terça-feira, 16 de outubro de 2018

Uma lágrima para a Tribuna de Indaiá

texto de Marcos Kimura de 15/10/2018


O último sábado, dia 13 de outubro, será marcado na história de Indaiatuba pelo encerramento das atividades da Tribuna de Indaiá, o mais antigo e principal jornal da cidade. Fundado em 17 de abril de 1955 pelo advogado Rafael Elias Aun, o Rafu, o periódico foi posteriormente adquirido por Gabino Ferreira de Miranda, cuja família respondeu pela administração até o amargo fim.

Ao longo de seus 63 anos, o jornal cobriu diversos acontecimentos da cidade, às vezes até como participante, como foi o caso do impeachment do prefeito Alberto Brizola em 1963, o primeiro surto de crescimento populacional e industrial nos anos 60 e 70, o surgimento do Jardim Morada do Sol em 1980, a criação do Parque Ecológico em 1992, a segunda onda de crescimento industrial na virada do século e a prisão do prefeito Reinaldo Nogueira em 2016. Foi o último jornal da cidade a manter uma redação com um mínimo de estrutura.

A morte do tradicional periódico entristeceu a comunidade indaiatubana, especialmente os mais antigos, mas nem de longe foi uma surpresa. A crise econômica certamente abreviou a agonia, mas a decadência em geral da imprensa escrita atingiu desde a ex-gigante Abril até a pequena Tribuna de Indaiá.

Mas o que é mais alarmante é o cenário que o desaparecimento da mídia escrita deixa atrás de si. 

Vitimados em grande parte porque seus leitores passaram a ter acesso à informação grátis pela internet, jornais e revistas, especialmente os brasileiros, não souberam fazer frente à nova e irreversível realidade. O problema é que informação de qualidade não é barata e o que cresceu em seu lugar é de credibilidade altamente questionável. Dá para confiar na/o blogueira/o que indica um produto porque é patrocinada/o pelo fabricante ou no youtuber especialista em malhar este ou aquele partido ou tendência política? Se você acha que sim, temos um grande problema.

A questão é mais grave no âmbito local, que não tem a cobertura das grandes empresas de informação. O morador de Indaiatuba fica dependente dos jornais sobreviventes (que mal tem jornalistas), duas rádios (sendo que uma não tem noticiário), um canal de televisão exibido apenas em um provedor de TV por assinatura, um site de notícias policiais e uma fanpage mais ou menos noticiosa. Em tempos de fake news e desinformação em geral, é preciso que esses canais se aperfeiçoem para preencher o vazio deixado pela Tribuna de Indaiá. 




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