Comunidade japonesa: 80 anos de imigração em 2015
O ano de 2015 marcou os 80
anos de imigração japonesa no
município. História marcada
por muito trabalho e organização, já que em 1947 seria fundada
a Nihonjinkai, que daria
origem à Associação Cultural
e Esportiva Nipo Brasileira de
Indaiatuba (Acenbi).
O começo desta história
remete ao ano de 1930, marcado
por um período de crise
na economia brasileira, gerada
pela queda na exportação
do café, devido a uma grande crise mundial do produto.
Com isso, grandes fazendas
localizadas na região mogiana,
que englobava de Campinas
a Ribeirão Preto, acabaram
indo à falência.
Observando o momento de
instabilidade, imigrantes japoneses
dessa região investiram
em pequenas plantações de
arroz e algodão em outras fazendas
da região.
O imigrante
Nakaji Gomassako, que morava
onde hoje é o trevo de Campinas,
na região do quilômetro
96 da Rodovia Anhanguera,
foi um dos que abandonaram
as fazendas de café.
O ano era 1935 e Gomassako
chegava com a família na
Fazenda Pimenta, para dar início à sua plantação de algodão,
em um terreno arrendado.
Com as péssimas condições
das estradas vicinais existentes
na época, a solução era utilizar
a Estrada de Ferro Ituana,
que ligava Campinas a São
Paulo, e que acabou atraindo
outros imigrantes para as
imediações das linhas Ituana e
Douradense.
Em 1941, a Fazenda Pimenta
receberia Teruo Imanishi
e Uichi Miyake, que
também arrendariam um pedaço
de terra, e em seguida as
famílias Takahashi e Miura,
aumentando gradativamente
o número de imigrantes japoneses
na região, formando
uma pequena colônia.
De
início, todos cultivaram o
algodão, mas aos poucos introduziram
o tomate em suas
plantações.
Mesmo com excelentes
condições de transporte e um
solo que propiciava e possibilitava
a plantação simultânea
de algodão e tomate, a
primeira metade da década
de 40, marcada pela 2ª Guerra
Mundial, trouxe poucas
famílias japonesas. No entanto,
ao término do conflito,
o número de famílias aumentaria
exponencialmente.
Visando basicamente o cultivo
de café, muitos migraram
para o norte do Paraná e outra
corrente migrou para região
próxima a São Paulo, visando
o cultivo de hortaliças. Dessa segunda corrente, muitos
acabaram por migrar na direção de Campinas e Jundiaí.
Assim, iniciaram-se as migrações para as cercanias de Indaiatuba,
aumentando a presença
de japoneses na cidade.
No início de 1947, Magotaiyu
Kuwahara instalava-se em Valinhos,
enquanto Miyoji Takahara
chegava a Indaiatuba.
Ainda naquele ano, a Fazenda
Pau Preto acolheria as famílias de Yoshiro Hayashi, Takashi
Fujiwara, Tamotsu Fujiwara
e Etsutaro Tumoto, todas
dedicadas ao cultivo de tomate.
No período que antecedeu a
2ª Guerra Mundial, o pensamento
entre os japoneses era
de trabalhar durante dez anos
no Brasil, acumular riquezas
e volta à terra natal. Porém, ao
término do conflito, muito desistiram
e resolveram permanecer
em definitivo.
Para tanto,
teriam que adaptar-se aos
costumes locais e passaram a
adquirir suas próprias terras.
Outra necessidade urgente
surgiria: educar seus filhos
neste país.
Muitas escolas de
língua japonesa foram criadas
antes da 2ª Guerra Mundial,
mas um decreto do governo
brasileiro datado de 25 de dezembro
de 1938 obrigaria o
fechamento de todas.
Com a
queda do decreto, em 18 de setembro
de 1946, os japoneses
passaram a se organizar para
a formação de associações e
aberturas de novas escolas.
Foi então que em 7 de setembro de 1947, sob a liderança
de Teruo Imanishi, os japoneses
residentes em Indaiatuba
fundariam o Nihonjinkai,
com a denominação Associação de Japoneses da Região
Ituana.
A primeira era composta
por Teruo Imanishi como
presidente, Koichi Takahashi
como vice-presidente, Nakaji
Gomassako e Etsutaro Tumoto
como conselheiros e Yassube
Yoshioka como tesoureiro.
A sede foi construída na Colônia
Bicudo, na Fazenda Pau
Preto, onde a maioria dos japoneses
estava estabelecida.
De início, a comunidade
se reunia esporadicamente
em confraternizações, mas
com a chegada de novas famílias,
as atividades esportivas
cresceram e uma escola de
língua japonesa foi montada.
Em janeiro de 1952, em assembleia
composta por 32 pessoas,
o Nihonjinkai passaria a se chamar
Associação de Japoneses
de Indaiatuba, transferindo a
sede para o centro, que existe
até hoje.
“Hoje mantemos nossas
tradições com apoio da Japan
International Cooperation
Agency (Jica), que nos enviam
professores voluntários para
ensino da língua e dos esportes,
como beisebol e softbol”,
conta João Yamate, presidente
da Acenbi.
Créditos:
Texto de Fábio Alexandre.
Publicado originalmente no jornal TRIBUNA DE INDAIÁ
(ao utilizar informações e imagens para sua pesquisa, cite sempre as fontes originais)
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