segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Muro de Taipa do Cemitério da Candelária é demolido para passar caminhão de poda

Na segunda-feira dia 21/11/2022, a parte lateral do Cemitério da Candelária do lado esquerdo sentido Centro-Bairro teve seu portal demolido, na Rua Humaitá. Informação obtida no local justificou que o motivo da destruição foi a necessidade da entrada de um caminhão para carregar material advindo de uma poda feita em uma árvore, conforme imagem abaixo.

Sítio Histórico

A discussão em relação à configuração dos cemitérios como patrimônio cultural ainda é incipiente, principalmente no Brasil. Há dificuldade de se reconhecer que todo cemitério é um sítio histórico, arqueológico[1], rica fonte de informações, fonte de preciosas espécies de arte tumular[2] e, como tal, deve ser adotado de forma preciosa, através de processo de tombamento, conservação, recuperação. 

O Cemitério da Candelária teve sua construção autorizada em técnica de taipa em 7 de julho de 1886, ou seja, há 136 anos , cujos custos foram dispendidos pela Câmara (100$000 réis para pilares e portão e 200$00 réis para destocamento e terraplenagem). 

Em 1887, a Diretoria Geral de Obras Públicas da Câmara Municipal despachou ofício pedindo para levantar a quantia de 466$52 réis para pagar os empreiteiros das obras do cemitério[3], mais especificamente, o taipeiro Elias Augusto da Silva. Naquela época da construção do chamado "Cemitério de Taipas", ainda era aplicada a regra de separação do terreno por um arame fixo em dois postes de madeira: de um lado, sepultados os católicos, de outro, os não católicos e suicidas.

Em 25 de janeiro de 1905, novamente, a Câmara Municipal de Indaiatuba mandou ofício para o governo do estado; dessa vez, para solicitar a vinda de um inspetor a fim de examinar o local onde deveria ser construído o (outro) cemitério, dessa feita, o conhecido Cemitério de Pedras (pedras de granito-rosa, para quem não sabe), na rua Candelária (que durante um tempo se chamou Avenida Dom José), em frente ao Cemitério de Taipas.

Ações do Poder Público

            A Secretária da Cultura, Tânia Castanho, informou que a parte do muro que é de taipa (do lado direito da entrada - do lado esquerdo é tijolo comum) ruiu por acidente, o caminhão poderia ter entrado apenas com uma abertura na qual apenas o muro comum fosse demolido. Lamentou o ocorrido explicando que foram tomadas as medidas imediatamente após o Departamento de Preservação e Memória de Indaiatuba ter sido informado e completou que medidas à médio e longo prazo também serão tomadas para que os outros patrimônios já tombados e em fase de tombamento não fiquem expostos à qualquer outro evento como este:

                "De imediato, a obra foi paralisada para que pudéssemos avaliar o impacto. Do lado direito - onde está o muro de taipa-, foi demolido cerca de 27 cm que serão restaurados com a melhor técnica possível a fim de manter o aspecto visual original do muro, preservando o patrimônio da forma que garanta sua história e memória. Sobre a necessidade da obra, a Secretária informou que a árvore da parte interna do cemitério oferecia riscos aos frequentadores e após análise, a poda foi julgada como necessária para impedir perigos, sendo essa medida de prevenção de acidentes uma prioridade. Para completar, a secretária informou ainda que "também tomaremos medidas de médio e longo prazos. Já demos início ao pedido de tombamento do Muro de Taipa e do Muro de Pedras. Esses patrimônios materiais serão identificados com placas informativas e com QR Code, para que todos possam conhecer a importância desses patrimônios. Isso também será feito, em futuro breve, nos demais patrimônios tombados e em fase de tombamento em nossa cidade. A Secretária também afirmou que o Prefeito Nilson Alcides Gaspar lamentou o ocorrido e pediu que tudo fosse feito de modo a mitigar os danos e garantir - o máximo possível - a originalidade do patrimônio.

                Ainda acrescentou que na obra de restauro, a Secretaria responsável atenderá a um pedido que muitas pessoas já fizeram: incluir o antigo portão no local, devidamente restaurado, como grade. "É uma forma de matermos esse item que está no acervo técnico em seu lugar. Ele não terá a função de portão, será uma grade, mas vai corroborar com a meta de deixar o local avariado da melhor forma e até mais próximo do original."

                Por fim, a Secretária reiterou o compromisso da Secretaria da Cultura, do Departamento de Preservação e Memória e do Conselho Consultivo de Preservação em cumprir os requisitos para restaurar e proteger não só os muros, mas os demais patrimônios de natureza material de nossa Indaiatuba, além de anunciar outras medidas que, em breve, publicarei.

                



Passagem aberta no muro de taipa do Cemitério da Candelária - novembro/2022



Vista do muro de taipa (lado direito da abertura) - sem tapumes


Vista do muro de taipa (lado direito da abertura) após colocação de tapumes




[1]  São cemitérios tombados pelo IPHAN: o Cemitério de Santa Isabel de Mucugê (BA), Cemitério do Batalhão (PI), Cemitério de Nossa Senhora da Soledade (PA), Cemitério do Imigrante em Joinville (SC) e o Cemitério da Candelária (Estrada de Ferro Madeira Mamoré) (RO). Há ainda alguns bens cemiteriais tombados, entre eles: Inscrições tumulares da Igreja da Vitória (BA), Lápide tumular de Estácio de Sá (RJ), Túmulos do Dr. Pedro Lund e seus colaboradores (MG), Portão do Cemitério de Arez (RN), Estátua do Mausoléu da família do Barão de Cajaíba (BA), entre outros.

[2] O vereador Arthur Spíndola propôs ação à respeito há pouco tempo, veja aqui: http://historiadeindaiatuba.blogspot.com/2022/10/cemiterio-da-candelaria-um-museu-ceu.html

[3] Correio Paulistano, terça-feira, 5 de abril de 1887 – nº 9178.




quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Museu Ferroviário de Indaiatuba recebe Roda de Choro e espetáculo que mistura circo e mágica

 Manhã de atrações conta com acionamento da Locomotiva a Vapor e expositores da Feira das Artes


A histórica Locomotiva a Vapor Nº 10 entra em funcionamento no próximo sábado, 26 de novembro, a partir das 9 horas, em uma manhã repleta de atrações no Museu Ferroviário de Indaiatuba. Circo, mágica, música e artesanato integram a programação, totalmente gratuita e aberta ao público.

A primeira atração é o espetáculo O Quarteto Quase Fantástico, uma criação de três amigos que resolveram misturar várias linguagens artísticas, inspirados no mundo dos super-heróis. Mas se tratando do olhar do palhaço, tudo vira uma mistura de bobeiras e surpresas. Assim, a peça apresenta cenas clássicas da palhaçaria e da mágica com uma roupagem diferenciada e de forma animada, propondo ao público uma viagem ao mundo dos (quase) heróis.

Quarteto Quase Fantástico, que mistura diversas linguagens artísticas

O elenco conta com Kátina Souza (Palhaça Edufina - Mulher Fantástica), Geilson Santos (Homem Invisível), Jader Ferreira (Palhaço - Homem Coisa) e Fernando Lazzaro (Mágico - Homem Tocha). A direção é de Kátina, que também assim o figurino. O cenário é de Jader e a sonoplastia de Geilson. O roteiro é assinado pelo grupo.


Roda de Choro é formada pelos oficineiros do Núcleo Nabor Pires Camargo


A Roda de Choro é formado pelos oficineiros do Núcleo Nabor Pires Camargo, criado com o objetivo de resgatar e difundir a cultura do choro em nossa cidade, manter viva a memória de Nabor Pires Camargo e também funcionar como um canal de intercâmbio de conhecimento, uma vez que a roda será aberta a todos os músicos. Para participar, basta levar seu instrumento.

Feira das Artes

A Feira das Artes de Indaiatuba volta ao Museu Ferroviário de Indaiatuba com diversos expositores e trabalhos em artes criativas, crochês, patchwork, couro, bijuterias, mandalas, pintura em tecido, trabalho em madeira e bonecas em tecido, além de tortinhas salgadas, docinhos, doces em pote, entre outros.

Realizada todos os sábados na Praça Rui Barbosa, no Centro, das 9h às 13h, a Feira das Artes de Indaiatuba conta atualmente com cerca de 50 expositores e uma grande variedade em técnicas de artesanato, com trabalhos em biscuit, crochê, tricô, marchetaria, pintura em tela e tecido, e muito mais.

O Museu Ferroviário de Indaiatuba fica na Praça Newton Prado, s/nº, no Jardim Pompeia. Mais informações pelo telefone (19) 3816-4917.

PROGRAMAÇÃO

9h – O Quarteto Quase Fantástico
9h às 12h – Feira das Artes de Indaiatuba
10h às 11h30 – Roda de Choro do Núcleo Nabor Pires Camargo
10h às 12h – Funcionamento da Locomotiva a Vapor Nº 10



segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Secretaria da Educação de Indaiatuba promove ações em prol do Dia da Consciência Negra

 Objetivo é o resgate e valorização afirmativa da influência do negro na formação da sociedade brasileira

A Secretaria da Educação através da Comissão de Educação para as Relações Étnico Raciais desenvolve ao longo do ano trabalhos pedagógicos sobre a valorização das diversidades étnico-raciais, através da inclusão da história e cultura africana e dos povos indígenas no currículo escolar. 

Para comemorar o Dia da Consciência Negra (20/11) foram promovidas várias ações com o objetivo de resgate e valorização afirmativa da influência do negro na formação da sociedade brasileira.

Na manhã da quinta-feira (17) aconteceu uma atividade reflexiva com funcionários no Ciaei, a qual apresentou conceitos a respeito dos tipos de racismos existentes, contribuindo para o aprofundamento do assunto com os participantes. 

Na sexta-feira (18) várias unidades escolares realizaram exposição das atividades realizadas ao longo do ano com a temática.

As atividades da Caixa Maker do 4º bimestre abordam a temática Consciência Negra, com conteúdos relacionados. 

  • Para Etapa I: Diferenças que encantam; 
  • Etapa II: Africanidades; 
  • 1º ano: Território do Brincar; 
  • 2º ano: Maracatu; 
  • 3º ano: Mentes Brilhantes; 
  • 4º ano: Conexão África Brasil e 
  • 5º ano: Civilização



Crédito: Divulgação

Leonardo Cruz - PMI/EDC
Unidades escolares realizaram exposição das atividades com a temática



As atividades em alusão à Semana da da Consciência Negra em Indaiatuba atende à Projeto de Lei apresentado pelo vereador Jorge Luiz Lepinsk PEPO e foi sancionada pelo prefeito Nilson Alcides Gaspar em 2018




sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Zumbi dos Palmares - O líder da primeira nação livre das Américas

Imagem de Zumbi dos Plamares, feita por Manuel Victor

Nos últimos quatro anos, no governo do presidente Jair Messias Bolsonaro e sob seu exemplo e omissão, ações contra a dignidade humana - entre elas, o racismo – ganharam força através de sucessivos ataques aos direitos humanos, advindos dos extremistas de direita. O cenário não ficou apenas na esfera das ideias e das discussões, muito pelo contrário; no período, as taxas de homicídios de negros e negras cresceram, enquanto a taxa de não-negros diminuiu no mesmo recorte temporal.

Influenciados e legitimados pelo presidente, os extremistas agravaram a já recorrente vulnerabilidade dos negros, o que exige do processo civilizatório uma urgente capacidade para enfrentar e avançar diante dessas circunstâncias para, mais do que nunca, superar as adversidades, as crises, os traumas e tantas situações indesejadas que o imediatismo das redes escancara violentamente o todo tempo todo.

E novembro é uma oportunidade imperdível para esse urgente enfrentamento. O Dia da Consciência Negra – 20 de novembro - é uma efeméride instituída por lei, para evocar o assunto, para fazer um chamamento para que se saia da omissão frente a algo que está errado. É uma data para a reflexão do passado, do presente e a construção de ações afirmativas para o futuro. É um marco fundamental para revelar as desigualdades e a violência contra a população negra e as causas do agravamento nos últimos quatro anos, mesmo passando 134 anos da abolição da escravatura não só nos casos de mortes já citados, mas nos inúmeros casos de discriminação, prejuízos no emprego e na renda, evasão escolar e desigualdade social.

Personagem central nas ações de informação e conscientização, Zumbi dos Palmares é um ícone contra a desigualdade e opressão sofrida por uma raça, é o mártir das minorias, líder do mais famoso quilombo do país e, também por ser tudo isso, é constantemente atacado por revisionistas conservadores da extrema direita, que insistem em espalhar a fake que ele era um escravocrata.

O maior herói da luta negra no Brasil não deixou nenhuma obra escrita com suas motivações ou ideais, mas sua existência e história revelam que afrontou a sociedade escravocrata da época: buscou manter a liberdade, quebrou paradigmas e se tornou o símbolo de resistência de um povo.

Os quilombos foram um marco da resistência negra no Brasil em oposição à estrutura escravocrata cruel, desumana e tirana que oprimia uma raça. Não foi apenas um lugar de refúgio para escravos fujões, mas foi a organização de uma sociedade livre, prova da resiliência coletiva daqueles que foram arrancados de suas culturas, presos em ferros, torturados, estigmatizados. E pela grandeza e notoriedade, faz necessário, mas do que nunca, lembrar que Zumbi foi o líder da primeira grande nação livre das Américas após a chegada dos invasores europeus, uma prova pulsante da capacidade humana de enfrentar, vencer e se fortalecer ou se transformar por experiências de adversidade; lição que o Brasil todo precisa conhecer, aprender e aplicar agora, mais do que nunca. 

Renasçamos neste exemplo.

 

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Semana da Consciência Negra reúne música, literatura e oficinas em diversas atrações até domingo

 Atividades acontecem em diversos pontos pela cidade, todos com entrada franca

DJ Smith se apresenta com Guerreiro Nato em evento que acontece no CEU São Conrado


Poeta e slammer Vini Alceu é um artista independente com mais de 20 anos de escrita


Promovida pela Prefeitura de Indaiatuba, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, a Semana da Consciência Negra 2022 acontece entre os dias 17 a 20 de novembro, com filme, exposição, oficinas e a segunda edição do projeto Jardim das Letras, reunindo Samba de Roda e literatura. A programação é inteiramente gratuita.

A Semana da Consciência Negra 2022 tem início na quinta-feira, 17 de novembro, com mais uma sessão do programa Pontos MIS, promovido pelo MIS (Museu da Imagem e do Som) e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. Infiltrado na Klan, do diretor Spike Lee, é o filme selecionado e a exibição acontece às 19h30, na Tulha do Casarão.

O filme se passa em 1978. Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro do Colorado, consegue se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunica com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, mas quando precisa estar fisicamente presente, envia outro policial branco no seu lugar, Flip Zimmerman (Adam Driver). Depois de meses de investigação, Ron se torna o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.

Serão disponibilizados 50 ingressos gratuitos, que podem ser retirados uma hora antes da exibição do filme. O Pontos MIS nasceu com o objetivo de promover a circulação e difusão audiovisual, a formação de público e a circulação de obras do cinema, estabelecendo parcerias entre o MIS e os municípios.

No dia 18, o Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU) do Jardim São Conrado recebe exposição do artista visual Salomão (Alison Rodrigues). Nascido nos anos 2000, retrata a realidade do movimento negro em que vive com seu Catecismo, movimento artístico usado para expressar o que ocorre nos dias modernos, fazendo alusão ao rito religioso de mesmo nome. Durante o evento, apresenta seis trabalhos em óleo sobre tela.

Quem também se apresenta é o poeta, podcaster slammer Vini Alceu. Artista independente com mais de 20 anos de escrita, participa há sete de eventos culturais com sua performance poética. Já apresentou seu trabalho em saraus, escolas, pubs e eventos literários, além de ministrar palestras e oficinas de poesia.

Durante o evento, fará um Slam (batalha de poesia) com Vica, poeta, rapper e cofundador do Sarau ComplexCidade, e Nanda, poeta e comunicadora. Essa apresentação visa conectar o público com os poetas, através de seus versos e suas falas imponentes, além da performance de corpo e expressividade facial, para objetivar o máximo possível o contexto da poesia.

Quem também se apresenta neste dia é Guerreiro Nato e DJ Smith, dupla que iniciou seus trabalhos nos anos 2000 em Indaiatuba e já participou de diversos eventos, festas, bares e casas noturnas na região e capital, sempre apostando no ‘canto falado’ do rap raiz, contundente e objetivo, misturado a colagens e scratches comandados pelo DJ que comanda os toca-discos.

Para a Semana da Consciência Negra, a dupla apresenta uma performance inédita com músicas rap que abordam o tema em suas letras.

No sábado, dia 19, a partir das 9h, a Biblioteca Municipal recebe duas oficinas, de Bonecas Abayomis e Turbantes, comandadas pelo projeto Filhos da Semente, de Indaiatuba. Os interessados podem se inscrever pelo telefone (19) 3834-6319.

Sem costura alguma (apenas nós ou tranças), as Bonecas Abayomis não possuem demarcação de olho, nariz ou boca, para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas.

Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navios de pequeno porte que realizavam o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou nós, que serviam como amuleto de proteção.

As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa ‘encontro precioso’, em Bantu e Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.

No mesmo horário, mas voltado para o público adulto, acontece a Oficina de Turbante. O turbante é uns dos instrumentos de resistência e história do povo preto e também pode ser chamado de ojá ou amarração. O tecido e a maneira que ele é amarrado carregam diversos significados como posição social e fundamentos religiosos.

Hoje, o turbante é utilizado no intuito de resgatar a herança cultural, proveniente da África. É sim um adorno que coroa mulheres e homens, mas não somente isso: o intuito da oficina é discorrer sobre a história deste importante símbolo cultural, além de ensinar passo a passo como fazê-lo no dia a dia.

Feira

Ainda no sábado, dentro da programação da Feira das Artes de Indaiatuba, realizada na Praça Rui Barbosa, acontecem mais duas apresentações. Às 10h30, cerca de 30 alunos da Escola Estadual Profª Annunziatta Leonilda Virginelli Prado apresentam o projeto e bloco escolar Batu-Kandô, coordenado pelo professor Edgar Paulino dos Santos.

O projeto surgiu em 2009 nas escolas Annunziatta Leonilda Virginelli do Prado e EMEB Profª Elizabeth de Lourdes Cardeal Sigrist. Tem como principal objetivo ampliar o repertório cultural, musical e artístico dos alunos. Batucando, eles trabalham a coordenação motora, as propriedades do som (altura, intensidade, timbre e duração), noções de trabalho em grupo e construções em série (seriação e sequência).

Às 11h, o grupo Filhos da Semente apresenta o jongo, uma manifestação afro-brasileira típica do Sudeste que surgiu na época da escravidão do Brasil. Também conhecida como caxambu, é um jogo de responsório (com cantos de dizeres e respostas) cheio de metáforas, estratégia utilizada pelos negros escravizados para negociações de festividades e fugas sem que os donos das fazendas pudessem saber sobre o que se cantava ao som do batuque.

A música do jongo é acompanhada por palmas e por dois tambores que representam a ancestralidade desta manifestação, o tambu e o candongueiro, enquanto um casal dança com passos marcados.
Encerrando a programação, no domingo, dia 10, a partir das 10 horas, o Casarão recebe a segunda edição do Jardim das Letras, com a participação de Izilda Aparecida Pereira Knauft, aluna de teatro da Terceira Idade do Espaço Bem Viver, que fará a leitura de textos ao lado de Vini Alceu. O samba de roda será comandado pela cantora Juliana Alves.  

PROGRAMAÇÃO

17 de novembro, às 19h30
Pontos MIS, com o filme Infiltrados na Klan
Local: Tulha do Casarão
Endereço: Rua Pedro Gonçalves, 477

18 de novembro, às 19h
Exposição, Música e Poesia
Local: CEU São Conrado
Endereço: Rua Jordalino Pietrobom, 1.300

19 de novembro, às 9h
Oficinas de Bonecas Abayomi e de Turbante
Local: Casa da Memória ‘José Luiz Sigrist’

19 de novembro, às 10h30
Projeto e bloco escolar Batu-Kandô, da E.E. Annunziatta Leonilda Virginelli do Prado
Local: Feira das Artes de Indaiatuba
Endereço: Praça Rui Barbosa, Centro

19 de novembro, às 11h
Oficina de Jongo, com o grupo Filhos da Semente
Local: Feira das Artes de Indaiatuba

20 de novembro, às 10h
Jardim das Letras, com Juliana Alves, Izilda Aparecida Pereira Knauft e Vini Alceu
Local: Casarão Pau Preto


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Profa. Maria Isabel Seabra Pigatto receberá homenagem póstuma com nome de logradouro

No próximo sábado dia 19 de novembro às 9h a Profa. Maria Isabel Seabra Pigatto receberá uma homenagem póstuma por iniciativa da vereadora Silene Silvana Carvalini que a apresentou o Projeto de Lei que, sancionado pelo prefeito Nilson Alcides Gaspar, consolidou a Lei Municipal 7886 de 27 de outubro de 2022, que denominou o nome dela ao próprio municipal à Área Institucional III da Rua Lúcia Berna Denny, no Jardim Casablanca.

Para justificar sua indicação, a vereadora Silene resumiu que

"a Professora Maria Isabel Seabra Pigatto, nascida em Campinas [no dia 3 de julho de 1943] e viveu em Indaiatuba por 77 anos. Foi casada com Sivanei Antonio Pigatto, com quem teve dois filhos. Exerceu a profissão de Professora Primária por 26 anos, nas escolas Randolfo Moreira Fernandes e Áurea Moreira da Costa. Participou da Pastoral Vocacional da Paróquia Nossa Senhora da Candelária por 30 anos."

 


A HOMENAGEADA

O texto abaixo faz parte do acervo do Museu da Pessoa, foi publicado em outubro de 2010 e conta parte da história de Isabel Seabra, como era mais conhecida em nossa Indaiatuba. A Profa. Isabel foi alfabetizada pela Profa. Áurea Moreira da Costa, patrona da escola que mais tarde ela viria a trabalhar e onde se aposentou em 1989, deixando em seu lugar a sua filha, também professora Adriana Pigatto, também alfabetizadora.


Maria Isabel Sebra Pigatto - Memórias de uma professora Aposentada


    Senhor Abílio e dona Irene, pais de Maria Isabel, moravam em Indaiatuba, mas como naquela época as crianças nasciam em casa com parteiras, sua mãe foi para de sua avó em Campinas, onde nasceu. Com quinze dias de vida, retornou para seu querido lar em Indaiatuba.





    Ela era uma menina muito levada e curiosa, crescendo nesta cidade pacata, com ruas de terra, com poucos habitantes, onde todas as famílias se conheciam.


    Ela e suas amigas, Sonia, Tereza, Ivone e Ana, brincavam o dia todo até anoitecer, e suas brincadeiras preferidas eram pular corda e jogar queimada. Maria Isabel adorava aquela vida livre e feliz.


    As vezes ia à Campinas, visitar sua avó, em uma casa com quintal grande, onde passava a linha do trem e sua avó levantava a cancela para ele passar, enquanto ela ficava olhando da porteira.


    Seu pai era carpinteiro, lia muito e também escrevia poesias, mais tarde, se tornou corretor de imóveis.Homem muito enérgico, fazia questão que seus filhos estudassem. Assim, Maria Isabel foi crescendo incentivada por seu pai pelos estudos.


    Sua mãe era dona de casa e também costurava roupas para as meninas ricas da cidade, pois, naquela época, não havia lojas de roupas prontas, somente de tecidos.


    Uma de suas professoras inesquecível foi Dona Áurea Moreira da Costa, que a alfabetizou, uma mulher linda, de cabelos negros e compridos, sempre bem-vestida - salto alto, saia preta justa com bolsos - um exemplo para a menina que a imitava enquanto criança na sua maneira de se vestir, agir... Na idade adulta, continuou a imitá-la até na profissão.


    Dona Áurea era muito caridosa, fazia queijadinhas e as vendia para comprar enxoval para as crianças pobres.


    Certa vez, Maria Isabel, teve que faltar à escola. Ficou em casa brincando de escolinha, e para imitar a professora, amarrou uma blusa de lã do lado avesso na cintura, pois assim ficaria idêntica à saia da professora, com as mangas no lugar dos bolsos laterais.


    Naquela época, as professoras iam à casa dos alunos faltosos para verificar o motivo da falta, e Dona Áurea foi até a sua casa.


    Entretida com a brincadeira, Maria Isabel não percebeu a chegada da professora, que ao vê-la quase igual a ela, deu um grande sorriso. A menina ficou envergonhada e sua mãe explicou a professora o motivo de sua falta na escola.


    O tempo passou e Maria Isabel cresceu.


    Apesar de esperta e curiosa, a menina apresentava algumas dificuldades de aprendizagem na escola.

   Certa vez, quando estava na 4ª série, estudando com a dona Iolanda, fez uma prova de leitura e ficou curiosa para saber a sua nota.


    Ela havia visto que a professora havia guardado a folha com as notas na sua gaveta, mas naquele tempo, ninguém mexia nas coisas da professora, ficando as gavetas e armários sem cadeados ou fechaduras.


    Apesar disso, a curiosidade foi maior, e ela e sua amiga, esperaram todos saírem da sala, entraram e foram remexer nas provas. De repente surge a professora e as pega no flagra.


    Como castigo, tiveram que escrever 100 vezes “Não devo mexer nas coisas da professora”. Seu pai ficou muito bravo, e aumentou o castigo, exigindo que ela escrevesse o dobro, 100 vezes pela professora e 100 vezes por ele. Naquele dia, Maria Isabel, ficou com a mão doendo de tanto escrever, mas aprendeu a lição.


    Mas nem tudo em sua vida foi de felicidade. 


    Quando Maria Isabel tinha 11 anos, seu pai faleceu e para criar os filhos sua mãe teve que se dedicar ainda mais a costura, para dar conta de criar as filhas.


    Maria Isabel continuou os estudos, fez o Ginásio na Escola Estadual Randolfo Moreira Fernandes e o Colegial na Escola Estadual Dom José de Camargo Barros. Depois, cursou o Magistério em Itu, sempre com a ajuda e incentivo da mãe, porque não dava para trabalhar e estudar.


    Depois que se formou Maria Isabel se casou. Teve dois filhos, Adriana, que seguiu a carreira da mãe, desde pequena a imitava em seus afazeres como professora e acreditem, também se formou professora e hoje leciona na escola que tem como patrona a professora que sua mãe tem ótimas recordações, “Dona Áurea Moreira da Costa”, e Marcelo, que é administrador de empresas.


    Maria Isabel iniciou sua carreira, lecionando na Fazenda Santa Eliza, em Indaiatuba, onde ficava a semana toda e exercia várias funções: professora, merendeira.... e só voltava para casa nos finais de semana, de carona, na perua do padeiro, Sr. Laércio Mattioni.


    Posteriormente, Maria Isabel, foi lecionar na Escola Áurea Moreira da Costa, até se aposentar, em 1989.


    Hoje, Maria Isabel, é uma pessoa feliz. Realizada profissionalmente, curte os netos e mantém uma vitalidade invejável.


    É um exemplo a ser seguido.




Festa das Nações - 1959 ou 1960 (?)
Maria Isabel Seabra é a quarta, da esquerda para direita
Crédito: Dinossauros de Indaiá (Facebook)


Festa das Nações - 1959 ou 1960 (?)
Maria Isabel Seabra é a do meio, em pé, no primeir plano
Crédito: Dinossauros de Indaiá (Facebook)

A Professora Maria Isabel Seabra, filha de Abílio Seabra e Irene Fernandes Seabra,  faleceu na pandemia em 06 agosto de 2020, vitimada pela Covid. A partir de sábado, com a inauguração da Praça "Professora Maria Isabel Seabra Pigatto" seu nome ficará eternizado na cidade que tanto amou, onde gerou e cuidou de sua família, onde fez amigos queridos e onde seus alunos serão sempre gratos por sua gentil atenção. 

R.I.P.



A Praça Professora Maria Isabel Seabra Pigatto é composta por quadra, campo, espaço pet, academia ao ar livre, playground e pista de caminhada.

A cerimônia de inauguração terá início 9h e contará com o plantio de 20 mudas de árvores e a animação do Koringa.








terça-feira, 15 de novembro de 2022

Há sentido na comemoração dos 133 anos da Proclamação da República Brasileira?

DANIEL BELO 

Jornal Indaiatuba 107.1 FM

Ano 1 - Edição 36 de 11 de novembro de 2022

Antes de saber se há sentido comemorar ou não, é preciso saber do que estamos falando. Para a Ciência Política, definições e explicações bem fundamentadas são essenciais. Um bom começo para o entendimento, que na maioria das vezes não chega nem perto de ser suficiente, é observarmos a origem das palavras: “Res publica”: em latim, língua principal falada pelos romanos, significava “coisa do povo”.

Historicamente – e isso se repetirá no Brasil -, a república foi sendo gradualmente criada em Roma como uma nova forma de governo que fosse oposta à tirania dos monarcas (reis), que governavam como bem queriam e sem serem escolhidos pelos cidadãos através do voto. Hoje em dia, a maioria dos países do mundo são repúblicas, mesmo tendo tantas diferenças políticas, econômicas e culturais entre si. Em geral, república é uma forma de governo que busca ser “do povo, pelo povo e para o povo” (nas palavras do abolicionista Abraham Lincoln) e que se difere da monarquia no seguinte sentido: o governo é sustentado através de algum sistema capaz de medir a vontade dos governados (normalmente esse sistema é o voto) - e não herdado ou justificado divinamente, como acontece nas monarquias.

No caso brasileiro, não dá para pensar monarquia sem pensar na escravidão. Neste território, a monarquia começou quando os primeiros humanos foram cruelmente subjugados à condição de escravizados. E, neste território, a monarquia acabou junto da abolição da escravidão.  Para você ter ideia de como isso se confirma: foram meses, literalmente, que separaram o fim da escravidão (1888) do fim da monarquia brasileira (1889), depois de séculos de muita luta do povo negro brasileiro, somado aos esforços dos poucos, mas barulhentos brancos abolicionistas nas cidades e no Senado.

O último monarca do Brasil, Pedro II, não pagou por seus crimes, manteve a escravidão até não conseguir mais, foi expulso do país por um governo transitório de militares e morreu de velhice. Pedro II deixou um país fundado na violência generalizada, faminto de fome, de cultura, de fraternidade, de liberdade e de igualdade.

Há sentido, então, em comemorar os 133 anos da Proclamação da República Brasileira? 

Sim, e muito: pelo fim da escravidão, pelo fim da monarquia e pela república ser o “apito inicial” para conseguirmos trilhar um caminho difícil mas bonito, cujo fim deve ser a construção de uma nação democrática “do povo, pelo povo e para o povo”.

 

"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927).


sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Homenagem póstuma ao professor Luiz Antonio Marconato

 Prefeitura entrega placa em área de lazer que homenageia professor 

Luiz Antonio Marconato


O prefeito Nilson Gaspar participou na manhã desta sexta-feira (11/11) da homenagem feita ao professor Luiz Antonio Marconato, com a instalação da placa que dá nome à área de lazer localizada no Floresta Parque, no Jardim Paulista. A Lei é de autoria do vereador Alexandre Peres. Representantes da Diretoria de Ensino da Região de Capivari e direção e alunos da Escola Estadual “Professora Maria Bernadete Amgarten Peres”, onde o homenageado foi vice-diretor, participaram da cerimônia. A data também foi marcada pelo plantio de 20 mudas de árvores no espaço.


O HOMENAGEADO

O professor Luiz Antonio Marconato, nasceu em 10 de setembro de 1965 em Monte Alto, interior do estado de São Paulo, vivia em Indaiatuba desde 1996 e faleceu em 17 de outubro de 2021. Foi professor em diversas escolas Estaduais em Indaiatuba, mas se destacou como professor na escola “Professora Suzana Benedicta Gigo Ayres” e como vice-diretor da Escola Estadual “Professora Maria Bernardete Amgarten Peres”. Trazia consigo a frase “Nunca desistir de nenhum aluno” e para ele a Educação foi e será o único meio para um futuro melhor, para pessoas melhores, para cidadãos melhores. Isso fez dele uma pessoa muito querida pelos alunos, que sentiram bastante sua repentina morte em 2021.



Professor Luiz Antonio Marconato morou 26 anos em Indaiatuba



INAUGURAÇÃO DA PLACA E LOGRADOURO

Gaspar falou de sua satisfação com a homenagem proposta pelo vereador Alexandre Peres e orientou os alunos presentes a ajudarem na conservação do espaço, que concentra equipamentos de lazer para todas as idades, incluindo uma pista de skate. “Esse cuidado com a cidade é um dever de todos nós, principalmente de vocês que serão os responsáveis por Indaiatuba no futuro. Um dia eu estive no lugar de vocês e hoje estou prefeito, trabalhando para fazer o melhor para nossa cidade. E posso afirmar que a Educação é o caminho certo para vocês conquistarem o que quiserem”, resumiu.

O vereador Alexandre Peres lembrou que a ideia da homenagem surgiu quando ele participou da primeira homenagem póstuma que a escola fez ao professor Luizinho, como era conhecido pelos colegas de trabalho e alunos.  “Eu lembro que o Luizinho sempre que me encontrava pedia umas plantinhas, umas florzinhas para plantar na escola que leva o nome da minha mãe. Então, concluí que ele gostava de plantas, o que me deu a ideia de propor que essa área do Floresta Parque, que fica próxima à escola onde ele trabalhava, recebesse o nome de Professor Luiz Antônio Marconato. Ele era uma pessoa muito querida pela comunidade escolar e por isso assumimos esse compromisso que estamos concretizando hoje”, enfatizou.

A família do homenageado não reside em Indaiatuba e foi representada pela amiga Marineide Santos de Sá e Kauan dos Santos Conde.

A vereadora Silene Carvalini, o secretário de Serviços Urbanos, Guilherme Magnusson, e o vereador licenciado e secretário de Governo, Luiz Alberto Cebolinha Pereira prestigiaram o evento em homenagem ao saudoso mestre.








Homenageado era vice-diretor da Escola Estadual “Professora Maria Bernardete Amgarten Peres”

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