terça-feira, 29 de outubro de 2024

A HISTÓRIA DO TIJOLO À VISTA EM INDAIATUBA



 

Na década de 80 do Século XX, o tijolo à vista foi usado tão extensivamente na nossa região que impregnou seu visual nessa época; mas poucos sabem que a sua origem é MUITO anterior, e que foi uma inteligente ferramenta que visava facilitar a venda de produtos manufaturados ingleses e norte americanos e a captação de mercados de consumo para produtos estrangeiros no Brasil e em todo o mundo colonial.

Apesar do tijolo à vista ter sido usado desde a Roma antiga, é sua versão da Era Industrial que marca a primeira presença desta linguagem na região de Indaiatuba, versão chamada posteriormente de ALVENARIA INDUSTRIAL INGLESA, podendo ser considerada uma das primeiras versões históricas de pré-fabricação e prototipagem em arquitetura, sendo uma inteligente solução para executar projetos concebidos para receber equipamentos e máquinas vendidos para qualquer lugar do mundo.
Esse estilo é determinado por uma técnica construtiva baseado em materiais básicos que existem em praticamente qualquer local por onde a ferrovia chegasse no fim do séc. XIX e início do XX. Os engenheiros ingleses desenvolveram soluções para serem implantadas de maneira simples e eficiente, apenas com TIJOLOS DE BARRO, esquadrias executadas com madeira das caixas de peças, algumas vezes com estruturas adicionais que podem utilizar somente o aço dos trilhos ou poucas peças pré-moldadas importadas.
A linguagem dos prédios de Alvenaria Inglesa é resultado da textura obtida através do assentamento dos tijolos aparentes e representam elementos da arquitetura clássica como pedestais, pilastras, entablamentos e frontões.
Um dos mais antigos prédios de tijolo à vista da cidade foi a ESTAÇÃO PIMENTA, construída pela Companhia Ituana de Estradas de Ferro, que chegou na cidade no ano de 1873. Todos os elementos históricos que dão certa linguagem ao prédio que possuem função estrutural, são vergas retas de portas ou arcos de tijolos, pilastras e oitões de empenas laterais que sustentam estruturas muitas vezes feitas de trilhos de trem, tirantes metálicos ou madeira da região.
Outro exemplar foi o prédio da TULHA DO CASARÃO PAU PRETO, construído para receber maquinário adquirido para beneficiamento de café, desenvolvido com os mesmos recursos e tecnologia das estações ferroviárias, lembrando que estas pesadas e volumosas máquinas, apenas conseguiam chegar por nossas terras com o advento da chegada dos trens. A Alvenaria Inglesa é uma ferramenta de capacitação de mercados de consumo para receber com velocidade os equipamentos adquiridos.
O Prédio da TULHA do Casarão Pau Preto possui exatamente o mesmo acabamento do prédio da FUNDIÇÃO LIDGERWOOD em Campinas, sede da distribuidora de equipamentos agrícolas importados, o que ilustra a utilização desta tecnologia construtiva nos prédios destinados a receber maquinário vendido pela empresa para todo o estado de São Paulo.


Durante muito tempo os acabamentos da Tulha do Casarão e da Estação Pimenta foram reproduzidos em muitas fachadas da cidade para imputar "modernidade ferroviária" aos edifícios, e hoje são textura muito utilizada para REVIVER épocas passadas, ou trazer rusticidade do tijolo em estado bruto para projetos contemporâneos.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Associação Beneficente Abid celebra 25 anos em evento na Câmara

 Entidade é responsável por acolhimento institucional de crianças e adolescentes


Representantes da Associação Beneficente Abid promoveram na manhã desta quinta-feira (17) evento alusivo aos 25 anos da entidade, considerada referência no acolhimento institucional de crianças em Indaiatuba. O evento contou com as presenças de funcionários da associação, membros da sociedade civil organizada, agentes do poder público e parceiros da Abid. O presidente do Legislativo, Dr. Luiz Carlos Chiaparine, foi representado pelo vereador Sérgio José Teixeira.

Voltada à proteção social especial de alta complexidade, a entidade abriga crianças que estão em situação de risco. Até que retornem a suas famílias e cuidadores designados ou que sejam adotados, recebem toda a proteção necessária e atividades educativas e culturais.

No evento comemorativo foi apresentado o histórico da entidade, cujas ações são direcionadas para minimizar o tempo de institucionalização. Entre os programas detalhados está o Projeto Moradas, em que famílias acolhedoras acolhem crianças e adolescentes por períodos provisórios.

“O problema do abandono nunca é da criança. O problema é da sociedade que a deixou exposta a essa situação”, manifestou a mobilizadora de recursos da Abid, Tamires Ribeiro. “O que nós precisamos é garantir que no futuro próximo não haja mais crianças em risco”.

A supervisora do Projeto Acolher, Jane Valente, falou sobre iniciativas que garantem os direitos das crianças que se encontram afastadas do convívio familiar. Em outro momento, dirigentes da entidade e representantes de secretarias municipais participaram de uma mesa de debates realizada no plenário. Em pauta, a importância da intersetorialidade na definição de políticas públicas voltadas para crianças em situação de vulnerabilidade.

“A Abid presta um trabalho fundamental para Indaiatuba e para a região, e por isso merece o reconhecimento da Câmara nestes 25 anos de protagonismo no acolhimento institucional”, apontou o professor Sérgio Teixeira, que reforçou o papel do Legislativo e do Executivo na manutenção dos convênios que garantem parte dos projetos desempenhados pela entidade.




Imagens e Texto: Câmara Municipal de Indaiatuba (divulgação).


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HISTÓRICO

A Associação Beneficente ABID é uma OSC - Organização da Sociedade Civil, sem fins enconômicos ou lucrativos, fundada em 01 de outubro de 1.999, por um grupo de pessoas pertencentes à sociedade de Indaiatuba, objetivando atender em regime de abrigo, crianças em situação de risco psicossocial, encaminhadas pelo Poder Judiciário, residentes no município de Indaiatuba.

A princípio foi nomeada como Associação Beneficente Irmã Dulce em homenagem às obras realizadas por ela, mas por razões de patente teve seu nome alterado para Associação Beneficente ABID. 

Em 2003 teve incício o Serviço de Acolhimento Institucional e, em poucos meses registrava-se em torno de 30 crianças e adolescentes, justificando a necessidade do serviço. Assim vem vem contribuindo, através de seus projetos, para que crianças e adolescentes sejam consideradas sujeitos de direito, bem como garantir a convivência familiar e comunitária e a disseminação de cultura.
Nesse sentido, a Associação desenvolve projetos culturais e assistências que buscam garantir a segurança básica, integridade física e desenvolvimento psicossocial como o Projeto Acolher, Projeto de Vida, CIF Conviver, Projeto CIF Oficina de Dança, e Projeto Moradas.




Em cumprimento ao ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, a ABID tem como base:

 Preservação dos vínculos familiares;
 Integração de crianças e adolescentes em família substituta (adotiva), quando esgotados os recursos de manutenção na família de origem;

A centralidade na família é enfatizada pelas políticas públicas, destacando a Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004) que reconhece as Organizações da Sociedade Civil - OSC’s, como corresponsáveis na construção e mediação de garantia dos direitos às famílias, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS nº109/2009).

Veja mais sobre a História da ABID aqui.


domingo, 13 de outubro de 2024

Eleições 2024 e o futuro das políticas públicas sobre nossa História

Eliana Belo Silva

 

Patrimônio Cultural  é definido como um conjunto de bens móveis e imóveis  cuja conservação é de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história, quer por seu valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.


Desde a extinção da Fundação Pró-Memória feita através da Lei Complementar 71 de 23/03/2021, de autoria do prefeito Nilson Gaspar e aprovada por todos os vereadores da Base, o patrimônio cultural de Indaiatuba passou a ser de responsabilidade da Secretaria da Cultura, mais especificamente de uma estrutura denominada Departamento de Preservação e Memória, formada por três gerências, a de Gestão do Arquivo Público, a de Gestão da Biblioteca Municipal e a de Gestão do Museu Municipal e um Conselho de Preservação. Desde então, pouco tem-se visto de ações de divulgação das ações do novo Departamento/Conselho e nada foi planejado, divulgado e feito com inovação, seguindo o DNA da extinta Fundação que, além da organização do Arquivo Público (seu maior legado), da viabilidade da construção da Casa da Memória e do tombamento de alguns bens depois de muita pressão popular, também pouco realizou quando se considera a estrutura funcional que teve por praticamente 27 anos.

Passada a eleição municipal de 2024, com a vitória do candidato Custódio Tavares (MDB), necessário é inferir sobre o cenário futuro da História, Memória e Patrimônio de nossa cidade, (1) com  base nesse passado de ações mornas, (2) com base nas ações dos vereadores da Câmara Municipal e (3) com base nos compromissos declarados pelo futuro prefeito, tomando-se como referência suas promessas de campanha, registradas em seu Plano de Governo.

Dos atuais doze vereadores (muito pouco, pelo número de eleitores), nove foram reeleitos e apenas as duas únicas mulheres, Ana Maria dos Santos (da Oposição) e Silene Silvana Carvalini (da Base) não foram. Nove vereadores voltarão para a Legislatura de 2025/2028 com apenas três novos nomes: Clélia Santos e Túlio José Tomass do Couto (Base) e Danilo Bertipáglia Barnabé (Oposição). Os nove vereadores reeleitos foram questionados sobre o trabalho que já haviam feito na Câmara Municipal de Indaiatuba em pról da História, Memória e Patrimônio de Indaiatuba e apenas o vereador da oposição Du Tonin se posicionou (em texto que você poderá ler, em breve, aqui). Os demais vereadores da Base - Adalto, Alexandre Peres, Cebolinha, Hélio Ribeiro, Indio da 12, Leandro Pinto, Othniel e Prof. Sérgio,  não responderam à questões feitas pelo blog, o que nos leva ao direito de inferir sobre o descompromisso ou com o desprezo pelos temas.  Resta-nos acompanhar a próxima legislatura, principalmente na viabilidade das ações propostas o que é muito diferente das muitas tentativas feitas por alguns vereadores - sempre os mesmos: Du Tonin, Prof. Sérgio e Alexandre Peres - que apresentaram propostas, mas que não foram viabilizadas pela Secretaria da Cultura.

No Plano de Governo protocolado pelo então candidato Custódio Tavares, há, timidamente e sem nenhum desdobramento em ações, o compromisso de (...) "no desenvolvimento da cidade, garantir o uso sustentável (...) do patrimônio cultural e histórico" - o que é obrigatório por Lei e nem deveria ser citado como promessa de campanha. Lamentavelmente, apenas isso. No capítulo sobre compromissos com a Cultura, o assunto não foi citado em nenhuma ação. Em outras palavras: "cumprirei a Lei, mas com foco no desenolvimento da cidade". Notem bem: o assunto foi citado tendo "o desenvolvimento da cidade" como sujeito da frase. Mais do mesmo em um governo de quase 30 anos que sempre privilegiou a expansão territorial em detrimento do desenvolvimento sustentável, e a falta e problemas com a qualidade da água é a maior testemunha que temos disso. 

A Secretaria de Relações Institucionais e Comunicação (RIC) da Prefeitura Municipal de Indaiatuba foi questionada sobre o teor do conteúdo do Plano de Governo do prefeito eleito Custódio, uma vez que ele foi apresentado amplamente como o "candidato do atual prefeito Nilson Gaspar", mas não houve resposta.

O Plano de Governo do candidato eleito Custódio, quando comparado aos demais, só não é pior do que o do candidato Fabrício Salvaterra (NOVO) que citou os assuntos em duas oportunidades de seu planejamento: inicialmente afirmando que (1) a polícia iria guardar o patrimônio histórico (...) além de combater o tráfico de drogas (tudo na mesma linha). Em seguida (2) atribuindo à iniciativa privada a responsabilidade pelo desenvolvimento do setor da Cultura que iria "reconhecer e valorizar as referências históricas, culturais e identitárias" cabendo a prefeitura o papel de incentivador. Esses dois itens são "incomentáveis".

A título de nota, os demais candidatos ao pleito registraram os seguintes itens em seus Planos de Governo, por ordem alfabética:

Professora Bel (PT):

  • Restaurar e revitalizar espaços históricos de Indaiatuba, transformando-os em pontos de interesse cultural e turístico, preservando o patrimônio e criando novos atrativos para residentes e visitantes;
  • Destacar e preservar a memória e o patrimônio cultural negro, promovendo ações que combatam o apagamento histórico e valorizem a contribuição das comunidades negras para o desenvolvimento da cidade;
  • Criar roteiros turísticos temáticos que valorizem a história, cultura e natureza de Indaiatuba, atraindo visitantes e fomentando o turismo local; 
  • Implementar programas educativos nas escolas municipais que promovam a história e a cultura afro-brasileira, além de combater o racismo e a discriminação racial. 


Bruno Ganem (PODEMOS):

  • Reorganizar o Sistema Municipal de Cultura de Indaiatuba, priorizando as culturas  afro-brasileira, indígena e dos muitos migrantes (nordestinos, riograndenses e paranaenses, principalmente) e imigrantes (suíços, alemães, libaneses, italianos, japoneses, coreanos, bolivianos, entre outros) e artistas locais, propondo um Plano Municipal de Cultura - em consonância com o Conselho Municipal de Política Cultural - que estimule a produção inovadora, mas também mantenha as tradições do passado de tal forma que fomente uma identidade cultural local, que proporcione exponencialmente a percepção de pertencimento de cada cidadão ou cada coletivo à nossa Indaiatuba, mitigando as exclusões e valorizando uma cultura de paz. (ODS 11) 
  • Instituir um Programa de Formação Cultural, realizando periodicamente cursos, oficinas, fóruns e seminários de qualificação de gestão cultural, linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura, capacitando assim os agentes públicos e agentes culturais independentes, incluindo todos os tipos de arte, sem detrimento de nenhuma: música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos (HQ), jogos eletrônicos e arte digital. (ODS 4)  
  • Promover o turismo rural, através de meios que valorizem os produtos, história e memória das famílias camponesas bem como a promoção e outras atividades como: trilhas, passeios a cavalo, observação de aves, pesca, colheitas participativas e outras experiências que promovam as tradições rurais locais, incluindo festivais e feiras. (ODS 8)
  • Dinamizar o Calendário Municipal já existente e ampliá-lo, com programação diversificada priorizando a participação dos locais, que façam apresentações artísticas que retratam as tradições culturais locais, incluindo a história, a memória e os saberes de Indaiatuba. (ODS 16) 
  • Criar o Sistema Municipal de Museus, integrando as ações do Museu do Casarão Pau Preto “Antonio Reginaldo Geiss”, Museu da Água, Museu Ferroviário, Museu do Mirim e Arquivo Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho”. (ODS 11)
  • Criação do evento “Noite nos Museus”, na qual os museus oferecem visitas noturnas. (ODS 11)
  • Elaborar Planos Expositivos – inclusive virtuais - que priorizem a História, Memória e Patrimônios locais, considerando a pluralidade dos munícipes indaiatubanos e suas diversas origens e saberes: etnias afro-brasileira, indígena e dos muitos migrantes (nordestinos, riograndenses e paranaenses, principalmente) e imigrantes (suíços, alemães, libaneses, italianos, japoneses, coreanos, bolivianos, entre outros). (ODS 11)
  • Disponibilizar conteúdo do acervo do Arquivo Público Municipal de forma virtual. (ODS 11)
  • Firmar parcerias com museus e colecionadores particulares. (ODS 11)
  •  Implementar o Programa Memória Pró-Idosos garantindo a visitação de idosos aos espaços de cultura e patrimônio da cidade. (ODS 10)     
  • Estimular a geração de conteúdo para visibilizar diferentes rotas: Rota das Nascentes, Rota Gastronômica, Rota dos Produtos e Saberes Rurais, Rota Histórica e outras que possam gerar desenvolvimento econômico e social. (ODS 8) 
  • Ressignificar o sistema de tombamento do patrimônio material e imaterial do município: prover especial ações aplicáveis aos patrimônios históricos já tombados e em fase de indicação para tombamento; entre outras ações, rever a Lei sobre Tombamento, fazer reserva financeira para fazer manutenções nos bens públicos tombados e equipar o Conselho de Preservação com profissionais técnicos. (ODS 11)
  •   Valorizar a cultura popular local: Carnaval, Jongo, Folia de Reis e outras a serem inventariadas. (ODS 11) 
  •  Produzir e publicar livros sobre a História de Indaiatuba e sobre Educação Patrimonial para o público infantil e para Educadores explorarem os patrimônios da cidade. (ODS 4)
  • Desenvolver materiais de divulgação dos patrimônios locais aos turistas. (ODS 11)
  • Estabelecer políticas de aquisição de acervo para os museus municipais e arquivo público. (ODS 11)
  • Produção de um catálogo online do patrimônio material e imaterial da cidade. (ODS 11) 

Frodo (PSTU)

  • Construir políticas afirmativas de produção e difusão de arte e cultura dos grupos sociais minoritários, como Negros e Negras, Comunidade LGBTQIA+, Povos Originários, Pessoas com Deficiência, entre outros;
  • Construção de um Centro de Memória da História negra, indígena e de outras minorias sociais a cidade;
  • Apoio aos movimentos culturais e sociais das pessoas negras, indígenas e de outras minorias sociais, em especial com apoio para infraestrutura, formações e debates; 
  • Reconhecimento do histórico social e econômico da maioria das crianças e suas famílias, para adequação do ensino a essas realidades, e assim promover uma educação emancipatória;
  • Estruturar e conferir um ordenamento ao (...) Sistema de proteção do patrimônio cultural.

O blog acompanhará a próxima legislatura divulgando as ações dos vereadores que forem viabilizadas pela Secretaria da Cultura, assim como continuará a divulgar as ações feitas na nossa cidade em pról à História, Memória e Patrimônio.









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