Introdução
Ao ser convidado para falar
sobre o processo de preservação do bem tombado, Casarão Pau Preto de
Indaiatuba, no Colóquio Internacional de Arquitetura Popular no Instituto
Internacional de Lisboa, algo inédito para Indaiatuba e para a Fundação, além do
reconhecimento internacional de nosso trabalho, percebi que, também, seria uma
boa oportunidade de buscar nas experiências externas, exemplos de gestão
patrimonial que pudessem melhorar ainda mais nossa prática. Nas minhas férias
tinha tido contato com a experiência de preservação na cidade de Paraty, na
qual a Organização não governamental, Casa Azul, mesmo órgão que organiza a
Flip, propunha algo inovador na preservação do patrimônio histórico do
município, colocando em prática o conceito de Museu de Território. Tal proposta
de gestão se singulariza por dois fatores. Primeiro, enxerga todos os bens
materiais e imateriais, como acervo museológicos, ou seja, a Arquitetura, os
demais bens materiais e as práticas culturais são vistas como “peças” de um
mesmo Meta-Museu territorial. Segundo, o processo de preservação se deve dar a
partir da participação social da comunidade, ou seja, cabe a sociedade não
somente ajudar e a elencar o que deve ser preservado, mas também deve ter como
parte do processo de preservação suas práticas culturais. Para tanto deve ter
incentivo sustentável dessas práticas e de seus lugares de memória, podendo-se
pensar numa preservação sustentável. Logicamente que, no que se refere ao
município do Rio de Janeiro tal prática está longe do ideal, mas só de propor
tal inovação já se destaca dentre as propostas preservacionistas
brasileiras. Nesse sentido em Paraty me
indicaram que o exemplo mais bem-acabado de tal proposta estava ao Sul de
Portugal, fronteira com a Espanha, na pequena Vila Museu de Mértola, região de
Alentejo. O acaso me fez, após seis
meses, ser convidado para estar em Portugal. Eu sabia que não poderia
desperdiçar a oportunidade, talvez única de tentar entender tal proposta e
adaptar par nossa realidade.
Nesses seis meses estudei
muito e fiquei sabendo que tal iniciativa estava de acordo com uma linha da
museologia, conhecida como Nova Museologia que, por sua vez, se transmutava na
Museologia Social ou Sociomuseologia em Portugal.
De um movimento surgido nos
anos 1970 com Hugues de Varine na França com a ideia de Ecomuseus, experiências
de Museologia Comunitária adaptadas às exigências de desenvolvimento
sustentável, foi em Portugal que se desenvolveram principais exemplos de tal
gestão e também se localizavam os mais relevantes intelectuais da área, entre eles Mario Moutinho, professor
da Universidade Lusófona de Lisboa e Claudio Torres, professor da Universidade
de Lisboa, ativista e o principal idealizador da Vila Museu de Mertola. Nessa mesma região de Alentejo
descobri que Évora também preservava um importante trabalho nesse sentido,
juntamente com a Universidade da cidade.
Então a ideia seria visitar as duas cidades em busca de tal experiências,
depois entrar em contato com a Universidade Lusófona e após tudo isso apresentar
o trabalho da Fundação no Instituto Universitário de Lisboa.
Dia
6 a 8 de Dezembro- Évora-Beja
Cheguei em Lisboa às 6 da
manhã do dia 6 de dezembro e aluguei um carro para me dirigir numa viagem de
duas horas em direção ao Alentejo, primeira parada Évora. No local fui recebido
por representantes da Câmara Municipal, o que equivale aqui à nossa Prefeitura.
Évora é tida como uma das cidades mais belas da Europa. A cidade viveu várias fases, romana até o século V,
pertenceu depois aos visigodos até ao século VIII, aos mouros durante quatro
séculos e, finalmente, aos portugueses desde 1165. O primeiro exemplo que tive de cidade Museu,
preserva a arquitetura destas suas cinco fases, destacando-se as colunas do
Templo de Diana da época Romana. Mas o que mais me chamou a atenção foi a
diferença de concepção da ideia de cidade histórica, tipo Ouro Preto (que Évora
lembra muito) e Cidade Museu. Na cidade Museu o acervo museológico está
naturalmente integrado ao cotidiano social da cidade. O maior exemplo disso são
as termas romanas presentes na Câmara Municipal que estão expostas nesse
espaço, mas não somente como acervo patrimonial distante do público, mas estão
preservadas como acervo arqueológico com suas escavações integrada ao dia a dia
da Câmara Municipal, espaço no qual desde o dono da cantina até chefe da Câmara
podem servir de mediadores, pois todos sabem o que significam aqueles acervos
e escavações, pois se sentem partícipes
de tudo aquilo, já que as escavações e bem faz parte de forma natural, da vida
dos moradores.
Dia 7 fui convidado a fazer uma
fala na Universidade de Évora sobre meu trabalho como pesquisador na área do
Patrimônio e principalmente como gestor na Fundação Pró-Memória e como
organizamos nossa cidade a respeito do conhecimento histórico. Muitos alunos se
sentiram incentivados a virem estagiar na Fundação e conhecer nosso trabalho.
No dia 8, no meio do caminho
para Mértola parei em Beja, cidade romana sede da região da administração do
Império, na Península Ibérica, conhecida como Pax Julia. Foi aí que fiquei sabendo da importância da região para
Roma por causa de sua riqueza em grãos, situação imprescindível para alimentar
a população territorial do Império. A grande diferença é que quem me deu essa
aula foi um garçom, que como os demais eram conhecedores dos todos por menores
desta, também, cidade museu. Resultado segundo eles de extensas aulas de
educação patrimonial e cursos públicos dados na cidade por arqueólogos,
professores e profissionais ligados ao Museu Municipal.
Dia
9 a 10 de Dezembro – Mértola
Da mesma forma de Évora fiz contato
com Mértola, vila museu de 1000 habitantes que cada vez mais se destacava pela
experiência da gestão patrimonial, principalmente a partir do conceito de Museu
do Território e da nova museologia. Situação que fica clara na apresentação do
site da Vila Museu
Mértola é
uma vila com um passado muito importante, que a coloca desde há alguns anos num
local de destaque nacional e internacional no que à arqueologia e ao património
diz respeito. Este passado e todo o trabalho até hoje realizado traz-nos uma
responsabilidade acrescida, uma responsabilidade de conservar, valorizar e divulgar
toda esta riqueza patrimonial.
O Museu de Mértola, criado pela Câmara Municipal de Mértola em 2004, é composto por vários núcleos dispersos geograficamente, na sua maioria localizados no Centro Histórico de Mértola. Tem sido a sua função estudar, inventariar, tratar, conservar e divulgar todo o espólio que, ao longo dos últimos 30 anos, foi sendo descoberto nas inúmeras intervenções patrimoniais e arqueológicas. O património é assim um dos vectores fundamentais para o desenvolvimento do concelho de Mértola, pois é aquilo que nos diferencia de todos os outros concelhos do país, é a nossa mais valia.
O investimento e a aposta no património não deve ter apenas um objectivo turístico, mas também objectivos pedagógicos e científicos, os serviços educativos do museu recebem anualmente milhares de alunos de todas as idades e de todo o país (...) Quando em finais dos anos setenta do século passado foi iniciado o projecto que hoje chamamos Mértola Vila Museu, os seus objectivos não eram muito diferentes daquilo que agora, felizmente, é já um lugar-comum: envolvimento da população, numa tentativa de consolidar a sua identidade e contribuir para o desenvolvimento local. A grande opção de fundo do nosso projecto integrado foi também a aposta sobretudo na divulgação local que passa necessariamente pela musealização. Além da divulgação científica, codificada na sua linguagem própria e dirigida a um público especializado, falar claro e acessível é a única forma convincente de justificar localmente os trabalhos em curso, capaz de identificar as mais fortes referências culturais e, por conseguinte, consolidar potenciais endógenos. Na dinâmica museográfica não só se difundem os resultados de uma forma mais eficiente pelo público em geral, sobretudo o local, como se torna possível atrair outro tipo de visitantes, desde que esta oferta seja devidamente divulgada. Assim Mértola foi-se tornando um conhecido destino de turismo cultural.
Estes visitantes procuram não tanto exotismo ou espaços monumentais, e sim um projecto dinâmico e ambicioso que, numa zona isolada e longe dos grandes centros, conseguiu envolver a população local, construindo propostas científicas e museológicas de grande qualidade. [1]
O Museu de Mértola, criado pela Câmara Municipal de Mértola em 2004, é composto por vários núcleos dispersos geograficamente, na sua maioria localizados no Centro Histórico de Mértola. Tem sido a sua função estudar, inventariar, tratar, conservar e divulgar todo o espólio que, ao longo dos últimos 30 anos, foi sendo descoberto nas inúmeras intervenções patrimoniais e arqueológicas. O património é assim um dos vectores fundamentais para o desenvolvimento do concelho de Mértola, pois é aquilo que nos diferencia de todos os outros concelhos do país, é a nossa mais valia.
O investimento e a aposta no património não deve ter apenas um objectivo turístico, mas também objectivos pedagógicos e científicos, os serviços educativos do museu recebem anualmente milhares de alunos de todas as idades e de todo o país (...) Quando em finais dos anos setenta do século passado foi iniciado o projecto que hoje chamamos Mértola Vila Museu, os seus objectivos não eram muito diferentes daquilo que agora, felizmente, é já um lugar-comum: envolvimento da população, numa tentativa de consolidar a sua identidade e contribuir para o desenvolvimento local. A grande opção de fundo do nosso projecto integrado foi também a aposta sobretudo na divulgação local que passa necessariamente pela musealização. Além da divulgação científica, codificada na sua linguagem própria e dirigida a um público especializado, falar claro e acessível é a única forma convincente de justificar localmente os trabalhos em curso, capaz de identificar as mais fortes referências culturais e, por conseguinte, consolidar potenciais endógenos. Na dinâmica museográfica não só se difundem os resultados de uma forma mais eficiente pelo público em geral, sobretudo o local, como se torna possível atrair outro tipo de visitantes, desde que esta oferta seja devidamente divulgada. Assim Mértola foi-se tornando um conhecido destino de turismo cultural.
Estes visitantes procuram não tanto exotismo ou espaços monumentais, e sim um projecto dinâmico e ambicioso que, numa zona isolada e longe dos grandes centros, conseguiu envolver a população local, construindo propostas científicas e museológicas de grande qualidade. [1]
No primeiro dia quem me
recebeu de forma muito receptiva foi a Dra Suzana, pesquisadora da Vila e
professora da Universidade de Évora, que me explicou e me mostrou os vários
pólos museulógicos da cidade, dentre eles as próprias escavações arqueológicas e arquitetura da cidade (entre elas casas de
taipa, um castelo medieval, uma mesquita que virou que Igreja e uma igreja paleocristã), que como em Évora, ficam “expostas”, mas de forma
muito mais didática com placas explicativas, funcionando como verdadeiros
acervo museológico ao céu aberto distribuído pela pequena cidade. Assim, o que
caracteriza essa Vila Museu, não são só os museus tradicionalmente
constituídos, mas sim a própria cidade que inclusive tem um Hotel no meio de um
sítio arqueológico. Nesse caso o Hotel ajuda financeiramente as escavações, que
não deixaram de ocorrer no seu entorno. O que nos ajuda a entender o conceito
de Museu Social e polinucleado de Mértola;
Os museus
são espaços de sociabilidade que potenciam a troca de ideias e promovem a
aprendizagem social e cultural. O contato entre os indivíduos e os objetos ou
os espaços é um processo privilegiado de troca e desenvolvimento de
experiências.O Museu de Mértola pelas suas caraterísticas de museu
polinucleado, que integra desde estruturas arqueológicas a um acervo que abarca
desde o século I até ao século XX d.C., detém um manancial por explorar quase
ilimitado em termos socioeducativos. O Museu é um espaço que deve atuar como
repositório da identidade das gentes e do território de Mértola pelo que, os serviços
educativos terão que desenvolver, em primeiro lugar, acções direcionadas para a
população local onde esta se aproprie dos espaços museológicos, os entenda como
seus e que a eles traga os seus familiares e amigos.[2]
No segundo dia algo de inesperado
me aconteceu, o próprio Claudio Torres se tornou meu cicerone. Com uma história
de vida incrível, de foragido político de Salazar a ícone da Museologia
Lusitana Claudio se colocou à inteira disposição de mim e minhas dúvidas
grosseiras acerca da museologia territorial. Ele passou o dia a relatar sua
experiência como idealizador do projeto e me disse uma frase que nunca
esquecerei: “sem a comunidade, a
valorização das histórias das pessoas comuns e seu envolvimento, nada é
possível”. Falou da importância da função social do Museu, como essa estrutura
possibilitou empregar e educar tanta gente de uma Vila agrária que hoje
subsiste de tal projeto. Salientou a importância de financiar as práticas
culturais como o Museu da Rendeiras, no qual podemos acompanhar a prática do
uso manual das rendeiras do Alentejo.
No final, após um almoço
oferecido pela Vila para mim e após uma pequena fala para a cidade sobre minhas
atividades no Brasil, o professor Claudio no alto de seus 85 anos me pediu uma
parceria para que o projeto pudesse continuar, pois a população envelhecida e o
êxodo diminuía muito a possibilidade de mão de obra especializada. Para tanto
solicitou que enviasse meus alunos para trabalhar na Vila Museu, na qual em troca
financiariam a moradia e a alimentação e formação em nível de Mestrado e
Doutorado na Universidades parceiras de Évora e Algarve. Fiquei muito feliz com
o convite e pensei nos Alunos da Universidades que sou ligado, mas também
daqueles que buscam formação especializada por meio da Escola do Patrimônio,
projeto de parceria entre UNICAMP e Fundação Pró-Memória.
Dias:
11 ao dia 15- Lisboa
Universidade
Lusófona e parceria com a Fundação Pró-Memória
A capital Portuguesa me
revelou algo muito interessante, o uso pedagógico de seus museus e de seu
Patrimônio. Todo programa educacional tem uma visita técnica à um Museu ou ao
Centro Histórico. Situação que, por sua vez, é incentivada pelas Universidades
de Humanidades, principalmente pelos programas de Pós-Graduação em Museologia e
Patrimônio Histórico, que dentre suas iniciativas tem o objetivo de envolver o
ensino básico nas práticas patrimoniais e fazer material didáticos para os
mesmos. Dentre esses programas destaca-se o de Museologia da Universidade
Lusófona que me recebeu no dia 13 de dezembro na sala da Reitoria, por nada
mais que o professor Mario Moutinho, reitor da referida instituição. Arquiteto,
historiador e sociólogo, ele foi iniciador do conceito de Nova Museologia. Ele
e Judith Primo, coordenadora da Pós-Graduação me receberam por mais de 2 horas
e ouviram minhas angustias e dúvidas a respeito da gestão museológica e
patrimonial e se colocaram à disposição para assessorar na implantação de
algumas medidas no nosso Museu Municipal e organização do Patrimônio. Se
ofereceram inclusive para participar de vídeos-conferências e colocaram à minha
disposição também a Universidade para ajudar (por meio de reuniões, troca de
experiências e aulas) para que eu trazer para Indaiatuba algo dessa nova
proposta.
Mario me disse que é um
idealista militante de ideias sérias e compromissadas socialmente, situação que
sentiu na minha fala e nas propostas da Fundação que apresentei, por isso
aceitou tal apoio.
Dias
14 e 15: Conferência- Instituto Universitário de Lisboa
A conferência seguiu tais
pontos:
1. Apresentar a Fundação Pró-Memória e sua
sede, o Casarão Pau Preto, também sede da Fazenda Pau Preto-um dos últimos
remanescentes do núcleo urbano da cidade de Indaiatuba- São Paulo
2.
Região de Itu – Vila mais rica do Estado de São Paulo no século
XVIII-XIX: Entreposto comercial, produção açucareira e depois cafeeira, politicamente
forte.
3. Casarão: Técnicas construtivas vernaculares:
taipa de mão e de pilão – mistura de técnicas características da região; muito
comum devido aos “torna viagem” paulistas que trouxeram de Minas técnicas de
taipa de mão e a integraram à de pilão na Região de Itu.
4.Há uma parte de alvenaria Inglesa do final
XIX-Beneficiar café- parte desta que foi destruída e desencadeou o processo de
preservação e recuperação do bem.
5.As técnicas vernaculares foram invocadas para
preservação, mas houve um certo artificialismo em tal prática para se adequar
ao modelo requerido pelo IPHAN –órgão nacional de preservação
6. IPHAN- Lucio Costa: Defendia a tese de que qualquer estudo da
arquitetura brasileira devia recuar até o século XVII para definir um parâmetro
7. Luis saia,
discípulo e herdeiro de Mário de Andrade, que passou a dirigir a regional de
São Paulo em 1939 e seguiu no cargo até 1975, quando faleceu[3].
Ele foi o primeiro a estigmatizar os traços da arquitetura paulista a partir do
estilo colonial que ele denominou “casa bandeirista” (termo criado por ele para
casa rural paulista), dividindo seu estilo arquitetônico em duas vertentes, a
pura e tardia, o que deixava evidente um juízo de valor em tal definição, pois
julgava pura aquela construção que se aproximasse do estilo colonial luso
brasileiro do século XVII e XVIII.
8.Legitimou
“restaurações de casas bandeiristas orientadas para a recuperação da imagem
‘pura’, autorizando a destruição de elementos arquitetônicos desconformes com o
estilo arquitetônico” e removendo “dos exemplares, sempre que possível os
traços da ‘decadência’ social, cultural e estilística
9. A ideia de
um programa de “tradição bandeirista” tornou-se um relevante argumento para
aqueles que defendiam o estilo colonial como principal representante da
arquitetura de São Paulo, ainda mais se pensarmos que, na realidade, a maioria
das cidades paulistas, foi “fundada ou profundamente reconstruída entre o
século XIX e XX”, sobrando muito pouco da arquitetura essencialmente colonial no
Estado
10. A luta
pela preservação do Casarão Pau Preto se apoiou em tal discurso, abarcado pela
a hipótese que suas características coloniais seriam o motivo para que fosse
preservado e outras edificações históricas da cidade não. Situação que nos possibilita afirmar que não
foi descabida, do ponto de vista político, a estratégia utilizada por aqueles
que buscaram preservar o Casarão, adequando
a sua proposta de preservação àquela vigente na época e praticadas por órgãos
oficiais, ou seja, valorizar a preservação das moradas de tradição colonial,
especificamente bandeirista, nem que para isso tivesse que abrir mão de um
estilo peculiar da edificação, que tinha como sua marca a representação de,
pelo menos, mais de um estilo arquitetônico
11. Os critérios de intervenção para restituir
a “originalidade” do Casarão Pau Preto em 1982-1984 seguiram evidentemente os
preceitos dominantes dos órgãos de preservação atuantes em São Paulo: quando a
técnica construtiva vernacular se encontrava deteriorada a solução era
imediatamente a sua demolição e substituição por métodos construtivos modernos
(alvenarias de tijolos ou mesmo concreto).
12. Mas ao final, a visibilidade completa do
bem recorria aos velhos valores do patrimônio colonial e imperial, como a
pintura a cal, a irregularidade dos rebocos, a rusticidade de janelas e portas
novas, mas manufaturadas como se fossem recentemente extraídas de troncos da
mata Atlântica, pintadas com tinta moderna, em um padrão bicromático
legitimador (branco e azul) de todos os bens de um passado nacional homogêneo.
Balanço
O Fato de ter sido convidado
para falar sobre a experiência de Indaiatuba na preservação do Patrimônio
Histórico já é motivo de orgulho para Fundação e para todo e qualquer
Indaiatubano. No entanto, depois de minhas falas e das perguntas a respeito da
instituição e de seu trabalho, que monopolizaram essa parte do colóquio,
percebi que estamos no caminho certo. Ainda mais quando nos parabenizaram pela
iniciativa de envolvimento da comunidade e os cursos da Escola do Patrimônio.
Acredito que esse convite foi um marco na nossa trajetória de concretização de
uma prática preservacionista sustentável e com responsabilidade social. Após a
Palestra recebi a proposta de um representante de um órgão Inglês que financia entidades
sérias comprometidas com a preservação do Patrimônio arquitetônico Popular, a
INTBAU. O professor José Franqueira Baganha disse que gostaria que
conversássemos mais e fizéssemos um projeto pois tinha sentido credibilidade na
instituição. A forma como fui recebido pelas instituições e a grande gama de
possibilidades de crescimento de apoio internacional para nossa prática, nos dá
uma ótima expectativa para 2017. Ano que, de acordo com tais contatos, podemos
implantar na nossa instituição um modelo pioneiro de gestão e preservação em
escala nacional.
Carlos Gustavo Nóbrega
de Jesus
Superintendente
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