Texto originalmente publicado na Revista Exemplo Imóveis
Agradecimentos: Sr. Aluísio Willian, presidente do Grupo AWR
e Débora Andrades, jornalista.
História
O bairro de Helvetia foi fundado por imigrantes suíços que
chegaram ao Brasil em 1854, porém somente em 14 de abril de 1888 que a colônia
foi fundada em Indaiatuba.
A fundação se deu com a compra do sítio Capivari Mirim por parte
das famílias Ambiel, Amstalden, Bannwart e Wolf. O sítio possuía 463 alqueires
e a população inicial era de 34 pessoas. As duas primeiras gerações viveram da
agricultura, as seguintes das mais diversificadas atividades. Metade dos
descendentes reside nas cidades de Indaiatuba e Campinas e tem ligações mais ou
menos frequentes com a colônia. Os demais se distribuem por 101 localidades
diferentes do Estado, país e do exterior.
Em Helvetia residem 324 descendentes em pequenas propriedades,
sendo que grande parte estão no bairro nos finais de semana. A comunidade se
estrutura em torno de três instituições ou sociedades: a escola, a igreja e o
tiro ao alvo, todas centenárias.
Fatores que determinaram a imigração suíça
A fundação de Helvetia, em 1888, só foi possível e só pode ser
entendida se nos reportarmos ao ano de 1854.
Neste período, 26 famílias, num
total aproximado de 150 pessoas, procedentes do Cantão de Obwalden, na Suíça,
chegaram ao Brasil para trabalhar na fazenda Sítio Grande, propriedade de
Antonio de Queiroz Telles, no município de Jundiaí.
A guerra do Sonderbund em 1847 significou o enfraquecimento
político e econômico para os cantões da Suíça Central, entre eles, Obwalden.
Neste mesmo período, aqui no Brasil, diante do movimento abolicionista, recorreu-se à colonização estrangeira com o objetivo de substituir, pouco a pouco, o braço escravo na lavoura de café e de povoar o país, então com baixa densidade demográfica.
Neste mesmo período, aqui no Brasil, diante do movimento abolicionista, recorreu-se à colonização estrangeira com o objetivo de substituir, pouco a pouco, o braço escravo na lavoura de café e de povoar o país, então com baixa densidade demográfica.
Sistema de colonização adotado no Estado de São Paulo
Não havia entre os governantes um consenso sobre o melhor
sistema de colonização.
Alguns defendiam a formação de núcleos de colonização
através da concessão de terras aos imigrantes, financiados pelo Estado, como aconteceu
em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com resultados satisfatórios, outros,
principalmente os fazendeiros do Estado de São Paulo, eram contrários à
concessão de terras aos imigrantes.
Assim dizia o senador Vergueiro, grande
fazendeiro paulista: "Não estamos em estado de tomar tanto peso sem
utilidade correspondente. Chamar colonos para fazê-los proprietários à custa
de grandes despesas é uma prodigalidade ostentosa que não se compadece com o
apuro das nossas finanças".
A proposta dos fazendeiros era o sistema de parceria.
Foi o que
prevaleceu para os imigrantes de suíços de Obwalden. As cláusulas fundamentais
do contrato de parceria foram: os colonos eram contratados na Europa e trazidos
para as fazendas de café, tinham sua viagem paga, assim como o transporte até
as fazendas. Essas despesas, entretanto, entravam como adiantamento feito ao
colono pelo proprietário, assim como, igualmente, lhe era adiantado o necessário à sua manutenção, até que ele pudesse se sustentar pelo próprio trabalho.
A cada família deveria ser atribuída uma porção de cafeeiros, na
proporção da sua capacidade de cultivar, colher e beneficiar.
Aos colonos
também era facultado o plantio de mantimentos necessários ao seu sustento local
predeterminado pelo fazendeiro.
Em caso de venda desses alimentos, o fazendeiro
recebia metade.
Vendido o café, o fazendeiro se obrigava a entregar ao colono a
metade do lucro líquido. Sobre as despesas feitas pelo fazendeiro em
adiantamento aos colonos, eram cobrados juros de 6%, a contar da data do
adiantamento, ficando os colonos solidariamente responsáveis pela dívida e
aplicando-se na sua amortização, pelo menos, metade dos seus lucros anuais.
Análise do Sistema de
Parceria
As colônias formadas sob o sistema de parceria se concentravam
nas regiões de Limeira, Campinas, Jundiaí, Taubaté, Ubatuba, Rio Claro, Amparo,
Pirassununga, Capivari e Mogi Mirim.
Os colonos eram procedentes de diversos
países da Europa, principalmente de Portugal, Espanha, Alemanha e Suíça.
Os suíços se concentravam principal-mente nas vizinhanças de
Jundiaí, Limeira, Rio Claro e Piracicaba. A maior parte destas colônias foi
fundada entre 1852-1854.
Nos primeiros anos da implantação do sistema de parceria era
grande a satisfação dos fazendeiros. Mas ela durou pouco menos de dez anos.
As queixas dos fazendeiros eram de diferentes tipos: modos
brutais que os colonos usavam ao fazerem suas exigências; a agitação em que
viviam; a indisciplina e os maus costumes de muitos deles, tendo alguns sido
presos; o desleixo na colheita, juntando grãos de café verdes e maduros; a
recusa a executar certas tarefas, chegando mesmo a se negar a construir cercas
para a própria pastagem, só o fazendo mediante indenização; a preguiça e o
vício da bebida, o que os tornavam desordeiros e violentos; a baixa
produtividade; a recusa a cuidar do cafezal depois de terminada a colheita e
outros.
Se os proprietários estavam decepcionados com a experiência, não
menos estavam os colonos.
Além de não encontrarem, no Brasil, o paraíso prometido
pela propaganda das Companhias que os contrataram, reclamavam que as
mercadorias de que necessitavam eram vendidas por preços maiores do que valiam
além de receberem cafezais pouco produtivos, reservando-se ao fazendeiro os
melhores pés que entregava ao trabalho escravo.
Apontavam como desonesta a
contagem de juros e os cálculos da conversão da moeda, queixavam-se ainda os
colonos do peso excessivo das dívidas que caíam sobre eles já ao chegar à
fazenda, em virtude do preço da viagem e transporte até a sede, muitas vezes
distante do Porto de Santos, onde eram desembarcados. Sobre aqueles preços
ainda eram cobrados juros.
Falavam da arbitrariedade dos senhores, que tolhiam os
movimentos dos colonos. Criticavam o desconforto das casas de pau-a-pique, sem
forro, em chão batido, semelhante às senzalas. Denunciavam o caráter mesquinho
das somas em dinheiro que recebiam por mês (dois, cinco e, excepcionalmente dez
mil réis) o que tornava obrigatório comprar na fazenda, dada a impossibilidade
de realizá-las fora.
Um pouco diferente foi a experiência em Sítio Grande, segundo
vários testemunhos históricos. As cláusulas dos contratos de parceria, as
condições de vida, de habitação e de trabalho eram as mesmas, porém a forma de
cumpri-mento a elas era outras.
Sítio Grande era um conjunto de várias fazendas de propriedade
de Antonio de Queiroz Telles, o Barão de Jundiaí.
Mais tarde, devido a sua
morte em 1870 foi feita a partilha entre seus filhos, e estas passaram a ser
denominadas com o nome de seus proprietários. Surgiram, desse modo, as fazendas
São Luis, São Francisco e outras.
Os antecedentes
Nas terras de Sítio Grande instalaram-se, em 1854, as 26
famílias dos imigrantes pioneiros.
Nem todos resistiram às adversidades da
situação. Segundo relato dos antigos, apenas oito das 26 famílias sobreviveram.
Até 1881 nenhum outro
contingente de imigrantes veio se juntar àquele grupo inicial.
A partir desta
data até 1888 outros colonos procedentes de Obwalden, muitos deles parentes dos
pioneiros, imigraram para a mesma fazenda.
As condições de vida já eram
melhores, as dívidas já tinham sido pagas, alguns já tinham ascendido a postos
de responsabilidade na administração da fazenda, alguma poupança já tinha sido
feita de modo a permitir que algumas famílias já tivessem adquirido sítios ou
fazendas na região, abandonando a antiga e precária condição.
Aquisição das propriedades e formação da comunidade Helvetia
Em 14 de abril de 1888, as famílias Ambiel, Amstalden, Bannwart
e Wolf compraram de Vicente Sampaio Goes o sítio Capivari-Mirim e parte do
sítio Serra D'Água, ao longo do Rio Capivari Mirim.
As condições da propriedade adquirida não ofereciam muito conforto
aos novos proprietários.
Dizem as crônicas da época que, só com a primeira
safra de café, conseguiram pagar a metade do empréstimo feito.
O restante foi saldado pontualmente no tempo aprazado.
O restante foi saldado pontualmente no tempo aprazado.
Nos seis primeiros anos as quatro famílias trabalharam em comum.
Em 1894 dividiram a propriedade em quatro partes iguais, reservando um alqueire
para a futura construção da escola e da igreja.
A propriedade não tinha nome, mas, espontaneamente, respeitando
as origens étnicas e a experiência histórica e cultural dos pioneiros e
fundadores, começaram a chamá-la de "Colônia Helvetia".
Da Suíça, o termo "Helvetia" e da experiência dos imigrantes nas fazendas do
Brasil, o termo "Colônia".
De fato, "colônia" na cultura
brasileira significava o conjunto de casas onde moravam os "colonos",
empregados dos fazendeiros, posteriormente passou a significar a propriedade e
a comunidade formada por imigrantes de uma mesma origem étnica.
Helvetia passa a ser o pólo em torno do qual os imigrantes de
Obwalden começam a se juntar.
Desenvolvimento econômico e expansão territorial da colônia
Enquanto a aristocracia rural mais progressista buscava novas
formas de organização da economia no campo as terras começaram a perder valor.
Foi a oportunidade que os colonos suíços tiveram de se tornar proprietários.
Por todo o oeste do Estado de São Paulo, o café era bem cotado
no merca-do internacional e passou a dominar a paisagem agrícola paulista dando
início à afirmação da hegemonia do Estado perante as outras unidades da
federação.
Também em Helvetia, a cultura do café era largamente dominante,
plantavam-se também milho, feijão, arroz e outros produtos, mas apenas para a
subsistência, para o consumo interno e para os trabalhos na terra, criavam-se
aves e animais.
Em 1900, 12 anos após a fundação Helvetia, já se estendia por
uma área duas vezes superior à inicial.
A maioria das casas foi construída entre 1900 e 1910 e nas duas
décadas seguintes outras se juntaram a elas, com igual, ou melhor, qualidade.
Mas antes de construírem suas próprias casas os helvetianos construíram o
prédio da escola (1893) e o da igreja (1898-1899).
A igreja no estilo e na estrutura reproduz as linhas
arquitetônicas da sua similar em Giswil, já a escola obedece o estilo dominante
no Brasil Império. As casas compõem elementos trazidos da Suíça com as
exigências impostas pelo clima tropical.
Ao seu redor, muitas
outras fazendas e sítios são adquiridos pelos descendentes dos pioneiros de
1854 e dos fundadores de 1888. Difícil delimitar a área, elas começam a invadir
os bairros e municípios de Indaiatuba, Monte-Mor, Campinas, Valinhos, Vinhedo e
Jundiaí.
Diversificação das atividades agrícolas - Crise do café -
Partilhas de terras
A crise econômica mundial representada pela quebra da bolsa de
Nova York, em 1929, obteve sérias repercussões no Brasil apoiada na monocultura
do café.
Helvetia também sofreu as suas conseqüências, mas não a ponto de ver
abalada a sua economia, apenas modificou, em parte, o perfil de sua atividade
produtiva nos 15 anos seguintes.
Os cafezais, símbolo do progresso da colônia,
foram quase todos preservados e cuidados, mas os novos investimentos se
centraram principalmente na cultura do algodão, que alcançava boa cotação nos
mercados internacional e interno, com o desenvolvimento da indústria têxtil.
As lavouras de café, algodão, milho, feijão e arroz vão cedendo
lugares para as plantações de figo, maçã, uva, maracujá, tomate, verduras e
legumes.
As antigas tulhas e ranchos dão lugares a granjas que passam a
engordar frangos e a acolher galinhas poedeiras.
Localização
Helvetia se situa na divisa dos municípios de lndaiatuba e
Campinas, a uma distância de 8 e 20 quilômetros respectivamente.
Não há como
negar que ela ocupa um lugar privilegiado na geografia econômica, social e
cultural do Estado de São Paulo.
Os historiadores são unânimes ao afirmarem que o desenvolvimento
das cidades paulistas se deve a três fatores: a imigração, a expansão cafeeira
e as estradas de ferro. Estes três fatores se juntam de uma forma plena na região
de Campinas.
No início do século, Helvetia já era cortada por duas rodovias
de terra, a estadual e a municipal, ligando In-daiatuba a Campinas.
Em 1913,
com a construção da Estrada de Ferro Sorocabana, Helvetia é mais uma vez
cortada e beneficiada por este importante meio de transporte, que durante três
décadas foi vital para a sua economia.
Nos anos 50, Campinas se liga a São
Paulo pela Rodovia Anhanguera, e em 1978 pela Rodovia dos Bandeirantes. No
início da década de 60, bem nos limites da Colônia, é construído o Aeroporto
Internacional de Viracopos.
Neste mesmo tempo se constrói a Rodovia Santos
Dumont, a meio caminho das antigas estradas municipal e estadual. Em 1978, a
Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) corta mais uma vez Helvetia.
Industrialização e urbanização
A industrialização do país, que tem no Estado de São Paulo o seu
centro principal e que veio alterar o perfil agroexportador da economia
nacional, se inicia nos anos de 1930 e se consolida a partir dos anos de 1950.
Este surto industrial, inicialmente localizado na grande São Paulo, logo se
expande pelo interior do Estado, transformando Campinas e cidades vizinhas num
grande parque industrial.
A população da região se multiplica na mesma
proporção e os perímetros urbanos se alargam num ritmo acelerado.
Helvetia, que nas suas origens e nos seus primeiros 50 anos de
existência fora uma grande região agrícola, aos poucos se vê cercada por
bairros e vilas das periferias urbanas de lndaiatuba e Campinas.
Como barreiras, a preservar ainda o seu aspecto rural e
campestre, ela tem, na direção leste, o Aeroporto de Viracopos e a Rodovia dos
Bandeirantes, e na direção oeste a Ferrovias Paulistas S.A. Nesta mesma
direção, e como fator que dificulta uma urbanização mais intensa de sua área,
localizam-se dois empreendimentos imobiliários de elevado padrão,
representados pelo Helvetia Polo Country e Chácaras Polaris.
Grupo de Dança Folclórica Helvetia
O grupo de dança folclórica teve início no
ano de 1977, com um grupo de aproximadamente 12 componentes, formado
exclusivamente por integrantes femininos, que desenvolveram um trabalho
original precursor e fundamental à cultura da colônia.
Com o decorrer dos anos, o grupo foi se reciclando no tocante
aos integrantes e no caráter técnico das danças e no ano de 1988, por ocasião
das comemorações e festividades do Centenário de Fundação da Colônia, sofreu
uma reestruturação importante, dando início a uma nova fase ao folclore suíço
da Colônia Helvetia.
Nesta ocasião foram formados vários grupos, sendo a maioria
misto, compostos por mulheres e homens, com predominância de faixa etária
similar.
Desenvolveram-se também um trabalho de diversificação de trajes
típicos, através do vestuário dos integrantes, caracterizando e simbolizando os
Cantões da Suíça.
Atualmente existem quatro grupos - crianças, adolescentes,
jovens, e adultos, constituídos por aproximadamente 75 integrantes, com a faixa
etária variando de 3 a 70 anos.
Os grupos contam com a colaboração de
professores especializados em dança típica suíça para seu aperfeiçoamento
técnico e cultural, onde a cada dois anos, por intermédio do Consulado Suíço no
Brasil, especialmente em São Paulo, e pelo desempenho da Colônia, traz diretamente
da Suíça os profissionais para a realização de cursos com todos os integrantes.
Os trajes masculinos e femininos são em sua maioria do Cantão de Obwalden, e
alguns de Appenzell.
Coral de Jodler
O canto Jodler natural ou versificado é uma das mais belas
tradições da Suíça.
O Jodlerklub Helvetia nasceu de um sonho de praticar também
essa expressão cultural suíça na Colônia.
Graças à insistência de Dr. José Luís
Sigrist, Dr. José Ming, Pedro Lorival Wolf e José Carlos Bannwart, o sonho de
formar um Jodlerklub pôde se tornar realidade quando Arnold Heuberger veio
morar no Brasil e com sua expe-riência de 25 anos em canto Jodler na Suíça,
aceitou o desafio de ensinar aos helvetianos esse estilo de canto tão articular
dos alpes.
O regente Arnold Heuberger-Hubert nasceu em Sarnen, cantão de
Obwalden, Suíça, em 1950. Esteve no Brasil pela primeira vez em 1988 junto com
o "Obwaldner Trachten Chörli", coral do qual fez parte durante 25
anos e do qual é membro de honra.
Veio definitivamente para o Brasil em 1997, acompanhado de sua
esposa Marta e, desde então, vem participando ativamente das atividades
culturais da colônia Helvetia.
Jass
O
baralho é diferente do tradicional baralho brasileiro, os naipes representam a
flor, a semente do carvalho, as bandeiras (ou brasões) e as bolas enfeitadas.
Ocorrem vários torneios de Jass durante o ano.
Festas de Helvetia
Inicialmente a festa tinha o objetivo de angariar recursos para
a escola São Nicolau de Flüe e homenagear os fundadores da comunidade, hoje ela
serve de ponto de reencontro e congraçamento de todos aqueles que têm suas
origens ou ligações com Helvetia.
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Crédito do texto e imagens: Revista Exemplo Imóveis.
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