DANIEL BELO
Jornal Indaiatuba 107.1 FM
Ano 1 - Edição 36 de 11 de novembro de 2022
Antes de saber se há sentido
comemorar ou não, é preciso saber do que estamos falando. Para a Ciência
Política, definições e explicações bem fundamentadas são essenciais. Um bom
começo para o entendimento, que na maioria das vezes não chega nem perto de ser
suficiente, é observarmos a origem das palavras: “Res publica”: em latim, língua principal falada pelos romanos,
significava “coisa do povo”.
Historicamente – e isso se repetirá
no Brasil -, a república foi sendo gradualmente criada em Roma como uma nova
forma de governo que fosse oposta à tirania dos monarcas (reis), que governavam
como bem queriam e sem serem escolhidos pelos cidadãos através do voto. Hoje em
dia, a maioria dos países do mundo são repúblicas, mesmo tendo tantas
diferenças políticas, econômicas e culturais entre si. Em geral, república é
uma forma de governo que busca ser “do povo, pelo povo e para o povo” (nas
palavras do abolicionista Abraham Lincoln) e que se difere da monarquia no
seguinte sentido: o governo é sustentado através de algum sistema capaz de
medir a vontade dos governados (normalmente esse sistema é o voto) - e não herdado
ou justificado divinamente, como acontece nas monarquias.
No caso brasileiro, não dá para
pensar monarquia sem pensar na escravidão. Neste território, a monarquia
começou quando os primeiros humanos foram cruelmente subjugados à condição de
escravizados. E, neste território, a monarquia acabou junto da abolição da
escravidão. Para você ter ideia de como
isso se confirma: foram meses, literalmente, que separaram o fim da escravidão
(1888) do fim da monarquia brasileira (1889), depois de séculos de muita luta
do povo negro brasileiro, somado aos esforços dos poucos, mas barulhentos
brancos abolicionistas nas cidades e no Senado.
O último monarca do Brasil, Pedro
II, não pagou por seus crimes, manteve a escravidão até não conseguir mais, foi
expulso do país por um governo transitório de militares e morreu de velhice.
Pedro II deixou um país fundado na violência generalizada, faminto de fome, de
cultura, de fraternidade, de liberdade e de igualdade.
Há sentido, então, em comemorar os 133 anos da Proclamação da República Brasileira?
Sim, e muito: pelo fim da
escravidão, pelo fim da monarquia e pela república ser o “apito inicial” para conseguirmos
trilhar um caminho difícil mas bonito, cujo fim deve ser a construção de uma nação
democrática “do povo, pelo povo e para o povo”.
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