Em agosto de 1927 uma notável festa foi realizada em
Indaiatuba em homenagem aos três tripulantes do voo feito no hidroavião Jahu Savoia-Marchetti S.55, que
pioneiramente atravessou o Atlântico Sul. Foi um voo histórico, o primeiro sem
escalas de Gênova para Santos, e os quatro tripulantes, João Ribeiro de Barros
(piloto), João Negrão (copiloto), Vasco Cinquini (mecânico) e Newton Braga
(navegador) foram festejados e noticiados em várias cidades do país, inclusive
em nossa cidade.
SINOS, TIROS E TE-DEUM
Assim que o Jahu partiu de Gênova, nossa cidade já começou a
se preparar para a festa de aterrisagem que aconteceu na então capital
brasileira, o Rio de Janeiro. Quando ocorreu o pouso, os sinos da Matriz Nossa
Senhora da Candelária repicaram festivamente, teve uma salva de 21 tiros e a fábrica
de artefatos de madeira Grichet, a maior da cidade até então, apitou sua sirene
por muitos minutos. No mesmo dia, as 18 horas, a população foi para a Matriz
rezar um solene “Te-déum”.
DESFILE CÍVICO
Após a cerimônia religiosa, a Corporação Musical 7 de
Setembro comandada pelo Maestro Boffa, saiu da Matriz em passeata pela cidade,
dando e recebendo simbolicamente muitos ‘vivas’ ao Brasil, ao piloto Barros e
seus companheiros do Jahu.
As crianças do pequeno centro urbano de então, que contava
com pouco mais de sete mil habitantes e que estudavam no Grupo Escolar que
ficava do lado da Matriz, foram preparadas para acompanhar o desfile antecipada
e caprichosamente pelo professor Paulo Moreira da Silva. Levaram, em marcha e
atrás da banda, lanternas multicores e cartazes com dedicatórias aos ‘quatro
azes’. O desfile subiu a Rua Candelária e foi até o prédio da Câmara e Cadeia,
que ficava no centro da Praça Prudente de Moraes.
DISCURSOS UFANICOS
Em frente ao prédio público, teve discursos ufânicos:
inicialmente o professor João Pinto Corrêa e em seguida o prefeito Major
Alfredo de Camargo Fonseca, que foi prefeito de Indaiatuba durante mais de 30 anos. Segundo o Jornal Correio Paulistano, que narrou essa festa em
sua edição de 10 de agosto de 1927, o prefeito Fonseca fez um discurso que mais
pareceu uma oração em forma de hino para a nossa pátria. Terminado o discurso
do prefeito, a Banda tocou o Hino Nacional para, em seguida, tomar a palavra o
Sr. Ulysses Almeida Esmeralda.
E SEGUE A BANDA...
O cortejo seguiu, então pela rua Candelária até a sede do
único jornal local. Em nome dele, quem discursou foi o professor Paulo Moreira
da Silva, a quem o diretor do periódico, Lili Escobar, agradeceu.
O cortejo da banda seguido por crianças e populares aclamando
os heróis aviadores foi então até a casa de José Tanclér, que na ocasião era
Juiz de Paz, na esquina da rua 15 de Novembro com a rua Siqueira Campos (onde
hoje é a Caixa Econômica Federal e até o início do ano era a Foto Hugo). O sr. Ângelo
Bruni tomou a palavra e deu seguidos “vivas” para o Brasil, acompanhado da
pequena multidão formada, inclusive, pelos operários da fábrica do Sr. José
Grichet, que havia dispensado todos os operários para o evento, assim como
muitos dos comerciantes e negociantes do centro, que fecharam as portas para
que todos pudessem aclamar os aviadores brasileiros.
... ATÉ O BAILE
Após os últimos discursos, a população seguiu para a sede do
Cine Recreio, onde a festa seguiu até tarde da noite, em animado baile.
Texto de Eliana Belo Silva
Originalmente publicado no Jornal Exemplo de 18/11/2016.
Jornal "A Rua" 21/10/1926
Jornal " A Manhã" 11/11/1926
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