Texto de Maria Luisa da Costa Villanova
Historiadora pós-graduada em arqueologia.
Próximo às
comemorações da a Nossa Senhora Candelária, padroeira da nossa cidade, nada
melhor que saber alguma coisa sobre ela.
A devoção a Nossa Senhora da Candelária, uma das diversas
denominações da Virgem Maria, tem seus principais fiéis entre portugueses e
brasileiros, embora tenha se originado nas Ilhas Canárias, pertencentes à
Espanha.
A festividade das Candeias (ou das Candelárias) ocorre quando
passados quarenta dias após o Natal. Tradicionalmente, o termo
"Candeias" ou "Candelárias" faz referência à prática na
qual o sacerdote, no dia 2 de fevereiro, abençoa as velas utilizadas nos serviços religiosos do
ano todo, algumas das quais são distribuídas entre os fiéis para uso doméstico.
Na liturgia, no dia 02 de fevereiro é celebrado um episódio
da infância de Jesus. Este episódio foi descrito no evangelho de Lucas 2:22-40,
quando Maria e José levaram Jesus para o templo de Jerusalém, quarenta dias
depois de seu nascimento, para completar o ritual de purificação de Maria após
o parto e para realizar a redenção do primogênito. Como indica o livro de
Levítico 12:1-4 este evento deve se realizar quarenta dias após o nascimento de
um menino, daí a apresentação ser celebrada quarenta dias depois do Natal.
Em Portugal, no dia 02 de fevereiro festeja-se Nossa Senhora
das Candeias ou Nossa Senhora da Luz, que era tradicionalmente invocada pelos
cegos. Na tradição popular local, o estado do tempo neste dia condiciona o
tempo para o resto do inverno. Dizendo-se "Nossa
Senhora a rir, está o Inverno para vir. Nossa Senhora a chorar está o Inverno a
passar." Quer isto dizer que
se no dia estiver sol, ainda virá muito "Inverno", se no dia estiver chuva, o inverno já passou.
Segundo uma lenda registrada por Fray Alonso de Espinosa em 1594,
uma estátua da Virgem Maria carregando uma criança em uma mão e uma vela verde
no outro, foi descoberta na praia de Chimisay (Guímar,
Tenerife, nas ilhas Canárias) por dois pastores Guanche
(povo nativo das Ilhas Canárias) em 1392. Um dos pastores tentou jogar uma pedra para a estátua, mas o
braço estava paralisado, e o outro tentou esfaquear a estátua, mas acabou
esfaqueando a si mesmo. Pastores advertiu rei Guanche local e eles voltaram
para a imagem, mas desta vez, com reverência e temor e seus ferimentos ficaram
saudáveis.
Alguns anos mais tarde a estátua foi roubada
pelos espanhóis, mas devolvida, pois uma peste ocorreu no local, atribuída ao
roubo. Hernán Cortez levava em seu pescoço uma medalha da santa, demonstrando a
devoção dos espanhóis por ela, o que talvez explicasse à devoção a santa no
Peru.
Em Indaiatuba, a devoção a padroeira parece ter chegado por
intermédio de Joaquim Gonçalves Bicudo, protetor da capela no caminho entre as
vilas de São Carlos (hoje Campinas) e Ytú (hoje Itu) na margem direita do rio
Jundiaí, ao redor da qual surgiria a cidade por volta de 1810. Duas décadas
mais tarde, em 09 de Dezembro de 1830, é criada a paróquia Nossa Senhora
Candelária, juntamente com a Freguesia (menor divisão administrativa na época
do Império) de Indaiatuba.
A construção da Igreja Matriz é iniciada em 1807, no mesmo
lugar onde teria sido antes a capela e só foi terminada em 1863.
Nessa época, Indaiatuba possuía três ruas e quatro travessas: rua Nossa Senhora Candelária (hoje
rua Candelária), rua da Palma (atual rua XV de Novembro), rua da Constituição
(atual rua Pedro Gonçalves), rua das Flores (hoje rua Pedro de Toledo), rua São
José (hoje rua Dom José), rua Direita (atual rua Augusto de Oliveira Camargo) e
rua do Comércio (hoje rua 7 de Setembro) onde viviam apenas 142 habitantes,
mais 2.026 espalhados pela redondeza e cerca de 2.500 escravos, totalizando
4.526 habitantes.
Nossa
Igreja Matriz da Candelária é uma das poucas sobreviventes construídas em
taipa-pilão. Este era o sistema de construção dominante no planalto paulista
até fins do século XIX e consistia em socar camadas de terra úmida entre formas
de madeira (taipas).
Bibliografia:
- CARVALHO,
Nilson Cardoso de. A Paróquia de Nossa Senhora
da Candelária de Indaiatuba. São Paulo: Fundação Pró-memória de Indaiatuba,
2004.
- MARINHO, Martha de Andrade Barbosa. 1ª ed. Uma aventura na Terra dos Indaiás: história
de Indaiatuba para jovens leitores. Itu. Rotary Club/ Editora Ottoni, 2003.
- SAMPAIO, Syllas Leite e SAMPAIO, Caio da Costa. Indaiatuba – sua história. Indaiatuba.
Rumograf. 1998. P. 129-131.
- SCACHETTI, Ana Ligia. O oficio de Compartilhar histórias: história e memória de Indaiatuba sob
a perspectiva de uma periodista. Indaiatuba. Fundação Pró-Memória de
Indaiatuba. 2001. P. 92,93.
- ZOPPI, Antonio. Reminiscências
de Indaiatuba. Indaiatuba. Fundação Pró-Memória de Indaiatuba. 1998.
(Coleção Crônicas Indaiatubanas,vol 1).
http://www.corazones.org/maria/candelaria.htm
http://www.nscandelaria.com.br/paroquia/historico.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário