Eliana Belo Silva
A Toyota recebeu glebas do patrimônio público de Indaiatuba para instalar uma de suas montadoras no Brasil e, em troca, a municipalidade exigiu, como uma das contrapartidas, que tudo o que fosse produzido na planta fosse faturado aqui, revertendo para Indaiatuba um notável aumento de arrecadação.
Com isso, uma Era Industrial específica na cidade teve
início, praticamente junto com o fenômeno político chamado de reinaldismo, um
grupo político com características bem definidas que tem praticamente o mesmo
tempo da empresa japonesa em nossa cidade: aproximadamente 30 anos. Não é
exagero dizer que, nos ciclos industriais em Indaiatuba, houve uma Era na qual
podemos classificar o período “antes” e “depois” da Toyota, por causa dessa
arrecadação.
Indaiatuba recebeu de ICMS no ano de 2023 entre 30 e 32 milhões por mês, sendo que uma média de 7,3% veio da Toyota. É o mesmo que afirmar que em vez de receber 12 parcelas de ICMS, Indaiatuba passará a receber 11. É muito impacto!
Não foi apenas essa impactante contrapartida que a
municipalidade exigiu: a Toyota passou a ser obrigada a colaborar com o SENAI e
a empregar pelo menos 400 indaiatubanos. Com a planta instalada, gerou empregos
diretos e indiretos em várias empresas prestadoras e parceiras, impulsionando a empregabilidade local. Como parte de sua Responsabilidade Social, patrocinou eventos
culturais, educativos, esportivos.
Em 2021 anunciou sua saída formalmente da cidade e começou a
investir em Porto Feliz e Sorocaba, cidades praticamente vizinhas de Indaiatuba,
não por acaso: é falado e repetido sobre a condição logística privilegiada de
nossa cidade: perto de Viracopos, Anhanguera, Bandeirantes e Castelo Branco,
proximidade que as outras duas também possuem. Só que em Sorocaba tem Porto Seco. E lá conseguiram incentivos que
qualquer prefeito daria, para recolher capital político e eleitoral em troca; o que
inegavelmente acontece.
De 2021 para cá, as mudanças foram ocorrendo aos poucos e
sem surpreender ninguém, uma vez que foram anunciados os investimentos tanto em
Porto Feliz, como em Sorocaba, valor que chega a 11 bilhões. Ontem, 05 de
março, a pá de cal foi jogada de uma vez por todas e, muita
gente se surpreendeu com o que vem sendo dito - repito - desde 2021.
Agora, o próximo capítulo da história é entender onde houve a falha – ou falhas – do reinaldismo (que inclusive doou áreas públicas para a Toyota, com registro em cartório) em abrir diálogo para manter a empresa aqui, falha reincidente que nos remete à perda - traumatizante - da antiga Cobreq.
Importante ressaltar que a Câmara Municipal por diversas vezes emitiu, para a prefeitura, pedidos de melhorias no entorno da empresa, entre eles: (1) melhorias na iluminação próxima à Marginal Sul da Rodovia Santos Dumont, trecho em frente à Toyota, Fupresa e SEW Eurodrive Brasil; (2) construção de uma passarela e um viaduto na rodovia SP-75, próximo à Toyota, (3) revitalização do asfalto da Estrada General Motors, na região da Fábrica Toyota, todas feitas pelo vereador Arthur Spíndola nesta atual legislatura. Na legislatura anterior, as melhorias foram pedidas principalmente pelo ex-verador Adeilson Pereira da Silva. Não há no site da Câmara, resposta à estas Indicações do veredores, apenas consta que foram despachadas para o Executivo e se encontram na Secretaria de Relações Institucionais e Comunicação.
Vamos
aguardar as explicações para escrever a página seguinte e principalmente, notar
o impacto que a queda de arrecadação dará, infelizmente, em nossa Indaiatuba –
afinal, em cada Corolla desse ‘brasilzão’, uma parte da riqueza do ciclo de
produção de cada um desses veículos, ficou em nosso chão, para nossa gente.
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Pós-escrito: o prefeito Nilson Gaspar publicou em suas redes sociais, no final da tarde do dia 06/março/2024:
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