Vila
Industrial: um passado de glórias
e um futuro promissor
A antiga
Vila Industrial guarda no passado importantes histórias e empresas que elevaram
o nome da Terra dos Indaiás à nível nacional.
Hoje, preserva o clima tranquilo
em quatro bairros de grande importância: Vila Vitória I e II, Parque Boa
Esperança e Vila Furlan
Os bairros
Vila Vitória I e II, Parque Boa Esperança e Vila Furlan hoje se consolidam como
parte histórica de Indaiatuba, pois foi neste pedaço de terra que, ainda sem
urbanização, diversas empresas se instalaram no início do século 20, fazendo
com que o conjunto que hoje denomina os bairros ficasse conhecido como Vila
Industrial.
A partir de 1920 começaram a
se instalar em Indaiatuba unidades industriais de transformação de madeiras. Dentre elas estava a indústria de cabos
de guarda-chuva e bengalas Gryschek, que tinha seu produto vendido em todo
território nacional. A fábrica se instalava onde hoje está o Parque Boa
Esperança, no cruzamento das ruas Nicarágua com Jundiaí, em terreno que ainda
preserva a fachada do prédio e dá lugar, em seu interior, a mais um
empreendimento vertical.O prédio faz parte da história
do bairro e por isso é possível falar sobre a região sem contar a história da
família Lins, pois foi com ela que o local cresceu e tomou status de bairro.
Família Lins
Henrique Lins,
originalmente alemão, chegou
ao Brasil com 17 anos, em 1923. Com o passar do tempo, aprendeu a produzir
Órgãos e Harmônicos e abriu sua própria fábrica. Anos depois, viu a
necessidade de expandir seu negócio e comprou o prédio da antiga Gryschek, em 1945.
Segundo
Antônia Lins, filha de Henrique, a energia elétrica só chegou na região quando
foi levada pelo seu pai até as proximidades da fábrica, tornando as atividades
da empresa mais fáceis. “Ele
pagou pelos postes e fios, e levou a energia até lá para que a fábrica pudesse
ter condição de trabalho”, resume.
Imagens do entorno da fábrica "dos Lins" onde era a Vila Industrial e depois expandiu-se a Vila Furlan, Parque Boa Esperança, Vila Vitória I e Vila Vitória II.
Entre tantas
histórias revividas pela moradora, ela lembra que o prédio da antiga fábrica
possuía um segundo andar, que foi desmontado porque o piso era de madeira.
“Fileira por fileira de tijolos foram retirados e o telhado desceu até ficar na
altura ideal. Depois, foi só voltar as telhas para o lugar”, recorda.
Mas, se hoje
os bairros da região possuem infraestrutura adequada e contam com vias de
acesso rápido em direção ao centro comercial da cidade, com ruas amplas e bem
sinalizadas, Antônia reforça que nem sempre foi assim. Detalhes são lembrados por ela, como as grandes valas que
eram abertas pelos escravos para servir de obstáculos, já que não existiam
cercas. “Onde é hoje a rua Cabreúva, existia uma gigantesca vala que ia até
próximo ao Hospital Augusto Oliveira Camargo”.
Desenvolvimento
Segundo dados fornecidos pela
Secretaria de Planejamento Urbano e Engenharia, foi em 14 de março de 1950 que
o loteamento da Vila Furlan foi registrado. Com 326 lotes, na época ele se
chamava Vila Amadeu Furlan. Com a cidade em pleno crescimento urbano, nos anos
seguintes surgiram os demais bairros vizinhos: o Parque Boa Esperança, com 417
lotes, foi registrado em 15 de dezembro de 1954; e os bairros Vila Vitória I e
II, com 295 lotes cada, em 1965.
Antônia lembra que com o
crescimento, diversas ruas foram abertas e com isso foram inevitáveis as
desapropriações. Dentre elas parte do galpão da antiga fábrica, cedido por
Henrique Lins para dar lugar à Rua Nicarágua. “Ele mesmo fez outra parede
dentro do salão e, depois, derrubou a
parede de fora, onde passaria a rua”, lembra a filha.
O terreno da antiga fábrica de
Lins ficou em poder da família de 1945 a 1994, quando o terreno foi vendido. Na
ocasião, uma fábrica de costura foi montada no local e anos mais tarde, o
prédio foi novamente vendido e nada mais funcionou no local.
Hoje, com o bairro em pleno
crescimento imobiliário e a instalação de prédios grandiosos com o Torres da
Liberdade, o espaço também abrigará um empreendimento habitacional de seis
andares, idealizado pela Jacitara Holding.
Ainda com forte vocação na área
empresarial e empregatícia, os bairros também continuam abrigando empresas, que
já somam 400, fazendo prevalecer o nome da Vila Industrial.
Vista da Torres da Liberdade
Torres da Liberdade
O Cruzeiro
O Parque Boa Esperança, além de
ter um clima pacato, ainda preserva uma obra de arte deixada por Henrique Lins,
na Rua Cabreúva. O Cruzeiro, como é conhecida a obra, foi construído por Lins
como pagamento de uma promessa feita por ele durante a recuperação de um
acidente que sofreu na fábrica, no fim do ano em que a família se mudou para o
local.
Na época, Lins foi levado para
Campinas para ser tratado e na volta, ainda impossibilitado de trabalhar,
orientava os empregados na construção do cruzeiro a fim de cumprir a promessa.
Em fevereiro de 1946 foi
instalada a cruz. Depois, ele fez a estátua da Nossa Senhora e de São João.
Depois de se recuperar por completo, Henrique Lins deu continuidade à obra, que
aos poucos foi tomando forma. Anos mais tarde, ele acrescentou a última peça do
conjunto ao cruzeiro, que foi Verônica aos pés da Cruz.
Cruzeiro na época em que foi feito por Henrique Lins
O Cruzeiro - imagem atual
Festa das Nações
A década de 1950 assistiu a
emergência da cultura do tomate, sobretudo em função da fixação de famílias
japonesas no município, com isso um marco cultural aconteceu na história da
cidade e do bairro, que poucos conhecem.
A primeira Festa das Nações, hoje parte
do calendário cultural da cidade, foi realizada no antigo prédio dos Lins.
Imagem da 1a, Festa das Nações, feita no antigo prédio "dos Lins".
.....oooooOooooo.....
Imagens antigas do acervo familiar da família Lins
Imagens atuais - Revista Exemplo.
Texto originalmente publicado na REVISTA EXEMPLO IMÓVEIS -
Agradecimentos: Sr. Aluísio William, presidente do Grupo AWR
e Débora Andrades, jornalista.
Texto de Luciano Rodrigues.
Nenhum comentário:
Postar um comentário