Caio Silva, Denis Rodrigo e Paulo Cesar Ramos
No último feriado, 15 de novembro, ocorreu em Indaiatuba um ato contra a escala 6x1, realizado no Parque Ecológico, na altura do Parque Temático. A manifestação, marcada para as 10h, sofreu com a baixa circulação de pessoas no local, contando com a participação de, no máximo, 40 pessoas ao longo do evento.
O ato faz parte de uma ampla mobilização nacional em apoio à PEC da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que propõe o fim da jornada de trabalho de 44 horas semanais. Essa proposta dialoga com iniciativas já apresentadas por figuras como o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) e o senador Paulo Paim (PT-RS). Erika Hilton, no entanto, trouxe um diferencial ao alinhar-se com o influenciador Rick Azevedo, vereador no Rio de Janeiro com 30 mil votos em uma campanha de baixo custo. Rick lidera o movimento Vida Além do Trabalho, conhecido por sua forte atuação nas redes sociais, ampliando o alcance do debate sobre a redução da jornada sem perda de direitos.
No ato de Indaiatuba, militantes dos partidos de esquerda tiveram papel central na organização. O evento contou com a presença do PT, PSOL e UP, embora este último não tenha um diretório formal na cidade. Apesar disso, a UP destacou-se pelo envio de jovens dirigentes que marcaram presença significativa. Entre os petistas, havia 11 pessoas, incluindo duas crianças, e três fizeram discursos utilizando o microfone, sendo o presidente uma delas. Um dos militantes petistas destacou os abusos enfrentados pelos trabalhadores submetidos a esse regime e os impactos negativos na vida familiar, qualidade da criação dos filhos e acompanhamento emocional e escolar das crianças. Também a fala de outro militante petista indicou a necessidade de prosseguir com aquela mobilização e construção de uma audiência pública sobre o tema na cidade.
O evento, que se estendeu até as 12h, teve uma programação modesta, com circulação pelo parque até as 11h30 e discursos dos participantes a partir deste horário. No entanto, foi evidente a ausência de apoio institucional das centrais sindicais da cidade, mesmo havendo uma diversidade de representações sindicais em Indaiatuba. Com exceção do presidente do SINPRO, nenhuma direção sindical parece ter mobilizado ou enviou representantes, tampouco levaram materiais, bandeiras, panfletos ou demonstração de apoio formal.
Apesar das dificuldades de mobilização e da baixa adesão popular, o ato em Indaiatuba demonstra o compromisso das bases militantes locais com a luta pela redução da jornada de trabalho. O protagonismo da UP, junto com outros partidos de esquerda, evidencia a persistência de movimentos sociais em pautar temas transformadores, mesmo enfrentando desafios como a pouca participação popular e o silêncio das lideranças sindicais. O debate sobre o fim da escala 6x1, inserido em um contexto mais amplo de redução da jornada, pode se consolidar como uma marca importante do terceiro governo Lula, caso avance com o apoio da sociedade.
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