Marcos Kimura
Originalmente publicado no Jornal Indaiatuba 107.1 FM
Ano 1 | Edição 001 de 11 de março de 2022
Nesta semana do Dia Internacional da Mulher, recordamos a querida Aydil Bonachella, a maior comunicadora que Indaiatuba já teve, cujo falecimento vai completar 14 anos, no dia 20 de março.
Aydil pagou por seus estudos em um colégio de freiras, depois de formada, e conseguiu emprego da Coletoria do Estado de São Paulo.
Poderia ter ido mais longe na carreira não fosse uma das várias perdas que a vida lhe reservou. Um AVC incapacitou seu marido Tarcisio após poucos anos de casada. Isso fez com que, além de arrimo de família, ela não pudesse mais viajar a trabalho, e criasse seus dois filhos sozinha. O que não a impediu de cursar Direito, para aumentar seu salário no funcionalismo público.
Ela exerceu diversas atividades paralelas, até que, com o surgimento da Rádio Jornal, inicia a carreira que a notabilizaria.
Mas, então, acontece a tragédia que mudaria sua vida: sua filha Andréa morre num acidente a cavalo durante a Romaria a Pirapora. Para se recuperar dessa perda, Aydil cria, com um grupo de amigas e o apoio do Padre Xico, as V.I.P.s, ou Voluntárias de Integração da Periferia, e muda o foco de seu programa na rádio para o assistencialismo.
Junto com as ações beneficentes, sua voz inconfundível passa a invadir as manhãs de Indaiatuba, falando o que lhe vinha na telha, pedindo ajuda a quem recorria a ela, mobilizando população e empresários.
Após conhecer a obra da Irmã Dulce, Aydil resolveu voltar o trabalho das VIPs para atender meninos de rua. Nem todas as voluntárias concordaram e muita gente chamou o que mais tarde se tornaria a Casa do Caminho de “abrigo de trombadinhas”.
Mas o testemunho de diversos garotos que mudaram de vida depois de passarem por lá mostrou o valor da iniciativa, que, novamente, se tornaria mais uma perda em sua vida. Ela acabaria sendo expulsa da entidade que criou pela pessoa que indicou para substituí-la.
Cadê a Casa do caminho hoje?
No final de seu segundo mandato, Clain Ferrari, surpreendeu todo mundo ao anunciá-la como candidata a vice-prefeita na chapa situacionista encabeçada por Wilson Lucchini. Durante a campanha, uma romaria de gente ia aos comícios para vê-la de perto. É depois dessa curta experiência política que Aydil se torna a Hebe Camargo de Indaiatuba, mais exatamente por causa de seu programa da TV Sol.
Seus inúmeros ouvintes puderam assistí-la em casa, e alguns até ao vivo, na arquibancada montada no estúdio. Mas as dores em sua vida não haviam acabado, e Aydil ainda perderia a irmã, Maria Inês, numa cirurgia estética.
O carinho da população e o reconhecimento oficial, na forma da Medalha João Tibiriça Piratininga, não foram suficientes para manter seu ânimo.
Problemas de saúde foram minando aquela força da natureza, até que ela se extinguiu, bem na porta desta Rádio Jornal. Hoje, quando se procura Aydil Bonachella no Google, o que aparece é o Centro de Convenções, hoje sede da Secretaria da Cultura, que leva seu nome.
É pouco para quem tanto impactou a vida de tantos.
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