terça-feira, 13 de agosto de 2019

PEDRO ROSSIGNATTI (Pietro Rossignati) e sua família.

                                                                                                                Texto de Paulo de Tarso Freitas



        Era conhecido também como “Pedro Relojoeiro”, não obstante ser ourives e ter muita habilidade para inúmeras atividades mecânicas.

        De média estatura, vêneto de pele morena mas de olhos azuis, denotando a mistura de origem dos italianos do norte, sempre usando chapéu de feltro e colete de cor escura, quando caminhando, ou rodando com sua bicicleta, pelas ruas da cidade, veículo de sua preferência, mesmo quando ainda dirigia o seu automóvel, uma Chevrolet antiga, dos anos vinte, de capota de lona, desfeita mais tarde num grande rancho coberto com telhas de zinco e abarrotado de maquinarias, apetrechos, peças, tornos e tantas outras coisas.

        Manteve seu negócio – Joalheria e Relojoaria Rossignatti - em Indaiatuba, desde o início do século passado (primeira década), até 1954 (quando então, resolveu encerrá-lo), cujo ramo de atividade era a de venda e conserto e elaboração de joias e conserto e venda de  relógios.


         Pietro Rossignati, foto dos anos vinte.     

        Começou na Helvetia, depois na praça das “Caneleiras” (isso ainda na primeira década do século passado), e na rua Candelária teve dois endereços. O primeiro na casa de Nhanhã Tebas localizada entre a casa onde por muito tempo residiu a família do Sr. Calvino Hass (Foto Pedroso), à época em que ali residia a família de João Ifanger (“João Galo”, pai de Juka, seu genro) e a casa do “Chico Sapateiro” e, depois, no prédio de sua propriedade, comprado do avô do Sr. Roque Frias (Café Interior), em um terreno com frente para rua Candelária. Um quintal de quase cem metros de comprimento, um verdadeiro bosque de árvores frutíferas (a maioria plantada por Clara, sua esposa), notadamente duas mangueiras que talvez tenham nascido no sec. XIX, até a rua Pedro Gonçalves.

        Por curiosidade, nesta casa havia um poço abandonado, onde os autores do famoso “Crime do Poço” jogaram o corpo da vítima.

        No seu lado oposto, a propriedade fazia frente com a antiga rua da Palha (Rua Pedro Gonçalves), onde seu genro, Paulo Mathias Freitas (projetista/construtor, artista, assim como pintor), também conhecido em Indaiatuba, que comprara ainda solteiro de seu sogro uns duzentos e cinquenta metros quadrados de terreno e construiria sua residência (rua Pedro Gonçalves, número 256, numeração que existia antes da criação da Vila Candelária) – e onde residiria por muitos anos, desde 1940, até 1967 (com alguma interrupção, quando residiria em São Paulo) – atualmente um laboratório.

        Embora amadoristicamente, Paulo Mathias Freitas (1908) pintaria muitos quadros (o que fazia desde jovem); realizaria alguns salões de pintura inéditos, então, na cidade; e ganharia uma medalha de bronze no Primeiro Salão de Paisagens Paulistas (realizado pela Associação Paulista de Belas Artes), único concurso que participou em sua vida fora de Indaiatuba. O quadro premiado (pintura a óleo) representa a lateral do único casarão que restou no largo da Matriz. Casarão onde, por muito tempo, o Sr. Hildebrando de Almeida Prado e sua esposa, irmã do Sr. João da Fonseca Bicudo, passavam suas férias, até lá pelos anos quarenta).

        Paulo, casa-se em Indaiatuba, em 1940, com a indaiatubana Isaura (filha de Pedro). Dessa união nasceram os indaiatubanos Paulo de Tarso, autor do presente texto, e Lucila (atualmente residentes em São Paulo). Um posterior filho do casal, o caçula Fábio, já falecido, nasceria em São Paulo.

        Apesar da idade avançada Pedro exerceria aquela atividade até a parte inicial da década dos anos cinquenta (como já dito, em 1954), mas por motivos de saúde de sua esposa Clara Campregher, e para melhor dela cuidar, mudou-se para a cidade de São Paulo que, por evidência, à época, oferecia melhores condições de tratamento.

        Muitas das joias, ali vendidas, era de elaboração própria, notadamente alianças e anéis, pelo próprio Pedro, ajudado, durante muito tempo, primeiramente pelo seu filho mais velho Inácio, e pela sua filha Maria (mais tarde pelos filhos, então mais novos, Bernadete, Geraldo e Mercedes).

        Inácio tendo aprendido todo o ofício com seu pai, conforme contam seus filhos Zélia, Ana e Antenor Pedro,  com ele trabalhou até 1938, mesmo depois de ter casado Elzira Adriana Barnabé (do ramo da família Barnabé da Fazenda da Grama, prima do Senhor Ário Barnabé, proprietário da Fazenda que deu origem à Morada do Sol, Fazenda na qual nascera Elzira, e tia avó do compositor, cantor e ator Arrigo Barnabé – também sobrinho neto do autor do hino de nossa cidade, Nabor Pires de Camargo -). Nesse ano mudou-se para a cidade de Salto montando uma loja com o mesmo ramo de atividades, acrescida do ramo de venda de artigos para presentes, na rua Monsenhor Couto, mantendo-a em atividade por cinquenta anos. Sempre gozou de muito respeito, notadamente pela sua honestidade, o que já ocorrera em Indaiatuba, sua cidade natal.

        O Doutor João da Fonseca Bicudo Júnior, seu conhecido de infância, certa ocasião, em conversa com o autor do presente resumo biográfico em uma consulta médica, fez alusão às boas qualidades do amigo. 

Maria (Mariquinha) em 1932, logo após a revolução, casar-se-ia com Antenor Tanclér (depois da volta deste da chamada revolução constitucionalista, quando chefiou um batalhão) e fixaria residência em São Paulo; onde mais tarde exerceria o cargo de Diretor de Cartório do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, cargo no qual se aposentou. Ambos faleceram na cidade de São Paulo.

        Antenor Tanclér e seus comandados foram presos pelas Forças Federais na divisa do Estado de São Paulo com o Estado do Paraná, e “encarcerados” num vagão de trem enviado para o Estado do Rio de Janeiro, onde permaneceram esquecidos por um bom tempo, com todo o sofrimento que se pode facilmente inferir, dada a improvisada cadeia...

        Pedro, como alude o poeta Archimedes Prandini (carcereiro da Delegacia de Polícia de Indaiatuba, que, por muitos anos foi instalada ao lado da loja de Pedro, no, então, prédio da esquina com a rua 7 de setembro), em poesia publicada na Tribuna de Indaiá, homenagem do poeta a ele, cuidava dos velhinhos.

Para ser mais preciso que o referido escritor: cuidava dos velhinhos do Asilo de São Vicente – instalado, à época, numa velha casa situada no ângulo oposto ao da Casa Paroquial) e, isso, não obstante sua árdua atividade diária.

        Cuidava, ainda, da manutenção do antigo e grande relógio, de pesos e molas, da Igreja Matriz, bem como, integrava a Irmandade do Santíssimo, colaborando, sempre, com muitos párocos que passaram por Indaiatuba, entre eles o padre Vicente Rizzo, que acabou falecendo nesta mesma cidade e aqui sepultado até quando seu corpo foi exumado, durante liderança paroquial do Padre Antônio Jannoni. 

        Uma curiosidade a seu respeito é o fato de ter sido também clarinetista, participando em uma das versões da antiga banda da Helvetia, uma vez que, quando solteiro, residia na Fazenda Sapezal, de propriedade de seu pai, Giovanni Battista Rossignati (um t só na versão italiana do sobrenome – não se sabe porque o sobrenome, em Indaiatuba, passou a ser grafado com dois t(s)), frequentando assiduamente a Paroquia Nossa Senhora de Lourdes.

        Essa fazenda, próxima àquela colônia helvética, mantinha entrada pela, então, por muitos anos, estrada principal de Indaiatuba a Campinas, posteriormente com entrada pela Rodovia Santos Dumont. Na década de sessenta foi cortada por essa rodovia e, anos depois, cortada pela estrada de ferro – atualmente Ferroban – Marinque/Campinas. Nos anos setenta, metade dessa Fazenda seria adquirida por um dos membros da conhecida família Valdemarin da viúva de Luiz.

        Como alude também o poeta, Pedro viera ainda criança para Indaiatuba.
Realmente, Pietro nasceu vêneto (Veneto – uma das vinte “regioni italiani”), na província de Verona, próximo ao bairro Madonna dell`Uva Secca, divisa entre as comunas de Villafranca di Verona e Povegliano Veronese, e veio com sua família para o Brasil logo após terminar o curso elementar (Obs.: numa época de analfabetismo na Itália. No ano da unificação da Itália, ou seja, em 1861, o índice alcançava quase oitenta por cento).



Santuario della Madonna dell’Uva Secca

        Segundo dizia, este curso elementar era quase comparável ao antigo ginásio brasileiro em matéria de currículo - currículo já preocupado com a unificação da língua italiana. (Seu conhecimento da língua italiana, além do dialeto Veneto/Veronese, faria com que viesse a auxiliar muito um dos “Vice” Cônsules italianos (de Indaiatuba) em traduções, correspondências e mesmo auxiliando imigrantes nas suas primeiras incursões e relacionamentos no município – normalmente pessoas residentes na área rural. À época, a população rural de Indaiatuba era significativamente superior à da zona urbana.

        Conforme consta do seu registro de nascimento (Ufficcio Anagrafe del comune di Povegliano Veronese), nasceu no dia 19 de junho de 1879, pouco mais de dez anos da integração do Veneto  na Unificação da Itália, que se deu através de um plebiscito em 1866, cinco anos após essa unificação (1861, depois de lutas contra a Áustria).



Edificio Comunale di Povegliano Veronese

Era filho de Giovanni Battista Rossignati (por sua vez filho de Giovanni Rossignati e Angela Menegali), de Villafranca di Verona, e de Caterina Veneri (filha de Luigi Veneri e Alberica Bosco) de Nagarone Rocca -, no distrito de Bagnolo, comuna (comune – masculino - em italiano) situada na divisa da Província de Verona com a Lombardia (regione italiana).


                                                                                                                                                                                                                       


Villafranca di Verona

Contava, Pedro, que, quando criança, patinando sobre as águas congeladas de um riacho vizinho à Contrada Casotti (atualmente Via Verona), na acima referida área limítrofe, afundou o pé em uma crosta menos espessa, e bateu com o nariz no gelo. Mais tarde, por volta de 1928, dirigindo seu automóvel nas estradas de sítio (destituídas de asfalto e todas esburacadas), quando se dirigia ao moinho de propriedade de sua esposa, no bairro da Helvetia (Serra D`Água) bateu novamente o nariz no volante, ferindo-se no mesmo lugar, quando o carro balançou agressivamente ao transpor um ‘toco`não visto. Dizia isso para justificar um nariz um tanto avantajado e que ostentava uma pequena cicatriz.





Via Verona (antiga Contrada Casotti – nos limites entre Povegliano Veronese e Villafranca di  Verona).
 Ainda continua sendo uma área rural.

Contava, ainda, que seu sobrenome (cognome) não era muito difuso na Itália e se concentrava mais em Villafranca di Verona. Um seu parente Giovanni Rossignati, arquiteto, foi o autor (projetista) do “campanile” da “Chiesa Parrochiale” de Bussolengo, outra cidade da província de Verona.

Uma outra curiosidade de sua família, na Itália, foi o fato de que, em 1910 (quando, então, Pedro já residia em Indaiatuba), um sacerdote de Villafranca, Aleardo Rossignati, ao beber o vinho consagrado, sentiu-se mal e foi atendido rapidamente, sob pena de morrer envenenado. Boataria na cidade atribuía a autoria do envenenamento a um grupo de comunistas. Nada foi provado. Mas alguém colocou veneno no cálice!...

Recém chegado à Indaiatuba, Giovanni Battista (Giobatta) encaminhou seu filho (mais velho) para fazer a adaptação de seu curso escolar italiano para o correspondente brasileiro e seu professor, foi, então, o Senhor Carlos Tanclér (o primo de Carlos, Antenor, como já dito acima, viria a ser, algumas décadas depois, genro de Pedro). E um parente do Senhor Carlos Tanclér seria o instrutor de Pedro na sua formação profissional de ourives e relojoeiro.

Montado em um burro (metido a empacar diante de qualquer novidade na estrada), presente de seu pai, o jovem Pedro, lá por volta da última década do Século XIX, vinha, da Fazenda Sapezal, para a cidade a fim de se preparar para falar o português e, em seguida, para a sua futura profissão, uma vez que o Brasil atravessava sua primeira crise do café e Giobatta via, em uma profissão, melhor futuro para seu filho. Embora seus irmãos, em tom de ironia, dissessem que o que ele quis mesmo foi fugir da enxada...

Giobatta (Giovanni Battista Rossignati) montara na sua fazenda uma cerâmica (ou olaria de tijolos e telhas), sendo, talvez, um dos pioneiros do ramo em Indaiatuba, embora fosse um fornecedor também para a cidade de Campinas. O transporte era feito com carroças de burros e segundo Mariquinha (Sassi) (casada com João, irmão de Pedro, que , um pouco depois de Pedro instalar-se na cidade, compraria uma Chácara defronte à Praça Ruy Barbosa, área que daria origem à Vila (ou Jardim) Rossignatti, por loteamento feito pelo próprio João) o movimento de carroças que entravam e saiam da Fazenda Sapezal chegou a ser bastante grande. Curiosidade: por benesse de João Rossignati, o antigo time de futebol denominado Operário, manteria, na sua propriedade, um campo de futebol, até quando a respectiva área seria loteada (meados da década de quarenta). 

O pai de Pedro viera para o Brasil em maio de 1888, com sua esposa Caterina e três filhos Pietro (Pedro), o mais velho, Luigi (Luiz) e Giovanni (João) o caçula.




João Rossignati



A Itália (como toda a Europa) passava de uma economia familiar para uma economia de mercado e a vida e as expectativas das famílias, embora muitas proprietárias de terras, não eram promissoras e, assim, Giovanni Battista resolveu vir para o Brasil que, segundo propagandas, à época, oferecia grandes possibilidades de mobilidade social.



Giovanni Battista Rossignati – já no final de sua vida.     
 
    Como contava Pedro, vindo do Porto de Santos para Indaiatuba, via-se e ouvia-se por todo canto grupos que festejavam, com inebriantes batuques, a recente libertação dos escravos. Uma curiosidade fantástica para um menino recém-chegado da Europa, onde a etnia dos escravos brasileiros era, então, conhecida somente através de livros ou outras espécies de publicações da época.

        Depois de algum tempo na Fazenda Sapezal, Pedro e João, como já foi dito acima, viriam para a cidade e Luiz continuaria tomando conta da Fazenda, bem como, continuaria explorando o ramo de fabricação de telhas e tijolos (entre outras atividades) e compraria a parte de cada um dos irmãos, após a morte de Giovanni Battista (década de trinta, do século passado).

        Pedro, além das atividades, acima referidas explorou o ramo de moinho (notadamente a elaboração de fubá), no antigo moinho movido pelas águas do Rio Capivari Mirim, na Serra D`Água, instalado na parte da Fazenda de propriedade de seu sogro, Giacinto Campregher, herdada por sua esposa Clara Campregher.

         Casaram-se aos seis de maio de 1.905, em Indaiatuba, perante o Juiz de Paz e Casamentos José Pires de Camargo, sendo escrivão Luiz Teixeira de Camargo. Curiosamente o documento mantém o sobrenome Rossignati (com um t só) para o noivo e seu pai, e traduz os seus nomes para o português, embora nenhum deles naturalizou-se brasileiro e indica Rossignatti (com dois t(s)) no nome que passa a ser adotado pela nubente – Clara Campregher Rossignatti.

        Clara Campregher, terceira filha de Giacinto Campregher, nascera no Brasil (somente sua irmã mais velha, Celeste, nascera nas montanhas do antigo Welschtirol, pertencente então ao Süd Tirol Austriaco, que integraria, posteriormente, o que se chama hoje Trentino Alto Adige (regione italiana), por anexação do extremo sul austríaco pela Italia, vencedora da Grande Guerra (Primeira Guerra Mundial). 




Clara Campregher em parte do seu quintal na rua Candelária – foto dos anos trinta - ao fundo o muro de taipa (segundo se contava, construído por escravos) que fazia divisa com o fundo de todos as casas que faziam frente para a Rua Sete de Setembro, na quadra entre a Rua Candelária e a Rua Pedro Gonçalves. Vê-se. curiosamente, o tronco cortado de uma das velhas árvores, possivelmente do século anterior (18...)

        Giacinto Campregher, austríaco de nascimento, filho de Giorgio Campregher, viera para o Brasil em 1884, no navio Sírio (o mesmo que naufragaria em 4 de agosto de 1906, nas costas da Espanha, tragédia que poria fim a vida do notável indaiatubano, Dom José de Camargo Barros, que fora o Primeiro Bispo de Curitiba e, depois, um dos bispos de São Paulo.)


O transatlântico Sírio antes do naufrágio. Navio pelo qual veio Giacinto Campregher e sua família, na ocasião constituída dele, sua esposa e sua filha mais velha Celeste, nascida em 1882.



O Sírio, naufragando nas costas da Espanha e levando para o fundo do oceano o sacerdote indaiatubano.
“Il piroscafo Sirio naufragò sugli scogli di Capo Palos-Spagna. Lo chiamarono il Titanic dei poveri”






Giacinto (morto em 1917) que era co-proprietário de uma fazenda de castanhais no antigo Welschtirol, nas montanhas alpinas, em platô a oitocentos metros de altura - com seus irmãos Filomena (morta em 1914) e Arcangelo (morto na Moravia – região da atual República Tcheca)  em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial), e, pelas mesmas razões acima apontadas quanto à Giovanni Battista Rossignati, veio para o Brasil (acompanhado da esposa e primeira filha) com a intenção de comprar uma propriedade agrícola e o fez comprando-a (que tinha a denominação de Serra d`Água – talvez pela existência do acima referido moinho movido pelas águas do rio) no bairro de Helvetia, situada nas margens do rio Capivari Mirim, dividida ao meio por este, na estrada velha de Campinas (atualmente Rodovia Paulo de Tarso Souza Martins Martins), antes e depois do lado esquerdo da entrada da pequena estrada que vai até a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, região central da colônia helvética.


Giacinto Campregher foto do final do Sec. XIX – Serra D`Água - Helvetia

        Dos seus irmãos e irmãs, Clara Campregher e seu irmão Bilo (que se casou com uma das filhas de “Andó”, um dos assassinos do crime do Poço – outra filha dele casaria com um irmão de Adolfo Gonçalves, muito conhecido em Indaiatuba e que integrou o Grupo Teatral Filhos de Thalma do Senhor Guerino Lui), foram os únicos que se casaram com não integrantes da colônia suíça. Os demais se casaram com membros das famílias Amstalden, Yakober, Amgarten e Abächerly (pronúncia: Abéherli – pronúncia indaiatubana: “abacherle”).


        Clara também auxiliava na loja de Pedro, cuidando, porém, apenas da venda de despertadores (venda muito intensa àqueles tempos, principalmente aos moradores da zona rural que, como já dito, integravam a maior parte da população do município).




O casal Pedro Rossignati e Clara Campregher no início dos anos quarenta

        Infelizmente, a partir de 1950, com sessenta e quatro anos de idade, foi diagnosticada com mal de Parkinson e, a partir daí, foi tragicamente definhando, primeiramente com dificuldades deambulatórias, depois indo para cadeira de rodas, até se tornar praticamente imóvel, vindo a falecer no ano de 1961.
        Pedro sempre acreditou no seu negócio em Indaiatuba, pois foi convidado para ser sócio da antiga Casa Masetti (famosa nos anos cinquenta), em São Paulo, e não aceitou. Bem como, tendo recebido em sua casa um seu primo que veio para o Brasil nos primeiros anos da segunda década no século passado, também não aceitou o convite deste para montar a loja em Campinas.

        Este seu primo voltou, em seguida, para a Itália, comunicando-se regularmente com ele até a Segunda Guerra Mundial, quando, então, mandou sua última carta dizendo que estava fugindo para a França, uma vez que os nazistas, recuando da pressão que lhes faziam os aliados, vinham saqueando todas as propriedades. Depois disso não deu mais notícias.

        Pedro, faleceria antes de Clara, ou seja, em 1957. Ambos, embora residentes em São Paulo, foram sepultados em Indaiatuba.

        Como já dito, em razão, do estado de saúde de Clara, Pedro encerrou suas atividades, aposentando-se, e vindo o casal morar na cidade de São Paulo, no bairro do Paraiso em edifício na Rua Vergueiro, que, posteriormente, anos após a sua morte e a morte de Clara, foi demolido para dar lugar ao Centro Cultural de São Paulo.

        Seu filho Osório mudou-se para São Paulo nos fins nos anos trinta e a convite de seu amigo, um dos filhos do Senhor Alfredo Villanova, trabalhou na indústria na capital, foi militar, por algum tempo, por influência de seu cunhado Benedito Camargo, mas acabou também montando uma relojoaria na rua Roberto Simonsen, no prédio da Cúria Metropolitana, onde trabalhou até a sua morte no início da década de oitenta.

        Sua filha Maria Bernadete casou-se com José Magnusson (da família Magnusson da “Chave Stein”- Elias Fausto). O casal montou, por volta de 1948, uma joalheria e relojoaria em Itatiba – mortos tragicamente em um acidente. Atualmente o negócio é comandado por Irineu Magnusson (filho), por coincidência casado com uma sobrinha do querido Professor João Macedo do Ginásio depois Colégio Dom José, de Indaiatuba.

        Seu filho Geraldo, o penúltimo de seus filhos, continuaria com o mesmo ramo de atividades na mesma rua Candelária, em prédio entre as ruas Cerqueira Cesar e a Rua Padre Bento Pacheco, quase em frente à entrada do antigo escritório da Light, em uma bem montada loja para a época. Como diz Maria Assunção, filha de Geraldo, “Maria Bernadete e Geraldo confeccionaram alianças de muitos indaiatubanos. Em 1950, Geraldo saiu da casa dos pais e montou a Relojoaria e Joalheria Rossignatti, na Rua Candelária, 950. Em 1960 foi convidado pela Condessa Maria Pia Matarazzo para confeccionar várias joias em ouro, camafeus e pedrarias. Alguns anos depois, a mesma Condessa o convidou para ser seu joalheiro exclusivo, mas não aceitou o convite porque deveria mudar-se para São Paulo e seu amor por Indaiatuba falou mais alto. Em 1994, devido ao seu estado grave de saúde, enfermidade decorrente da sujeição por muitos anos à insalubridade da atividade de fundição de ouro, encerrou seus negócios, vindo a falecer em São Paulo em 1996, onde foi sepultado no dia sete de fevereiro de 1996.

        Sua esposa Helide Calegari Rossignati (prima do Sr. Fortunato Deltreggia, proprietário do famoso “Bar do Nato” (anos quarenta e cinquenta) mudou-se para São Paulo, no bairro Jardim Aeroporto, onde residiu durante vinte anos, vindo a falecer aos noventa anos de idade e sepultada junto ao seu marido, no dia vinte e nove de maio de 2016. Foram casados por cinquenta e dois anos.” 

        Pedro escapou de ser convocado para a Primeira Guerra Mundial por ser casado, o que não ocorreu com o seu primo, acima referido.

        De todos os seus filhos, atualmente (2019) está viva apenas Isaura Rossignatti Freitas, que completou seu centenário em 23 de julho de 2017 (talvez a única viva de sua geração da Indaiatuba de ruas sem asfalto).

        Isaura, enquanto solteira, foi funcionária da Telefônica (quando era instalada no casarão ao lado do casarão do Chico de Itaici – primeira sede do Indaiatuba Clube), colega então das antigas indaiatubanas Julieta de Matos e Ana Luiza. Uma outra Indaiatuba que trabalhou nessa Companhia, à essa época, foi Dona Gegé, mãe do Sr. Antônio Reginal Geiss (Presidente do Pró Memória), embora não fosse efetiva no cargo.

        Mercedes, a caçula, falecida recentemente, enquanto solteira e residindo com os pais, lecionava piano (formada pelo Conservatório Municipal de Campinas) em Indaiatuba. Posteriormente, com curso superior de estatística, chefiou um Setor do INPS, na cidade de São Paulo.

        O casal Pedro Rossignatti e Clara Campregher gerou, pela ordem de idade (a primeira, Júlia, nasceu em 1906), os seguintes filhos:

-Julia Rossignatti Ifanger, que se casou com Juka Ifanger (tio  do artista plástico indaiatubano José Paulo Ifanger). O casal depois de residir nas fazendas de João Ifanger (pai de Juka), Fazenda Santa Maria em Sousas, Campinas, e Fazenda São Matias, em Mombuca, mudaram para Itapetininga, onde Juca adquiriu uma grande fazenda. Juka faleceu em Itapetininga e, mais tarde, aos noventa e cinco anos, Júlia faleceria em Sorocaba;

-Inácio Rossinatti, que se casou com Alzira Barnabé – já citados;

-Maria Rossignatti Tancler, que se casou com Antenor Tanclér  (já citados);

-Claudina Rossignatti Camargo (morta no seu primeiro ano de  casamento nos anos trinta), que se casou com Benedito Camargo (que participou de todas as revoluções das primeiras décadas do século passado e reformou-se oficial, com a patente de Capitão);

-Maria de Lourdes Rossignatti Camargo (ex-Chefe de Enfermagem do INPS), que também se casou com Benedito Camargo, acima citado;

-Isaura Rossignatti de Freitas, que se casou com Paulo Mathias Freitas (já citados);
       
-Osório Rossignatti (já citado), que se casou com Maria Lopes;

-Maria Bernadete Rossignatti Magnusson, que se casou com  José Magnusson (já citados);

-Geraldo Rossignatti, que se casou com Elide Farinelli Calegari (já citados);

-Mercedes Rossignatti Guerra (já citada), que se casou com José  Guiterrez Guerra.



Foto do casal Pedro Rossignati e Clara Campregher e todos os seus filhos, ainda na década de trinta.
Geraldo (ainda de calças curtas), Isaura, Lourdes, Inácio, Pedro, Clara, Julia, Maria, Osório, Bernadete e Mercedes (ainda menina).
Na foto não se encontra Claudina, já falecida.


        Pedro (Pietro Rossignati) foi uma pessoa bem conceituada na pequena Indaiatuba das primeiras décadas do século passado, de ilibada conduta, embora sem qualquer projeção política ou social, uma vez que voltado ao seu trabalho, à sua participação, como leigo, na igreja, seu apostolado; e cuidando, durante muitos anos, com dedicação e responsabilidade, dos velhinhos do, então, Asilo de São Vicente, fato poeticamente lembrado pelo Senhor Archimedes Prandini em publicação na Tribuna Indaiá (e neste Blog).

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