Trata-se de uma homenagem de um dos raros personagens da história da escravização de pessoas negras em Indaiatuba, mais especificamente homem que representa o processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre, tema que tem despertado muitas pesquisas.
Ex-escravo, Nhô Hortêncio era dono de um semblante alegre, mas enérgico. Muito religioso, pertencia à Irmandade de São Benedito. Algumas vezes por ano, vindo do Bairro Santa Cruz, aproveitava as tardes de domingo para percorrer a vila carregando uma imagem de seu amado santo numa capelinha de madeira.
Uma das poucas coisas que tiravam esse preto velho do estado de graça , era falar sobre filmes perto dele.
O velho Hortêncio achava a sétima arte, invenção do demônio.
Sabendo disso, a molecada o infernizava com coisas que haviam visto no cinema.
Dilermando Pedroso de Barros relembra desse personagem em seu livro Lembranças da Mocidade:
Nhô Hortêncio era para nós uma figura histórica: já bem velhinho usando bengala, um paletó surrado e chapéu de copa alta sem o costumeiro vinco, que abrigava seus cabelos embranquecidos. Andando devagar vinha a pé "doutro lado", até a cidade. Homem pequeno, de olhar inteligente, era uma visita costumeira que nos habituamos a ver".
Dá para mensurar o quanto esse personagem era amado pela população.
Seu falecimento foi noticiado na edição de 3-4-1938 do jornal O Indaiatubano.
A nota, entre outras coisas diz:
"... Estava elle no Hospital Augusto de Oliveira Camargo tratado com todo carinho pelas piedosas irmãs e abnegados médicos. [...] Morreu santamente, recebeu todos os sacramentos da Igreja. 'Bem-aventurados os que morrem no Senhor".
Nhô Hortêncio foi homenageado com a Lei Municipal número 7531 de 17 de dezembro de 2020, cujo conteúdo completo você pode ler aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário