Eliana Belo Silva
COLUNA DEMANDAS NA NOSSA HISTÓRIA
Jornal Indaiatuba 107.1 FM
Ano 1 | Edição 018 | Indaiatuba, 09 de julho de 2022
Em julho de 1932,
eclodiu no estado de São Paulo um movimento armado contra o governo varguista,
instalado em outubro de 1930, quando Getúlio deu um Golpe de Estado, impedindo
a posse do presidente eleito, Júlio Prestes (paulista do PRP), que havia sido eleito
em 1º de março de 1930. Nessa eleição, 304 indaiatubanos votaram
em Prestes e 24 votaram em Vargas. O golpista agiu como tal:
tornou-se líder centralizador, passou a governar por decretos após ter revogado
Constituição Republicana, dissolveu o Congresso Nacional, os Congressos
Estaduais e as Câmaras Municipais, querendo ser o que todo tirano sonha:
soberano, absoluto.
A chamada Revolução de
1932 não foi uma ‘revolução’, embora tenha posto fim a política do “Café com
Leite”, foi uma guerra civil que teve seu embrião na formação da “Frente Única”
que em São Paulo uniu, contra Vargas, dois grupos que até então eram
adversários: o Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista. Ambos
queriam o fim do governo provisório, convocação de eleições e uma Assembleia
Constituinte.
Como em outros
municípios do Estado, formou-se em nossa cidade a “Frente Única de Indaiatuba”
resgistrada em documento assinado por João de Paula Leite (PD) e Luiz Emilio
Banwart (PRP) e divulgada em praça pública com festa, rojões, banda e longo
discurso de apoio do Major Alfredo Camargo Fonseca, incluindo presença de seus
oponentes políticos, liderados por Scyllas Sampaio; todos favoráveis à uma nova
constituição que moderasse o poder ditatorial de Vargas. Não demorou para a
estratégia de gabinetes e papeis ter um fim e após intensa campanha para
alistar voluntários para o confronto em campos de batalha, os paulistas foram à
guerra. Voluntários civis contra as forças armadas nacionais. Previsível o fim
que isso daria: foi um massacre.
Scyllas Leite Sampaio
foi escolhido para ser o presidente do MMDC de nossa cidade, grupo formado por
João de Paula Leite, Gentil Lopes, José Teixeira de Camargo e Luiz Emilio
Banwart. Cinco dias depois de formado o grupo, seguiu para Itu no dia 19 de
julho, pela estrada de ferro, após emocionante festa de despedida - na frente
de operações levando um contigente de voluntários que foram para o campo de
batalha: João Pereira dos Santos, Abramo Bernardinetti, Angelo Bego, Antenor de
Quadros, Antônio Lopes Fontes, Armando Camargo e seu irmão Juca Camargo,
Armando de Matos (Ventania), Benedito Avelino Correa, Demerval Viana, João Abel
Filho, João de Souza Aranha, João Rezende, Joel Ribeiro Escobar, José Antônio
Germano, Marcilio de Campos, Oswaldo Groff, Silvio de Barros e os três irmãos
da família Duarte Bertoni, Darcy, José e Ary (que faleceria uma ano após o fim
do confronto, vítima de tuberculose que adquiriu no campo de batalha), o que
deu direito ao patriarca sr. Alonso Bertoni de discursar na despedida dos
pracinhas indaiatubanos: “Os carajosos partem, os covardes ficam!”
Um deles – o voluntário João Pereira dos Santos, foi morto no dia 10 de setembro sendo um em um total oficial de 934 mortos em 87 dias de combate. Pode-se entender que a Guerra Paulista, a Revolução Constitucionalista, a Revolução de 32 ou qualquer que seja o nome atribuído a esse evento, feriado no estado de São Paulo que comemora essa terrível guerra civil, consolidou o poder de Vargas ainda que, apenas alguns meses depois, ele acabasse por convocar a Assembleia Constituinte.
A nova Constituição promulgada em 1934 trouxe consequências para Indaiatuba.
Como a nova Carta proibia a reeleição de prefeitos e governadores para o período imediato, o Major Alfredo foi substituído pelo prefeito nomeado Scyllas Leite Sampaio, que assumiu o poder local de 4 de setembro de 1934 até 18 de janeiro de 1936.
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