(texto de Ejotaele - Continuação deste daqui)
Fechando os parênteses, voltemos à tarefa da nomenclatura dos tipos escolares do nosso tempo. O Hermenegildo Pinto, ou melhor, o Girdo, mercê sua voz, era o melhor cantor da classe; era também o melhor declamador e o mais forte em desenho.
O Aldo Bertolotti e o José de Campos eram alunos aplicados e os que mais se destacavam em caligrafia, conosco revezando nos primeiros lugares da classe.
Leandro, o saudoso pretinho, era safado como um saci.
Quem não se lembra do Vicente Schettini, atormentando a todos com sua “verve”?
Morreu o Note, jovem ainda, de maneira trágica em Penápolis, onde fora residir, vítima de um tiro acidental de espingarda.
O Noldo, Ademar e Laerte Passos, perversos e atilados, dando tratos a bola dos progenitores. Sua mãe era a velha professora D. Claudinha, de quem já falamos.
Menino humilde, aluno diligente e exemplar era o Severiano Araújo, do “João do Sul”.
O Jaime Amaral e o João Guedes, este gaiato, trazendo consigo frequentemente um sorriso de malícia, aquele, astucioso e melandraço. O Mario Guedes pontificava na célebre Rua da Palha...
Mano e Né, dupla que era famosa pelos seus disparates e palhaçadas, irresistíveis como dois saguis, eram dois irmãos criados à solta, tão cedo atirados ao torvelinho da vida. Não obstante, não se perderam na voragem dos vícios.
Amante de caçar passarinhos era Arsênio Pazini, que vivia as voltas com as arapucas, alçapões e os seus “pintasirvas”.
O Zé Petri, da cervejaria, morigerado, mas sempre pronto como um soldado prussiano. O Sapezá era o tipo do menino corisco, tal a esperteza dos seus trejeitos.
Joaquim Gunther, tipo mais de colegial do que propriamente de aluno de escola primária, era inteligente e disciplinado como um solado prussiano.
Sóbrio e tenaz como um lusitano, forte de compleição, era João Nunes Beccari.
O Dito do “Nhô Barro” de fisionomia feminina, era um menino tímido e possuía a inclinação para “brincar de trem” e “brincar de guerra” e nisto era um exímio “guerreiro”. Zezinho do Nhô Barro, ao contrário, tinha um ar de bilontra, escorregadio como peixe.
O Zé Caju era rapazinho retraído em razão de seus recalques. A garotada o atormentava constantemente e enraivecia-se como um galo indiano, quando o chamavam pela alcunha pejorativa.
Houve um Job da Nenê Pompeo, menino débil e bonzinho, indo residir na Capital.
O Nino Canata era felino incorrigível vivendo às voltas com as “surras” que o pai lhe dava. Não menos matreiro, era o “Zé Taperá”, de Nhá Camila, pouco amigo da escola.
Dois Tico existiam: Um, Tico de “Nhô Teço”, menino probo, pele de recém-nascido, dono de uma educação paternal bem cuidada, pouco dado às traquinadas; o outro, o Tico da “Nhá Colada”, que residia nos extremos da cidade, confinavam um pouco aquém do atual campo do Primavera, era o diabo em forma de gente. Ali, próximo à sua casa, no Largo da Cadeia, à noite; era o teatro das mais requintadas travessuras infantis sob seu comando que só acabavam com o toque de “recolhida”, sinal que era de recolher-se, dado pelo sino da Cadeia, às nove da noite, costume usado na cidade quase vila, na primeira década deste século. Campeava, então, infrene, a brincadeira por vezes licenciosa. Ponto é confessar que jamais esquecemos aquele famigerado brinquedo de “pega a lebre”...
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