sexta-feira, 22 de março de 2024

No mês da Convenção de Itu, o Museu Republicano realizará ao longo de abril o ciclo de oficinas “Azulejaria: Técnicas e Histórias”.




As oficinas abordarão a história da azulejaria portuguesa e contará com atividades práticas de técnicas tradicionais de confecção de azulejos. 

Ministradas pela arquiteta e ceramista Gisela Pedroso e mediadas pela educadora do museu, Aline Zanatta, as oficinas acontecerão nos dias 03, 10, 17 e 24 de abril, das 19h às 21h30. As oficinas são complementares e o certificado será entregue exclusivamente àqueles presentes em todos os encontros.

Erguido nas décadas iniciais do século XIX, o prédio do Museu Republicano passou por uma grande reforma em 1867 que resultou em sua fachada azulejada e no número grafado na platibanda do edifício. Já o conjunto de painéis de azulejos do saguão de entrada, idealizado por Afonso Taunay, foi fixado apenas entre os anos de 1942 e 1953.

As inscrições são gratuitas e estarão abertas até 28 de março, por meio do email: edu.mrci@usp.br. São somente 13 vagas disponíveis.

Local: Museu Republicano de Itu/USP. Rua Barão de Itaim, 67, Centro, Itu/SP. 

#MuseuRepublicano  #Itu #Museu #Oficina #Azulejaria #Azulejo

quarta-feira, 20 de março de 2024

Prédio do antigo GESC Randolfo M. Fernandes é classificado para fins de tombamento

Hoje a notícia é muito boa.



O prédio onde funcionou, durante muitos anos o "Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes" foi classificado de interesse público municipal para fins de tombamento nos termos do artigo 8º da lei municipal 7.628/2021.

O bem ainda não está definitivamente tombado, mas com a Resolução 02/2024 de 19 de março de 2024, o prédio passa a ficar protegido de obras e intervenções que possam alterar ou comprometer suas características atuais, bem como do seu entorno.

O tombamento definitivo, ainda de acordo com a lei referenciada, acontecerá no prazo de um (1) ano, prorrogável por igual período. Ou seja: houve uma avanço, mas esse prazo tem que ser cumprido de forma definitiva, sob pena do bem ser desclassificado como de interesse histórico.






Histórico

A Escola Randolfo Moreira Fernandes que hoje funciona no Jardim Alice foi fundada em 1911 e já funcionou em diferentes lugares e prédios da cidade.

Antes de ser Randolfo, era o Grupo Escolar que funcionava ao lado da igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária. Em 1932, a antiga "Escolas Reunidas do Estado" recebeu seu atual nome, uma homenagem ao primeiro professor com diploma de Indaiatuba. Randolfo Moreira Fernandes era natural do Rio de Janeiro e, antes de ser professor, tentou seguir as carreiras médica e militar.


O prédio situado na Praça Dom Pedro II no Centro de Indaiatuba e conhecido popularmente como Randolfo, foi construído em 1937. Ao longo das décadas de 1940 e 1960 ele recebeu algumas reformas e ampliações. Nesse período a escola chegou a ter mil alunos matriculados e funcionava em três turnos.


A escola funcionou a maior parte de seu tempo em uma construção de planta retangular feita em alvenaria de tijolos. Nas primeiras ampliações, ela recebeu algumas salas geminadas ao edifício principal.


O prédio tem um pavimento com porão elevado, seu piso é de ladrilho hidráulico e madeira e, seu forro, também de madeira. Ao todo, a escola Randolfo Moreira Fernandes chegou a ter oito amplas salas de aulas cada uma com três janelas, pé direito alto e com o piso e o forro de madeira.




Suas portas e janelas possuem formatos variados. Algumas janelas são amplas, altas e retangulares. Outras apresentam verga semi-circular, bandeira, veneziana de madeira para o lado de dentro e vidraça para o lado de fora do prédio. As portas seguem o mesmo padrão das janela, Algumas mais simples, altas e retangulares e outras com moldura detalhada e verga semicircular.


Trata-se de uma edificação escolar exemplar do período e que mantém preservada vestígios da memória da educação e do ensino da cidade de Indaiatuba, embora já tenha sido reformado algumas vezes, inclusive desnecessariamente, como quando as telhas originais foram trocadas por novas, em 2017.


Hoje ela abriga projetos de educação e cultura da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), tal como aulas de música, artes visuais e teatro para crianças e jovens da cidade.




Leia sobre Randolfo Moreira Fernandes neste link: https://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2010/09/randolfo-moreira-fernandes.html





segunda-feira, 18 de março de 2024

CURSO USO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO ITUANO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA - FAMA MUSEU



A FÁBRICA DE ARTES MARCOS AMARO – FAMA é um museu predominantemente de Arte Contemporânea, instalado num Complexo Arquitetônico Industrial do início do século XX onde funcionou a Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro. Acontece neste momento, à execução do Projeto de Restauro do complexo arquitetônico, mediante investimento de recursos públicos do Projeto de Restauro do telhado e habilitação de novas galerias para o FAMA Museu trata-se de um prêmio para o Edital do ProAC Nº35/2023 da Secretaria de Economia e Indústrias Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Professora da rede municipal de Indaiatuba é palestratante em Educação Antirracista

 


PRESTIGIE!

A palestra  se dará no dia No dia 20/03 (quarta-feira) às 19h sobre as práticas pedagógicas antirracistas do começo ao fim do ano que será ministrada pela professora Prof. Elisandra Maria dos Santos Camilo e pela OP (Orientadora Pedagógica) Valéria Aparecida Olímpio de Araújo, ambas servidoras da prefeitura de Campinas e Elisandra da rede municipal de Indaiatuba também. 

Além disso, as palestrantes são integrantes do grupo CONNEPPA (Coletivo Negros com práticas pedagógicas em Africanidades) da cidade de Campinas voltados para profissionais da educação empenhados em aplicar as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, a partir estudos e experiências trazidas pelo grupo.
 
O evento emitirá certificado aos participantes. 
 
Os interessados poderão se inscrever previamente pelo link abaixo.
 



sexta-feira, 15 de março de 2024

A Laurinha que comoveu cada um de nós, para sempre em nossas memórias

Texto de Hugo Antoneli

Nascida em Indaiatuba, no dia 27 de setembro de 2018, no Hospital Santa Ignês, a pequena Laura de Melo Silva é considerada um exemplo de luta e superação. Diagnostica com leucemia mieloide M5, em maio de 2019, iniciou sua luta contra o câncer no Hospital Boldrini, em Campinas. Após primeiro ciclo de tratamento, em novembro do mesmo ano, a criança foi considera curada.




Entretanto, em maio de 2020, a doença teve a primeira recidiva. Laurinha iniciou então seu segundo tratamento, mas, com mais três novas recidivas, houve a necessidade de realizar um transplante de medula óssea.



Em dezembro de 2020, após algumas tentativas frustradas de transplante em SP, devido a falta de leito hospitalar no Graac e por não ter o procedimento em hospitais da RMC, a Justiça concedeu a paciente o direito de realizar todo o pré e pós-transplante no Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista. No dia 15 do mesmo mês, a pequena enfim recebeu sua nova medula, doada por seu pai Jean Martins.

O transplante foi um sucesso e a pega da medula ocorreu no dia 28 do mesmo mês. Devido ao risco de intercorrências, a família precisou se mudar para São Paulo, onde permaneceu por três meses.  



No mesmo dia em que recebeu alta para retornar à Indaiatuba com família (em março), e, apesar da nova medula estar em pleno funcionamento e sem doença, a leucemia acabou retornando, mas dessa vez afetando o sistema nervoso central.

Na mesma semana a pequena foi novamente internada na BP em São Paulo, onde iniciou-se então um novo tratamento, com aplicações de quimioterapia no liquor, além de medicamentos específicos. A doença até foi controlada, mas, em outubro de 2021, acabou retornando ao sistema nervoso central e também na medula óssea, além de infiltrações em regiões nobres do corpo.  




O estado de saúde de Laurinha foi se agravando e, mesmo assim, ela conseguiu passar o Natal e a Virada do Ano junto à família em Indaiatuba. Durante o tratamento, a pequena e seus pais mantinham residência em Indaiatuba, mas passavam longos períodos de internação em Campinas e no último ano, em São Paulo.

Apesar dos desafios, Laurinha sempre encarou a doença com alegria e esperança pela cura definitiva, com determinação ainda para ajudar o próximo. A luta da pequena contra a doença incentivou diversas pessoas em Indaiatuba a doarem sangue e se cadastrarem como doadoras de medula óssea.

E a ajuda ao próximo não parou por aí. 



Por dois anos (2000 e 2021), em seu aniversário, Laurinha e a família realizaram em Indaiatuba o evento “Aniversário Solidário da Laurinha”, sempre no estádio do XV de Novembro, arrecadando fraldas descartáveis para serem doadas às crianças carentes que também lutavam contra o Câncer.

No primeiro ano de evento foram 8.105 mil fraldas e R$ 1,6 mil, que foram destinados ao Hospital Boldrini. No segundo ano, a campanha arrecadou 3,6 mil fraldas e mais R$ 2 mil que foram doados ao IAPC (Instituto de Assistência e Prevenção ao Câncer de Indaiatuba e Região) e à Volacc (Voluntários de Apoio ao Combate ao Câncer).

Após 3 anos e quatro meses de muita luta, dedicação e perseverança, a pequena guerreira descansou no 29 de janeiro de 2022, às 14h55, no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Ela se foi, a profunda tristeza se transforma, aos poucos, em uma saudade que nunca se dissipará. E no meio dessa dor, ficou o exemplo de solidariedade de quem, mesmo lutando pela vida, também ajudou ao próximo.

Obrigada, Laurinha. R.I.P.


Em 13 de maio de 2022, por iniciativa do então vereador Ricardo França, foi sancionada a lei que fez homenagem póstuma à Laurinha, denominando "Rua Laura de Melo Silva" o logradouro do Parque Reserva Santa Maria




Confira os links abaixo:

segunda-feira, 11 de março de 2024

Conselhos tutelares de Indaiatuba realizam o 1º Fórum "Educação Antirracista: Os desafios da escola"

Os Conselhos Tutelares de Indaiatuba realizam o 1º Fórum “Educação Antirracista: Os desafios da escola” no próximo dia 15 de março das 8h30 às 12h30, no Centro de Convenções Aydil Pinesi Bonachella. O evento tem como objetivo fomentar o combate ao racismo e abordar os desafios das relações ético-racial.

A palestra tem como tema “Racismo e branquitude: Desafios da educação para as relações ético-racial” ministrada pela profª Dra. Ângela Soligo e contará com a participação da pedagoga, profª Joseni da Silva Cunha. Mais informações entrar em contato pelos telefones (19) 3935- 2735 ou (19) 3935-2736.

 

Sobre a profª Dra. Ângela Soligo

Doutora em psicologia pela Puc de Campinas, pesquisadora de relações raciais e de gênero desde 1987 e coordenadora cientifica da pesquisa “Violência e preconceitos na escola”.

Sobre a profª Joseni da Silva Cunha

Pedagoga e educadora há 34 anos. É pós graduada em psicopedagogia e neuropsicopedagogia e especialista em educação antirracista e alfabetização.

 

Serviço

1º Fórum “Educação Antirracista: Os desafios da escola”

Data: 15 de março de 2024.

Horário: das 8h30 às 12h30.

Local: Centro de Convenções Aydil Bonachella 

  • Redator(es): Alyne Cervo
  • Release N.º: 166


Secretaria da Cultura - Centro Aydil Bonachella


Campinas Decor 2024 volta a ocupar as OFICINAS DA COMPANHIA MOGIANA


Anualmente, esta exposição de profissionais de decoração promove intervenções em prédios da cidade de Campinas, muitos colegas meus desta cidade, como Alexandre Galhego, Veridiana Perez e Inara Palinkas estão sempre entre os mais prestigiados, espero vê-los este ano também.

Mas com tão preciosa oportunidade,  não posso deixar de escrever sobre as oficinas da bitola métrica,  como era chamado este lindo prédio em 1993, quando tive a oportunidade de trabalhar lá. Não sei se em decorrência das inúmeras lembranças que tenho dele,  considero-o o mais belo de Campinas, talvez de toda a região ou de todo o interior paulista. Desculpem-me a subjetividade de minha parte  nesta introdução, prometo, a seguir, me ater a descrição do prédio e da história de minha interação com ele, com menos emoção. Beleza é atributo subjetivo de algo, decorrente da percepção de um individuo, e a seguir, vou guardar isso apenas para mim.

Em 1993 iniciei meu primeiro emprego como Arquiteto, na FEPASA, na Superintendência de Passageiros de Campinas, para acompanhar reformas na Estação Campinas.  Em pouco tempo, me vi trabalhando na "Assessoria Especial da Presidência para Restauro do Patrimonio Histórico" (baita nome grande), com obras na Estação Julio Prestes (Sala São Paulo), Museu da Compania Paulista em Jundiai, e no Complexo da Estação Campinas onde restauramos o Saguão Principal e partes da estação. 

Conto até hoje, o "causo" de como consegui entrar para a equipe de arquitetura de restauro da FEPASA. Sempre tive muito boa memória, de tudo que leio ou vejo, consigo transcrever com certa precisão planilhas ou projetos, tendo visto uma única vez, talvez não tanto agora com 51 anos, mas quando tinha meus 20 e poucos anos, era um HD vazio. Na época quase ninguém tinha câmera digital, e era muito caro fotografar tudo,  eu acompanhava os arquitetos seniores em visitas de obra, e nas reuniões, quando questionado, descrevia as edificações em detalhes, se portas eram originais, o desenho das vergas, o encaixe entre pisos, sempre lembrei de tudo que me maravilhava, e aquilo tudo era mágico para mim.

O Pátio Campinas sempre me fascinou, e o Prédio da Mogiana é a edificação que domina e hierarquiza todo o local; a mais alta, a mais imponente, que olha para o pátio e indica a direção a tomar, dita o horário em seu grande relógio; e foi sem dúvida alguma, referência para a importância da Mogiana no conjunto arquitetônico ferroviário de Campinas.








"As oficinas foram idealizadas, projetadas e executadas entre os anos de 1897 e 1908, pelo engenheiro Carlos Stevenson." O predio marca o ponto mais a leste do complexo; atrás dele apenas a engenhosa rotunda da Mogiana, onde em 1993 funcionava a pintura das locomotivas elétricas. O complexo do Pátio de Manobras de Campinas é incrível, surreal,  pois sua escala não é humana, tudo é feito para locomotivas e composições, tudo é enorme, tudo é robusto, a porta principal da fachada da oficina é acesso para lovomotivas, e as relações proporcionais áureas e ordens clássicas utilizadas, são decorrência da porta e da altura da máquina. É ENORME.





No Pátio, do lado leste, localizavam-se as oficinas das locomotivas elétricas, que usavam o prédio da Mogiana ou também chamado de Oficina da Bitola Métrica. Do outro lado do pátio a oficina da Diesel ou Oficina da Bitola Larga. Historicamente no estado de São Paulo há dois tipos diferentes de trilhos, a Mogiana usava bitolas mais estreitas, e a Compania Paulista usava "bitola larga". Apesar das lendas que existem sobre as empresas não terem bitolas iguais, a Mogiana teria optado em usar uma bitola mais estreita entre os trilhos para poder ter raios de curva menores nos leitos e transpor terrenos acidentados com menor custo, a Compania Paulista usava bitola larga que tinha mais capacidade de carga. Foi uma relação custo beneficio que cada empresa optou para construir sua rede.




Na decada de 90 do sec XIX, quando estas oficinas estavam em construção, Campinas foi acometida de um surto de Febre Amarela que levou 1/3 da população a deixar a cidade. A Compania Paulista optou por construir suas oficinas em Jundiai, onde o prédio é igualmente sensacional. Neste prédio de Jundiaí,  tive a oportunidade de ajudar a revitalizar um edifício anexo e montar a exposição do Museu da Compania Paulista em cerca de 1994.

Ainda no conjunto da oficina da Mogiana, os depósitos são igualmente incríveis, o telhado de galpão em shafts, possui integração com a linguagem de repertório eclético adotada nas fachadas, pela mogiana, proporcionado soluções criativas e de resultado estético muito eficiente. 

Antigo galpão de baldeação localizado no estacionamento do atual Terminal Rodoviário de Campinas. As estruturas metálicas expõe os esforços,  peça a peça,  através do material utilizado, em geral trilhos e barras metálicas.


Quando se fala em estruturas metálicas ferroviárias inglesas, utilizadas nestes prédios e em diversos outros galpões de baldeação dispostos no pátio, meu fascínio aumenta exponencialmente. O nível de racionalismo é incrível, muitas vezes utilizando trilhos e tirantes como materiais básicos,  separam as peças das estruturas pelos esforços, trilhos grossos para compressão e tirantes finos para tensão usando o minimo de material com o máximo de eficiência. 

Quase tudo no pátio é considerado, ALVENARIA INDUSTRIAL INGLESA, que foi um conjunto de soluções técnicas e estéticas usado pela inglaterra para construir no mundo todo os edificios para receber as máquinas que fabricava,  utilizando material que abunda em quase todo local, o barro. As soluções construtivas eram elaboradas em tijolos a vista, reduzindo a necessidade de reboco e adornos, reduzindo assim os custos e tempo de execução, eram obras com o pé no racionalismo e funcionalismo, anos antes do modernismo. 

As ruíndas da Estação Pimenta, são outro exemplo de alvenaria industrial inglesa em Indaiatuba. 
A imagem fala muito sobre o cuidado com o Patrimônio Histórico.


Na minha cidade natal, Indaiatuba, temos um incrível exemplar, que apesar de ter sido demolido parcialmente, mantém sua engenhosidade típica da era das ferrovias, é a Tulha do Casarão Pau Preto, feita para receber uma máquina de beneficiamento de café. Uma curiosidade deste prédio, que passa despercebida por quase todos que não tentam ler os esforços das peças que o compõem, é uma série de tirantes metálicos, delgados, usados para reagir tensionados, a força dos oitões das tesouras que atuam sobre os pilares de alvenaria da fachada, cujos encaixes aparecem para o lado de fora. Vocês nunca se perguntaram o que são as placas metálicas sobre as pilastras de tijolos a vista?!

Casarão Pau Preto, ainda com o prédio da tulha completo

O jornalista Sergio Mateus Squilanti, precursor da  preservação do patrimônio histórico em Indaiatuba, ao lado de Archimedes Prandini, em frente a parte já demolida da Tulha do Casarão Pau Preto


A Estação urbana de Indaiatuba, é outro prédio da era ferroviária na cidade, edificado na decada de 70 do sec XIX. Como curiosidade, posso dizer que seu projeto reflete todo o raciocinio da época.  Foi um projeto tipo, utilizado em algumas outras cidades, que possuia linguagem vitoriana que o destacava da Indaiatuba Colonial e Imperial, de linhas retas do vernáculo paulista, certamente foi o prédio mais impressionante da cidade no fim dos anos 1800.



A Arquitetura Ferroviária, no final do seculo XIX, trouxe modernidade quase "alienígena" para as cidades do interior paulista. A ferrovia substituiu as tropas de mulas que desciam para o porto levando café e açúcar, pelos caminhos calçados desde o sec XVIII, por Bernardo de Lorena, Governador Geral da Capitania.    

[...] Cada burro carregava duas sacas de café de quatro arrobas cada uma e voltava do porto com carga igual de 8 arrobas, dos mais variados produtos.[...] 

Cada fazenda possuia centenas de mulas, ou contratava tropeiros, cujos rebanhos invernavam cerca de Sorocaba e Itapetininga. Eram milhares de animais a serviço do transporte da produção,  que necessitavam ser trocados por máquinas.

Curiosamente, também no final do século XIX, teve inicio a Guerra contra o Paraguai, país que se ameaçava interesses comerciais da Inglaterra. A guerra necessitou de mulas para transporte logístico de equipamentos e víveres, os Barões do Café trocaram as tropas de mulas com títulos de ferrovias, possibilitando a implantação e rápida expansão da malha ferroviária. Ironicamente foi um golpe de sorte, sem escrupulos, que eliminou um concorrente e ampliou o mercado de consumo. O positivismo e o darvinismo social, impostos por impérios como o da Inglaterra, foram muito cruéis com nações menos desenvolvidas. 

Como resultado, a ferrovia inseriu São Paulo na era industrial, na velocidade da máquina, trouxe a agitação urbana, o êxodo rural, o ecletismo das artes, abriu as portas do mundo, para um interior que há pouco tempo era fronteira entre o sertão inexplorado e a metrópole além mar.

Este prédio é sem dúvida, o melhor exemplar para ilustrar esta época de incríveis transformações.


 
https://www.facebook.com/mogianacampinas

domingo, 10 de março de 2024

O adeus à Toyota na perspectiva do ex-prefeito José Carlos Tonin

Texto de José Carlos Tonin

Engenheiro Civil e prefeito de Indaiatuba de 1983 a 1988


A negociação para a vinda da Toyota para Indaiatuba foi conduzida pelo prefeito Flávio Tonin e pelo deputado José Carlos Tonin, então Líder na Assembleia Legislativa de SP e que contou com o seu aliado e amigo Governador Mário Covas. Covas foi o deputado federal mais votado em Indaiatuba em 1982, apoiado pelos irmãos Tonin.

Entre ouras exigências da empresa para aqui se instalar, foi colocada uma fundamental. A construção de um linhão de energia da Estação Rebaixadora de Tensão de Cabreúva que recebe carga de grandes usinas do Brasil e distribui para boa parte do Estado. Havia insegurança na eficiência do sistema elétrico de então. O deputado negociou com a Eletropaulo, evidentemente com apoio de Covas, a instalação do pretendido linhão. Além disso conseguiu implantar servidão para passagem do mesmo sem custo nenhum, boa parte em terras da Fazenda Pimenta. O prefeito Flávio desapropriou área junto ao terreno da Toyota para a instalação da sub-estação de energia. Esse foi um item fundamental para a decisão final da vinda da empresa.

Note-se o interesse dos políticos da época. E para citar outro exemplo. Quando a Yanmar do Brasil cogitava trazer a fabricação do trator de 04 rodas para a sua unidade fabril de Indaiatuba, o Prefeito José Carlos Tonin foi ao Japão e se reuniu em Tóquio com o presidente mundial da empresa e visitou a fábrica de tratores da empresa em Kinomoto, cidade próxima à Nagoya, centro industrial importante do Japão. Houve interesse do Município à época visto que a Yanmar tem muito a ver com o desenvolvimento de Indaiatuba e chegou a representar 70% de todo o ICMS que o Município recebia na década de 70. Foi na sequência que a Prefeitura urbanizou a praça no cruzamento da Avenida Presidente Vargas esquina com Avenida Conceição e denominou-a como Massashi Sato, o executivo que coordenou a implantação da Yanmar em Indaiatuba.


Toyota anuncia a saída de Indaiatuba em 2021







Hoje, o que acontece? 

O prefeito Gaspar diz que "após a decisão" da Toyota em zarpar de Indaiatuba ele se reuniu com dirigentes da empresa, depois do leite derramado. E olha que essa cogitação de sair de Indaiatuba já vem de alguns anos. A imprensa bem que registrou.

Nada, nada, a Toyota faturou em 2023 na sua fábrica de Indaiatuba mais de 7 bilhões e 160 milhões de reais, o maior faturamento da cidade o que representou mais e 7% de todo o ICMS de Indaiatuba. Ela sozinha versus todos os outros arrecadadores de ICMS, indústria, comércio e serviços.

O Município tem uma cota parte do ICMS do Estado de 0,73% e deve neste por mês mais de $ 30 milhões, podendo beirar  $400 milhões neste 2024.

Com a perda da Toyota daqui a pouco teremos cerca de aproximadamente 30 milhões de ICMS a menos no tesouro municipal. Isto mesmo o equivalente a um mês inteiro a menos por ano. Como se o ano tivesse só 11 meses em termos do ICMS para Indaiatuba. Não é pouca coisa !!!!!!!

Empregos 1.500 a menos, sem falar dos indiretos, terceirizados da empresa que pode chegar a outros pelo menos 500. Segurança, limpeza, fornecimento de peças e insumos, estão entre os fornecimentos de materiais e serviços que a empresa contrata. A JSL Júlio Simões Logística, a maior empresa de logística da América Latina está em Indaiatuba para transportar os trabalhadores da Toyota. Daqui a pouco não mais. Quantos empregos e impostos serão perdidos com a saída da JSL de Indaiatuba?

Em resumo a política da cidade envelheceu, está bolorenta e só se pensa em empreendimentos imobiliários. A mudança da Cobreq para Salto já foi há algum tempo ficando patente as consequências desse pensamento na direção do patrimonialismo. O que é patrimonialismo se não a mistura do público com o privado? Prefeitura virou imobiliária, balcão de negócios. Ou o terreno da antiga Cobreq não está de encomenda prá algum parceiro?

Haja vista a fantástica aplicação de 53 milhões de reais no BVA, o que é proibido pela nossa Constituição num banco falido. Fizeram o que fizerem e depois colocaram a culpa no Ma***o Pi***o, então titular da Secretaria da Fazenda.

E o rolo no SAAE de se contratar uma tal de Ampla para escavar a cava do Rio Capivari Mirim depois do lago cheio? Dá prá entender, enche-se a represa e depois faz a escavação no lodo do fundo dela. Absurdo.

Onde está Ampla se instalou? Num prédio de propriedade da mãe e da esposa de um cacique político. Quem era o executivo da empresa? O cunhado do mesmo cacique. Quem era o superintendente do SAAE? O atual prefeito. Foi uma mistureba do público com o privado ou não?

Um X-tudo familiar e pros chegados.


quarta-feira, 6 de março de 2024

Ciclo de mini-exposições fotográficas começa com Penna



O fotógrafo paulistano Paulo Preto, morando há dois anos em Indaiatuba, resolveu agitar o cenário da cidade. O projeto Foto no Café busca unir a arte da fotografia com a experiência sensorial de degustar um bom café. Profissional com passagens por diversas publicações como Trip, Monet, Diário Lance, além de trabalhos com assessoria de imprensa e agências de modelos, ele se mudou para cá em 2021 com a esposa Olivia Gênesi, cantora com diversos CDs gravados.

Em Foto no Café, Paulo convida o espectador a mergulhar em momentos únicos, capturados pelo olhar aguçado de diversos fotógrafos. A cada 30 dias, uma nova exposição leva para o ambiente acolhedor do Santa Ana Cafés Especiais (Rua Tuiuti, 1327, na esquina com Rua Idelfonso Stehle) o trabalho de um artista diferente, suas experiências e olhares em registros fotográficos que abordam diversos temáticas.

Para abrir o ciclo, convidou um artista da terra, Antônio da Cunha Penna, que além de fotógrafo (seu ganha pão, no conhecido Estúdio Silva & Penna), é escritor laureado (Mapa Cultural Paulista), compositor e um dos criadores da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba, hoje absorvido pela Secretaria Municipal de Cultura. A abertura acontece no dia 11 de março, a partir das 15h.

Aposentado desde 2020, as dez fotos que compõem a mostra fizeram parte de algumas das exposições que ele montou ao longo de sua carreira. 

  • 1980: Romaria Indaiatuba à Pirapora.
  • 1981:Demolição do Cine Rex.
  • 1985: Colégio do Caraça (MG).
  • 1987: 60º aniversário do E. C. Primavera.
  • 1992: Pessoas.
  • 1995: Cuba Sem Filtro.
  • 2000: Silêncio - Rumores.

Serviço: 

Foto no Café, com Antônio da Cunha Penna

Onde: Santa Anna Cafés Especiais, Rua Tuiuti, 1327

Quando: Abertura dia 11 de março, a partir das 15h

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