No dia 29 de maio de 1887,
aconteceu, na cidade de São Paulo, capital da então província de São Paulo, uma
das reuniões do chamado “Congresso Republicado Paulista”.
Os Congressos Republicanos
Paulistas foram reuniões executadas durante o período do Império nas quais
participavam personalidades comprometidos com a causa republicana,
principalmente membros da maçonaria. O que pouca gente sabe é a participação
dos indaiatubanos nesses episódios.
A decisão sobre a execução
periódica desses congressos foi feita na famosa “Convenção
de Itu”, que foi o primeiro desses congressos republicanos do Brasil, muito
citado em livros didáticos, ocorrida em 1873 na vizinha cidade de Itu, que teve
grande influência para o fim do período Imperial e a proclamação da República
em nosso país e que teve como presidente, um ilustre indaiatubano, o João
Tibiriçá Pitatininga, que era dono da fazenda onde hoje é a Vila Kostka
(Itaici). Na Convenção de Itu, entre os 133 presentes 76 eram fazendeiros
cafeicultores da região ou do oeste paulista e os demais eram profissionais
liberais e comerciantes das camadas médias urbanas. Ainda do total de presentes
nesta primeira convenção, 8 eram indaiatubanos.
Indaiatubanos estes que, como
os demais, eram pertencentes ou relacionados à uma aristocracia agrária
vinculada aos cafeicultores, que buscavam cada vez mais modernizar suas
lavouras com técnicas agrícolas diferenciadas e mão de obra assalariada,
deixando para trás as lavouras de cana de açúcar com base na mão de obra de
trabalhadores escravizados. Era uma “burguesia agrária paulista” com ideias
progressistas, que não queria mais o poder nas mãos de D. Pedro II, um monarca
centralizador que personificava, na visão dela, um entrave para o que queriam:
a expansão cafeeira, a promoção da vinda de mais imigrantes, o financiamento de
ferrovias para escoar o café e financiamento rural, ou seja, interesses bem
próprios, diga-se de passagem.
Voltemos ao dia 29 de maio de
1887. Essa emergente burguesia agrária paulista era pacifista, queria tomar o
poder do Imperador através do voto. Articulava-se em clubes, jornais e reuniões
em mansões e casarões. Neste dia, o representante indaiatubano foi o Dr. Alonso
da Fonseca e o principal assunto abordado foi o fim da escravidão. Dr. Alonso
havia sido escolhido como representante da nossa cidade – que até então tinha
seus campos repletos de indaiás - para esse congresso em reunião
realizada há poucos dias antes, no dia 7
de maio, na casa de José Tanclér, data na qual também foi fundado o Partido
Republicano em Indaiatuba. A reunião aconteceu na esquina da rua Sete de
Setembro com a Quinze de Novembro (veja foto) na presença de 22 pessoas que
elegeram como presidente do PRI o Sr. Luiz Augusto da Fonseca e como secretário
Joaquim Emigdio
de Campos Bicudo, dona da Fazenda onde atualmente fica o Casarão do
Pau-Preto.
O principal fator da queda do
regime imperial não foi a execução dessas reuniões, embora elas tenham tido
influência. Entre outros fatores, o determinante foi o fato de o Brasil deixar
de ser uma sociedade escravista para ser uma sociedade capitalista.
A decisão
sobre o advento definitivo da República e o fim da Monarquia aconteceu no dia 9
de novembro, no Clube Militar. O Marechal Deodoro, figura respeitadíssima pelo
exército e amigo pessoal do imperador, relutou, quase amarelou. Foi o
presidente republicando mais monarquista que houve. Por sua vez, o Imperador D.
Pedro II, o monarca mais republicano que também houve, foi protagonista de uma
transição sem violência. Até tentou organizar um novo Ministério, mas não
adiantou; esse sim, amarelou de vez. E o nosso país passou a se chamar Estados
Unidos do Brasil com uma República Federativa.
E o povo?
No Rio de
Janeiro e no Brasil como um todo, consta que ficou alheio. Historiadores narram
em anais que foi um Golpe Militar.
Em
Indaiatuba, consta que, até que fosse eleita uma nova Câmara no novo regime
republicano, os mesmos membros continuaram a responder pelo governo municipal.
De prático, retirou-se o brasão de armas do Império da fachada do prédio da
Câmara e os guardas tiraram as insígnias imperiais de seus quépis.
Casa e loja de José Tanclér, onde eram feitas as reuniões
do Partido Republicano Paulista (PRP) em Indaiatuba
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