Eliana Belo Silva
Coluna "Identidade Indaiatubana" - Jornal Exemplo
17.07.2015
FAZENDEIROS DE NOSSA TERRA – Chico de Itaici
Francisco José de Araújo nasceu na freguesia de Lage, em Braga – Portugal, em 25 de fevereiro de 1844, filho de Antonio José de Araújo e Maria Rosa da Motta. Chegou ao Brasil com 15 anos em 1859 onde empregou-se, inicialmente, no comércio do Rio de Janeiro. Ainda jovem veio para Itaicy (grafia da época), onde fez fortuna com o comércio e com a agricultura de frutas e sementes, chegando a participar de grandes exposições (ganhou prêmios com suas ameixas, pêssegos e maças) e exportar através do porto de Santos com sua empresa Araújo, Tavares & Co.
Como empreendedor, além de fazendeiro, Chico de Itaici foi um comerciante que soube aproveitar o ‘ponto’ da Estação Ferroviária de Itaici, um importante e movimentado entroncamento ferroviário. Ali montou um negócio, misto de restaurante, botequim, fábrica artesanal de doces (vendia figos em latas) e armazém de distribuição. Dali recebia e despachava encomendas e ficou tão conhecido na logística da linha férrea que, quando em 1891 viajou à passeio para a Europa, publicou no jornal Correio Paulistano para todos os “amigos, conhecidos e negociantes” que em seu lugar, provisoriamente e para todos os negócios, ficaria encarregado o sr. Joaquim Pedroso de Alvarenga.
Por ser conhecido por todos e dominar de várias formas o local onde se estabeleceu, era chamado também de "Barão de Itaicy”, sendo inclusive, escolhido como padrinho de diversas crianças nascidas no entorno, prática típica da época dos “coronéis”.
Contam Caio e Scyllas Sampaio, no livro “Indaiatuba, sua História” que ele tinha o apelido de Chico Bulão, por servir café com leite em um enorme bule de cinco litros em seu restaurante, onde recebia políticos e pessoas de influência da província de São Paulo, sendo, inclusive, amigo pessoal de Prudente de Morais.
Foi político republicano assumido e atuante: junto com José Tanclér, Telesphoro Campos Almeida, Benjamin Constant Almeida Coelho, José Schettino e Alfredo de Camargo Fonseca, ele, Francisco José de Araújo, compôs a primeira Câmara eleita após a proclamação da república em Indaiatuba no ano de 1892, quando também foram eleitos como juízes de paz os senhores Joaquim Pedroso de Alvarenga, Ignácio de Paula Leite de Barros e Lourenço Tibiriçá; em 1895 ele foi vice-presidente nesta legislatura da Câmara Municipal. Foi novamente eleito, sendo vereador entre 1901 e 1904.
Indaiatuba teve, durante muito tempo, a fama de ser uma cidade “salubre”, onde as pessoas vinham para se tratar de doenças diversas, principalmente respiratórias. Essa crença pode ser constatada em vários artigos de jornais do final do século XIX e início do século XX, que informavam que a pessoa “tal” havia vindo para cá com a intenção de cura. Pois bem. Chico de Itaici viu nesses visitantes uma oportunidade de negócio e construiu, no Largo das Caneleiras, várias casinhas, as quais alugava para moribundos afortunados.
Casas geminadas construídas por Chico de Itaici no Largo das Caneleiras,
no Largo da Igreja São Benedito, em Indaiatuba para serem alugadas para doentes que acreditavam que Indaiatuba era uma cidade salubre (atualmente estão bastante descaracterizadas)
O jornal Correio Paulistano, onde tantas vezes Francisco José de Araújo fizera vários anúncios, noticiou no dia 26 de novembro de 1913 que “o estimado Chico de Itaici encontrava-se enfermo”, internado em Itu, e que seu médico Dr. Silva Castro, dizia que seu estado inspirava cuidados; informou ainda que ele estava recebendo muitas visitas. No dia 30, o mesmo jornal anunciou que “após rebelde moléstia, que zombou de todos os recursos da ciência postos a serviço de seu salvamento, faleceu às dez e poucos minutos da manhã o estimado cavalheiro Francisco José de Araújo”.
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