Francisco de Assis Barros
nasceu em Indaiatuba no dia 20 de março de 1893 em uma casa na esquina das
atuais ruas Candelária e Siqueira Campos onde mais tarde seria, por muitos
anos, a Farmácia Candelária[1]. Consta
que,[2] quando
ele nasceu, o local abrigava uma botica de propriedade de seus avós maternos, “os estimados e queridíssimos” Nhô Chico
e Nhá Chica boticários. Foi ele o sexto filho dos dezesseis “com que Deus
favoreceu o lar abençoado e cristão” de João Batista de Barros e Dona Maria
Luiza de Toledo Barros.
IMAGEM 1
Crédito da imagem: Banco de dados
biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
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IMAGEM 2
Pharmácia Candelária, s/d.
Crédito da imagem:
www.historiadeindaiatuba.blogspot.com
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Francisco de Assis Barros
cursou as primeiras letras em Itu em seguida nos bancos escolares do Seminário
Menor de Pirapora, onde cursou humanidades. Filho de pais extremamente
religiosos, logo lhe desabrochou espontaneamente a vocação sacerdotal.
Inteligência viva e
agilidade mental admirável, Francisco de Assis se distinguiu no seminário de Pirapora
e no Seminário Maior de São Paulo de tal forma que certo dia foi surpreendido
com um convite especial para comparecer no palácio São Luiz e abraçar a
companhia de vossa excelência reverendíssima Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo
de São Paulo.
A curiosidade a
apoderou-se do jovem seminarista que, surpreso no decorrer de um almoço, foi
convidado a seguir para Roma onde deveria cursar a Universidade Gregoriana. Esta
destinação insigne era cedida a pouquíssimos estudantes religiosos, somente
aqueles que se extinguiam entre grande número de colegas. Aos alunos da
Universidade Gregoriana estavam predestinados os cargos da cúpula da igreja
católica, pelo aprimoramento da inteligência e dos conhecimentos humanos e
religiosos que ali adquiriam.
Foi uma satisfação
incontida para o jovem indaiatubano de 18 anos de idade, mas também um enorme
sacrifício se ausentar da pátria e da família por 7 (sete) longos anos.
Em 29 de setembro de 1911
junto ao armazém nº 16 das Docas de Santos, achava-se atrasado o transatlântico
“Tomaso di Savóia” da Compagnia
Navigazione Generale Italiana. Pela escadaria da primeira
classe subiu cautelosamente Francisco de Assis Barros, seguindo para Roma para
hospedar-se no Pontifício Colégio Pio Latino Americano (uma universidade
eclesiástica destinada à formação de candidatos ao sacerdócio e à
especialização de sacerdotes oriundos das dioceses de toda a América) a fim de
matricular-se na Universidade Gregoriana onde doutorou-se em Teologia e
Filosofia.
Extremamente dotado pela
genialidade musical, diplomou-se também em Música Lírica, Regente de Coral,
Maestro e Cantor Lírico no Conservatório Musical de Roma.
Certa vez em uma solenidade
pontifícia ao Papa São Pio X na Basílica de São Pedro, o notável maestro [nome
inelegível] não aparecia. Por solicitação de seus colegas, Francisco de Assis
assumiu a batuta e regeu a orquestra e o coral da Capela Sistina, recebendo,
inclusive, elogios do próprio maestro. Foi
um fato inédito até então, e que causou grande orgulho em nossa pátria: um
brasileiro (um indaiatubano!) regendo para o Papa na Capela Sistina.
A Ordenação Sacerdotal do
padre Francisco aconteceu na manhã de 07 de abril de 1917. Narra-se que naquele
dia ... “10 (dez) ordenados a sacerdotes, tocados pela mais viva emoção
caminhavam silenciosa e pensativamente nas pedras milenares d Via Appia por
onde passaram os cristãos ao se dirigirem para as catacumbas”. Os ordenados
fizeram o percurso para atingir a Arquibasílica de São João de Latrão, Catedral
do Bispo de Roma. Percorreram os 130
metros da espaçosa nave central onde receberiam a ordenação sacerdotal naquela
abóboda santa. Ali o indaiatubano Francisco
de Assis Barros tornou-se padre.
As 3 (três) primeiras
missas do sacerdote se revestiram de um significado todo especial. A primeira
nas catacumbas de São Calixto onde a semente do evangelho foi deixada por
Pedro; a segunda na Basílica de São Pedro junto ao tumulo do príncipe dos
apóstolos e a terceira na igreja de São Joaquim na capela dedicada a Nosso
Senhora Aparecida, a rainha que tem o seu trono no coração de cada brasileiro.
Em princípio de novembro
de 1918, saindo de Roma, desembarcava em Santos, o Pe. Francisco de Assis
Barros, com o “coração a transbordar de alegrias e esperanças” indo dali para
São Paulo e depois para a missa em Indaiatuba, onde residiam seus pais em uma modesta
casa na atual rua Pedro de Toledo, próxima a Estação.
A sua chegada foi uma
festa na cidade. A banda de música desceu da prefeitura acompanhando as
autoridades, os parentes e os amigos até a estação da Sorocabana.
Recebido com palmas e discursos,
o Padre Francisco de Assis Barros agradeceu comovido a recepção, “falando
melhor a italiano do que a português”.
Permaneceu alguns dias
com a família em Indaiatuba, para depois ir lecionar no Seminário Maior de São Paulo.
Em homenagem ao Cônego conterrâneo,
o maestro Nabor Pires Camargo compôs a obra “Romance”.[3]
IMAGEM 3
Crédito da imagem: Hemeroteca da
Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro)
Jornal “ A União” de 3 de novembro de
1921
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Foi coadjutor de Dom
Duarte Leopoldo e Silva e mais tarde nomeado pároco da Igreja da Glória no
Cambuci um bairro muito pobre naquela época que necessitava de um “pastor
zeloso e solicito”. Ali ele desenvolveu fecundo apostolado missionário e, até
mesmo para ser melhor compreendido, fazia sermões em italiano por se tratar de
um bairro essencialmente de operários imigrantes da Itália e seus descendentes.
Retira-se dessa paróquia
por alguns anos por motivo de saúde e, reestabelecido, vai para Ribeirão Preto
em 1931, onde Dom Alberto José Gonçalves “o acolhe com esperanças e alegrias”.
Em Ribeirão Preto, o já
Cônego Dr. Francisco de Assis Barros, além de vigário da Catedral de Ribeirão
Preto, foi um notável batalhador da cultura. Entre outros feitos, foi patrono
da Academia Ribeirão-Pretana de Letras, fundou o Patronato Coração de Jesus e a
Sociedade Lítero-Musical. Foi professor de
Pedagogia e Sociologia no Colégio Santa Úrsula (criado como Instituto Santa
Úrsula para meninas, das Irmãs Ursulinas), cura da catedral de São Sebastião.
Foi notável orador sacro da época e
muitos dos seus discursos como paraninfo ou preferidos solenidades importantes
foram publicadas e editadas como relíquias da nossa língua.
Por ocasião do 100º
aniversário de Indaiatuba, foi convidado especial do então Prefeito Major Alfredo
Camargo Fonseca para ser o orador oficial da solenidade, incumbência que muito
o sensibilizou e que “desempenhou com
notável entusiasmo para sua querida terra natal”[4].
Nos sermões da missa padroeira de Indaiatuba ele exortava a proteção da Virgem
da Candelária implorando-lhe a graça de encontrar um dia com a Santa de
Indaiatuba no céu.
E foi justamente no dia
da Padroeira do Brasil, em 12 de outubro de 1937, com 44 anos de idade e
praticamente no início da sua carreira eclesiástica, já Monsenhor, que faleceu
prematuramente em São Paulo no Instituto Paulista, onde se achava em
tratamento.
IMAGEM 4
Crédito da imagem: Banco de dados
biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).
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IMAGEM 5
Crédito da imagem: Banco de dados
biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).
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IMAGEM 6
Crédito da imagem: Banco de dados
biográficos do Arquivo Público Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da
Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de jornal sem identificação/data).
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IMAGEM 7
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público Municipal
“Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba (recorte de
jornal sem identificação/data).
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IMAGEM 8
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público
Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
(recorte de jornal sem identificação/data).
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IMAGEM 9
Crédito da imagem: Hemeroteca da
Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro)
Jornal: O Correio Paulistano de 13 de outubro de 1942
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O seu último desejo era ser enterrado
aqui em Indaiatuba sua terra natal de que tanto se orgulhava, mas o clero as
autoridades de Ribeirão Preto e o povo em massa aclamaram para a família que
ele fosse sepultado em Ribeirão Preto onde tanto o estimavam. Segundo jornal
ribeirão-pretense, formou-se uma Comissão Diretora para conduzir o trabalho de
construção de sua herma e houve um concurso onde concorreram escultores
interessados para homenageá-lo.
IMAGEM 10
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público
Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
(recorte de jornal sem identificação/data).
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Coube afinal, à Praça da Bandeira a
honra de ostentar o busto do Cônego Barros, verdadeiro bandeirante da religião,
da ciência e do patriotismo. Essa escolha arrancou sinceros aplausos dos seus
amigos, pois colocando o patriota na praça verde e amarela, colocaremos o
sacerdote diante do templo divino e o homem ao lado de sua família.
A cidade onde tanto ele trabalhou e
que tanto o estimou, atribui-lhe também uma homenagem, escolhendo-o como
patrono de uma escola estadual, a Escola Estadual Cônego Barros que foi
inicialmente criada em 17 março de 1932 com a denominação do 5º Grupo Escolar
de Ribeirão Preto. Funcionou os primeiros anos na rua Tamandaré, 459, depois na
rua Garibaldi, 26 e em 25 de abril de 1954 realizou-se a inauguração das atuais
instalações.[5]
IMAGEM 11
Imagem da Escola Estadual Cônego
Barros, em Ribeirão Preto
IMAGEM 12
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público
Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
(recorte de jornal sem identificação/data).
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A concorrência popular no
seu velório foi tão grande que ele não pode ser velado na igreja, mas sim em
praça pública, tal a afluência de fieis, alunos e amigos que desejavam
dizer-lhe o último adeus.
No cemitério de Ribeirão Preto em um
tumulo modesto, jaz aquele que Senhor foi tão prodigo em dons intelectuais como
em virtude espirituais: o pregador da paz e das sagradas letras em nossa querida
pátria brasileira.
IMAGEM 13
Crédito da imagem: Banco de dados biográficos do Arquivo Público
Municipal “Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba
(recorte de jornal sem identificação/data).
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[1] A Farmácia Candelária foi fundada em
1893 por Francisco Xavier da Costa, mais conhecido como Chiquinho. De acordo
com arquivos, a princípio a farmácia funcionava em um prédio na Rua 15 de
Novembro, esquina com a Rua 7 de Setembro. De lá, mudou-se para vários prédios
na área central da cidade, até ser transferida definitivamente para a esquina
da Rua Candelária com a Siqueira Campos.
[2] Parte do conteúdo desta biografia
teve como referência o manuscrito “Curriculum
Vitae de Cônego Doutor Francisco de Assis Barros”, sem nome de autor ou
data, do “Banco de Dados Biográficos”
pertencente ao acervo do Arquivo Público
“Nilson Cardoso de Carvalho” da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.
[5]
Informações do blog http://conegobarros.blogspot.com/ consultado em 24/10/18 às
14:49.
[6]
Consultado em 24/10/2018 às 14:46 em: https://www.google.com.br/maps/uv?hl=pt-BR&pb=!1s0x94b9befe8a439fab%3A0x5832b5eef3594980!2m22!2m2!1i80!2i80!3m1!2i20!16m16!1b1!2m2!1m1!1e1!2m2!1m1!1e3!2m2!1m1!1e5!2m2!1m1!1e4!2m2!1m1!1e6!3m1!7e115!4shttps%3A%2F%2Fpt-br.facebook.com%2FConegoBarros%2F!5sC%C3%B4nego%20Barros%20-%20Pesquisa%20Google&imagekey=!1e10!2sAF1QipO8-VOxhfbODbByA3qMU5aTo5EFO2mYQEtu28oM&sa=X&ved=2ahUKEwjo942a0J_eAhVEwlkKHQsWB6EQoiowE3oECAoQCQ
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