texto de Marcos Kimura de 15/10/2018
O último sábado, dia 13 de outubro, será marcado na história
de Indaiatuba pelo encerramento das atividades da Tribuna de Indaiá, o mais
antigo e principal jornal da cidade. Fundado em 17 de abril de 1955 pelo
advogado Rafael Elias Aun, o Rafu, o periódico foi posteriormente
adquirido por Gabino Ferreira de Miranda, cuja família respondeu pela
administração até o amargo fim.
Ao longo de seus 63 anos, o jornal cobriu diversos
acontecimentos da cidade, às vezes até como participante, como foi o caso do
impeachment do prefeito Alberto Brizola em 1963, o primeiro surto de
crescimento populacional e industrial nos anos 60 e 70, o surgimento do Jardim Morada do Sol em 1980, a criação do Parque Ecológico em 1992, a segunda onda de
crescimento industrial na virada do século e a prisão do prefeito Reinaldo Nogueira em 2016. Foi o último jornal da cidade a manter uma redação com um
mínimo de estrutura.
A morte do tradicional periódico entristeceu a comunidade
indaiatubana, especialmente os mais antigos, mas nem de longe foi uma surpresa.
A crise econômica certamente abreviou a agonia, mas a decadência em geral da
imprensa escrita atingiu desde a ex-gigante Abril até a pequena Tribuna de
Indaiá.
Mas o que é mais alarmante é o cenário que o desaparecimento
da mídia escrita deixa atrás de si.
Vitimados em grande parte porque seus
leitores passaram a ter acesso à informação grátis pela internet, jornais e
revistas, especialmente os brasileiros, não souberam fazer frente à nova e
irreversível realidade. O problema é que informação de qualidade não é barata e
o que cresceu em seu lugar é de credibilidade altamente questionável. Dá para
confiar na/o blogueira/o que indica um produto porque é patrocinada/o pelo
fabricante ou no youtuber especialista em malhar este ou aquele partido ou
tendência política? Se você acha que sim, temos um grande problema.
A questão é mais grave no âmbito local, que não tem a
cobertura das grandes empresas de informação. O morador de Indaiatuba fica
dependente dos jornais sobreviventes (que mal tem jornalistas), duas rádios
(sendo que uma não tem noticiário), um canal de televisão exibido apenas em um
provedor de TV por assinatura, um site de notícias policiais e uma fanpage mais
ou menos noticiosa. Em tempos de fake news e desinformação em geral, é preciso
que esses canais se aperfeiçoem para preencher o vazio deixado pela Tribuna de
Indaiá.
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