autor do texto: ABEL CARDOSO JUNIOR
in 'Recordações de um clarinetista'
livro de Nabor Pires Camargo (2000)
Nabor Pires de Camargo nasceu em Indaiatuba, SP, em 9.2.1902, e faleceu em Mococa, SP, em 3.10.1996. Era o sétimo filho de um comerciante e criador de gado. Descendia de antigas famílias paulistas. O escritor e folclorista tieteense Cornélio Pires costumava dizer a Nabor que eles eram primos distantes.
Nabor começou na música com nove anos, praticando às escondidas na clarineta de um irmão. Depois recebeu lições de um mestre, que chegou em Indaiatuba para formar uma banda de crianças, na qual foi admitido.
Com dezenove anos, em 1922, foi para São Paulo estudar no Conservatório Dramático e Musical. Trabalhou acompanhando filmes mudos num cinema de bairro e depois nos cinemas
centrais por haver demonstrado competência.
Vinha compondo desde criança e, no final dos anos 20, assinou um contrato com a editora Irmãos Vitale, com a duração de 28 meses sob o compromisso de entregar uma música por mês, tendo sido Triste separação a primeira.
Gravou suas primeiras músicas na pequena gravadora Brasilphone de São Paulo, em 1927: os sambas No meu sertão, por Pilé, e Lágrima de caboclo, por A. Longo.
No mesmo ano, na gravadora Imperador, também de São Paulo, Artur Castro gravou seu samba O cavanhaque do bode e o maxixe Mamãe me leva. O cinema falado, que chegou em São Paulo em 1929, da noite para o dia, provou grande desemprego entre os músicos, restando a Nabor tocar em orquestras patrocinadas por mecenas paulistanos. A remuneração era pequena, mas valia pela possibilidade dele desenvolver-se na música clássica.
Em 1929, na recém-inaugurada Colúmbia de São Paulo, gravou com João Cibella sua valsa Rosa, Rosa ( c/ Dicas) e com João Gentiluomo o samba Caboclo saudoso.
Obteve o 2º prêmio no concurso promovido em São Paulo pela Associação Nacional dos Negociantes e Editores de Música com a canção Por que te dei meu coração, gravada por Jorge Fernandes na Parlophon, em 1930.
Arnaldo Pescuma, em 1931, gravou na Colúmbia seus samba Foi castigo. Nesse ano, solando sua clarineta, lançou pela Victor sua mais famosa composição a valsa-choro Caindo das nuvens, gravada no estúdio que havia na Praça da República de São Paulo. O nome surgiu-lhe quando um músico, atrapalhado com a dificuldade da execução, disse que se sentia como que “caindo das nuvens”. No outro lado desse disco, tocou seu choro Matando saudades.
Ainda em 1931, gravou músicas suas em vários discos da Ouvidor e Arte-Fone, ambas de São Paulo, esta instalada, nesse ano, na Rua Hípia, na Moóca e tendo como diretor-artístico Alberto Marino. Um desses discos foi gravado pelo Trio Antenógenes Silva (Antenógenes-Vicente Lima-Nabor).
Nessa ocasião, os Irmãos Vitale começaram a editar os álbuns Choros do Nabor, para o estudo de clarineta, flauta, saxofone e violino. Até 1946, foram 10 álbuns, cada qual com 10 choros.
Em 1934 gravou na Colúmbia suas músicas Venenoso, choro, Último amor, valsa, e, com o Sexteto Camargo, Luar de minha terra, valsa, e Cavando a vida, choro.
Em 1935, para o carnaval Raquel de Freitas gravou seu samba Só pra machucar.
Nesse ano, ingressou como 2º clarinetista da Orquestra Sinfônica Municipal, um ano depois por concurso passando a 1º clarinetista, e nela se aposentando. Esteve sob a regência de Villa-Lobos, Souza Lima, Eleazar de Carvalho e outros, inclusive os estrangeiros que passaram por São Paulo, como Toscanini e Stravinski. Só em 1954 veio a conhecer com a Orquestra a cidade do Rio de Janeiro, que aí se apresentou pela comemoração do 4º Centenário da capital paulista.
Nesse ano, ingressou como 2º clarinetista da Orquestra Sinfônica Municipal, um ano depois por concurso passando a 1º clarinetista, e nela se aposentando. Esteve sob a regência de Villa-Lobos, Souza Lima, Eleazar de Carvalho e outros, inclusive os estrangeiros que passaram por São Paulo, como Toscanini e Stravinski. Só em 1954 veio a conhecer com a Orquestra a cidade do Rio de Janeiro, que aí se apresentou pela comemoração do 4º Centenário da capital paulista.
Ganhou 16 prêmios em concursos musicais. Seu samba Vá carregar piano levou o 1º prêmio da categoria, no concurso carnavalesco de 1936 da Prefeitura paulistana, sendo gravado na Victor por Januário de Oliveira e Arnaldo Pescuma. Nesse ano, gravou em solo de clarineta, na Colúmbia,
de sua autoria, Implorando o teu amor, valsa, e Soluçando, choro.
No carnaval de 1938, gravou a marcha Vem meu bem, com Nestor Amaral, Garota, samba, com Januário de Oliveira, e De tostão em tostão, marcha, com Alzirinha Camargo.
No carnaval de 1938, gravou a marcha Vem meu bem, com Nestor Amaral, Garota, samba, com Januário de Oliveira, e De tostão em tostão, marcha, com Alzirinha Camargo.
Lecionou clarineta, saxofone e piano. Em 1948, por encomenda dos Irmãos Vitale, preparou um Método para Clarineta, aprovado e recomendado pelo Conservatório de São Paulo, que se tornou o mais vendido do Brasil e continua em catálogo. Para a Casa Manon, escreveu dois métodos
para saxofone.
Pela continental, em 1964, lançou seu único LP, chamado Velha Guarda, sendo acompanhado por Caçulinha (acordeão) e Poli (violão) entre outros, o qual foi reeditado, em 1988, por Silva & Penna ( Foto e Vídeo), de Indaiatuba.
Em 1929, compôs o Hino Indaiatubano, oficializado em 1974. Em 1975 fez a canção Luar de Indaiatuba, com versos da poetisa Cleonice Mattioli Camargo, sua esposa. Sua última obra foi a peça-bailado Ara-erê-uçu (Grande dia de festa), com texto de D. Cleonice, sobre a formação do povo de sua terra, encenada.
Entre os instrumentistas, chorões e estudantes de música de todo o Brasil, o indaiatubano Nabor Pires Camargo continua a ser um dos referenciais mais importantes e mais lembrados.
Partituras de Nabor, do Arquivo Público "Nilson Cardoso de Carvalho" da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. Clique para vê-las e/ou para ouvi-las:
Partituras de Nabor, do Arquivo Público "Nilson Cardoso de Carvalho" da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. Clique para vê-las e/ou para ouvi-las:
(Ajude a compor o repositório abaixo, indicando links)
- 9 dezembro / 9 dezembro (continuação)
- Alice
- Amarga Saudade
- A Beira do Regalo
- A Polca da Princesa / A Polca da Princesa (continuação)
- Beijos
- Bicho Mau
- Brabinho
- Brasilia
- Brasília 1
- Brincando
- Cachorro Quente
- Cade Tempo
- Cadete
- Cahindo da Nuvens
- Calouro
- Cecy
- Celina (ouça aqui)
- Chorando as Magoas
- Choro da Velha Guarda
- Choroso
- Cleonice (ouça aqui)
- Comendo Fogo (ouça aqui e aqui)
- Cupido
- Cybeli
- Dengoso
- Divina
- Diz isso chorando
- Escravo de teu olhar (ouça aqui)
- Espanta vaca (ouça aqui)
- É de Pontinha
- Faceiro
- Fazendo Fita
- Feitico
- Garoa
- Gavota nº 01 (ouça aqui)
- Graciosa
- Granfina
- Hino Indaiatubano (ouça aqui)
- Implorando Teu Amor
- Indaiatuba Querida
- Iracema
- Jasmim
- Lamentos
- Lamentos de um sino (ouça aqui)
- Largando Brasa /Largando Brasa (continuação) e Largando Brasa (parte final)
- Lá Vem Chuva
- Longe de Mim
- Luar de Indaiatuba (ouça aqui)
- Luar de Minha Terra
- Malandrinho
- Mamãe me leva (ouça aqui)
- Manhã de Sol
- Manhã de Primavera
- Matando Saudades (ouça aqui)
- Mazurca nº 3 (ouça aqui)
- Minha Flor
- Moema (ouça aqui)
- Moreninha
- Mysteriosa
- Na Boa Vida
- Na Pindaiba
- Noite Estrelada
- Na Praia do Gonzaga
- Passarinho Verde
- Passo bem sem você
- Pensando em ti
- Perigoso
- Pimentinha (ouça aqui)
- Pinocchio
- Porque choras coração
- Promessas de amor
- Quando a felicidade volta
- Quando você passa
- Quando ella partiu
- Quanto doe uma saudade
- Queixume
- Recordar é viver
- Requebrando
- Romantica
- Roseira em flor
- Sae da frente (ouça aqui)
- Saudades de Mocóca
- Saudades de você
- Saudades de Jundiahy
- Se Eu Fosse Nazareth (ouça aqui)
- Sentimental
- Serenata alegre
- Sofrer Sorrindo (ouça aqui)
- Soluçando
- Sombras do passado
- Sonhando
- Sonhar... Depois morrer
- Sonhei contigo
- Sorrisos... E lagrimas
- Sururu
- Suspiros (ouça aqui)
- Tango nº 01 (ouça aqui)
- Tarde cor de rosa
- Teimoso
- Tupy
- Ultima lagrima
- Ultimo amor
- Vá carregar piano (ouça aqui)
- Venenoso (ouça aqui e aqui)
- Yolanda
- Yvonne
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