quarta-feira, 1 de abril de 2015

História Ambiental e Museu da Água


Coluna Semanal “Identidade Indaiatubana”

Eliana Belo Silva

Jornal Exemplo de 01/04/2015





HISTÓRIA AMBIENTAL
Possibilidades Educativas no Museu da Água


No dia 29 p.p. a Fundação Pró-Memória de Indaiatuba ministrou no Casarão Pau Preto a primeira oficina de 2016 do projeto Escola do Patrimônio, em parceria com a UNICAMP, projeto que vem, desde 2014, oferecendo oficinas de capacitação para educadores da rede estadual – que têm sido convocados para para participarem dos eventos - e para o público interessado em geral. Nesta terça-feira passada o tema foi ‘Patrimônio Ambiental e História Ambiental' - proposta para o ensino de História e o facilitador foi o Dr. Eduardo Giavara da UFU.



HISTÓRIA AMBIENTAL

A História Ambiental, como tudo o que se refere ao meio ambiente, é relativamente nova e adveio de demandas que analisam a relação que o homem tem com a natureza, relação esta que sabemos ser demasiado predatória, com inúmeros impactos ambientais e mais do que isso, desastres ambientais como testemunhamos, estupefactos, em Mariana (MG) e que permanece impune, acontecendo agora, apenas nas esferas judiciais - enquanto milhares de pessoas ficam sem lugar para morar e mais do que isso, para sobreviver. 

Segundo Gavira, “a História Ambiental pretende reunir  conhecimento e metodologias próprias da pesquisa histórica para investigar as mudanças sociais e econômicas à luz das questões ambientais observando as várias formas de relação do homem com o mundo natural”. A relação do homem com o mundo natural não é uma área de estudo nova, pelo contrário, é antiga, mas antes o foco era outro: era exploratório, quase sempre o resultado do trabalho era aplicado do ponto de vista econômico. Agora é diferente: do ponto de vista educativo, busca-se a relação que o sujeito tem com a história  ambiental para, a partir dessa intersecção entre ele e o mundo natural que o rodeia, inclusive através de sentimentos e relações de pertencimentos, tentar superar essa relação predatória e transformá-la em preservacionista, respeitosa, sustentável.


PATRIMÔNIO AMBIENTAL

Gavira destacou que o patrimônio “é o conjunto de bens materiais e imateriais que podem representar a história de uma localidade ou comunidade; bens esses que carregam em si valores e representações acerca do passado, das tradições, costumes, bem como modos de (re) interpretar a realidade”. O patrimônio pode ser histórico, cultural e ambiental. 

O professor Lauro Ratti, presidente do Conselho de Preservação da FPMI e professor de História da EEPSG Profª Annunziatta Leonilda Virginelli Prado citou a relação emocional que várias gerações possuem com a Represa Cupini, onde, em seu entorno, foi construído o Museu da Água que está para ser inaugurado nos próximos dias. "Íamos de bicicleta até o local, bebíamos água das nascentes”. Essa lembrança do professor Lauro é um precioso exemplo de insight de “pertencimento”. É justamente esse sentimento, essa relação de pertencer a História de um local que faz com que possamos retirar uma pessoa, um aluno, um educando, do seu mundo fechado, para transformá-lo em um cidadão ativo, participante, preservacionista.

_ O que você faz para preservar esse local? E a água? A Fauna? A Flora?

A partir de um sentimento íntimo de pertencimento, há inúmeras possibilidades educativas de ampliar a visão de mundo de nossos educandos e é isso (também) que a Oficina do Patrimônio tem buscado ensinar e aprender com os educadores de Indaiatuba e região.

Gavira citou a seguinte definição de Halbwawachs: “memória é a construção mental que fazemos de referências e lembranças que vivemos coletivamente e nossa participação representa um ponto de vista da memória do grupo, isto é, da memória coletiva.”

Ao visitarmos o Museu da Água, que abrirá em breve, com certeza teremos insights emocionais como teve o professor Lauro ao narrar sua infância na Represa Cupuni. Nos reconheceremos naquelas imagens, naquelas histórias, ali estarão nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, nossas famílias de alguma forma. Saberemos que aquela memória exposta naquele museu é também, a minha memória, e sendo assim, saberei, que tenho que agir para que a memória coletiva do futuro se orgulhe do sujeito que eu fui hoje. E isso vale para todos que querem construir uma outra história ambiental fantástica para o futuro, muito diferente da que testemunhamos em Mariana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens mais visitadas na última semana