sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Tipos Notáveis da Popularidade e algumas histórias mal contadas

Eliana Belo Silva

Coluna "Identidade Indaiatubana"

Jornal Exemplo de 14.08.2015


HOJE É DIA DE NOVO LIVRO DO PENNA

Na noite de hoje, 14 de agosto as 19h00, em um Sarau Cultural na sede social do Indaiatuba Clube será o lançamento do terceiro livro de Antonio da Cunha Penna ‘Tipos Notáveis da Popularidade e algumas histórias mal contadas’, uma obra com mais de 400 páginas que, segundo o autor, ‘serão contadas com muito humor’ somadas a um conjunto iconográfico formado por 91 imagens advindas do acervo pessoal do escritor e do Arquivo Público Nilson Cardoso de Carvalho da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. A entrada para o Sarau - que terá animação de Wladimir Soares, apresentação do Coral do Indaiatuba Clube e da Corporação Musical Villa Lobos – que anda inovando surpreendentemente nas últimas apresentações – é franca; todos os interessados na história de Indaiatuba estão convidados.

QUEM LÊ PENNA, QUER PENNA

O autor que se auto-define como um “agitador cultural” é fotógrafo de profissão e membro do Conselho Administrativo da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba desde sua fundação, sendo um de seus idealizadores junto com Nilson Cardoso de Carvalho (in memorian) e Antonio Reginaldo Geiss. Suas habilidades artísticas acrescidas da paixão que tem por Indaiatuba, sua história, memória e patrimônio, fez com que tenha pesquisado, para esse terceiro livro, biografias de vários personagens ditos populares de nossa cidade, desde o século 19. A técnica que mais utiliza é a recuperação de fatos, ou melhor, interpretações de fatos através da Memória Oral. 

A História Oral tem tido cada vez mais visibilidade, não só nas polêmicas que envolvem biografias não autorizadas, mas na historiografia das academias, que durante algum tempo e para alguns historiadores de profissão e formação, era motivo de torcer o nariz, pela subjetividade e falta de imparcialidade contida em depoimentos pessoais, sempre impregnados de pressupostos íntimos de cada indivíduo consultado. Considerava-se (e isso têm diminuído) que a falta de objetividade ao se contar um fato, incluindo emoções e pontos de vista pessoal, deixaria o relato pouco científico, uma vez que a máxima “cada um aumenta um ponto quando se narra um conto” era levada ao pé da letra. 

Tudo isso já vem sido repensado desde a década de 1970, quando o historiador Jacques Le Goff começou a criar uma legião de seguidores que passaram a valorizar uma nova abordagem da ciência História: a chamada História da Vida Privada, onde os novos objetos de estudo passaram a ser as pessoas comuns e não os “heróis”. Nessa abordagem, o conjunto de datas e fatos históricos oficiais que tínhamos que decorar passou para segundo plano e um novo painel temático passou a ser objeto de investigação dos historiadores, como: cenas do cotidiano, das mentalidades, da inserção de indivíduos até então excluídos como por exemplo os loucos, encarcerados, pobres e outras tantas ditas “minorias”.

E eis que Penna é assim: um, memorialista, cronista, contador de histórias – a definição não importa – cujo viés de pesquisa, cujo território de investigação é o cotidiano. Mas não é um cotidiano narrado de forma chata. Muito pelo contrário. O humor ácido, debochado e crítico do autor, que é da ‘pessoa’ Penna para quem o conhece, é claramente reconhecido em seus textos. E os tipos populares, presentes e passíveis de investigação, podem deixar se ser simples anedotas ou fatos isolados para compor fragmentos que descrevem como a sociedade de tal época vivia, ou seja, o personagem cotidiano de uma época histórica pode indicar problemáticas mais amplas presentes em várias esferas da vida pública de Indaiatuba; afinal, cada micro-história está inserida em uma esfera ampla, global.

Então, quer conhecer um pouco da história de personagens da vida cotidiana de Indaiatuba de uma maneira politicamente suspeita para ser caracterizada como correta? 

Compre Penna.

Leia Penna. 

Indaiatuba e seus personagens notáveis de popularidade não serão mais os mesmos para você depois dessa experiência digamos... literária.


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