Texto de Oswaldo Stein Júnior
05 de outubro de 2020
O ano era 1959 ou 1960, Indaiatuba era uma cidade pequena e pacata onde nada acontecia de novo, a não ser alguns entreveros políticos. O município possuía quando muito, uns 20.000 habitantes e a cidade propriamente dita, uns 13.000.
E chegou a grande novidade: parte de um filme nacional ia ser rodado aqui em Indaiatuba. Elenco de 1ª para a época, tendo artistas consagrados como Aurora Duarte, Alberto Ruschel, Ruth de Souza e o eterno “cangaceiro” Milton Ribeiro.
A cidade se alvoroçou ainda mais, quando se falou em recrutar pessoas daqui para participarem como figurantes. Alguns até pensaram que poderiam ter alguma chance na carreira artística.
E, lá se foram pessoas conhecidas como o Mansur Nassar, o pintor “Ébrio”, o Figueira, o Roberto Sfeir (são os que eu me lembro, mas teve muitos mais).
As cenas foram filmadas na Fazenda Engenho Deitado, da nossa amiga Ana Maria Tonolli, onde a paisagem com aquelas pedras enormes e vegetação rasteira, se assemelha a uma paisagem nordestina.
Terminada a filmagem, os que foram não escondiam a decepção de não terem tido a oportunidade de mostrar seus dotes artísticos, participando apenas de passagens rápidas e curtas, mas que valeu pela experiência.
O tempo passava, e o filme já estava quase caindo no esquecimento quando no Cine Rex, foi anunciada a exibição do filme “A MORTE COMANDA O CANGAÇO”. No trailer que passava como propaganda nas sessões que antecediam o dia da exibição, com voz pomposa o narrador dizia “uma película inteiramente rodada na caatinga do Nordeste”, o que era motivo de risos para nós indaiatubanos.
Chegou finalmente o dia da exibição.
O cinema lotado, com as pessoas mais interessadas em ver os conterrâneos numa tela de cinema, do que no filme propriamente. As cenas onde eles apareciam eram rápidas e curtas, onde para reconhecer alguns era preciso ficar para assistir a 2ª sessão.
O que se viu e ouviu quando alguém era reconhecido, foi uma agitação e exclamações como “olha o Mansur”, olha o Ébrio”, “olha o Figueira de volante” (volante era o policial), olha o Skeba.
E, no meio de tudo isso, uma voz tímida dizendo “olha o meu ombro”.
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