segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Primeira família de japoneses, de Nakaji Gomassako, chegou a Indaiatuba em 1935, na Fazenda Pimenta


Comunidade japonesa: 80 anos de imigração em 2015


O ano de 2015 marcou os 80 anos de imigração japonesa no município. História marcada por muito trabalho e organização, já que em 1947 seria fundada a Nihonjinkai, que daria origem à Associação Cultural e Esportiva Nipo Brasileira de Indaiatuba (Acenbi).

O começo desta história remete ao ano de 1930, marcado por um período de crise na economia brasileira, gerada pela queda na exportação do café, devido a uma grande crise mundial do produto. Com isso, grandes fazendas localizadas na região mogiana, que englobava de Campinas a Ribeirão Preto, acabaram indo à falência. 

Observando o momento de instabilidade, imigrantes japoneses dessa região investiram em pequenas plantações de arroz e algodão em outras fazendas da região. 

O imigrante Nakaji Gomassako, que morava onde hoje é o trevo de Campinas, na região do quilômetro 96 da Rodovia Anhanguera, foi um dos que abandonaram as fazendas de café.



O ano era 1935 e Gomassako chegava com a família na Fazenda Pimenta, para dar início à sua plantação de algodão, em um terreno arrendado. 

Com as péssimas condições das estradas vicinais existentes na época, a solução era utilizar a Estrada de Ferro Ituana, que ligava Campinas a São Paulo, e que acabou atraindo outros imigrantes para as imediações das linhas Ituana e Douradense. 

Em 1941, a Fazenda Pimenta receberia Teruo Imanishi e Uichi Miyake, que também arrendariam um pedaço de terra, e em seguida as famílias Takahashi e Miura, aumentando gradativamente o número de imigrantes japoneses na região, formando uma pequena colônia. 

De início, todos cultivaram o algodão, mas aos poucos introduziram o tomate em suas plantações. Mesmo com excelentes condições de transporte e um solo que propiciava e possibilitava a plantação simultânea de algodão e tomate, a primeira metade da década de 40, marcada pela 2ª Guerra Mundial, trouxe poucas famílias japonesas. No entanto, ao término do conflito, o número de famílias aumentaria exponencialmente. 

Visando basicamente o cultivo de café, muitos migraram para o norte do Paraná e outra corrente migrou para região próxima a São Paulo, visando o cultivo de hortaliças. Dessa segunda corrente, muitos acabaram por migrar na direção de Campinas e Jundiaí. 

Assim, iniciaram-se as migrações para as cercanias de Indaiatuba, aumentando a presença de japoneses na cidade. 

No início de 1947, Magotaiyu Kuwahara instalava-se em Valinhos, enquanto Miyoji Takahara chegava a Indaiatuba. 



Ainda naquele ano, a Fazenda Pau Preto acolheria as famílias de Yoshiro Hayashi, Takashi Fujiwara, Tamotsu Fujiwara e Etsutaro Tumoto, todas dedicadas ao cultivo de tomate. 

No período que antecedeu a 2ª Guerra Mundial, o pensamento entre os japoneses era de trabalhar durante dez anos no Brasil, acumular riquezas e volta à terra natal. Porém, ao término do conflito, muito desistiram e resolveram permanecer em definitivo. 

Para tanto, teriam que adaptar-se aos costumes locais e passaram a adquirir suas próprias terras. 

Outra necessidade urgente surgiria: educar seus filhos neste país. 

Muitas escolas de língua japonesa foram criadas antes da 2ª Guerra Mundial, mas um decreto do governo brasileiro datado de 25 de dezembro de 1938 obrigaria o fechamento de todas. 

Com a queda do decreto, em 18 de setembro de 1946, os japoneses passaram a se organizar para a formação de associações e aberturas de novas escolas.

 Foi então que em 7 de setembro de 1947, sob a liderança de Teruo Imanishi, os japoneses residentes em Indaiatuba fundariam o Nihonjinkai, com a denominação Associação de Japoneses da Região Ituana. 

A primeira era composta por Teruo Imanishi como presidente, Koichi Takahashi como vice-presidente, Nakaji Gomassako e Etsutaro Tumoto como conselheiros e Yassube Yoshioka como tesoureiro. 

A sede foi construída na Colônia Bicudo, na Fazenda Pau Preto, onde a maioria dos japoneses estava estabelecida. De início, a comunidade se reunia esporadicamente em confraternizações, mas com a chegada de novas famílias, as atividades esportivas cresceram e uma escola de língua japonesa foi montada. 

Em janeiro de 1952, em assembleia composta por 32 pessoas, o Nihonjinkai passaria a se chamar Associação de Japoneses de Indaiatuba, transferindo a sede para o centro, que existe até hoje. 

“Hoje mantemos nossas tradições com apoio da Japan International Cooperation Agency (Jica), que nos enviam professores voluntários para ensino da língua e dos esportes, como beisebol e softbol”, conta João Yamate, presidente da Acenbi.



Créditos:
Texto de Fábio Alexandre.
Publicado originalmente no jornal TRIBUNA DE INDAIÁ
(ao utilizar informações e imagens para sua pesquisa, cite sempre as fontes originais)

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