Maria Luisa da Costa Villanova, fevereiro/2024
Historiadora pós-graduada em Arqueologia
Envelhecer
faz parte da vida, mas estou ficando velha ou idosa? Acredito não estar sozinha
nesta dúvida.
Indaiatuba, de acordo com os
dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
no Censo Demográfico de 2022, possui 41.533 pessoas com 60 anos ou mais. O
número representa aumento de 97,3% ou 20.487 pessoas nesta faixa etária
comparado com os dados de 2010. Há 12 anos a cidade possuía 21.046 idosos.
Em 2010, a população de Indaiatuba
era representada por 16,2% de idosos (9.546 homens e 11.500 mulheres) acima de
60 anos. Já no Censo de 2022, foram contabilizados 18.619 homens e 22.914
mulheres, nesta mesma faixa de idade. O aumento é de 95% de idosos do sexo
masculino e 99,2% de pessoas do sexo feminino, e as pessoas com menos de 60
anos representam 83,7% do número geral registrado em 2022. A população é
equivalente a 255.748 habitantes.
Mas, tentando sair da dúvida, de
acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa, é considerada idosa a pessoa com idade
igual ou superior a 60 anos. Já o Projeto de Lei 5383/19 altera a legislação
para que sejam consideradas idosas as pessoas a partir dos 65 anos de idade, e
não mais 60. O que significa que pela Lei, sou uma “pré” idosa, ou quase idosa.
Em 1961, quando nasci, a expectativa
de vida era de 52,5 anos, em 1990, subiu para 57,6, o que significa que pelo
dicionário (“aquele/a que tem muita idade”) sou uma velha, mas uma velha feliz,
pois a expectativa de vida hoje, subiu para cerca de 80 anos.
Mas, qual a diferença entre velha e
idosa?
Do ponto de vista do
tratamento pessoal, “velho” pode ser um termo pejorativo, que não deve ser
utilizado por familiares ou cuidadores no trato aos mais vividos, enquanto
“idoso” é um termo mais respeitoso enquanto pouco formal, ou seja, adequado
para o tratamento cotidiano.
A diferença, do ponto de
vista da língua portuguesa, pode ser sutil. Mas do ponto de vista do estado de
espírito, da atenção e do cuidado, as formas de encarar a vida bastante
distintas, encontrei algumas definições interessantes:
Idoso é quem ainda sente
amor; velho é quem sente saudade…
Idoso é quem ainda se
exercita; velho e quem apenas descansa e reclama…
Idoso e velho podem ter a mesma idade no documento, mas têm idades
diferente na mente, no coração e nas atitudes.
Idoso é quem ainda sonha;
velho é quem apenas dorme…
Idoso é quem tem um pouco
mais de idade; velho é quem perdeu a capacidade de sonhar e se divertir.
Idoso é quem ainda se renova
a cada dia que começa; velho é quem se acaba a cada noite que termina…
Idoso é quem ainda tem
planos; velho é quem tem apenas recordações….
Idoso é quem tem rugas
bonitas, porque foram marcadas pelo sorriso e a alegria de viver; velho é quem
tem rugas feias, porque foram formadas pela amargura e o mau humor…
De
acordo com o Portal do Envelhecimento, encontrei a seguinte definição:
“Alguns termos usados para referir-se
às pessoas com mais de 60 anos de idade, acabam trazendo ideias errôneas em
torno do envelhecimento. Podemos pensar até que o uso desses termos pode
trazer uma tentativa de suavizar e/ou amenizar o peso que estes conceitos
causam em nossa sociedade.
Tentar definir esses conceitos
pode parecer uma tarefa bastante fácil e simples, no entanto, estes se apresentam
como um tema complexo e que requer maiores esclarecimentos de suas diversas
dimensões.
É importante pontuar que existe
uma diferença no uso dos termos envelhecimento, idoso, velhice e terceira
idade.
O envelhecimento deve ser
entendido como um processo natural da vida, que traz consigo algumas alterações
sofridas pelo organismo, consideradas normais para esta fase. Envelhecemos
desde o momento em que nascemos. Logo, como cita o autor Messy (1999, p.18),
“se envelhece conforme se vive”.
Pelo termo idoso, podemos entender
todo e qualquer indivíduo acima de 60 anos de idade. Este conceito foi criado
na França em 1962, substituindo termos como velho e velhote e foi adotado no
Brasil em documentos oficiais logo depois. O idoso é o sujeito do envelhecimento.
O termo velhice é considerado para uns como o último ciclo da vida, que independe de condições de saúde e hábitos de vida, é individual, e que pode vir acompanhado de perdas psicomotoras, sociais, culturais e etc; já outros acreditam que a velhice é uma experiência subjetiva e cronológica.
Acreditamos que a velhice seja como uma construção
social, que cria diversas formas diferentes de se entender o mesmo fenômeno,
dependendo de cada cultura.”
Agora
que comecei a achar que sou uma Idosa, aparece mais uma dúvida: será que estou
na Terceira Idade?
A
terceira idade caracteriza-se por mudanças físicas em todo o organismo do
indivíduo, alterando suas funções e comportamentos, percepções, sentimentos,
pensamentos, ações e reações.
Há também
alterações dos papéis sociais que resultam das mudanças bio-psicológicas
relacionadas ao avanço da idade.
A
Constituição Federal Brasileira menciona a terceira idade com início aos 65
anos, enquanto que o Código Penal Brasileiro refere a idade de 70 anos. Ambos
são incoerentes com o limite de 60 anos que consta na Política Nacional do
Idoso, como já vimos.
Os
geriatras, sob o ponto de vista biológico, dividem as idades em:
·
Primeira idade: 0 - 20
anos;
·
Segunda idade: 21 - 49
anos;
·
Terceira idade: 50 - 77
anos;
·
Quarta idade: 78 -
105 anos.
Há ainda uma outra classificação
que divide os idosos em 3 ramos:
·
Idoso jovem: 66 - 74
anos;
·
Idoso velho: 75 - 85
anos;
·
Manutenção pessoal: 86 anos em diante.
O termo "Terceira
Idade" foi criado pelo gerontologista francês Huet, cujo início cronológico
coincide com a aposentadoria (entre 60 e 65 anos).
A par de todos
esses significados dos termos propostos, percebi que a construção deles acaba
sendo envolto por mitos, estereótipos e preconceitos, depreciando o fenômeno de
envelhecimento, mas que é uma fase importante da vida e que ainda tenho muito o
que fazer...
Ah, cheguei a
conclusão que sou uma “pré” idosa, que está na terceira idade.
Maria Luisa da Costa Villanova, fevereiro/2024
https://acvida.com.br/familias/diferenca-entre-velho-e-idoso/.
https://www.significados.com.br/terceira-idade/.
Beauvoir S.
(1990). A velhice. Tradução de MHF Monteiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;
1970. p 40
Birman J. Futuro de todos nós: temporalidade, memória e terceira idade na
psicanálise. In: Veras, R. Terceira Idade: um envelhecimento digno para o
cidadão do futuro. Rio de Janeiro: Relume Dumará; 1995. p.29-48.
Messy J. A pessoa idosa não existe. (Tradução JSM. Werneck). São Paulo: Aleph;
1999.
Netto PM. O estudo da velhice no séc.XX: histórico, definição do campo e termos
básicos. In: Freitas E. et al.(Orgs)
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