No próximo sábado dia 19 de novembro às 9h a Profa. Maria Isabel Seabra Pigatto receberá uma homenagem póstuma por iniciativa da vereadora Silene Silvana Carvalini que a apresentou o Projeto de Lei que, sancionado pelo prefeito Nilson Alcides Gaspar, consolidou a Lei Municipal 7886 de 27 de outubro de 2022, que denominou o nome dela ao próprio municipal à Área Institucional III da Rua Lúcia Berna Denny, no Jardim Casablanca.
Para justificar sua indicação, a vereadora Silene resumiu que
"a Professora Maria Isabel Seabra Pigatto, nascida em Campinas [no dia 3 de julho de 1943] e viveu em Indaiatuba por 77 anos. Foi casada com Sivanei Antonio Pigatto, com quem teve dois filhos. Exerceu a profissão de Professora Primária por 26 anos, nas escolas Randolfo Moreira Fernandes e Áurea Moreira da Costa. Participou da Pastoral Vocacional da Paróquia Nossa Senhora da Candelária por 30 anos."
A HOMENAGEADA
O texto abaixo faz parte do acervo do Museu da Pessoa, foi publicado em outubro de 2010 e conta parte da história de Isabel Seabra, como era mais conhecida em nossa Indaiatuba. A Profa. Isabel foi alfabetizada pela Profa. Áurea Moreira da Costa, patrona da escola que mais tarde ela viria a trabalhar e onde se aposentou em 1989, deixando em seu lugar a sua filha, também professora Adriana Pigatto, também alfabetizadora.
Maria Isabel Sebra Pigatto - Memórias de uma professora Aposentada
Senhor Abílio e dona Irene, pais de Maria Isabel, moravam em
Indaiatuba, mas como naquela época as crianças nasciam em casa com parteiras,
sua mãe foi para de sua avó em Campinas, onde nasceu. Com quinze dias de vida,
retornou para seu querido lar em Indaiatuba.
Ela era uma menina muito levada e curiosa, crescendo nesta
cidade pacata, com ruas de terra, com poucos habitantes, onde todas as famílias
se conheciam.
Ela e suas amigas, Sonia, Tereza, Ivone e Ana, brincavam o dia
todo até anoitecer, e suas brincadeiras preferidas eram pular corda e jogar
queimada. Maria Isabel adorava aquela vida livre e feliz.
As vezes ia à Campinas, visitar sua avó, em uma casa com quintal
grande, onde passava a linha do trem e sua avó levantava a cancela para ele
passar, enquanto ela ficava olhando da porteira.
Seu pai era carpinteiro, lia muito e também escrevia poesias,
mais tarde, se tornou corretor de imóveis.Homem muito enérgico, fazia questão
que seus filhos estudassem. Assim, Maria Isabel foi crescendo incentivada por
seu pai pelos estudos.
Sua mãe era dona de casa e também costurava roupas para as
meninas ricas da cidade, pois, naquela época, não havia lojas de roupas
prontas, somente de tecidos.
Uma de suas professoras inesquecível foi Dona Áurea Moreira da
Costa, que a alfabetizou, uma mulher linda, de cabelos negros e compridos,
sempre bem-vestida - salto alto, saia preta justa com bolsos - um exemplo para
a menina que a imitava enquanto criança na sua maneira de se vestir, agir... Na
idade adulta, continuou a imitá-la até na profissão.
Dona Áurea era muito caridosa, fazia queijadinhas e as vendia
para comprar enxoval para as crianças pobres.
Certa vez, Maria Isabel, teve que faltar à escola. Ficou em casa
brincando de escolinha, e para imitar a professora, amarrou uma blusa de lã do
lado avesso na cintura, pois assim ficaria idêntica à saia da professora, com
as mangas no lugar dos bolsos laterais.
Naquela época, as professoras iam à casa dos alunos faltosos
para verificar o motivo da falta, e Dona Áurea foi até a sua casa.
Entretida com a brincadeira, Maria Isabel não percebeu a chegada
da professora, que ao vê-la quase igual a ela, deu um grande sorriso. A menina
ficou envergonhada e sua mãe explicou a professora o motivo de sua falta na
escola.
O tempo passou e Maria Isabel cresceu.
Apesar de esperta e curiosa, a menina apresentava algumas
dificuldades de aprendizagem na escola.
Certa vez, quando estava na 4ª série, estudando com a dona
Iolanda, fez uma prova de leitura e ficou curiosa para saber a sua nota.
Ela havia visto que a professora havia guardado a folha com as
notas na sua gaveta, mas naquele tempo, ninguém mexia nas coisas da professora,
ficando as gavetas e armários sem cadeados ou fechaduras.
Apesar disso, a curiosidade foi maior, e ela e sua amiga,
esperaram todos saírem da sala, entraram e foram remexer nas provas. De repente
surge a professora e as pega no flagra.
Como castigo, tiveram que escrever 100 vezes “Não devo mexer nas coisas da professora”. Seu pai ficou muito bravo, e aumentou o castigo, exigindo que ela escrevesse o dobro, 100 vezes pela professora e 100 vezes por ele. Naquele dia, Maria Isabel, ficou com a mão doendo de tanto escrever, mas aprendeu a lição.
Mas nem tudo em sua vida foi de felicidade.
Quando Maria Isabel
tinha 11 anos, seu pai faleceu e para criar os filhos sua mãe teve que se
dedicar ainda mais a costura, para dar conta de criar as filhas.
Maria Isabel continuou os estudos, fez o Ginásio na Escola
Estadual Randolfo Moreira Fernandes e o Colegial na Escola Estadual Dom José de
Camargo Barros. Depois,
cursou o Magistério em Itu, sempre com a ajuda e incentivo da mãe, porque não
dava para trabalhar e estudar.
Depois que se formou Maria
Isabel se casou. Teve dois filhos, Adriana, que seguiu a carreira da mãe, desde
pequena a imitava em seus afazeres como professora e acreditem, também se
formou professora e hoje leciona na escola que tem como patrona a professora
que sua mãe tem ótimas recordações, “Dona Áurea Moreira da Costa”, e Marcelo,
que é administrador de empresas.
Maria Isabel iniciou sua
carreira, lecionando na Fazenda Santa Eliza, em Indaiatuba, onde ficava a
semana toda e exercia várias funções: professora, merendeira.... e só voltava
para casa nos finais de semana, de carona, na perua do padeiro, Sr. Laércio
Mattioni.
Posteriormente, Maria Isabel,
foi lecionar na Escola Áurea Moreira da Costa, até se aposentar, em 1989.
Hoje, Maria Isabel, é uma
pessoa feliz. Realizada profissionalmente, curte os netos e mantém uma
vitalidade invejável.
É um exemplo a ser seguido.
Maria Isabel Seabra é a quarta, da esquerda para direita
Crédito: Dinossauros de Indaiá (Facebook)
Maria Isabel Seabra é a do meio, em pé, no primeir plano
Crédito: Dinossauros de Indaiá (Facebook)
A Professora Maria Isabel Seabra, filha de Abílio Seabra e Irene Fernandes Seabra, faleceu na pandemia em 06 agosto de 2020, vitimada pela Covid. A partir de sábado, com a inauguração da Praça "Professora Maria Isabel Seabra Pigatto" seu nome ficará eternizado na cidade que tanto amou, onde gerou e cuidou de sua família, onde fez amigos queridos e onde seus alunos serão sempre gratos por sua gentil atenção.
R.I.P.
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