quarta-feira, 27 de maio de 2020

7ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba - (conteúdo na pandemia do COVID-19) - O projeto da tulha do Casarão Pau Preto

Para auxiliar com conteúdo bacana neste período de isolamento social o blog História de Indaiatuba irá publicar "curiosidades" sobre a História de Indaiatuba com mais frequência, para colaborar na aprendizagem ou mesmo distração dos indaiatubanos, ao mesmo tempo em que se divulga conteúdo sobre nossa História, Memória e Patrimônio.

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7ª curiosidade sobre a História de Indaiatuba

O projeto da tulha do Casarão Pau Preto




Em meados do século XVIII teve início na Inglaterra um conjunto de mudanças no modo de produção que acabaria por ser nomeado como Revolução Industrial. Tendo estado adiantada neste processo como nenhum outro país europeu, a Inglaterra iniciou um agressivo projeto de Expansão Comercial que no século XIX se consolidaria como uma frente colonialista/imperialista. Neste cenário, aqui resumido de forma muito generalista, estava contida uma forma de vender seus produtos, entre eles algumas de suas máquinas e equipamentos que, para serem aceitos no mercado de forma mais rápida, muitos eram oferecidos com projetos, o que hoje damos o nome de "valor agregado".


Neste grupo de produtos está a “Alvenaria Industrial Inglesa”, sendo que a matéria-prima, ou seja, o material usado, era encontrado em todos os países com os quais a Inglaterra comerciava: o barro. 

Os engenheiros ingleses desenvolveram uma sofisticada técnica utilizando basicamente tijolos de barro, podendo executá-las em qualquer local, e em quase qualquer terreno. 

Um exemplo dessa genial arquitetura inglesa onde se integra método construtivo e equipamento é a máquina de beneficiamento de café da Fazenda Pau Preto, que foi instalada no prédio que chamamos de "tuia" (tulha), que foi construída entre 1860/1870 (vide cronologia abaixo).

Quando adquirida da Inglaterra, necessitou de prédio adaptado para seu uso, construído com esta tecnologia estrangeira, tendo sido um marco de prosperidade para nossa cidade. Poucos anos depois, muitos adornos de residências, imitaram o encaixe das paredes de tijolos à vista e da estrutura do telhado da tuia, o que indica que esta arquitetura passou a ser desejada e simbolizar modernidade na cidade. 


Ainda é possível observar estes adornos, chamados de cornijas, nas lojas do centro que utilizam prédios antigos, ou mesmo casas por toda a cidade que se apoderaram da estética do "tijolo à vista" utilizado pela Inglaterra em muitos lugares para onde enviava seus produtos,  para minimizar custos, inclusive com rebocos e adornos. Alguns prédios ferroviários, como a Estação Pimenta, toda em alvenaria inglesa, são tão racionalizados, que parte de sua estrutura de cobertura, é feita de vergalhões advindos de linha férrea, e o mesmo se pode observar em tirantes da própria Tuia.

Parte da Tuia foi demolida na década de 80, e o remanescente do prédio abriga hoje um auditório do Museu Antonio Reginaldo Geiss, sediado no Casarão do Pau Preto.









Saiba mais - CRONOLOGIA DO CASARÃO PAU-PRETO

1810/1820
-         Construção do Casarão em taipa de pilão. Nesse período o casarão pertenceu ao pároco  local que utilizava o prédio como residência.



1860/1870
-         O Capitão José Manoel da Fonseca Leite dá o Casarão em dote quando do casamento de sua filha Escolástica Angelina Fonseca com Joaquim Emídio de Campos Bicudo.
-         Os novos proprietários ampliam o prédio com paredes de alvenaria de tijolos.
-         É construída em alvenaria um novo prédio ao lado do Casarão, semelhante à construções inglesas, onde é instalada a primeira máquina de beneficiar café de Indaiatuba.



1982
-         A família Bicudo põe a propriedade à venda. Anterior a este período o prédio sofreu algumas ampliações e intervenções arquitetônicas .
-         Diante do perigo da demolição do Casarão a sociedade organizou-se em um movimento em prol da sua preservação.
-         Decreto 2.394 de 20/04/82 – declara o Casarão Pau Preto de utilidade pública a fim de ser adquirido mediante desapropriação do imóvel e área de 9810 m2 com a finalidade de instalação de museu histórico, centro cultural e parque de lazer.
-         Decreto 2571 de 14/12/82 - revoga o decreto anterior.



1983
-         Decreto 2615 de 24/02/83 – declara o casarão Pau Preto de utilidade pública a fim de ser adquirido mediante desapropriação do imóvel e área de 4500,90 m2 com a finalidade de instalação de museu histórico, centro cultural e parque de lazer.

1985
-         O casarão sofre reformas para garantir sua preservação.
-         A Secretaria Municipal da Cultura  instala-se no prédio.



1993
-         Com a lei 3081 de 20/12/93 o Casarão Pau Preto e dependências passaram a integrar o patrimônio da Fundação Pró-Memória de Indaiatuba efetivamente instalada em 9 de fevereiro de 1994.  


2001
-         É iniciado, em setembro, o projeto de dinamização do Museu Municipal de Indaiatuba e executadas obras de reparo no Casarão.


2002
-         No dia 04 de fevereiro é inaugurada uma nova exposição do acervo do Museu Municipal de Indaiatuba.


2008 -         No dia 17 de dezembro de 2008 o casarão Pau Preto é tombado pelo então prefeito José Onério. A partir de então sofreu ameaças, mas continua sendo preservado, principalmente pela pressão da população, sendo um dos raros museus que começou com um prédio e não como um acervo.

2019 -        O Museu do Casarão Pau Preto passa a se chamar Museu Municipal Antônio Reginaldo Geiss através da Lei Municipal 7236 de 25 de outubro de 2019 subscrita por todos os vereadores da cidade.

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