Nos últimos quatro anos, no governo do
presidente Jair Messias Bolsonaro e sob seu exemplo e omissão, ações contra a
dignidade humana - entre elas, o racismo – ganharam força através de sucessivos
ataques aos direitos humanos, advindos dos extremistas de direita. O cenário
não ficou apenas na esfera das ideias e das discussões, muito pelo contrário; no
período, as taxas de homicídios de negros e negras cresceram, enquanto a taxa
de não-negros diminuiu no mesmo recorte temporal.
Influenciados e legitimados pelo presidente, os
extremistas agravaram a já recorrente vulnerabilidade dos negros, o que exige
do processo civilizatório uma urgente capacidade para enfrentar e avançar
diante dessas circunstâncias para, mais do que nunca, superar as adversidades,
as crises, os traumas e tantas situações indesejadas que o imediatismo das
redes escancara violentamente o todo tempo todo.
E novembro é uma oportunidade imperdível para
esse urgente enfrentamento. O Dia da Consciência Negra – 20 de novembro - é uma
efeméride instituída por lei, para evocar o assunto, para fazer um chamamento
para que se saia da omissão frente a algo que está errado. É uma data para a
reflexão do passado, do presente e a construção de ações afirmativas para o
futuro. É um marco fundamental para revelar as desigualdades e a violência
contra a população negra e as causas do agravamento nos últimos quatro anos,
mesmo passando 134 anos da abolição da escravatura não só nos casos de mortes
já citados, mas nos inúmeros casos de discriminação, prejuízos no emprego e na
renda, evasão escolar e desigualdade social.
Personagem central nas ações de informação e
conscientização, Zumbi dos Palmares é um ícone contra a desigualdade e opressão
sofrida por uma raça, é o mártir das minorias, líder do mais famoso quilombo do
país e, também por ser tudo isso, é constantemente atacado por revisionistas
conservadores da extrema direita, que insistem em espalhar a fake que
ele era um escravocrata.
O maior herói da luta negra no
Brasil não deixou nenhuma obra escrita com suas motivações ou ideais, mas sua
existência e história revelam que afrontou a sociedade escravocrata da época:
buscou manter a liberdade, quebrou paradigmas e se tornou o símbolo de
resistência de um povo.
Os quilombos foram um marco da resistência
negra no Brasil em oposição à estrutura escravocrata cruel, desumana e tirana
que oprimia uma raça. Não foi apenas um lugar de refúgio para escravos fujões,
mas foi a organização de uma sociedade livre, prova da resiliência coletiva
daqueles que foram arrancados de suas culturas, presos em ferros, torturados,
estigmatizados. E pela grandeza e notoriedade, faz necessário, mas do que
nunca, lembrar que Zumbi, nas palavras do ex-Senador Abdias Nascimento, foi o
líder da “primeira República livre das Américas”, uma prova pulsante da
capacidade humana de enfrentar, vencer e se fortalecer ou se transformar por
experiências de adversidade; lição que o Brasil todo precisa conhecer, aprender
e aplicar agora, mais do que nunca. Renasçamos neste exemplo.
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