Na maior parte das vezes que os colaboradores deste blog me passam informações sobre pessoas especiais desta terra abençoada e querida que é Indaiatuba, eu faço um texto o mais objetivos possível, buscando registrar neste blog fontes de diversas formas para divulgar nossas histórias e nossas memórias.
Acabo, assim, sempre fazendo um texto meu com essas referências. Mas especialmente hoje, na véspera do Dia das Mães, não farei essa interferência. Vou publicar na íntegra o texto escrito por Selma Maria Domingues El Hage para a sua tia Adelle, mais uma das "mulheres maravilhosas" que nossa Indaiatuba já teve.
E na pessoa da Selma, que tão emocionadamente escreve sobre sua tia Adelle, cumprimento todas as mamães que leem este blog. E também mando minha oração para as mamães que moram no céu, na lembrança de Dona Adelle, a quem minha avó (beijo aí no céu, viu vó, você também foi minha segunda mãe) falava com muito apreço.
Biografia da Minha Tia Adelle
texto de Selma Maria Domingues El Hage
Há pessoas que, independente de pertencerem à família, tem um papel relevante em nossas vidas. Minha tia Adelle foi especial pra mim. Ela adorava crianças e desde o meu nascimento ajudou minha mãe na minha criação. Minhas melhores lembranças da infância são de sua casa, de seu quintal, dos braços abertos fazendo festa para me receber quando abria a porta. Ainda tenho na memória o calor de seus abraços, os cheiros de seus quitutes e as histórias divertidas que ela protagonizava. Sempre tivemos muitas afinidades e eu a escolhi como segunda mãe. Sei que ela também me queria como filha.
Por isso é com muita emoção que escrevo essa pequena biografia baseada nas minhas lembranças e nos relatos de seu filho João e seu neto Adriano. Eles também cederam algumas das fotos da família para a ilustração. Obrigada Eliana por essa oportunidade.
Minha tia Adelle era a quarta filha de Cléophas Mosca Milani e Humberto Milani e teve como irmãos Isolina Milani Cordeiro, Antonietta Milani Amaral Gurgel, Maria Inês Milani Domingues, Marcos Milani, Hélio Milani, Maria Walda Milani Ibrahin e Laércio José Milani.
Nasceu em Indaiatuba em 10 de Maio de 1920 e faleceu em 02 de Junho de 2007, aos oitenta e sete anos de idade.
Casou-se com o Sr Athayde Puccinelli em 21 de Dezembro de 1936, um casamento de 51 anos, pois ele faleceu em 1987.
Teve dois filhos: Alcione Therezinha Puccinelli, falecida em 23 de Setembro de 1939 com 22 meses de vida de “dispepsia super aguda”, segundo consta em seu atestado de óbito. A perda dessa filha nunca foi superada por ela, pois consta que a criança passou mal durante um pic-nic onde brincava com outras crianças e embora socorrida não resistiu e faleceu inesperadamente. Seu segundo filho, João Antônio Pucinelli, nasceu em 1940. Ele casou-se com Maria Aparecida Maschietto Pucinelli e teve dois filhos: Adriano Maschietto Pucinelli, casado com Rachel Bolivar Neves Pucinelli pais de Adrianne B Pucinelli, bisnetinha que nasceu após seu falecimento, e Maria Beatriz Maschietto Pucinelli.
Sempre viveu em Indaiatuba.
Quando jovenzinha adorava dançar e frequentava juntamente com suas irmãs e amigas o salão da XV de Novembro onde atualmente é o Banco Itaú. Era lá que de vez em quando promoviam um baile para alegrar as famílias da cidade que tinham poucas opções de lazer. Apreciava também as festas juninas onde dançava a quadrilha. Por coincidência, seu filho nasceu no dia de São João e então ela teve motivo para comemorar todos os anos.
Criada para ser dona de casa, como a maioria das moças da época, casou-se muito cedo, aos 16 anos, quase uma criança. Menina viva, inteligente e habilidosa como suas irmãs, destacou-se como excelente cozinheira. Em sua casa, a qualquer dia ou hora, havia uma parte da mesa arrumada com um café fresquinho e alguma guloseima como bolo de fubá ou bolinho de chuva. Na época do figo, os colhia verdes de seus dois ou três pezinhos do fundo do quintal e preparava um doce em calda inesquecível...só a lembrança faz a boca encher de água... o doce de abóbora era espetacular e segundo o meu marido,o melhor que já experimentou, tanto o com coco , como o vidrado na calda.O “latugue” era outra especialidade dela feita principalmente na época do natal: uma massinha frita feita com licor de aniz, passada no açúcar com canela, tradicional da culinária italiana. A leitoa pururuca, a torta de frango com palmito e tantas outras delícias encantavam aos amigos e familiares.
De vez em quando esquecia as panelas no fogo e quando se lembrava já era tarde para desespero de seu filho e marido. Isso virou motivo de muitas gargalhadas entre nós e seu fogão foi parar numa varanda coberta fora da cozinha para evitar incêndios.
Tinha um bom relacionamento com todos os irmãos e irmãs, mas afinidade maior com Hélio Milani, com quem passeava pela cidade e conversava sobre o passado, fatos engraçados, pitorescos, tragédias e muitos assuntos. Quando os dois iam ao cemitério local a conversa era deliciosa de se ouvir. Aí sim é que a memória trabalhava e viajava por ruas antigas e histórias inesquecíveis e às vezes inenarráveis....
Adorava jogar baralho como passatempo e era disputada como parceira no jogo de buraco e tranca. Em sua casa reunia vários amigos como Sr Daltro Magnusson e Dona Lourdes, Beto Veiga Torce e Jane sua esposa, além da irmã Maria Walda M Ibrahin e sobrinhos como Marquinho Milani e sua irmã Regina, eu e meu marido Amir. Esses jogos eram sempre acompanhados de seus deliciosos quitutes para a alegria geral.
Quando criança a acompanhei muitas vezes no jogo de tômbola na casa de sua amiga Pina Delbone, onde as amigas se reuniam para passar o tempo. Lembro-me que marcavam o jogo com sementes de birí.
Habilidosa, fazia crochê com facilidade e presenteava as sobrinhas, irmãs e amigas com lindas toalhinhas já esperadas nos aniversários e no Natal. Fazia tudo a olho, sem contar as carreiras porque não tinha paciência e sempre com outras atividades ao mesmo tempo como conversar e ver televisão e no final os trabalhos sempre ficavam lindos. Muitas vezes encontrei Dona Sylvia Teixeira de Camargo Sannazzaro, sua grande amiga conversando e fazendo crochê em sua casa.
Foi uma pessoa extremamente caridosa. Tinha mendigos “cativos” que passavam periodicamente em sua casa para pegar uma merendinha. Por isso, uma senhora a quem ajudou anonimamente, lhe ensinou a benzer quebrante. Quem sabia desse seu dom, que guardou a sete chaves por toda vida, levava principalmente as crianças para a benzedura que era feita com água e óleo. Elas já saíam mais calmas e às vezes até dormindo.
Aliás, sempre adorou crianças e ajudou a criar os sobrinhos mais próximos em especial a mim e meu irmão Silvio. Temos recordações maravilhosas do quintal de sua casa cheia de árvores e esconderijos e dos sucos de frutas colhidas na hora como pitangas, ameixas, laranjas e abacates que ela preparava na hora do lanche.
Quando nasceram seus netos Adriano e Bia ficou realizada e muito se dedicou ajudando sua nora Cida na criação dessas crianças que tanto amou.
Já bem idosa por volta dos 80 anos teve um AVC e ficou seriamente limitada, uma tragédia para quem era totalmente independente. Nesse momento difícil teve o amparo de toda a família, mas em especial de Rachel, na época namorada de Adriano que a tratava com muito carinho e paciência. Ela a acompanhava nas consultas médicas, a levava ao cinema no Shopping Jaraguá e depois ao seu programa preferido: passear pelos corredores do Pão de Açúcar para fazer umas comprinhas, tudo na cadeira de rodas.
Faleceu em 02 de Junho de 2007, apenas 5 dias antes do casamento de Adriano e Rachel, mas com certeza, lá de cima os abençoou com muita alegria.
Querida por todos que a conheciam simpática e cordial, carismática, dona de um temperamento forte, mandona e irreverente, tia Adelle passou por essa vida deixando deliciosas lembranças.
Sua conversa gostosa atraía os clientes do escritório de seu marido que paravam para uma boa prosa. Tempo bom!
Tempo onde as pessoas tinham tempo de parar e conversar, tomar um cafezinho e comer um pedaço de bolo. Onde os filhos eram criados brincando nos quintais e na rua com os amiguinhos vizinhos, tempo que não volta mais, que a memória pode até apagar, mas que com o registro escrito pode ser resgatado e revivido com emoção como essa singela homenagem para uma tia querida.
(clique nas imagenspara ampliar)
Maria Aparecida Maschietto Pucinelli com Dona Adelle e Selma
Dona Adelle com o neto Adriano e sua esposa Rachel, que cuidou dela com muito carinho.
Dona Adelle e irmãos
Dona Adelle com o seu marido, Athayde Puccinelli
Casamento de Adelle com Athayde
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Através de um projeto de lei indicado pelo vereador Alexandre Carlos Peres, a antiga Rua 8 do Jardim Residencial Nova Veneza passou a se chamar RUA ADELLE MILANI PUCINELLI.
Querida Eliana, sem palavras para te agradecer. Beijo no seu coracão e feliz dia das mães
ResponderExcluirque saudade Tia Adele.. vc era tudo que a gente poderia desejar como tia MARAVILHOSA ... SELMA PARABENS .. Vc retratou exatamente a tia querida... beijos Isney
ResponderExcluirsaudade dela sempre no escritorio do filho e neto....Mensalmente eu ia pegar ou pagar aluguel e lá estava ela entrando e saindo de casa e do escritorio. Parabens Selma pela oportunidade de escrever de uma tia querida. Sei que lá onde estiver, ela a abencoa!!!!Neuza Mori Sério
ResponderExcluirDona Adele! Sempre simpática, carinhosa e de bom astral. É esta a lembrança que tenho dessa pessoa que para mim sempre foi querida. Bela e merecida homenagem!
ResponderExcluirDona Adelle sempre foi muito simpática...Aliás, lembro-me também de Wanda Puccinelli, mulher de muita coragem...
ResponderExcluirMerecida homenagem!!!
Abraços!
Celeste,