Cemitério São Benedito terminava na Rua Nova, atual Bernardino de Campos onde seria o limite do terreno onde o cemitério era localizado. Outros limites desta cidade eram a Rua da Estrada, atual Rua 13 de Maio, por onde chegava o caminho para São Carlos (primeiro nome de Campinas), a Rua Direita, exatamente a frente do Largo, indicaria o eixo da futura Rua Augusto de Oliveira Camargo; a Oeste a Rua de São José, atual Rua Dom José; e nos fundos da Candelária, chácaras entre as quais, uma fora morada do padre Cassimiro, posteriormente chamada de Casarão Pau Preto.




Em 1868 foi provisionada a benção do Cemitério São José, no local onde atualmente se encontram a agência de Correios e o prédio da antiga prefeitura, atualmente uma loja de calçados. O cemitério foi demolido completamente em 1963, numa empreitada de modernização da Praça Prudente de Morais e que também levou a demolição da Casa de Câmara e Cadeia construída no ano de 1889.  Entre estas ocorrências, o prédio do correio também teria o início de suas obras em 1947 e entregue em 1962, o que ajuda a compreender a complexidade do sítio deste cemitério, e que acaba por proporcionar área que vai receber importantes prédios públicos da cidade em meados do século XX. A praça Prudente de Morais em 1963, duplica sua área, recebe o correio, a fonte luminosa, o novo coreto e o novo prédio da prefeitura, tornando-se importante centro administrativo e de comércio, conhecida posteriormente como Praça dos Bancos.  Este cemitério teve uma vida útil muito reduzida, tendo sido abençoado em 1868 e substituído poucos anos depois, indicando que ocorreu um crescimento não esperado da cidade, que acabou por estabelecer uma expectativa muito mais audaciosa para um novo perímetro urbano. O fato que possivelmente desarticulou as previsões da época, foi a chegada da ferrovia na cidade, em 1873

Em 1899 foi inaugurado o Cemitério de Taipas na Rua da Candelária, que se tornou local oficial de sepultamentos da Igreja Católica, e que reservava espaço de quatro metros em área de fundos para os sepultamentos não abençoados. Este Cemitério foi chamado de Taipas, pois seus muros foram edificados com esta técnica construtiva, semelhante aos muros da Igreja da Candelária e do Casarão Pau Preto. Este novo sítio demarcava não só os limites da cidade, mas a direção de onde acabariam por se instalar nos anos seguintes, as principais indústrias ocupando a região onde hoje é a Rua 24 de Maio e a Rua Humaitá. O Cemitério de Taipas era administrado pela igreja católica, que indicava onde e como as pessoas deveriam ser enterradas. Talvez também em decorrência desta gerência religiosa do espaço, logo foi instalado um cemitério municipal cuidado pela prefeitura. 

Em 1905, foi inaugurado o Cemitério Municipal, do outro lado da Rua Candelária, defronte ao Cemitério de Taipas, chamado de Cemitério de Pedras, devido ao material de construção de seus muros, em folheta de granito.  Fato curioso que, semelhante a cidade fictícia de Sucupira na obra de Jorge Amado, o novo cemitério construído seguia sem uso, até que a prefeitura resolve doar belo túmulo em granito para o primeiro sepultamento que ali ocorresse. A tradição oral conta que a primeira cidadã a ser enterrada lá, então matriarca da Família Barnabé, desdenhara da oferta concedida, na véspera de sua morte, sem saber que seria ela a primeira sorteada.

“Quem haverá de querer um presente desses? ” Teria dito Dona Andriana Barnabé.

Andriana Corne Barnabé, primeira pessoa sepultada no Cemitério de Pedras


Ambos os cemitérios são atualmente conhecidos como Cemitério da Candelária e os fatos acima descritos explicam a razão pela qual a rua passa entre estes dois locais.  Diferente do Cemitério católico de Taipas, todos podiam ser sepultados quase que irrestritamente no Cemitério de Pedras, e isso tem enorme reflexo na arte tumular destes dois locais. Taipas apresenta, em sua maioria, alegorias tumulares que tem fontes na tradição católica, enquanto Pedras é local multicultural, apresentando menções a sepultamentos protestantes, judaicos, de outras culturas, de imigrantes de diferentes localidades e nações. Visitar Taipas e Pedras com a sensibilidade voltada a observar a profusão cultural que formou nossas raízes indaiatubanas é passeio imperdível. Na ocasião da construção destes cemitérios, a área de periferia destinada ao uso industrial da cidade, era a Rua 24 de Maio e a Rua Humaitá, e o principal eixo de desenvolvimento urbano indicava a Nordeste, onde muitos anos depois foram implantadas as Avenidas Keneddy, Tamandaré e Conceição. 

Em 1977 foi idealizado o Cemitério Municipal Parque dos Indaiás, localizado na Alameda Doutor José Cardeal, que determinou uma guinada na direção dos vetores de crescimento da cidade, pela primeira vez a periferia da cidade, marcada pelo local do cemitério, deixa de ser determinada na direção nordeste e vai para sul, acompanhando o crescimento da cidade em direção a outros eixos. Nos anos que se seguiram a construção do Cemitério Parque dos Indaiás os limites da cidade deixam de ser o bairro Santa Cruz, e a linha da ferrovia não mais é impedimento ao crescimento urbano. Tem início a criação da populosa e dinâmica Zona Sul, onde se destacam os bairros da Morada Do Sol, Jardim Califórnia e Conjunto Brigadeiro Faria Lima. O cemitério Parque dos Indaiás, e posteriormente, o Cemitério Memorial em local adjacente, padronizam a construção das sepulturas, com isso finda a existência de arte tumular nos locais de sepultamento, fechando uma era de produção cultural e artística, voltada a construção de sepulturas.

Em 2023 é inaugurado o Cemitério Jardim da Paz, em terreno originalmente pertencente ao Conjunto Habitacional do Parque dos Pássaros, que mais uma vez marca guinada nos vetores de crescimento da cidade, desta vez, em direção à Zona Noroeste, ao Campo Bonito, Sabiá e Veneza. 


Levando em consideração a análise realizada das localizações de nossos cemitérios e o desdobramento de seus sítios, podemos realizar diversas afirmações e criar múltiplas narrativas sobre como se desenvolveu Indaiatuba. 


Podemos dizer que os horizontes de crescimento estabelecidos pelas pessoas que tentaram idealizar planos para o nosso traçado urbano, foram superados em pouquíssimo espaço de tempo. 

Podemos dizer que de quando em quando, a cidade foge das rédeas e se volta para direções alternativas.


Podemos dizer que os cemitérios levaram cerca de 100 anos para sair do Largo da Candelária até o Cemitério da Candelária, e que neste período, percorreram uma distância de apenas 1 (um) quilômetro. 

Podemos dizer que nos 80 anos seguintes, a velocidade dobrou, tendo se deslocado mais 2 quilômetros para outra direção gravitado pela nova Zona Sul.

Podemos dizer que em apenas 40 anos, mais que dobrou novamente sua velocidade, em nova guinada a Norte sendo lançado a 5 quilômetros na direção do Campo Bonito.


Se não fosse o carinho e respeito que temos pelos nossos antepassados, não poderíamos contar com tão impressionante conjunto de pegadas que nos faz vislumbrar o desenvolvimento de nossa cidade. Pois a cidade é dinâmica e expansiva, ao mesmo tempo recicladora e autofágica, escondendo suas marcas, revitalizando-as e transformando-as em novos habitats urbanos, exceto é claro, os espaços reservados à morte onde culturalmente, são livres da ação da modernidade.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

IBGE divulga nova versão do Atlas Escolar Geográfico com Brasil no centro do globo


Consulte os novos mapas aqui: https://atlasescolar.ibge.gov.br






O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou, nesta terça-feira, dia 09/04, a 9ª edição do Atlas Geográfico Escolar. A nova edição, além de atualizada em seu volume impresso, conta com uma versão digital no portal do Instituto com inovações na forma de apresentação das informações e como diferencial contém mapas com o Brasil no centro do mundo. 

Também foi lançado o mapa-múndi, elaborado pelo IBGE, que tem a marcação dos países que compõem o G20 e dos que possuem representação diplomática brasileira, além de algumas informações básicas sobre o Brasil, como população e área, entre outros dados. 

Essa divulgação ocorreu em consonância com o momento especial em que o Brasil está presidindo o G20 e é uma oportunidade de mostrar uma forma singular do Brasil ser visto em relação a esse grupo de países e ao restante do mundo.

O Atlas Geográfico Escolar do IBGE é uma publicação que tradicionalmente reúne dados sobre clima, vegetação, uso da terra, divisão política e regional, características demográficas, indicadores sociais, espaço econômico e das redes, além de diversidade ambiental do Brasil e de mais de 180 países.

Com mais de 200 mapas, dentre físicos, políticos e temáticos do Brasil e do mundo, a nova edição destaca, ainda, aqueles que indicam os territórios quilombolas e a distribuição de pessoas quilombolas e indígenas, além da cobertura e uso da terra e espécies ameaçadas de extinção.

Como todos os atlas produzidos pelo IBGE, a nona edição contempla a Base Nacional Comum Curricular – BNCC do Ministério da Educação, e reúne, num mesmo volume, dados geográficos, cartográficos e estatísticos, imprescindíveis ao estudo e à análise das dimensões sociopolítica, ambiental e econômica do Brasil e do mundo.

Outra novidade são QR codes disponíveis na publicação impressa que levam a gráficos interativos na versão digital, além de vídeos e links com conteúdos complementares. Também será possível baixar o arquivo da versão impressa e realizar busca por temas e palavras-chave.

A publicação impressa poderá ser adquirida na loja virtual do IBGE  disponível neste link: https://loja.ibge.gov.br/

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

A expansão urbana murada, legislação de loteamento e áreas públicas em Indaiatuba

Resumo: O presente estudo tem como objetivo compreender a dinâmica de expansão urbana privatizada e a destinação das áreas públicas dos empreendimentos horizontais fechados. Mais do que apontar a existência dos impactos urbanísticos dos condomínios e/ou loteamentos horizontais fechados, pretende-se desvendar o papel da legislação municipal neste processo e identificar se a expansão urbana fechada tem se intensificado ou não nas últimas décadas. Adotou-se o município de Indaiatuba, localizado na Região Metropolitana de Campinas, interior de São Paulo, como estudo de caso analisando seu crescimento populacional e territorial, bem como o aparato legal, baseando-se nos levantamentos de dados de parcelamento do solo municipal. A metodologia do trabalho consistiu em 

a) pesquisas bibliográficas acerca dos assuntos relacionados, 

b) levantamento e análise das leis municipais de parcelamento do solo de Indaiatuba e de sua expansão urbana, 

c) levantamento e análise dos parcelamentos do solo aprovados com distinção entre os loteamentos e loteamentos fechados, 

d) identificação das áreas públicas proveniente dos loteamentos residenciais fechados aprovados, e por fim 

e) análise dos resultados. 

Os resultados obtidos apontaram que em Indaiatuba, a expansão urbana murada tornou-se hegemônica a partir do incentivo da legislação municipal, evidenciando o papel indutor da regulação urbana.

 

Abstract: The objective of this study is to understand the dynamics of urban sprawl privatized and the public areas allocation of gated community. More than show the gated community, existence and their urban impacts, it is intended to unveil the role of municipal legislation in this process and identify whether closed urban expansion has intensified or not in the last decades. The Indaiatuba city, located in the Campinas Metropolitan Region, in São Paulo, was adopted as a case study analyzing its population and territorial growth, as well as the legal apparatus, based on data collection of municipal land subdivision. The methodology of the work consists of a) bibliographical research on the related subjects, b) survey and analysis of the Indaiatuba laws about the land subdivision and its urban expansion, c) survey and analysis of approved land subdivisions with distinction between gated community, d) identification of Public areas from approved gated community, and finally e) analysis of the results obtained and their conclusions. The results comprovation that urban sprawl privatized in Indaiatuba became hegemonic based on the incentive of municipal legislation, evidencing the role of urban regulation,


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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Terra pitoresca, terra das palmeiras: a distribuição geográfica da palmeira indaiá no município de Indaiatuba (SP).

Resumo em Português

O presente estudo procurou evidenciar a distribuição geográfica da palmeira indaiá (Attalea geraensis Barb. Rodr.) em Indaiatuba (SP). Trata-se uma palmeira, em geral, de caule curto, típica de cerrado e que apresenta diversas utilidades ornamentais e culinárias. A área de estudo pertence à região metropolitana de Campinas e possuiu um dos maiores PIB desse aglomerado. Em sua vegetação, havia o predomínio da Mata Atlântica, além da presença de pequenas áreas do Cerrado. O indaiá era tão abundante que influenciou a toponímia do município: indaiá (palmeira) e tuba (aglomerado), ou seja, local com muitos indaiás. Com o passar das décadas, a alteração da vegetação, o consumo exacerbado do palmito da palmeira e a omissão do poder público, ocasionaram a degradação da espécie. Foi realizada uma revisão da literatura em busca de registros da espécie na região estudada. A sua fartura e utilidades foram relatadas em entrevistas com pessoas que tiveram contato com a espécie, foi à geração que viveu a infância na época em que a cidade ainda era um mar de palmeiras. Pelos relatos, a A. geraensis estava amplamente distribuída nos antigos bairros do município, no entanto, parecia estar mais presente na Cidade Nova. Em 2017, foram encontrados 11 indivíduos, eles foram mapeados a fim de facilitar as suas localizações pela população de Indaiatuba. Além disso, encontraram-se outras 12 A. geraensis, provavelmente de ocorrência natural.

Título em Inglês: Picturesque land, land of palm trees: the geographic distribution of the Indian palm tree in the municipality of Indaiatuba (SP).

Resumo em Inglês

The present study sought to show the geographic distribution of the Indaiá palm (Attalea geraensis Barb. Rodr.) In Indaiatuba (SP). It is a palm tree, generally of short stem, typical of cerrado and that presents / displays diverse ornamental and culinary utilities. The study area belongs to the metropolitan region of Campinas and has one of the largest GDP of this cluster. In its vegetation, there was the predominance of the Atlantic Forest, in addition to the presence of small areas of the Cerrado. The indaiá was so abundant that it influenced the toponymy of the municipality: indaiá (palm) and tuba (agglomerate), that is, place with many indaiás. With the passing of the decades, the alteration of vegetation, the exacerbated consumption of the palm heart of the palm tree and the omission of the public power, caused the degradation of the species. A review of the literature was carried out in search of records of the species in the studied region. Its abundance and utilities were reported in interviews with people who had contact with the species, it was the generation that lived the childhood in the time when the city was still a sea of palm trees. By the reports, the A. geraensis was widely distributed in the old districts of the municipality, nevertheless, seemed more present in the Cidade Nova. In 2017, 11 individuals were found, they were mapped in order to facilitate their locations by the population of Indaiatuba. In addition, another 12 A. geraensis, probably of natural occurrence were found. 


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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Plano Diretor de Indaiatuba

A REVISÃO TARDIA DE NOSSO PLANO DIRETOR

A última vez que o Plano Diretor de Indaiatuba foi revisado (parcialmente - pois de forma completa o foi em 2010), foi no ano de 2013, através da Lei Complementar nº 20 de 2013. ENTENDA MELHOR OS PRAZOS ESTABELECIDOS PELA NOSSA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL PARA A REVISÃO DO PLANO DIRETOR: 1) Se considerarmos a Lei Orgânica Municipal, o Plano Diretor deve ser revisto quinquenalmente (a cada 5 anos): Art. 189 – O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, que deverá ser revisto quinquenalmente, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão a ser executada pelo Município. 2) Se considerarmos outra legislação, a Lei Complementar nº 9 - do Plano Diretor de 2010, no artigo 43 consta que: Art. 43 - O Plano Diretor deverá ser revisto no segundo ano de mandato do Prefeito Municipal e atualizado na forma preconizada pela Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho de 2001 e demais normas subsequentes (NR). Ou seja, hoje, 21 de setembro de 2020, a revisão do Plano Diretor de Indaiatuba está atrasada, E MUITO. A revisão em andamento começou com dois anos de atraso e o principal reflexo está na incapacidade (ou seria incompetência, uma vez que o Plano Municipal de Habitação Social e o Plano de Saneamento Básico também estão atrasados?) do município em exercer gestão sobre a ordenação do uso e ocupação do solo e da aprovação de loteamentos, QUE ficou comprometida. Não é possível mensurar os consideráveis reflexos que o descaso com o planejamento urbano pode causar nos custos dos terrenos da cidade e, por consequência, no aumento do custo de vida, já tão alto, do indaiatubano.

Audiências públicas já foram feitas e a população que foi convidada a opinar ainda está sem as respostas de suas sugestões.

Entenda o que é Plano Diretor e no que isso pode implicar:

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O que é PLANO DIRETOR?

Segundo a Constituição Federal, Plano Diretor “é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana”. Sendo uma Lei Municipal, deve ser aprovado pela Câmara e compreende um conjunto de “princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano”.

De uma maneira simplifica, podemos entender o Plano Diretor como uma ferramenta que organiza o crescimento e o funcionamento do município, orientando todas as ações de intervenção sobre o território, sejam ações das empresas, do setor público ou dos próprios cidadãos, definindo o projeto de cidade que se quer.

Mas quem deve definir o futuro da nossa cidade?

O Plano Diretor deve ser elaborado com a participação de toda a sociedade. E essa participação deve ser garantida no processo de elaboração/revisão do plano pela prefeitura através de reuniões temáticas, debates nos bairros, oficinas com os cidadãos, audiências públicas entre outras metodologias de um processo participativo. Através desse processo intenso de participação da sociedade é possível garantir que todos os moradores da cidade tenham acesso à moradia digna, ao transporte público, ao saneamento básico, à energia elétrica, à iluminação pública e à equipamentos de educação, saúde, esporte e lazer. Além disso, deve definir as áreas e diretrizes para a preservação dos recursos naturais, do patrimônio histórico, da produção rural e de melhorias urbanas.

Todo município com mais de 20 mil habitantes obrigatoriamente deve ter um Plano Diretor, esteja ele em áreas metropolitanas ou não, seja de interesse turístico ou não; ele é um meio de aplicar o Estatuto da Cidade, com o objetivo de garantir o direito à cidade.

Direito à cidade?

Sim, esse direito está explícito no Estatuto da Cidade, e garante que cidadãos tenham acesso “à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer”.

E o que é o Estatuto da Cidade?

O Estatuto da Cidade é uma lei federal, Lei n°10.257/2001, que regulamenta, no o Capítulo II – Da Política Urbana da Constituição Federal de 1988, as diretrizes para a política urbana do país, nos níveis federal, estadual e municipal. Esse Estatuto é conjunto de princípios, entre eles, a concepção de cidade e planejamento e gestão urbanos e instrumentos urbanísticos e jurídicos que são utilizados para atingir as finalidades desejadas. Assim,, “o Estatuto funciona como uma espécie de “caixa de ferramentas” para uma política urbana local”.

Dentre alguns princípios do Estatuto da Cidade destaca-se o planejamento participativo, apresentado acima de maneira resumida, e a função social da propriedade, que quer dizer que a terra deve servir para o benefício da coletividade e não apenas aos interesses especulativos.

Considerando isso, podemos tomar os seguintes exemplos diferenciados: primeiro, um edifício no Centro da cidade, que é utilizado por um comércio e moradias, cumprindo sua função social, que é ter um uso compatível com o que o zoneamento permite para a região; o segundo, um edifício fechado e abandonado por anos nessa mesma localização, que não cumpre sua função social, causando entre outras coisas, problemas de segurança para o local. Fazer cumprir a função social da propriedade significa desestimular a existência de terrenos baldios, recuperar imóveis abandonados, dar atenção especial às áreas de risco, como encostas de morro ou margens de rios e lagos, e evitar a poluição e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

Para garantir que se cumpram esses e outros princípios do Estatuto, ele reúne uma série de instrumentos que devem ser regulamentados e aplicados pela prefeitura, para que se construa assim, de maneira participativa e em benefício da coletividade, uma cidade mais justa e que atenda aos interesses comuns.

Por isso, é fundamental a participação ativa e real da população na elaboração do Plano Diretor, para que ele se torne uma lei ativa, pois ao ser elaborado sob o olhar e interesses de todos que vivem na cidade, ele passa a ser um instrumento político e não somente técnico.


Crédito da imagem: Blog da Lux

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Ao utilizar este texto como fonte, cite-o corretamente:
WOLF. Mônica M. Kanematusu. O que é Plano Diretor? Indaiatuba (SP), 2017. Disponível em www.historiadeindaiatuba.blogspot.com - Consultado em (citar a data).

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo

Abaixo você vê o mapa das Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.

O arquivo original para download você pode obter aqui no site do IGC - Instituto Geográfico e Cartográfico.

Uma atividade criativa para as crianças pintarem e, ao mesmo tempo, memorizarem as regiões de forma divertida.




segunda-feira, 12 de agosto de 2019

17 de agosto - Aula no Museu de Itu - "Cartografia e os Projetos Educativos"


Cartografia Social e os Projetos Educativos

Dia 17 de agosto - 9h30 às 12h

Juliana Siqueira - Doutora em Museologia na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa, Portugal). Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (2009), Especialista em Multimeios pela Unicamp, MBA em Marketing de Serviços pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (2003) com graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996). Atualmente é especialista cultural e turístico da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas, com atuação na Coordenadoria de Ação Cultural.

Trabalha na estruturação e na implementação do Laboratório do Bem-Viver, programa intersetorial destinado a promover a resiliência comunitária a partir de ações de memória e museologia social. Membro do Conselho Internacional de Museus (ICOM), vinculada ao Comitê para Educação e Ação Cultural (CECA), membro do Movimento Internacional para uma Nova Museologia (MINOM), integrante da Rede São Paulo de Memória e Museologia Social (REMMUS-SP) e da Rede de Educadores em Museus de São Paulo (REM-SP). Associada à Latin American Studies Association, LASA. Integrante do grupo de cultura popular Caixeiras das Nascentes.



segunda-feira, 29 de maio de 2017

29 de maio - Dia do Geógrafo - Biblioteca Nacional

Dia 29 de maio comemora-se o dia do Geógrafo, profissão regulamentada pela Lei n° 6.664, de 26/6/79, e Decreto n°85.138, de 15/12/80, e pela Lei n° 7.399, de 04/11/85, e Decreto n° 92.290, de 10/01/86. No dia 29 de maio também se comemora o aniversário de fundação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como o dia do Estatístico.

COBERTURA-1359-29-MAIO-DIA-GEOGRAFO.JPG

Carta corographica da capitania do Ryo de Janeyro, capital dos estados do Brasil / Por Francisco João Roscio, 1777. Coleção: Benedicto Ottoni.
Carta corographica da capitania do Ryo de Janeyro, capital dos estados do Brasil / Por Francisco João Roscio, 1777. Coleção: Benedicto Ottoni.
A palavra Geografia é resultante da junção dos radicais gregos "geo" e "graphos", significando, respectivamente, “Terra” e “escrever”. Geografia é, portanto, o estudo científico da superfície da Terra, com o objetivo de descrever e analisar a variação espacial de fenômenos físicos, biológicos e humanos. (Fonte IBGE)


Para homenagear os profissionais da área, a Fundação Biblioteca Nacional disponibiliza por meio do Setor de Documentos Cartográficos, links para alguns mapas históricos que ajudam a contar um pouco da história do Brasil e ressaltam a importância dos Geógrafos e da cartografia:
Acesso ao acervo cartográfico da Fundação Biblioteca Nacional:

terça-feira, 2 de maio de 2017

Conheça e acompanhe o site "MAPEAR INDAIATUBA"

Conheça e acompanhe um novo site sobe nossa cidade: trata-se do Mapear Indaiatuba, banco de informações, dados e ilustrações (preferencialmente cartográficas), que disponibilizará uma base de dados geográficos do município de Indaiatuba, criada para o aplicativo Google Earth, visualizando dados georeferenciados, sobrepondo-os a imagens atualizadas geradas por satélite.


Os mapas temáticos, são disponibilizados conforme as discussões propostas pelo MAPEAR Indaiatuba – Sustentabilidade e Desenvolvimento, e a finalidade é facilitar a compreensão dos conteúdos abordados e trazer à todos, uma versão popular e de fácil visualização.
Através dos mapas disponibilizados pelo MAPEAR Indaiatuba, é possível, sobrepor dados, confrontar limites e localizar pontos de interesse no município, visualizando simultaneamente, vários mapas temáticos sobre imagens atuais de satélite, proporcionando entendimento de diversas questões referentes a Planejamento Urbano, e  uso e ocupação do solo no Município.
Usando a ferramenta “Imagens Históricas” no menu principal do Google Earth, você pode usar fotos de satélite desde o ano de 1984 sobre a base de dados fornecida, e observar as  modificações ocorridas na área em estudo durante os últimos 33 anos, as fotos são atualizadas em média a cada 4 meses, pelo próprio aplicativo.
Os arquivos disponibilizados, do Município de Indaiatuba, fazem parte de uma base de dados criada pelo Arquiteto e Urbanista Charles Fernandes através da digitalização de mapas municipais fornecidos pela administração pública, ou georreferenciamento de pontos fornecidos pelo IBGE ou coletados via GPS, e compartilhada com o MAPEAR Indaiatuba, para uso educacional. Os Mapas não são disponibilizadas para uso comercial, particular ou legal.


Como Utilizar os Arquivos KMZ:

– KMZ é uma extensão de arquivo do aplicativo Google Earth
– Baixe Gratuitamente o Aplicativo Google Earth, clique aqui.
– Abra os arquivos KMZ  Indicando o aplicativo Google Earth diretamente do link da página do Observa Indaiá, ou Facebook, ou salve-os em seu computador, e abra diretamente com o aplicativo.
– O arquivo Aparecerá no Painel a esquerda do Google Earth na pasta LOCAIS TEMPORÁRIOS


Como Salvar, sua própria base de dados Geográficos:

– No painel da esquerda do Google Earth, arraste as pastas temporárias, para MEUS LUGARES.
– Ou com o botão da direita do mouse sobre a pasta, selecione “Salvar meus Lugares” e crie arquivos próprios.
Como Link Inicial, disponibilizamos os limites de Indaiatuba e dos municípios vizinhos:

domingo, 22 de janeiro de 2017

Alterações Climáticas e Aquecimento Local em Indaiatuba

texto de Charles Fernandes.
Não são apenas datas, personagens e locais que moldam a história de nossa cidade.
 Com o crescimento da atenção voltada para as questões ambientais, torna-se necessário que se tenha um constante inventário de nossa fauna e flora, tanto nativa quanto URBANA, cuja interação com o homem estabelece dinâmica de transformação, alterando consequentemente o nosso clima. É comum achar relatos em documentos e textos literários, sobre nossa vegetação original, e como os primeiros habitantes de Indaiatuba interagiam com a flora e fauna local, mostrando como isso vem se modificando até a atualidade. Ter consciência de como o meio ambiente vem se alterando, e as  consequências que isso causa, é fundamental para estabelecer novas ações de preservação.
Em termos simplificados, podemos dizer que clima é a história do tempo (no sentido meteorológico), e que alterações climáticas são FATOS de relevante importância, 
e que necessitam ser relatados para um entendimento de nosso habitat, 
e de nossa própria história.

Como dado oficial, retirado de nosso Plano Municipal de Saneamento Básico podemos afirmar que o estado de São Paulo mantém 17,5% de sua cobertura vegetal nativa, um índice muito baixo se comparado ao resto do território nacional, fato preocupante e digno de programas efetivos para recomposição de mata nativa. Indaiatuba por sua vez, tem índices inferiores a estes: nossa vegetação nativa, mesmo somando remanescentes e recomposições, determina 8,15% do território do município, menos da metade da média do estado. (segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo)
           
Com a constante preocupação mundial sobre mudanças climáticas, faz-se necessário que voltemos nossa atenção para as alterações climáticas locais, muito mais perceptíveis, observando os históricos de médias de temperatura e de pluviosidade, e determinando como o clima de Indaiatuba tem sofrido modificações ao longo de quase 2 séculos de antropização (ação do homem no meio ambiente), avaliando se as alterações do meio ambiente, necessárias para receber a nossa cidade, possuem sustentabilidade a longo prazo, e até onde será viável manter o ritmo destas alterações e principalmente, estabelecendo alternativas viáveis.
Em estudo divulgado pela UNESP, de autoria de Giovana Girardi, (www.unesp.br/aci/revista/ed10/pdf/ UC_10_Aquecimento .pdf ), um panorama de médias diárias de temperatura entre os anos de 1961 e 2008 de várias cidades da região, entre as quais Sorocaba, São Carlos, Piracicaba e Itapetininga, estabelece clara alteração do clima e indicam que nossa região aumentou em cerca de 2°C suas médias históricas para este período, devido a Urbanização e substituição da vegetação nativa por edificações. Mais que isso, constatou-se que as temperaturas mínimas tem ultrapassado constantemente a média de 22°C e as máximas diárias, muitas vezes são superiores a 32°C.
Fonte: Revista UNESP (Artigo de Giovana Girardi)
Fenômenos de alteração climática local, antes somente constatados em cidades de grande porte como São Paulo, agora são observados em pequenos e médios municípios e seus efeitos são sentidos por toda a população.
Indaiatuba tem se tornado uma ILHA DE CALOR!

           Aquecimento Local e Ilha de Calor em Indaiatuba
          No início de janeiro deste ano, notou-se um fenômeno recorrente: um tremendo temporal assolando o Centro da cidade e bairros adjacentes sem sequer cair um pingo em Itaici. Alguém já se questionou qual a lógica desta diferença tão grande entre o volume e intensidade das chuvas dentro de um mesmo município? E porque parece que esse fenômeno tem aumentado nos últimos anos?
Para quem habita Indaiatuba há muito tempo, e se lembra de um agradável frescor rural que amenizava as temperaturas da cidade no verão, sobretudo ao fim do dia e a noite, e que trazia uma brisa molhada vinda do mato, que destampava o nariz seco, em dias de inverno, deve se perguntar: O que aconteceu com nossa cidade?
            Nos últimos anos nosso perímetro urbano cresceu de maneira sensível, trocando áreas onde originalmente se possuía cobertura vegetal, por cimento, asfalto, pedra e tijolo. Aumentou a circulação de veículos motorizados, que dispersam gases poluentes na atmosfera, situação que é agravada pela distribuição modal de nosso transporte urbano, composto de mais de 54% de veículos particulares, onde a média ideal estimada seria 33%. As áreas ocupadas possuem tímida arborização entre os lotes, e as áreas verdes, obrigatórias em loteamentos, muitas vezes não se prestam a recompor a vegetação nativa em margens de rios e córregos, diminuindo nossa cobertura vegetal. Esse adensamento de áreas construídas e impermeabilizadas, criadas pelo homem em substituição à vegetação nativa, ou culturas agrícolas, tem criado em Indaiatuba um fenômeno climático chamado “ILHA DE CALOR”.
            As construções de nossa cidade e o asfalto das vias, possuem capacidade de reter energia, gerando calor, de maneira mais intensa que a cobertura vegetal original, e é capaz de manter esta temperatura por mais tempo, criando inércia térmica, proporcionando noites mais quentes. Enquanto a zona rural se esfria rapidamente após o fim do dia, a cidade se mantém quente por mais tempo. Os dias na cidade são mais quentes, e durante as noites a diferença é muito maior.
            A Ilha de Calor cria uma área de baixa pressão, mais quente, de ar mais leve, que tende a subir e criar uma coluna ascendente sobre a cidade, por consequência retirando a umidade e deixando o ar mais seco que em áreas rurais, aumentando também a quantidade de partículas em suspensão, seja de poeira, água ou fuligem , vindas de combustível automotivo, atividade industrial, ou mesmo de queimadas ilegais. Como impactante decorrência, as ilhas de calor agravam a poluição atmosférica, diminuem a umidade relativa do ar, e aumentam a ocorrência de problemas respiratórios, sobretudo em crianças e idosos.
            Estas partículas em suspensão, de água, poeira ou fuligem, chamadas também de aerossóis, sobem com as correntes ascendentes e quando entram em contato com nuvens carregadas, criam gotas, que como bolas de neve na ribanceira, puxam a água das nuvens para baixo, e que acabam se precipitando sobre o perímetro urbano, criando um aumento da pluviosidade, se comparada às regiões rurais ou mais densamente arborizadas. Este fenômeno se intensifica no final das tardes, quando a diferença de temperatura entre cidade e campo se torna maior, chegando a uma diferença de até 10°C, criando as tempestades de fim de tarde, que curiosamente não incidem em áreas verdes com a mesma frequência e intensidade que na área urbana. O aumento da Ilha de calor indaiatubana pode atrair chuvas desastrosas e desproporcionais à infraestrutura de drenagem urbana da cidade, sobretudo em nossa plana região central.


Imagem de Satélite de Obra sobre a Área de Preservação Permanente do Rio Jundiaí em Itaicí em 2016.


Imagem de Satélite do mesmo local em 2014.
            Observando a relação da cidade com o meio ambiente ao seu redor, podemos dizer que ao construir e sequencialmente expandir uma região estéril de áreas verdes, também criamos um imã para tempestades, que acaba também alterando a relação de precipitação e recursos hídricos em direção a montante de nossos cursos d’água, no ponto em que literalmente roubamos a chuva que deveria ir para os reservatórios de captação para consumo, na região das represas do Capivari-Mirim e Cupini, e direcionamos estes valiosos recursos a jusante da cidade, em direção a Salto, para o Jundiaí e depois ao Tietê. Fenômeno semelhante assola também a grande São Paulo, prejudicando os recursos advindos da região da Cantareira.
            Uma das mais eficientes maneiras de se reter o aquecimento demasiado da cidade é proporcionar amplas áreas verdes, ou cravejar as áreas urbanizadas com árvores para diminuir a incidência solar e também aumentar a umidade através da evaporação, transpiração, jogando para a superfície a água retida no solo pela vegetação.
            Nossa Arborização Urbana já foi pujante, diria até corajosa, em tempos em que se plantavam jequitibás, como os grandes indivíduos localizados na Rua Itororó; ipês e sibipirunas como as dos bairros adjacentes ao Centro; a exemplo do Jardim Pau Preto, o nosso Centro era cravejado de espatódias, onde restam apenas algumas, como as da Rua 15 de Novembro. Lotes urbanos e praças possuíam jatobás, paineiras e alecrins, que aos poucos tombam com a impermeabilização do solo. Nas últimas décadas, trocamos o porte de uma sibipiruna, comum na arborização urbana até a década de 80, pela canelinha, nos anos 90, pois seu porte é menor e interfere menos nas instalações aéreas de energia e nos passeios públicos, e também caduca menos, ou seja possuí menor deiscência de folhas. Pelas mesmas razões a canelinha, foi substituída pela aroeira pimenteira, e depois  pelo resedá, e se tudo caminhar neste rumo, logo estaremos plantando buxinhos em nossas ruas.
Tratar a arborização urbana como prioridade ambiental, e estender esta atenção para a cobertura arbórea nativa de nossas áreas de preservação ambiental, dispostas em perímetro urbano, recompondo-as e conservando-as, é fundamental para diminuir a ação do fenômeno da Ilha de Calor na cidade. 
            Arborizar a cidade adequadamente, e trabalhar a recomposição de áreas florestais nativas como condição sine qua non a expansão urbana, são atividades sustentáveis que podem reter ou até diminuir a ação do aquecimento urbano em Indaiatuba deixando a cidade tão agradável, quanto sempre foi.

Fontes.:


www.unesp.br/aci/revista/ed10/pdf/ UC_10_Aquecimento .pdf

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O PADRE SUSTENTÁVEL NA TERRA DO IMPERADOR MENINO

crônica de Charles Fernandes*

Chegava em uma canoa pelo y[1] dos jundiás[2], uma pessoa muito importante, que desembarcou no povoado[3] da ycy[4] de ita[5]. Dali tinha, ainda, que continuar viagem para o outro povoado que tinha tuba inda que a gente a casca. 

Para!  Esquecemos de ligar nosso tradutor da língua tupi-guarani! Teremos que começar novamente, pois não sabemos falar a língua desses índios, ainda porque eles parecem norte-americanos, que colocam o adjetivo na frente do substantivo. Que difícil!

Vamos lá, para a segunda tentativa.

Chegava em uma canoa pelo rio dos bagres[6], uma pessoa muito importante, que desembarcou no povoado da nascente da pedra[7], pois tinha, ainda, que continuar viagem para outro povoado que tinha bastante fruta de rachar a casca.

Para de novo! Como é que saberemos onde é que ficam esses lugares se ficarmos traduzindo tudo?  

Bom, teremos que tentar mais uma vez, mas acho que agora, conseguiremos:

Chegava em uma canoa pelo Jundiaí, uma pessoa muito importante, que desembarcou no povoado de Itaici[8], pois tinha, ainda, que continuar viagem para o outro povoado chamado de Indaiatuba[9]. Ufa!

Mas porque essa importante pessoa veio de canoa por Itaici? Que lugar era esse, no qual um dia havia se falado a língua usada pelos Tupis e pelos Guaranis?

Muito antes de nosso personagem chegar, tanto Indaiatuba como Itaici[10], eram bairros de Itu. Só que Indaiatuba, em lugar mais alto e plano, acabou recebendo mais gente. De uma pequena pousada de tropeiros, foi crescendo, até que ficou maior, e de tão grande, o imperador finalmente concedeu a esta comunidade a categoria de Freguesia[11], quando fazia apenas oito anos que ele governava[12].

Este foi o primeiro Imperador do Brasil, por isso foi chamado de Pedro Primeiro. E Indaiatuba virou uma das freguesias de uma das Vilas mais importantes do interior de São Paulo, freguesia da grande e populosa Itu.  Nessa época, a cidade de São Paulo era muito distante de tudo e São Carlos, que depois foi chamada de Campinas, mais ainda. Quem ficava no caminho era Itu, mas nosso personagem vai explicar isso melhor.

Em 1831, um ano após Indaiatuba ter recebido o título de Freguesia, esse imperador voltou para o país onde nasceu, mas deixou seu filho em seu lugar. Um menino de cinco anos de idade, não era o mais velho, era o sétimo filho e terceiro varão, mas tinha perdido seus dois irmãos mais velhos. Veja como era dura a vida desta época, até filho de rei morria de qualquer coisa.  Esse foi o Imperador Menino, o segundo do Brasil, e chamaram ele de Pedro Segundo.  Pouco criativo, né!

Quando esse imperador completou 15 anos, foi coroado, pois acharam que o menino já podia governar... O imperador já era quase um moço, mas vou continuar a chamar este país de Terra do Imperador Menino, porque ao que sabemos, esse tal Pedro filho de Pedro, apesar de muito estudioso e sabido das máquinas e da modernidade, sempre teve uma queda para criancices. Um ano depois, quando ele tinha 16 anos, mais precisamente em 1841, nossa história começa...

Nosso personagem principal chega na terra da fruta de partir, que vinha da palmeira Indaiá, que ali abundava. Ele era um padre, e veio substituir outro Pedro, o Padre Pedro[13] que tinha terminado a igreja da vila, que era dedicada a Nossa Senhora da Candelária. Essa igreja[14] tinha uma das maiores naves das cercanias, cerca de 10 passos de largura, por 23 passos de comprimento.

A igreja da terra das palmeiras de indaiá tinha uma característica curiosa: a antiga capelinha que existia no lugar fora demolida ou reformada, e passou a ter o que chamamos de nave, a parte central da igreja, onde se sentam os fiéis; porque a igreja é o barco do apóstolo Pedro, que vai pescando almas para o Senhor. Nessa época, em Portugal, de onde quase tudo vinha, as naves das igrejas eram construídas pelos mesmos carpinteiros que faziam as naus, ou naves, de se navegar os mares. O teto das igrejas eram barcos de ponta cabeça. E curiosamente, em Indaiatuba, o barco de Pedro, feito em nome da Senhora da Candelária, foi terminado por um Pedro, o Padre Pedro, que estava deixando sua paróquia para nosso personagem, o novo padre da terra dos Indaiás.

E esse novo padre, que era o Padre Toninho[15], foi logo atrás de um lugar pra morar, que fosse perto da igreja, que tivesse uma linda vista para a fonte de água da cidade, lá embaixo, no córrego junto da mata, atrás da igreja.

O Padre Pedro tinha deixado um barraco para ele, atrás da igreja, pequeno do tamanho de um quarto, aliás era só um quarto, quadradinho feito de barro socado, que chamavam de taipa, a mesma taipa de pilão que fora usada na igreja que ele ajudou a construir.  Apesar de muito pequena, a vista da casinha era ótima, na pontinha da planície, onde a cidade se instalava, debruçada para um vale com vista para um belo campo com árvores esparsas que se estendia até chegar na mata do córrego[16].

O lugar era perfeito. De madrugada dava para ouvir os jacus acordando lá na mata, barulhentos na primavera, mas bem preguiçosos no inverno:

_ Cacaamm uuuó, cacaamm uuuó!  

Era um despertador natural, uma vez que relógio mesmo, não havia por lá!

Nessa época, Indaiatuba tinha oito quarteirões todos juntinhos da igreja. Até o cemitério ficava por ali, os mortos eram sepultados ali mesmo, na frente da igreja, que naquela época não era praça, era só um largo, um lugar sem casas, de chão batido, próprio para todas as pessoas se reunirem sem nada para atrapalhar.  E tudo era feito de carroça, porque os carros só apareceriam mais de 100 anos depois por essas terras, e não havia máquina alguma que não pudesse ser carregada por uma mula, desde o porto de Santos, até Itu, que era a porta do sertão e caminho para Indaiatuba.

Aliás a história desse padre, o padre Toninho, não é de modernidade ou de máquinas, é de como ele usou a natureza para se virar, e construir uma casa sustentável. E veja bem... 200 anos antes dessa palavra virar moda, o nosso personagem já praticava ecologia. Que cara visionário!

E Padre Toninho, analisou seu barraco, de taipa de pilão, onde quase não cabia sua cama, de paredes que tinham mais de um braço de largura. E percebeu que a noite, todas as paredes ficavam quentes, porque eram grossas demais e tinham a capacidade de acumular o calor do sol, e ir esfriando aos poucos, durante a noite. Era quente mesmo, no verão até era chato, mas era uma delícia no inverno.  

Bom mesmo seria achar um meio termo, e o padre já foi pensando em reformar o pequeno cômodo, mesmo porque a cidade crescia com a lavoura de “assucar” e com a venda de rapadura para Itu. Os fiéis aumentavam e precisavam de um lugar para organizar as atividades da igreja. Curiosamente, ainda hoje, há mais de 200 anos depois, o que muito se tem na lavoura de Indaiatuba ainda é cana.

E o pároco decidiu aumentar essa casinha quente.

O Padre Toninho colocou-se a observar o nascer e o por do sol todos os dias do ano, sempre olhando para um mesmo local, para o córrego lá embaixo, que ficava a norte de sua casinha quente. Chegou a pensar até que um dia esse córrego poderia ser um belo parque.  

Percebeu que o sol se inclinava diferente a cada estação do ano, no inverno, nascia mais para nordeste, bem para o lado da fonte de água da cidade, a biquinha. E no verão, nascia em direção das ruas da cidade, mais para trás, para sudeste. Mas ao meio dia, o sol sempre se inclinava para o córrego, e sempre a parede que era voltada para este lado, pegava sol durante todo o dia, e era essa a parede que esquentava sua casa. As outras eram bem agradáveis.

E o padre então criou para sua casa, uma proteção para essa parede, que era quente porque recebia esse sol durante todo o dia - um equipamento de tecnologia avançada para a época- chamado varanda. Foi simples, o padre aumentou o telhado e criou um espaço sem paredes que protegia sua casa do sol durante o horário mais quente, no meio dia.

_ E sabe que ficou ótimo?[17]

 Agora as outras paredes mantinham o calor do dia sem exageros, e sua casa ficou a casa mais confortável da cidade.  Naquela época, muitas casas eram altas por dentro, e as janelas eram muito grandes também, porque quando era necessário, deveriam ventilar todo o ambiente. A varanda do padre, e as janelas altas da casa, eram uma ótima solução para essa terra quente. E posso dizer que os ventiladores domésticos não haviam sido inventados, e mesmo que existissem, a energia elétrica só chegou mais de 70 anos depois na Vila do padre.

Essa varanda quebrava um galhão, porque nesse tempo, tudo era feito de barro ou de madeira, então, ou a água levava embora, ou podia pegar fogo; e a varanda, que não tinha paredes, podia receber algumas atividades que não combinavam com a casa de barro, por exemplo - cozinhar ou lavar coisas.

E sabem onde ficava o banheiro do padre Toninho?

Não ficava, pois não tinha água encanada.

Ela só chegaria nas casas de Indaiatuba 95 anos depois dessa época, em 1936, e tudo que o padre tinha era seu pinico, que ele guardava embaixo da cama, pra limpar de manhã, lá no mato. Também não havia canos, que na época eram chamados de manilhas, também feitos de barro, porque não se podia transportar na Genoveva, que era a mula que o padre comprou.

Curioso, não é? Indaiatuba recebeu energia elétrica antes da água encanada!

Nesse momento, a casa do padre passou a ter um limitador de recursos para a reforma: ou cabia no jacá da Genoveva, ou não dava para usar.

As ampliações que pretendia fazer na casa teriam que ser feitas com os recursos que tinha, com ferramentas simples, porque serras e máquinas somente chegariam de trem, e o trem ainda demoraria 35 anos para passar ali. A Genoveva era o “caminhão” do padre.

Para continuar a ampliar sua casa, padre Toninho optou por uma nova maneira de se construir, que veio com artesãos que migraram das minas do centro do país, onde o ouro já não fluía, e estavam sem emprego por lá. Eles faziam um esqueleto de casa, com madeira, serrada e falquejada a mão, depois tampavam os vãos com uma tela de galhos queimados e aplicavam barro, dando sopapos uns nos outros, um de cada lado da parede. A técnica era conhecida como taipa de sopapo, mas o nome que pegou mesmo foi pau-a-pique. Difícil escolher qual nome é o mais engraçado!

E o padre fez mais um cômodo na casa, maior e mais amplo, e levou a varanda para toda a parede até a lateral da casa, que ficava voltada para a igreja, para receber as visitas dos fiéis. Este espaço lateral da casa era chamado de alpendre, que era uma varanda que servia para receber as pessoas: numa época onde  tudo  era  de terra, ninguém queria todos entrando em casa com o pé sujo. O alpendre e a varanda eram os ambientes onde se recebia as pessoas, fora de casa, até o oratório do padre ficava na varanda, do lado de fora, bem atrás do quarto dele.

Durante 40 anos esse foi o padre da terra dos Indaiás, o Padre Toninho, e tornou-se tão... mas tão querido da população que quando ele voltou para o lado do Senhor, sepultaram seu corpo, escondido, debaixo do altar da igreja. Acho que hoje o padre reza a missa lá, bem em cima.

Essa esplêndida casa sustentável foi vendida para uma fazenda, pois eles queriam uma nova sede perto da cidade, e a fazenda do Pau Preto agora tinha uma casa, que foi novamente ampliada e tornou-se um dos maiores casarões da cidade. O Casarão Pau Preto.

                E sempre que você visitar o Casarão, que ainda está lá, vai ver o quarto de barro, que o Padre Toninho recebeu do Padre Pedro, do lado da Tulha, o de parede mais grossa, que era quente, mas que depois ficou bem gostoso.



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[1] Y, yg ou ty significa água e/ou rio em tupi-guarani.
[2] Jundiá significa bagre em tupi-guarani.
[3] O povoado de Itaici foi um dos 4 bairros que, juntos, formaram Indaiatuba (Piraí, Buru, Mato Dentro e Jundiaí, que era o antigo nome de Itaici).
[4] Fila, fileira, conjunto ou sequencia em tupi-guarani
[5] Itá ou ita significa pedra em tupi-guarani.
[6] Atual Rio Jundiaí, onde parte dele pertencia à vila de Itu (desde a foz do córrego da fazenda Itatuba até início do antigo bairro Piraí (ao Sul da atual Fazenda Pimenta).
[7] As pedras das nascentes às margens do Rio Jundiaí foram, em considerável quantidade, utilizadas para aplicação na construção civil na região de Indaiatuba.
[8] A palavra itaici pode ser separada de duas formas: Itá-y-cy ou Itá-ycy. A primeira é composta por “mãe”, “nascente” ou “fonte” (cy) do rio (y) de pedra (ita ou itá). A segunda é composta por fila, fileira ou conjunto (ycy) de pedra (ita ou itá). Optei pela tradução “nascente das pedras” (nota do autor).
[9] A palavra indaiatuba pode ser separada de duas formas: Inda-yá-tuba ou Indaia-tuba. A primeira é composta por “fruta” (inda), “partir, dividir, quebrar” (yá) e “tuba” (muito, abundância de sítio/local ou pomar). A segunda é composta por “palmeira” (indaiá) e (tuba). Optei pela tradução “local de muitas frutas de rachar a casca”, frutas essas que seriam o indaiá, da palmeira de indaiá (nota do autor).
[10] Que se chamava Jundiaí e se limitava com o território da Vila de Jundiaí, ou mais precisamente, com o bairro de Itupeva, que em 1795 já existia com esse nome. A divisa, ao norte, era com terras da freguesia de Campinas (que se chamava São Carlos) e a oeste, com o bairro de Mato Dentro.
[11] Indaiatuba foi elevada à condição de Freguesia do Distrito da Vila Itu, em 9 de dezembro de 1830 e seu território for formado por áreas dos bairros Piraí, Mato Dentro, Buru, Jundiaí (na verdade, Itaici) e Indaiatuba. Outros bairros rurais de Itu eram Caiacatinga, Itahim. Itahim-Guaçu, Pirapitingui e Potribu.
[12] D Pedro I passou a ser o imperador do Brasil em 1822, na Proclamação da Independência, feita por ele mesmo.  Essa manobra política foi feita após o pai dele, D. João VI ter sido obrigado a voltar para Portugal para não perder seus domínios na Europa. A historiografia aponta que pai e filho estavam em comum acordo quando a independência foi proclamada, mas tinham como oponentes à essa atitude a mãe de D. Pedro – Carlota Joaquina - e seu irmão mais velho, Miguel. Durante março e maio de 1826, D. Pedro fica simultaneamente imperador do Brasil e de Portugal e opta por enviar sua filha mais velha que se tornará Maria II de Portugal, ficando ele no Brasil. Em 1831 ele abdica do trono a favor de seu filho para voltar para Portugal e lutar contra o seu irmão Miguel, que no seu entendimento, havia usurpado o trono de sua filha Maria II. É vitorioso em 1832 e morre de tuberculose em 1834.
[13] O primeiro pároco da freguesia de Indaiatuba foi o vigário encomendado Pedro Dias Paes Leme, que assumiu a função em 15 de agosto de 1832 até 14 de fevereiro de 1841. Segundo relatos a candelária já possuía suas paredes de Taipa em 1839 o que indicaria que esse primeiro padre foi o responsável pela finalização da primeira fase de construção da igreja “nesse local”. Mas o encamisamento de tijolos que criou a fachada atual é muito posterior, naquela época a igreja tinha linguagem muito mais simples e os beirais de telhas ainda eram aparentes.
[14] A planta original da igreja da Candelária é comum a quase todas as igrejas construídas no Brasil colônia, sua organização vem de uma Bula Papal, instituída na Contra-Reforma da igreja católica, no início do século XVI - que indica como as igrejas deveriam ser construídas para que melhorassem a percepção dos fiéis durante a missa. O altar, seguido de cadeiril e nave principal, criam uma espécie de CORNETA, que faz com que a voz do Padre, se projete para os fiéis. Esta disposição é na verdade, um projeto acústico.
[15] Padre Antônio Cassemiro da Costa Roris, que veio de Porto Feliz para Indaiatuba com apenas 24 anos de idade e que ficaria como pároco até quando faleceu, em 19 de outubro de 1884, quando foi substituído pelo Padre Bento Pacheco. O apelido de Padre Toninho é uma licença literária. Padre Roriz, ao falecer foi enterrado dentro da Igreja da Candelária, na frente do altar, mesmo depois desta prática ter sido proibida. Isso pode indicar o respeito da população com essa figura histórica da cidade.
[16] Ribeirão Votura ou Córrego Votura – atual Córrego Barnabé, do Parque Ecológico.
[17] Sobre essa ampliação da casinha inicial que mais tarde, após várias intervenções se formaria no atual Casarão Pau Preto, leia mais no Anexo 1.


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ANEXO 1

Estudos preliminares sobre o Casarão 
em texto e ilustrações


O Casarão Pau Preto possui muitos materiais e diferentes tecnologias construtivas e estas características podem indicar diferentes momentos de construção. Trechos de parede desse casarão do pau preto, de taipa de pilão, do primeiro cômodo ao lado da Tulha, são similares aos da Igreja da Candelária, e relatos dizem que esta moradia já era do Padre Pedro Dias Paes Leme durante seu tempo como pároco em Indaiatuba. O formato da construção, encaixes de estruturas de madeira e posicionamento do piso, indicariam que este cômodo seria o mais antigo do casarão.




Imagem feita com base nos estudos (em andamento) sobre o Casarão Pau Preto, indicando os diferentes materiais empregados, demonstrando-os em diferentes cores. 
Cada cor indica uma diferente época de construção, ou uma diferente atividade para cada cômodo. As paredes em cor de rosa, são originalmente feitas exclusivamente em Taipa de Pilão.

Estudos preliminares sobre a estrutura do casarão do pau preto indicariam que a varanda poderia ter sido feita em momento posterior a parede de taipa. Hoje a varanda é um escritório e também uma ala do museu do Casarão, foram fechados por paredes de tijolos muito posteriormente, este fechamento da varanda seria uma das mais tardias reformas do casarão, devido ao tipo dos tijolos utilizados. Neste escritório fechado, onde hoje trabalha o Superintendente do Pró-Memória, o Dr. Gustavo, também está o oratório citado no texto, feito em pedra, encravado na taipa.


Formato proposto para a primeira Casa do Padre Antonio Roriz.



 Estes pilares soltos da varanda, ainda existem e não foram utilizados na estrutura de outras reformas, e ajudam a entender um possível formato desta fase de construção do Casarão.


A ideia de construção sustentável é o tema principal do texto, e o casarão é ótimo exemplo, sua implantação indicando a utilizar a disposição do sol durante o dia para proporcionar conforto térmico, a grande altura e dimensões das janelas e portas, mostra a preocupação dos construtores com o clima da região e o uso de materiais sustentáveis de construção.






 Ilustrações artísticas, baseadas em possível formato da casa do Padre Antonio Roriz.

Muitas peças ainda faltam no quebra cabeça, como a estrutura de madeira do alpendre, ou o formato do piso desta área, mas pode nos instigar a propor formatos para o prédio original. 
Com o tempo, novos relatos, documentos e textos aparecem e dão mais robustez à essas possibilidades aqui demonstradas.
Por isso é muito importante doar documentos, fotos e textos referentes a história da cidade para a Fundação Pró-Memória cujos fundos públicos e privados são solicitados para pesquisadores de todo o país.


Latitude de Indaiatuba - o Sol apresenta diferentes trajetos durante as épocas do ano. Os pontos que podem ser trabalhados com esse texto em sala de aula, são:
    • solstício de verão, onde o Sol nasce mais para sudeste e ao meio dia, temos a menor sombra do ano.
    • solstício de inverno quando o Sol nasce mais a Nordeste. e ao meio dia, temos a maior sombra do ano.
    • Os 2 dias do ano quando o Sol nasce exatamente no Leste, são os equinócios de primavera e outono.

Estes fenômenos são causados pela inclinação da Terra durante o movimento de translação. 
A cada latitude, mais para norte ou sul, o sol vai dispor trajetos diferentes.
Abaixo a carta de insolação da região, usada para determinar a insolação das edificações, utilizada por arquitetos e engenheiros.



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* Crônica Histórica com estudos e ilustrações
 sobre o Casarão Pau Preto.

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