segunda-feira, 23 de maio de 2022

1887 - Venda Judicial de Pessoas Escravizadas da Fazenda Engenho D´Água

Faltando meses para a assinatura da Lei Áurea, vemos a seguinte publicação no jornal "Imprensa Ytuana" do dia 7 de setembro de 1887, publicando edital de venda judicial dos trabalhadores negros escravizados da Fazenda Engenho d´ Água.


Cronologia sobre a Fazenda Engenho D´Água em Indaiatuba

  • Entre 1755/1770 - Construção da sede do engenho; o proprietário era Lourenço de Almeida Prado, que  recebeu no século XVIII a concessão das terras da sesmaria. A casa está a 570 metros de altitude e cerca de 150 metros do leito do Córrego Barnabé.
  • 1855 - Tinha engenho de açúcar e produzia café. O proprietário era Francisco de Paula Almeida Prado (filho).
  • 10 de julho de 1857 a fazenda é vendida para Manoel Félix Monteiro.
  • 13 de novembro de 1857  a fazenda é vendida para Ignácio de Paula Leite de Barros.
  • 02 de janeiro de 1858 o negócio é desfeito e o proprietário volta a ser Manoel Felix Monteiro. Na ocasião, Ignácio de Paula Leite de Barros desfaz o negócio, mas não passa a escritura de rescisão formalmente. A devolução é feita com a assinatura de um "papel de mão" (contrato de gaveta ou "no fio do bigode").
  • 24 de janeiro de 1858 Manoel Felix Monteiro vende a fazenda para José Sampaio de Góis.
  • 1860/1862 - Disputa judicial entre Ignácio de Paula Leite de Barros, José de Sampaio Góis e José Rodrigues Caldeira, este último cobrando divida de Manoel Félix Monteiro.
  • 12 de dezembro de 1862 a Justiça decide que o proprietário é Ignácio de Paula Leite de Barros.
  • 03 de setembro de 1874 a fazenda é vendida para José Manoel da Fonseca Leite.
  • 24 de outubro de 1874 a fazenda é vendida para José Balduino do Amaral (recorte acima).
  • Data desconhecida - os proprietários passam a ser Antenor e Ernesta Barnabé.
  • 23 de fevereiro de 1924 a fazenda é vendida para Renato Barnabé - uma área de aproximadamente 200 alqueires, com mais de 25 mil pés de cafés, casa de morada e de colonos, engenho, máquina de beneficiar café, moinho, etc.
  • 27 de agosto de 1951 é feita uma escritura de permuta para Ario Barnabé e Lilia Curti Barnabé contendo 10 alqueires de mata, 70 alqueires de pasto, 120 alqueires em cultura e capoeira, com casa sede, 20 casas de moradia construídas de tijolo e madeira, máquina de beneficiar café, moinho de fubá e 95 mil pés de café.
  • 12 de março de 1974 a fazenda é vendida para o austríaco Hermann Binder. A fazenda era destinada a atividades agropecuárias e continha uma área de 7.120.188,73 m2 de terras de cultura, pasto, matas e capoeiras com casa sede, 20 casas de moradia, tulha, terreiro para secar café, olaria e outras benfeitorias. 
  • 1978 a fazenda começa a sofrer um processo que culminaria com o loteamento do Jardim Morada do Sol. Ao fazer as medições, as terras vendidas por Ário Barnabé tinham cerca de 100 alqueires excedentes [SIC]. Esses detalhes você pode ler  aqui.


Este post é uma homenagem póstuma para

José Marcelino
Sebastiana
Gabriel
Zacharias
Maria
Joaquina
Juliano
Zeferino
Lourenço
Pedro
Manoel
Ricardo
Roberto
Marcelino
Cyriaca
João 
Lydia
Constantino
Leodoto
Josepha
Zacarias
Job
Maximiniano
Esther
Cesario
Timotheo



Se a escravidão não é crime, não há crimes
Abraham Lincoln



Senhor Deus dos desgraçados
Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!
Castro Alves

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