22 de agosto - sabe que dia é este? É o dia do folclore, aliás, agosto é, ou já foi, o mês do folclore, mas apesar de algumas escolas ainda comemorarem, nossos mitos brasileiros estão sendo esquecidos, ou até, digamos, substituído por folclores de outros países.
Folclore é o conjunto de manifestações da cultura popular que
são típicas de um determinado povo,
simboliza e apresenta grande importância na identidade deste povo, de uma
nação.
A palavra
tem origem no inglês, em que "folklore" significa
sabedoria popular. A palavra é formada pela junção de folk (povo)
e lore (sabedoria ou conhecimento).
Extremamente rico, nosso folclore possui influências da cultura europeia, africana e indígena, um
resultado da diversidade cultural existente no Brasil.
O folclore brasileiro só
ganhou força no Brasil a partir do século XX, mas as pesquisas remontam ao
século XIX. Isso foi possível graças à influência do Romantismo, corrente
artística e literária que teve grande importância no Brasil. Essa corrente esteve
associada com movimentos nacionalistas e
procurava ressaltar elementos da cultura nacional.
Essa ideia foi reforçada com
o Modernismo,
corrente artística e literária que esteve em evidência, no Brasil, no começo do
século XX. O movimento modernista tinha ideais ufanistas (nacionalismo exagerado) e
idealizava o interior do Brasil como local da
verdadeira brasilidade.
O estudo do folclore passou a ser
visto como uma forma de valorizar a cultura nacional. Autores como Amadeu
Amaral, Silvio Romero, Mario de Andrade, Arthur Ramos e Monteiro Lobato,
ganharam notoriedade nesse campo de conhecimento.
Com origem oral, passada de
geração para geração, cada figura passou por transformações, mudanças,
“atualizações” e continua se transformando.
Como anda seu conhecimento sobre folclore brasileiro? Vamos fazer um teste rápido: pense em cinco personagens do nosso folclore.
Pensou?
Mula sem cabeça, boitatá (do tupi-guarani (mbói =
cobra,| tatá = fogo), curupira (com os pés virados para trás), saci pererê, caipora (do
tupi-guarani caapora, que significa "habitante do
mato"), Iara ou Uiara ("senhora das águas", na
língua tupi-guarani), boto cor de rosa, acredito sejam as mais
conhecidas, mas vamos tomar cuidado, o lobisomem, o ser que foi amaldiçoado com a licantropia (ato de
transformar-se em lobo em noite de lua cheia) por exemplo, conhecido no
mundo todo, foi trazido para o Brasil.
Acredito que de todos os personagens do nosso folclore, o mais conhecido
mesmo seja o saci, o menino de uma perna só, que também possui influência
indígena, seu nome vem do tupi-guarani Yaci-Yaterê, porém, por ser negro e ter
perdido a perna numa luta de capoeira, pode ter também origem africana, já a
carapuça e o cachimbo, fazem parte dos mitos europeus.
Pelo que estudei, ele era retratado como um pequeno curumim endiabrado
que tinha duas pernas, tez morena e um rabo típico dos demoniozinhos. Através
da influência da mitologia africana, o Saci se transformou, como os negros lutavam capoeira, o
Saci passou a ser retratado como um negrinho que ao lutar perdeu uma perna. Da
mesma influência afro, veio o seu cachimbo, denominado pito pelos nossos negros,
e herdou dos europeus o gorro vermelho. Não esqueçamos que ele é um
profundo conhecedor de plantas e ervas medicinais. Controla e guarda os
segredos do feitio e da aplicabilidade de todas as plantas e ervas da floresta.
Os Sacis nascem
em brotos de bambu, lá onde cantam os ventos. Ali eles vivem por sete anos até
aprenderem a fazer redemoinhos, vivem por mais setenta e sete anos a fim de
atentar a vida das pessoas e dos bichos.
Depois de todo
esse tempo de diversão eles morrem e viram uns cogumelos venenosos para mais
uma vez "passarem a perna" nas pessoas que, por acaso, se atreverem a
comer os cogumelos.
Por isso, fiquei muito feliz quando fiquei sabendo de um “sacyólogo” chamado Rudá K. Andrade, pesquisador de sacys e codiretor do documentário Somos todos sacys.
“Pois o Pererê é fruto da mesma árvore que alimenta as aventuras mais emocionantes do homem: a imaginação, mãe das magias, santa criatividade que ilumina nossa travessia. Banhado pela força das águas em queda, o sacy é a manifestação cósmica de nossa fantasia. Cachoeira de quimeras que nutre a alma” Rudá K. Andrade (sacyólogo)
Isso, sacy com Y (que
parece mesmo um sacysinho). Sacy é uma
palavra de origem tupy-guarany “çaa cy” ou “olho de mãe”
Foram catalogados pelo ‘Centro
de Estudos da Irmandade dos Sacys Livres’, com descobertas e teorias sobre a
diversidade sacysística, 77
sacys, além do conhecido Sacy pererê, reconhecido em todo sudoeste brasileiro,
existe o Sacy uai sô de Minas Gerais, o Sacy lombola das Regiões Nordeste e
Sudeste, o Sacy lítico encontrados na Serra da Capivara (PI), Minas, Bahia,
Paraíba e Mato Grosso, Sacy siriri do Pantanal (MT), Sacy frevi de Olinda (PE),
o Sacy mi do Bairro da Liberdade na capital Paulista, mas também encontrado no
interior de São Paulo, entre outros.
Sendo ou não um
sacyólogo, a verdade é que nesse mundo atual com tantos falsos mitos, cultivar
os verdadeiros é muito bom, e o Saci com seu redemoinho, tem espalhado
brincadeira, espiritualidade, despertado consciências, identificação e
reconhecimento em todas as regiões do Brasil e até pelo mundo afora. Fiquei
pensando se também já não existiu (ou existe) o Sacy indaiá, que se alimentaria
com pipocas e indaiás, mas aí apareceu o problema, onde eles encontrariam
indaiá? Nossa terra de “muito indaiá” já não os tem mais, ou se tem é muito
pouco, apesar de algumas tentativas de replanta-la.
Seria ótimo termos o
nosso Saci Indaiá. Não seria interessante jogar a culpa nele porque o feijão
queimou, ou um objeto não é encontrado, ou pelos brinquedos estarem fora do
lugar ou misturados?
O que quero aqui
levantar, é que no mundo atual, com tanta tecnologia, seria muito bom um pouco
de tempo para a imaginação e a fantasia, relembrar nossa cultura, nossos tão
ricos mitos, esse universo popular tão esquecido.
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