O cotidiano de nossa cidade é cenário para batalhadoras mulheres, que no dia-a-dia fizeram e fazem a história da cidade, da sua família e sua própria. É o conjunto de pessoas anônimas que constroem uma cidade como a nossa, tão querida por muita gente. Tal como formiguinhas ou abelhinhas, cada uma cumpre seu papel dignamente no todo, e por fazerem a opção pelo BEM, pela EDUCAÇÃO, pelo CORRETO não só na conduta de suas vidas, mas na continuidade de suas famílias, muitas delas merecem sair desse anonimato para serem registradas como verdadeiros alicerces na construção de nossa sociedade. Maria Inês Milani Domingues é uma delas.
Maria Inês nasceu em Indaiatuba em 21 de Janeiro de 1928.
A caçula das mulheres, sétima filha de Cleophas Mosca Milani, a dona Cléofe, como era chamada pelos amigos e de Humberto Milani, barbeiro conhecido na cidade. Seus irmãos: Isolina Milani Cordeiro, Antonietta Milani Amaral Gurgel, Adele Milani Puccinelli, Marcos Milani, Hélio Milani, Maria Walda Milani Ibrahin, e Laércio José Milani.
A FILHA e a IRMÃ Maria Inês: imagem com as irmãs e os pais: Humberto Milani, Cléophas Mosca Milani, Antonieta, Adele, Maria Ines e Maria Walda e Isolina (sentadas com os pais).
Passou sua infância e adolescência em Indaiatuba e estudou no Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes.
Por ser menina viva e inteligente, chamou a atenção da família Nicolau que tinha uma loja tradicional na Rua Bernardino de Campos, esquina com a XV de Novembro. Seu Julio, Dona Catarina e Dona Sara pediram à sua mãe que a deixasse trabalhar na loja. Aos dez anos de idade fazia contas de somar enormes em poucos minutos e encantava o seu Júlio com sua facilidade. Lá permaneceu até os dezoito anos quando se casou com Nelson de Almeida Domingues, e nos anos 80 voltou à mesma loja, desta vez na condição de gerente, dando todo apoio aos irmãos Nicolau, já idosos, que a queriam como a uma filha.
Ela conta que a primeira vez que viu o seu marido Nelson, ele estava chegando à cidade em cima da jardineira, vindo de São Paulo, coberto de pó da estrada de terra, e se interessou de imediato. Casaram-se em 07 de setembro de 1946 e foram morar em São Paulo por alguns anos. Em 1952 voltaram para Indaiatuba e aqui permaneceram.
Nos anos 50 apoiou seu marido na fundação do Rotary Clube de Indaiatuba, sendo ao seu lado a primeira presidente do Clube de Serviços, e logo em seguida, a do Indaiatuba Clube. Organizou inúmeros eventos para promover os dois clubes como bazares, desfiles de modas, almoços, bingos entre outros, sempre acompanhada de inúmeras amigas e companheiras que a ajudavam com admiração.
A ESPOSA Maria Inês, no evento de Fundação do Rotary de Indaiatuba
Trabalhou ativamente no Rotary Clube por mais de cinquenta anos, mesmo depois de ter perdido seu amado marido em 1988. Inspirou as novas companheiras com seu comportamento exemplar, seu dinamismo e espírito de liderança.
Foi primeira dama rotária por diversas vezes, convidada por companheiros solteiros que assumiam a presidência e contavam com sua experiência e dinamismo.
A ROTARIANA Maria Inês, evento no Indaiatuba Clube, acompanhada de sua irmã, Adele,
seu cunhado Athaide Puccinelli e sua mãe D Cléophas.
Dentre as atividades das quais participou, uma das que se destacou foi a concepção e direção do Clube de mães por vários anos, cujo objetivo era o de proporcionar às mãe grávidas carentes aulas sobre o parto, cuidados com o bebê, alimentação, higiene, saúde, além de ensiná-las a confeccionar um enxovalzinho para seus filhos, oferecendo assim um trabalho educativo básico e melhorando a qualidade de vida dessas mães e suas famílias.
Foi a primeira mulher do Rotary Clube de Indaiatuba a ser homenageada com o título de Companheiro Paul Harris, com posterior Safira, pelo conjunto de suas atividades meritórias. Foi homenageada no livro “Mulheres que compartilham” publicado em 2008 e organizado pela companheira Neusa Maria do Amaral S Albertini.
Sempre trabalhou formal ou informalmente para ajudar no orçamento doméstico.
Abriu a primeira Mercearia de Indaiatuba, “Mercearia S”, na Rua 9 de Julho que vendia vários produtos diferenciados como queijos e frios finos, frango fresco limpo (que eram limpos por sua mãe no quintal da casa) e frutos do mar congelados. Seus clientes eram as famílias mais tradicionais da cidade.
Cozinheira de mão cheia encantou sua família e amigos com suas receitas deliciosas, hoje repetidas por filhas (os) e netas (os).
Talentosa nas atividades manuais e artísticas fazia tricô na mão e na máquina de forma primorosa. Deu aulas de tricô na máquina e fez roupas, blusas, mantas e roupinhas de bebê maravilhosos.
Destacou-se como pintora, tendo retratado a nossa querida Indaiatuba antiga com inúmeros quadros, que nos remetem aos bons tempos e às lembranças de uma cidade pequena e pacata. Sua coleção já foi apreciada em uma exposição no Indaiatuba Clube e hoje enfeita toda uma parede de sua sala de estar para a apreciação e admiração de seus familiares e amigos.
A PINTORA Maria Inês, com tela do antigo prédio da cadeia/prefeitura (demolido)
Maria Inês é mãe de quatro filhos: Sônia Maria Domingues Barnabé, Sérgio Domingues, Selma Maria Domingues El Hage e Silvio Domingues; e avó de oito netos: Juliano Barnabé, Ana Flávia Barnabé Peres, Amir El Hage, Yasmin El Hage, Rafael Barnabé Domingues, Sérgio Humberto Domingues, Mariana Ávila Domingues e Marcelo Ávila Domingues.
A MÃE Maria Inês, com seus quatro filhos no 80. aniversário
Hoje aos 83 anos, viúva há 23 anos pode se orgulhar por ter criado seus filhos em tempos difíceis, dando a cada um aquilo que nunca pode ter e para ela um bem precioso para a vida: um diploma universitário.
A cidade de Indaiatuba também deve se orgulhar dessa Indaiatubana de origem simples, que superou os seus limites e que deu tanto de si contribuindo de forma marcante e significativa por tantos anos principalmente no Rotary Clube de Indaiatuba, liderando e trabalhando baseando-se no seu valioso lema de “Dar de si, antes de pensar em si”.
com a colaboração de Selma Domingues El Hage
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Créditos das imagens:
Álbum de família (divulgação autorizada) onde a indaiatubana Maria Inês é retratada cumprindo seus diferentes papéis: de filha, irmã, esposa, mãe, artista, rotariana, voluntária, benemérita e muito mais que em apenas palavras, por mais que tentemos, não conseguiremos nunca - jamais - registrar.
Eliana
ResponderExcluirAgradeço a sua atenção e carinho ao contar a história de minha mãe.
O seu trabalho de divulgar as histórias das pessoas da cidade nos ajuda a resgatar a nossa própria identidade.
Um grande abraço com carinho
Selma Maria Domingues El Hage
Eliana acabei de ler no seu blog,a homenagem feita a minha mãe no tópico(esta-terrabendita-e-suas-mulheres) agradeço sua gentileza, sinto-me orgulhosa, de ser filha de uma mulher, batalhadora,que deu aos seus quatro filhos o maior tesouro, que se pode deixar ,à alguem que voce ama,uma profissão, advinda de uma Faculdade que foi paga com muito sacrificio, e tenham certeza, que meu pai tambem se orgulhou muito de sua amada, esteja ele onde estiver,estará emocionado como eu e meus irmãos OBRIGADA
ResponderExcluirSonia Maria Domingues Barnabé