do livro "Nos Tempos do Bar Rex" (2010)
O Primavera dos anos 40 fazia jus ao apelido “Fantasma da Ituana”, slogan criado por um de seus fundadores e torcedor devoto, Francisco Lanzi Tanclér. Em junho de 1944 um logo foi adotado e trazia a figura de um atleta encapuzado.
O último grande feito da agremiação foi o título de Campeão do Estado da Segunda Divisão no ano de 1977.
É seguramente o time de futebol com o nome mais bonito do mundo desde o remoto ano de 1909, quando surgiu e praticamente desapareceu, enquanto dois outros times tomavam seu lugar: inicialmente o Indaiatubano, (1918) que até 1924 esteve bem das pernas quando, então, desavenças entre os diretores provocaram um racha que resultou no surgimento do Corinthians Futebol Clube. Ambos conviveram de maneira precária até a década de 1920, quando resolveram juntar as forças, fundindo-se numa só equipe.
Segundo Hélio Milani, Francisco Tanclér sugeriu que a nova equipe se chamasse Esporte Clube Primavera, recuperando assim o original e poético nome do time desaparecido. Assim, em 27 de janeiro de 1927, deu-se a fundação do novo Primavera. O antigo campo do Corinthians passou a ser do novo time e ficava na quadra entre a Praça Dom Pedro II e a Rua 24 de maio.
Antonio Zoppi, em suas “Reminiscências Indaiatubanas” remonta ao primitivo Primavera do início do século e ainda sem campo fixo.
“... O jogo praticado era muito brusco, onde a força e a marreta decidiam a partida. Somente fanáticos se locomoviam até lá para presenciarem o jogo. O fim era agitado, pois a briga era iminente e inevitável. De regresso à vila, vinham todos pela empoeirada Cerqueira César, gritando: “Quá quá quá / Primavera foi ganhá”.
Interessante notar que o longínquo lá, onde o Primavera ia jogar, é hoje a central Praça Rui Barbosa, antigo Largo das Caneleiras, portanto, a menos de duas quadras da vila.
Outro espaço utilizado para jogos foi o “rapadão”, atual Praça Dom Pedro II, vizinha de onde até o ano de 1961 ficava o primeiro campo oficial do Primavera. Em 29 de junho daquele ano o Estádio Ítalo Limongi, o “Gigante da Vila Industrial”, seria inaugurado num jogo de triste memória para a torcida primaverina: 7 a 1 para o Jabaquara da cidade de Santos que, a partir daí, ficou sendo meu time de coração. Hoje, em meio aos mais de 180 mil habitantes de Indaiatuba, sou o único jabaquarense (ou seria jabaquarano?) que conheço. Nunca sei se o meu time ganhou ou perdeu, em compensação, não fica ninguém me azucrinando com as gozações de praxe, comuns a quem torce por times conhecidos. Brincadeiras à parte, sou primaverino sim. Comprovo destacando aqui a letra que fiz para o samba-enredo com o qual a escola de samba Unidos de Indaiá ganhou o carnaval de 1978; primeiro ano com obrigatoriedade de desfilar com ala de baianas e samba-enredo. Como sambista compus oito sambas para a Unidos, sendo cinco deles (modéstia às favas) campeões. Primavera Alegria do Povo foi o primeiro. Eis a letra:
No meio da avenida
É Primavera o ano inteiro
Colorindo a vida
No Gigante da Vila Industrial
Um fantasma ressurgiu
Voou tão alto que assustou o meu Brasil
É Primavera no coração
Do nosso povo que garante o campeão
Falou mais alto nossa vontade
E esse refrão já alegrou toda a cidade:
Olha a rapaziada
Que bonito que é
Mata a bola no peito
E entrega no pé”.
Entre 1946 e 48, padre Antônio Jannoni foi o Presidente do Primavera e de 1949 à 50, o Dr. Adib Pedro.
A Rádio Convenção de Itu, posta no ar em 1948, era uma opção a mais para a nossa região. A revolução radiofônica iniciada na década de 30 estava no auge e novas emissoras pipocavam por todo o país. Indaiatuba, atrasada como era, só teria sua própria rádio 32 anos depois, com o surgimento da Rádio Jornal (1981). A Convenção mantinha um programa esportivo que ia ao ar diariamente das 11 às 12 horas. Um locutor ituano adorava descer a lenha no Primavera para o ódio e indignação dos ouvintes indaiatubanos. Sinézio Martini, além de jogador, fazia as vezes de cronista esportivo. Depois de ouvir os caluniosos comentários do radialista ituano após cada atuação do nosso adorado escrete, via-se com direito à resposta que era enviada para Itu pelo motorista Joaquim de Almeida (Hamburgo) de um dos ônibus do Brunetti. Esse vai e vem de insultos alimentava sobremaneira a rivalidade entre nosso time e o Ituano.
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Mascote publicado no site Futebol Paulista
Segundo o site Futebol Paulista, "de tanto assustar seus adversários na época em que foi criado, o Esporte Clube Primavera, da cidade de Indaiatuba, tornou-se um verdadeiro pavor, ou melhor, um fantasma para seus adversários. Antes de se tornar Esporte Clube, o Primavera passou por uma fusão de clubes entre Indaiatubano Futebol Clube e Corinthians F.C. Como o primeiro tinha a cor preta e o segundo, a vermelha, e o clube mais antigo da cidade o nome de S.C. Primavera (1908), decidiu-se criar, em 1927, o Esporte Clube Primavera."
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