terça-feira, 18 de outubro de 2022

Mês da Consciência Negra - Curso de Extensão no Museu de Itu

No mês da consciência negra, Museu Republicano de Itu vai oferecer curso sobre a história afro-brasileira nos museus

Em novembro, quando se comemora o mês da consciência negra no Brasil, o Museu Republicano de Itu vai oferecer o curso “Presença afrodiaspórica em museus de história”, que analisará as formas de tratamento e abordagem da história afro-brasileira nos acervos e nas exposições de museus brasileiros. 

Gratuito, será realizado no dia 05 de novembro, das 09h às 17, no Centro de Estudos do Museu Republicano (Rua Barão de Itaim, nº 140, Centro de Itu).

As inscrições estão abertas a partir deste sábado, dia 15 de outubro, por meio do site Sistema Apolo da USP (Link).

De acordo com a Profa. Dra. Aline Montenegro Magalhães, ministrante do curso, “além de discutir estudos e diagnósticos, o curso propõe um debate sobre como uma abordagem crítica e decolonial, inspirada por autores como Lélia Gonzalez, Achille Mbembe, Grada Kilomba, entre outros, pode lançar bases para a escrita de outras histórias a partir de pesquisas e ressignificação de objetos”.

O curso será iniciado com uma conversa sobre como o racismo estrutural é perceptível no nosso cotidiano e depois avançará sobre como os impasses para a construção da identidade nacional foram marcados pelo não reconhecimento dos negros como parte da nação. “Vamos refletir como estas questões foram tratadas tanto pelos museus como pelos discursos científicos”, explica a supervisora do Museu Republicano, Profa. Dra. Maria Aparecida de Menezes Borrego.

Ementa:

O curso é dedicado à reflexão sobre a presença afrodiaspórica em museus de história. Tem por objetivo analisar as formas de tratamento e abordagem da história afro-brasileira no acervo e nas exposições de museus brasileiros, especialmente do Museu Histórico Nacional. Além de discutir estudos e diagnósticos, propõe um debate sobre como uma abordagem crítica e decolonial, inspirada por autores como Lélia Gonzalez, Achille Mbembe, Grada Kilomba, entre outros, pode lançar bases para a escrita de outras histórias a partir de pesquisas e ressignificação de objetos.


Descrição

Introdução: Racismo estrutural em pauta
A aula será iniciada com uma conversa sobre como o racismo estrutural é perceptível no nosso cotidiano: mundos do trabalho, pandemia, etc.

História dos museus no Brasil e os negros na pauta do racismo científico

A conversa sobre a nossa atualidade deve remeter à história das instituições, teses e práticas que inferiorizavam a população negra no pós-abolição. Os impasses para a construção da identidade nacional foram marcados pelo não reconhecimento dos negros como parte da nação. Como isso foi construído nos museus e nos discursos científicos.

Museu de História e representações afrodiaspóricas

Como os museus de história contribuíram para a resolução do impasse em relação à construção da identidade nacional, “positivando” a presença negra como parte de uma nação mestiça, mas vislumbrando o seu fim no processo de embranquecimento. Aqui faremos um diagnóstico com base em pesquisa realizada no Museu Histórico Nacional sobre a presença afrodiaspórica na história produzida e difundida nos museus. Domesticação, folclorização. Branqueamento e invisibilização foram algumas posturas assumidas nas exposições com base no acervo dessas instituições.

Perspectivas emancipadoras para outras histórias

O curso será finalizado com o compartilhamento de experiências sobre o olhar crítico para as exposições e tratamento de acervo. Será dedicado à reflexão sobre perspectivas decoloniais para a produção de outras histórias sobre a experiência afrodiaspórica no Brasil.


Local do curso: Centro de Estudos do Museu Republicano Convenção de Itu, Rua Barão de Itaim, 140, Centro - Itu.

Data: 05 de novembro de 2022.

Carga horária: 8 horas (6 horas/aula e 2h de leituras dirigidas)


Bibliografia Geral:

  • ABREU, Martha; MATTOS, Hebe; GURAN, Milton. Por uma história pública dos africanos escravizados no Brasil. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 27, no, 54, pp. 255-273, Jul./Dez. 2014.
  • ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro: Pólen, 2019.
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  • GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
  • HALL, Stuart. Da diáspora.Identidade e Mediações Culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2013.
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  • MBEMBE, Achile. Crítica da Razão Negra. São Paulo: N1 ed. 2018.
  • MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra.Belo Horizonte: Autêntica, 5aed., revista e ampliada, 2019.
  • OLIVEIRA, Amanda de Almeida. A documentação museológica como suporte para comunicação com o público: a cadeirinha de arruar do Museu de Arte da Bahia. 115 f. il. 2018. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.
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Para mais informações, os interessados podem entrar em contato com o Museu Republicano por telefone (011 — 4023.0240 | opção 3) ou encaminhar mensagem para o e-mail edu.mrci@usp.br.

 


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