Eliana Belo Silva
Jornal Indaiatuba 107.1 FM
Ano 1 - Edição 19 de 15 de julho de 2022
O Indaiatuba Clube comemorou, dia 09 p.p. - em noite engalanada - seu 65º aniversário.
A festiva foi em alusão a uma assembleia registrada em ata feita pelos rotarianos na qual decidiu-se fundar um clube social no dia 1º de julho de 1957. No mesmo ano da fundação oficial, em novembro de 1957, o clube social passou a funcionar em um local alugado na Praça da Matriz, onde eram realizados eventos festivos e culturais. Dez anos depois, em 1967, foi inaugurado o Clube de Campo com as primeiras piscinas coletivas – ou melhor, para associados - da cidade e em 1969 a sede social foi transferida do local alugado para a sede própria, na esquina da Rua Cerqueira César com a rua 15 de Novembro.
Mas engana-se quem pensa que a história do Indaiatuba Clube é uma sucessão de inaugurações e eventos festivos, culturais, esportivos e de laser; muito pelo contrário. O Indaiatuba Clube e o Clube 9 de Julho foram resultados de intensa rivalidade entre o Rotary, que fundou o primeiro; e o também clube de serviços Lions, que fundou o segundo.
Há uma sucessão de fatos narrados entre os dois grupos – rotarianos e leões, afinal, filhos e netos dos fundadores de ambos os clubes estão vivos e possuem memórias afetivas e subjetivas próprias, cada um enaltecendo seu ancestral no cenário todo, o que é normal quando se trata de memórias. Mas quando se trata de História, embora ela seja construída também com as memórias, a resenha fica outra e está originalmente – pasme o leitor – relacionada à História da Saúde em nossa Indaiatuba.
Você consegue imaginar uma Indaiatuba – ou melhor, um Brasil - sem o SUS? Pois esse foi o pano de fundo para explicar de forma mais objetiva a rivalidade entre os grupos e a fundação dos clubes. Vejamos.
O majestoso Hospital Augusto de Oliveira Camargo tinha na época, como gestor, o campineiro Dr. Guilherme Paulo Deucher, que propunha soluções inovadoras, inclusive aumentar o atendimento para a população carente, fato logicamente aprovado pela população, imprensa, rotarianos, um grupo de médicos comandado pelo Dr. Mário Paulo e parte pequena dos leoninos, com exceção do Dr. Pedro Maschietto e seus amigos - inclusive médicos - mais próximos, justamente a pequena porção mais elitizada e tradicional de Indaiatuba urbana na época, que passou a discordar e depois hostilizar o D. Deucher classificando suas ideias como populistas e inviáveis (com certeza hoje ele seria classificado de forma rasa e simplória como esquerdista - por pensar em justiça social). Oswaldo Stein, presidente do Lions, até tentou mediar o conflito, mas foi em vão.
O confronto, que era por poder econômico, social, político e principalmente pela reserva de mercado na área da saúde se agravou, Dr. Deucher foi embora da cidade e os grupos que já eram divididos entre leões e rotarianos passaram a ficar divididos também entre sócios do Indaiatuba Clube e sócios do Clube 9 de Julho, agremiações que fundaram separadamente, cada um tentando demarcar seu território e influência. Essa rivalidade, pelo menos nesse grau, passou e tomou outra característica muito mais saudável com o passar do tempo: apenas esportiva, tanto que muitos sócios de um clube também passaram a ser de outro.
Esta e outras histórias e memórias dos 65 anos do Indaiatuba Clube você pode conferir no 10º episódio do BODEcast – a Indaiatuba que você não conhece.
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