MINHAS VISITAS EM UM DOS ÚLTIMOS CAMPOS DE INDAIÁS NATIVOS DE INDAIATUBA
A cada visita que faço em um dos últimos refúgios de indaiás nativos de Indaiatuba, localizado na margem direita do Rio Jundiaí, constato que, a cada ano, menos resta deles.
Por que?
O nosso indaiá (Attalea geraensis) é uma planta de grande relação ecológica com seu habitat, e demanda de uma série interações para que prospere, sendo que a extinção de apenas uma delas de um determinado local, acaba por comprometer a ocorrência da espécie ali.
O indaiá pode possuir indivíduos que apresentam somente flores masculinas, outros só com flores femininas, portanto é dependente de polinizadores, no caso abelhas e insetos, em especial a mamangava, que ainda abunda nas margens do Jundiaí.
Os indivíduos podem ter floradas masculinas, femininas ou ambas, e ocupam, com predominância, habitats diferentes. As florações femininas costumam ocorrer na sombra de árvores do Cerrado, como o Angico, ou em Mata de Borda, nos limites de um fragmento de mata e uma área de Cerrado ou Campo. As florações masculinas, ocorrem predominantemente em campo mais aberto ao sol. Portanto é importante manter PRESERVADAS áreas de bioma de Cerrado, também de Mata Ciliar.
Sua dispersão é intimamente relacionada ao seu principal dispersor, a cotia, que coleta o coquinho do indaiá, rói sua casca e o enterra para comer em outra ocasião, o que acaba por germinar os frutos. Áreas de refúgio de cotias estão relacionadas com áreas preservadas de cerrado e mata ciliar, onde também encontram água e outros alimentos.
O clima e o solo também são muito importantes, locais com solos drenados, livres de encharcados, e estações do ano com polarização de chuva e seca, são essenciais a germinação dos frutos que ocorre em até um (1) ano após serem enterrados. É necessário que no local chova muito durante metade do ano, mas que isso não deixe áreas alagadas, e que a estação seca seja severa em toda a outra metade do ano. Atualmente, há locais também em Minas Gerais, com características semelhantes a Indaiatuba, onde esta mesma espécie de indaiá abunda.
Vamos resumir: SOLO SECO, ESTAÇÃO CHUVOSA SEGUIDA DE ESTAÇÃO SECA, COTIA, CERRADO, MATA CILIAR, MAMANGAVA E VÁRIOS INDIVÍDUOS DE INDAIÁ JUNTOS.
POIS É, RETIRE UM elemento desta relação ecológica, e o indaiá irá perecer.
Faça um projeto de revegetação, que não entenda estas características e ele não prosperará.
Existem vários locais aptos a serem berços de projetos de revegetação na cidade.
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