Quando, em 1873, o novo leito ferroviário recém-instalado cercou a cidade ao sul, já se imaginava que o vetor de crescimento resultante de Indaiatuba seria ao norte, em direção à antiga estrada Itu–São Carlos (atual Campinas). Mas isso não seria novidade: o antigo Cemitério São Benedito, abençoado em 1838, junto com a inauguração da Candelária, localizado a apenas duzentos metros dela — onde atualmente é o quarteirão do Banco Itaú — já havia sido substituído pelo Cemitério São José em 1868, pouco mais distante, no local onde hoje está o prédio dos Correios, corroborando que a cidade cresceria nessa direção.
Nos últimos anos do Império, ali era o perímetro urbano da cidade — a Rua Nova (atual Bernardino de Campos) —, e foi nesse local que a Casa de Câmara e Cadeia se instalou em 1888, quando o entorno formava apenas um largo aberto e descampado. Logo depois, em 1907, o primeiro prefeito de Indaiatuba, na recém-instaurada República, major Alfredo Camargo da Fonseca, promoveu a urbanização do local, construindo o primeiro jardim e dando-lhe o nome do terceiro presidente do Brasil, Prudente de Morais, falecido poucos anos antes. Em 1916, foi construído o primeiro coreto. Poucos canteiros ajardinados, bolsões de acesso para carroças e cavalos marcam esse primeiro desenho.
Em 1944, teve início a obra dos Correios, no local do Cemitério São José, pois o Cemitério de Taipas da Candelária já havia sido inaugurado em 1899 e o terreno estava desativado.
Com a chegada da festa dos 25 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, em 1957, houve muitos preparativos — entre eles, o traslado dos restos mortais de vários combatentes. Entre os primeiros a receber tal honraria estava o voluntário João dos Santos, que foi exumado em 1956 e teve seus restos mortais levados para o recém-inaugurado Memorial do Soldado Constitucionalista, junto ao Ibirapuera, na cidade de São Paulo. Motivada por esse importante evento, em 1956 a Praça Prudente de Morais recebeu uma grande reforma, que modificou o traçado original em pedra portuguesa, instalou o busto do voluntário em frente ao edifício da Câmara, no local de um antigo bolsão de acesso, demoliu o coreto anterior e construiu um novo, em linguagem art decó (atualmente desfigurado). Nesse mesmo ano, também foi construído o Cine Rex, igualmente em estilo art decó.
O ano de 1956 parece ter sido de grande inovação e prosperidade para Indaiatuba: o prefeito era Lauro Bueno de Camargo e o presidente da República, Juscelino Kubitschek. Quase simultaneamente à construção de Brasília, Indaiatuba inspirava-se na arquitetura modernista inovadora e construía sua nova Prefeitura, que fora apelidada, com certo exagero, de “Brasilinha”, devido aos seus traços arquitetônicos. A face da quadra da Rua Cerqueira César com a Praça Prudente de Morais — com a nova Prefeitura e os Correios — passou a ser a mais moderna e arrojada da cidade.
Por um curto espaço de tempo, cerca de pouco mais de dez anos apenas, o atual coreto conviveu com a antiga Casa de Câmara e Cadeia, que, na década de 1960, foi demolida para a construção da fonte luminosa. Também foi reformada a parte mais ao norte da praça, criando novos canteiros onde antes havia bolsões de estacionamento defronte ao Cine Rex e aos Correios. A praça passou a ser o local do footing, onde os jovens se encontravam, caminhando em trajetos opostos e lançando olhares colineares. Mais adiante, nas décadas seguintes, a praça ligava as antigas sedes sociais do Indaiatuba Clube e do Clube 9 de Julho. Por mais de cem anos, foi o ponto de encontro mais importante da sociedade indaiatubana.
A atual configuração da Praça Prudente de Morais segue o traçado dessa época. Tendo recebido ainda quiosques de alimentação e, mais recentemente, um banheiro público, é conhecida atualmente pelo apelido de Praça dos Bancos.
Nenhum bem da Praça Prudente de Morais é tombado pelo patrimônio histórico de Indaiatuba — nem o imensamente rico piso em pedra portuguesa (que já teve texto exclusivo sobre ele), nem o busto, nem a Bíblia, nem o coreto, nem a fonte e muito menos o traçado do jardim de 1905, reformado em 1956 e 1969.

Nenhum comentário:
Postar um comentário