quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Indaiatubanos presentes no Congresso Republicano em São Paulo

No dia 29 de maio de 1887, aconteceu, na cidade de São Paulo, capital da então província de São Paulo, uma das reuniões do chamado “Congresso Republicado Paulista”.

Os Congressos Republicanos Paulistas foram reuniões executadas durante o período do Império nas quais participavam personalidades comprometidos com a causa republicana, principalmente membros da maçonaria. O que pouca gente sabe é a participação dos indaiatubanos nesses episódios.

A decisão sobre a execução periódica desses congressos foi feita na famosa “Convenção de Itu”, que foi o primeiro desses congressos republicanos do Brasil, muito citado em livros didáticos, ocorrida em 1873 na vizinha cidade de Itu, que teve grande influência para o fim do período Imperial e a proclamação da República em nosso país e que teve como presidente, um ilustre indaiatubano, o João Tibiriçá Pitatininga, que era dono da fazenda onde hoje é a Vila Kostka (Itaici). Na Convenção de Itu, entre os 133 presentes 76 eram fazendeiros cafeicultores da região ou do oeste paulista e os demais eram profissionais liberais e comerciantes das camadas médias urbanas. Ainda do total de presentes nesta primeira convenção, 8 eram indaiatubanos.

Indaiatubanos estes que, como os demais, eram pertencentes ou relacionados à uma aristocracia agrária vinculada aos cafeicultores, que buscavam cada vez mais  modernizar suas lavouras com técnicas agrícolas diferenciadas e mão de obra assalariada, deixando para trás as lavouras de cana de açúcar com base na mão de obra de trabalhadores escravizados. Era uma “burguesia agrária paulista” com ideias progressistas, que não queria mais o poder nas mãos de D. Pedro II, um monarca centralizador que personificava, na visão dela, um entrave para o que queriam: a expansão cafeeira, a promoção da vinda de mais imigrantes, o financiamento de ferrovias para escoar o café e financiamento rural, ou seja, interesses bem próprios, diga-se de passagem.

Voltemos ao dia 29 de maio de 1887. Essa emergente burguesia agrária paulista era pacifista, queria tomar o poder do Imperador através do voto. Articulava-se em clubes, jornais e reuniões em mansões e casarões. Neste dia, o representante indaiatubano foi o Dr. Alonso da Fonseca e o principal assunto abordado foi o fim da escravidão. Dr. Alonso havia sido escolhido como representante da nossa cidade – que até então tinha seus campos repletos de indaiás -  para esse congresso em reunião realizada há poucos dias antes,  no dia 7 de maio, na casa de José Tanclér, data na qual também foi fundado o Partido Republicano em Indaiatuba. A reunião aconteceu na esquina da rua Sete de Setembro com a Quinze de Novembro (veja foto) na presença de 22 pessoas que elegeram como presidente do PRI o Sr. Luiz Augusto da Fonseca e como secretário Joaquim Emigdio de Campos Bicudo, dona da Fazenda onde atualmente fica o Casarão do Pau-Preto.

O principal fator da queda do regime imperial não foi a execução dessas reuniões, embora elas tenham tido influência. Entre outros fatores, o determinante foi o fato de o Brasil deixar de ser uma sociedade escravista para ser uma sociedade capitalista.

A decisão sobre o advento definitivo da República e o fim da Monarquia aconteceu no dia 9 de novembro, no Clube Militar. O Marechal Deodoro, figura respeitadíssima pelo exército e amigo pessoal do imperador, relutou, quase amarelou. Foi o presidente republicando mais monarquista que houve. Por sua vez, o Imperador D. Pedro II, o monarca mais republicano que também houve, foi protagonista de uma transição sem violência. Até tentou organizar um novo Ministério, mas não adiantou; esse sim, amarelou de vez. E o nosso país passou a se chamar Estados Unidos do Brasil com uma República Federativa.

E o povo?

No Rio de Janeiro e no Brasil como um todo, consta que ficou alheio. Historiadores narram em anais que foi um Golpe Militar.


Em Indaiatuba, consta que, até que fosse eleita uma nova Câmara no novo regime republicano, os mesmos membros continuaram a responder pelo governo municipal. De prático, retirou-se o brasão de armas do Império da fachada do prédio da Câmara e os guardas tiraram as insígnias imperiais de seus quépis.

Casa e loja de José Tanclér, onde eram feitas as reuniões
do Partido Republicano Paulista (PRP) em Indaiatuba

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