texto de João Marcos Fantinatti[1]
Inspirado no livro de Paulo Brilhante, intitulado Campinas, assim como outros dados de alfarrábios, faço aqui uma justa homenagem a este senhor, Joaquim Bonifácio do Amaral, que também é condignamente homenageado pela cidade de Indaiatuba, com nome de uma de suas mais importantes avenidas.
Joaquim Bonifácio do Amaral, filho do tenente José Rodrigues Ferraz do Amaral e Matilde de Almeida Pacheco, nasceu em Campinas a 03 de setembro de 1815 e foi batizado na igreja “Matriz Velha”, hoje Matriz - Basílica Nossa Senhora do Carmo.
Seu pai era um latifundiário e proprietário de grande fazenda de café, a Sete Quedas e por certo foi ali que nasceu.
Casou-se com a sua sobrinha Guilhermina Pompêo do Amaral em 24 de junho de 1839.
Com 27 anos participou de uma ação junto às forças liberais, comandada por Boaventura do Amaral Camargo. Ambos eram capitães e pertenciam a Cavalaria da Guarda Nacional. A ação revolucionária trazia em seu bojo um movimento liberal; pois as leis da reforma judiciária, criadora do Conselho de Estado, atentavam contra a Constituição do País, violando o Ato Adicional. O golpe de estado de maio de 1842, que dissolveu a Câmara dos Deputados, em sua maioria contra o governo, amputara à oposição o recurso legal. Os conservadores estavam no poder desde março de 1841, sendo presidente da Província de São Paulo, o Barão de Monte Alegre. Os liberais estavam exasperados, e em São Paulo projetaram depor o presidente da província e aclamar o Brigadeiro Tobias de Aguiar para o cargo. Este movimento ficou conhecido como Batalha da Venda Grande. A localização atual desta batalha ocorreu, na Rodovia Dom Pedro I, quase confluência com a Rodovia Anhanguera, isto no bairro Santa Mônica em Campinas, onde existe um monumento ao fato.
Joaquim Bonifácio do Amaral foi um chefe à frente do Partido Liberal, com boa atuação no município de Campinas por três décadas e ainda quando exerceu o cargo de Vereador pelo triênio 1849/51. Foi distinguido com a comenda de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa, conforme decreto imperial de 07 de abril de 1846. Foi também nomeado para ocupar a Vice-Presidência da Província de São Paulo, o que não aceitou.
Com alto poder aquisitivo, foi um benemérito de sentida relevância em sua terra natal, e teve participação na criação do secular colégio Culto à Ciência de Campinas e tanto que na primeira assembléia da “Sociedade Culto á Sciencia”, realizada em 19 de maio de 1869, foi eleito para a primeira diretoria.
Como muitos de sua extirpe e de sua época, foi também maçon.
Recebeu o título de Barão de Indaiatuba em 16 de fevereiro de 1876 e de Visconde de Indaiatuba em 19 de julho de 1879.
Contribuiu com elevadas somas financeiras para a construção da interligação da Estrada de Ferro de Jundiaí a Campinas. Também se deve a ele a fundação do Clube da Lavoura em Campinas; isto ainda por ser um grande produtor agrícola na região. Ainda no campo da benemerência teve grande participação financeira na construção (isto muito antes de fazer parte da diretoria pró-obra do templo) da “Matriz Nova”, atual Catedral Metropolitana de Campinas. Tendo a honra de vê-la inaugurada em 08 de dezembro de 1883.
Por volta de 1852, mostrou-se um verdadeiro pioneiro ao implantar o “braço livre”, na região de Campinas, e assim em sua fazenda, organizou a primeira colônia de lavradores estrangeiros, com contratação de imigrantes alemães (nove famílias - 65 pessoas - provenientes de Holstein, norte da Alemanha). Tendo-se em mente que mais cedo ou mais tarde haveria tornar-se desnecessário a mão de obra escrava, mais o animou no contratar outras gentes de fora do país. Assim contratou por volta de 200 trabalhadores que vieram para formarem novas roças, sem para isso ter que ir a Alemanha, em Holstein, como aconteceu em 1870, e ainda antes do término de terceiro quartel (1873) continuou a contratá-los.
Por essa época o Visconde já tinha adquirido mais algumas terras, as do Salto Grande, no município de Amparo, onde tinha extensos cafezais totalmente abandonados, devido à escassez de mão de obra escrava. Com as culturas totalmente perdidas, foi quando também se utilizou contratar de novos empregados, isto já pelo ano 1876, quando enviou seu auxiliar à Blumenau, Estado de Santa Catarina, e este de lá voltou trazendo 10 famílias. Nesse mesmo ano precisava de mais colonos, foi quando através de Joaquim Caetano Pinto Baia, vieram mais 350 tiroleses e já em 1877 contratou mais 70 lombardos. Desta maneira através do esforço do Visconde, Campinas passou a receber muitos elementos imigrados, que os transferiu para Amparo, e até para as terras de Saltinho.
O Bairro Friburgo, do alemão Friedburg (que significa castelo da paz), na divisa entre as cidades de Indaiatuba e Campinas, teve origem nos imigrantes que vieram para trabalhar na fazenda Sete Quedas do Visconde.
A vida desse brasileiro não foi só isso, pois que por outros campos também teve o reconhecimento de todos, até pelas figuras imperiais, como a de Dom Pedro II, assim como da imperatriz Teresa Cristina, quando de suas visitas, a Campinas, onde por sinal se hospedaram na famosa mansão, situada nas confluências das atuais ruas General Osório e Barão de Jaguara, que em 1994 sofreu um grave incêndio e que depois de restaurada permanece imponente. Salienta-se, que defronte a este velho casario, tem-se a Praça Visconde da Indaiatuba; ficando ambos – atualmente - na zona central de Campinas.
Com a vida de uma grandeza impoluta, conviveu para gáudio de sua terra natal, quando Joaquim Bonifácio do Amaral (Visconde de Indaiatuba) veio a falecer aos 69 anos de idade, a 08 de novembro de 1884.
A fazenda Sete Quedas hoje faz parte da Fundação Bradesco.
Complementos:
Av. Visconde de Indaiatuba - Década de 1980
Jornal GAZETA DA TARDE de 8 de fevereiro de 1884
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