segunda-feira, 1 de abril de 2024

Como estão os últimos indaiás nativos de Indaiatuba?

                                                                                                                          Charles Fernandes


MINHAS VISITAS EM UM DOS ÚLTIMOS CAMPOS DE INDAIÁS NATIVOS DE INDAIATUBA


A cada visita que faço em um dos últimos refúgios de indaiás nativos de Indaiatuba, localizado na margem direita do Rio Jundiaí, constato que, a cada ano, menos resta deles.

Por que?

O nosso indaiá (Attalea geraensis) é uma planta de grande relação ecológica com seu habitat, e demanda de uma série interações para que prospere, sendo que a extinção de apenas uma delas de um determinado local, acaba por comprometer a ocorrência da espécie ali.

O indaiá pode possuir indivíduos que apresentam somente flores masculinas, outros só com flores femininas, portanto é dependente de polinizadores, no caso abelhas e insetos, em especial a mamangava, que ainda abunda nas margens do Jundiaí.

Os indivíduos podem ter floradas masculinas, femininas ou ambas, e ocupam, com predominância, habitats diferentes. As florações femininas costumam ocorrer na sombra de árvores do Cerrado, como o Angico, ou em  Mata de Borda, nos limites de um fragmento de mata e uma área de Cerrado ou Campo. As florações masculinas, ocorrem predominantemente em campo mais aberto ao sol.  Portanto é importante manter PRESERVADAS áreas de bioma de Cerrado, também de Mata Ciliar. 

Sua dispersão é intimamente relacionada ao seu principal dispersor, a cotia, que coleta o coquinho do indaiá, rói sua casca e o enterra para comer em outra ocasião, o que acaba por germinar os frutos. Áreas de refúgio de cotias estão relacionadas com áreas preservadas de cerrado e mata ciliar, onde também encontram água e outros alimentos.

O clima e o solo também são muito importantes, locais com solos drenados, livres de encharcados, e estações do ano com polarização de chuva e seca, são essenciais a germinação dos frutos que ocorre em até um (1) ano após serem enterrados. É necessário que no local chova muito durante metade do ano, mas que isso não deixe áreas alagadas, e que a estação seca seja severa em toda a outra metade do ano. Atualmente, há locais também em Minas Gerais, com características semelhantes a Indaiatuba, onde esta mesma espécie de indaiá abunda. 

Vamos resumir:  SOLO SECO, ESTAÇÃO CHUVOSA SEGUIDA DE ESTAÇÃO SECA, COTIA, CERRADO, MATA CILIAR, MAMANGAVA E VÁRIOS INDIVÍDUOS DE INDAIÁ JUNTOS. 

POIS É, RETIRE UM elemento desta relação ecológica,  e o indaiá irá perecer. 

Faça um projeto de revegetação, que não entenda estas características e ele não prosperará. 

Existem vários locais aptos a serem berços de projetos de revegetação na cidade.



INDAIÁ NATIVO, VÍTIMA DE QUEIMADA EM 2017



O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2018, SE RECUPERANDO




O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2024






O MESMO INDAIÁ NATIVO EM 2024





COQUINHO DE INDAIÁ EM UM DOS ÚLTIMOS INDIVÍDUOS NATIVOS DE INDAIATUBA



Crédito das imagens e texto: Charles Fernandes








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens mais visitadas na última semana