terça-feira, 30 de setembro de 2025

SESMARIA DO QUILOMBO - cronologia conhecida

SESMARIA DO QUILOMBO


1856 até 1900 - Divisões da sesmaria do quilombo.


Seus proprietários foram:

  • José Estanislau do Amaral, dono de 1.400 braças de testada por 180 braças de fundo;

  • Antônio Benedito de Castro, dono de 1.208 braças de testada por 1.828 braças de fundo;

  • Agostinho Rodrigues de Camargo;

  • Francisco da Cunha Bueno;

  • Padre Bento Dias Pacheco e

  • Senhoras Carvalhas.

Desmembraram-se as terras que constituem as fazendas: Sertão, Itaoca, Santa Maria, São Bento, Itatuba e Boa Esperança.



FAZENDA QUILOMBO


Anterior à 1780 - Comunidade quilombola

Aproximadamente em 1780 (data exata não conhecida), Antônio Fortes de Bustamante e Sá, residente na cidade de São Paulo, ordenou que seus escravizados invadissem o quilombo existente na região, atendendo a uma solicitação de moradores da vila de Jundiaí, entre os quais se encontrava o vigário Padre Inácio Paes. A área em que se localizava o quilombo correspondia a uma densa mata virgem, cuja travessia demandou cerca de três meses, tempo suficiente para que os quilombolas se dispersassem e buscassem refúgio em outros locais.


1780 – Fundação da Fazenda

O início da formação da fazenda remonta a esse período, tendo como proprietário Antônio Fortes de Bustamante e Sá, casado com Anna Maria Xavier Pinto da Silva.

Data não identificada – Transmissão hereditária
Posteriormente, a fazenda foi herdada por Anna Maria, já viúva, que recebeu do capitão-general da Capitania de São Paulo o documento de propriedade das terras, por meio de título de sesmaria. Com o falecimento de Anna Maria, a sesmaria foi levada a leilão pelo juizado das órfãs de São Paulo, sendo arrematada pelo capitão Manoel Correa de Lemos, residente na vila de Parnaíba.

1795 – Demarcação judicial da Fazenda
O novo proprietário, Capitão Manoel Correa de Lemos, solicitou a medição e a demarcação oficial das terras, processo que ocorreu entre maio e junho de 1795. Por sentença judicial, a fazenda foi oficialmente demarcada em dezembro do ano seguinte, abrangendo 3.390 braças de testada por 3.125 braças de sertão.

1837 – Aquisição da Fazenda por Agostinho Rodrigues de Camargo
Em 1837, a propriedade foi adquirida por Agostinho Rodrigues de Camargo, sob a administração de Tibiriçá Piratininga. Agostinho era filho de Agostinho Rodrigues de Almeida e, após a morte deste, sua mãe, Maria Antônia de Camargo, contraiu novas núpcias com João Almeida Prado Junior (Tibiriçá Piratininga filho).

O falecimento de Agostinho Rodrigues de Almeida, ocorrido em 1828, deixou como herança ao filho um conjunto significativo de bens, incluindo terras em São Roque, escravizados, engenhos, canaviais e tropas de muares. A administração desses bens foi assumida por Tibiriçá Piratininga filho, padrasto de Agostinho, que chegou a solicitar a troca do Sítio do Sabão, em São Roque, pela Sesmaria do Quilombo, próximo de sua Fazenda Pimenta.


1842 – Transição de administração da Fazenda
Em 1842, Agostinho Rodrigues de Camargo assumiu a administração da propriedade após sua emancipação legal, ocorrida em 5 de setembro do mesmo ano, em virtude de seu casamento com Francisca Amália de Oliveira. O casal estabeleceu residência em um casarão de taipa situado ao lado da Igreja Matriz, edificação que possuía uma porta e seis janelas voltadas para a igreja, além de outra entrada e janelas voltadas para a rua Candelária. Nesse período, a fazenda funcionava inicialmente como engenho de açúcar, mas rapidamente destacou-se como grande latifúndio agrícola, alcançando uma produção anual de até 80 mil arrobas de café.

1848 – Construção da casa-sede
Em 1848 foi erguida a casa-sede da fazenda, considerada uma das maiores e mais imponentes residências rurais da região. A edificação apresentava fino acabamento e características arquitetônicas que revelavam preocupação estética e simbólica, próprias do período. Tratava-se de uma casa assobradada, com forros ornamentados e peitoris de janelas revestidos de madeira, concebidos de modo a impressionar visitantes. As paredes e portais de pedra recebiam pinturas decorativas, e as bandeiras das portas exibiam aplicações de vidros coloridos. A pintura das portas e janelas buscava imitar o pinho de Riga, madeira altamente valorizada e de difícil obtenção à época. A residência, dotada de diversos aposentos, foi projetada para acomodar os 12 filhos do casal, consolidando-se como referência de poder econômico e prestígio social na região.


Sede da Fazenda Quilombo (sem data)

1855 – Registro de terras por José Estanislau do Amaral Camargo
Em 25 de dezembro de 1855, José Estanislau do Amaral Camargo efetuou, junto ao vigário Padre Antônio Cassemiro da Costa Roris, o registro das terras que possuía na Freguesia de Indaiatuba e que constituíam sua fazenda. Documentos da época indicam que, nos anos de 1848 e 1855, figurava como eleitor n.º 54, evidenciando sua condição de proprietário rural e a vinculação política decorrente da posse de um engenho.

1856 – Registro da Fazenda Quilombo
Em 6 de janeiro de 1856, Agostinho Rodrigues de Camargo formalizou, igualmente junto ao vigário Padre Antônio Cassemiro da Costa Roris, o registro das terras correspondentes à Fazenda Quilombo, situadas na Freguesia de Indaiatuba, consolidando juridicamente sua posse. Na lista geral de votantes da freguesia de Indaiatuba, datada de 18 de janeiro de 1847, Agostinho Rodrigues de Camargo aparece registrado no 4º quarteirão, sob o número 52, sendo identificado como eleitor que vivia dos rendimentos de seu engenho.

Em 1888, a fazenda foi levada a hasta pública, figurando como proprietário José Estanislau do Amaral Campos. Em data não especificada, a propriedade foi herdada por Francisca Amália de Oliveira, viúva de Agostinho Rodrigues de Camargo.


No ano seguinte, em 1889, a fazenda voltou a ser levada a leilão, já em nome dos herdeiros de Francisca Amália de Oliveira, falecida em 6 de novembro daquele ano. O inventário revelou dificuldades na divisão equitativa da propriedade entre os onze herdeiros, dada a extensão territorial e o elevado valor das benfeitorias e frutos pendentes. Assim, deliberou-se pela venda da maior parte da área, sendo preservada apenas a décima parte (aproximadamente 450 alqueires), incorporada à sesmaria denominada Fazenda Itaca, limítrofe à Fazenda Quilombo e de propriedade do herdeiro Augusto de Oliveira Camargo (que mais tarde daria nome ao hospital de Indaiatuba).


Em 6 de junho de 1890, a fazenda foi adquirida pelo vizinho José Estanislau do Amaral, pelo valor de 370 contos de réis, o que resultou no reagrupamento territorial da sesmaria.


Posteriormente, em 1891, foram instaurados Autos Cíveis referentes à divisão da fazenda, envolvendo como proprietários Augusto de Oliveira Camargo e José Estanislau do Amaral. A medição da área foi realizada pelo engenheiro-geógrafo Francisco M. Barros, que apurou a dimensão total de 1.100 hectares, 17 ares e 56 centiares, distribuídos da seguinte forma:

  • Área de pasto, na divisa com a Fazenda Itaoca e as terras de João Manoel de Almeida Barbosa (“pasto da Capoava”): 88 ha, 05 a, 49 ca;

  • Área de pasto da colônia (localizada entre a mata virgem e o primeiro pasto e feital): 12 ha, 10 a, 92 ca;

  • Área de capoeira (entre a mata virgem e o pasto): 16 ha, 33 a, 53 ca;

  • Área de mata virgem: 180 ha, 09 a, 20 ca;

  • Área de capoeira (associada ao feital, ao pasto e ao primeiro cafezal): 16 ha, 14 a, 19 ca;

  • Área de feital (entre a capoeira, o pasto e o cafezal): 07 ha, 94 a, 67 ca.

  • Área do maior cafezal = 352 ha - 64 a - 10 ca;

  • Área do 2º cafezal (unindo a colônia da fazenda) = 42 ha - 84 a - 79 ca;

  • Área do 3º cafezal (em frente a casa) = 22 ha - 92 a - 39 ca;

  • Área do café novo = 15 ha - 76 a - 35 ca;

  • Área do pastos = 102 ha - 39 a - 77 ca;

  • Área do capoeirão (em frente a casa) = 107 ha - 69 a - 48 ca;

  • Área do capoeirão (entre os 2 cafezais e o pasto) = 82 ha - 02 a - 65 ca;

  • Área da capoeira (entre o pasto da colônia, o 2º cafezal e a linha na divisa com Francisco Tellis) = 06 ha - 86 a;

  • Área da capoeira (entre o caminho de Campinas, perímetro do café e perímetro do pastinho) = 46 ha - 34 a - 04 ca.


1894 - Chegada de imigrantes - Família Talli
Antônio Talli veio de Cremona na Itália em 1894, juntamente com seu irmão Carlos Talli, cunhada Dizolina Ferri Talli e a sobrinha Alexandria de 4 anos. Instalaram-se na fazenda Quilombo Grande para o plantio de café.


1998 - Criação de gado nelore PO na fazenda - Proprietária Alice Maria Ferreira
Fazenda possui 566 ha, casa sede preservada. Possui uma colônia formada por 22 casas padronizadas que abrigam 20 famílias.


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