Texto publicado no periódico LAVOURA E COMMERCIO - FOLHA DIÁRIA
de 23 de julho de 1898 - número 95 - ANNO I
autor: Sr. Dr. Moreira Pinto
autor: Sr. Dr. Moreira Pinto
(mantida a grafia original)
Deixando a cidade de Itú, dirigi-me á villa de Salto, á margem do rio Tieté, na juncção deste com o Jundiahy, um lugar algum tanto elevado e a oito kilômetros da cidade deYtú. Suas ruas são ladeiradas, rectas, pouco largas, sem calçamento e illuminadas a kerosene (parte do texto ilegível) a matriz, da invocação (ilegível) Nossa Senhora do Monte Serrate, em um grande largo que vai até o Tieté.
Possue tres fabricas de tecidos e uma de papel. Actualmente está em actividade sómente a fabrica de tecidos de Pereira Mendes, com 125 teares, devendo funccionar em breve a fabrica de papel do General Couto Magalhães. As outras fabricas, de propriedade do Banco da República, estão paradas.
O município é banhado pelos rios Tieté e Jundiahy e corredor do Ajudante, além de outros.
O município é banhado pelos rios Tieté e Jundiahy e corredor do Ajudante, além de outros.
O rio Tieté é muito encachoeirado desde a cachoeira da Lavra até o porto de Góes. É neste percurso que ele forma o brutal Salto, já descrito por Saint-Hilaire, e depois da juncção com o Jundiahy.
Deixando a villa de Salto, dirigi-me á estação de Itaicy, passando antes pela Chave do Pimenta.
Itaicy fica á margem direita do rio Jundiahy e é dahi que parte o ramal para Jundiahy.
Continuei pela linha-tronco da Ytuana até Indaiatuba, onde parei.
É essa villa um dos lugares cuja topographia mais me tem agradado. Situada em um planalto volteado por colinas de fraca elevação e além das quais se estendem vastas campinas, banhada pelos ribeirões Melchior e João Paulo com ruas rectas, largas, compridas, abahuladas, muito limpas, sem calçamento mas compostas de uma terra excessivamente porosa e através da qual a agua infiltra-se rapidamente, com praças bastantes vastas, como a de Santa Cruz, onde estão levantando uma capella, e com as testadas das casas calçadas com lages de Itú, é Indaiatuba uma villa que deixa no espírito de quem a visita uma agradável impressão.
Gosa de um clima saluberrimo, não havendo noticia de epidemia alguma que a tenha flagellado. Não possue um só médico e é lugar muito procurado, principalmente por indivíduos affectados dos pulmões.
Suas águas são puríssimas, principalmente as de uma fonte chamada Biquinha, excessivamente leves, muito transparentes e do mais agradável sabor.
A principal lavoura é a do café, cultivando-se alguma cana e especialmente cereaes. A exportação do café atinge 150.000 arrobas.
A villa, do alto em que está collocada, offerece lindo panorama; della avista-se a serra do Japy a sete ou oito leguas de distância.
Seus principais edifícios são a matriz e a cadeia.
A matriz é um templo espaçoso, mas sem elegância. Não tem torre, possuindo um relógio frontespicio. O seu interior é muito modesto. Nelle existe um velhíssimo altar mór gothico, com a Senhora da Candelária no centro e Sâo Sebastião e Santo Antonio aos lados. No corpo da Igreja acham-se quatro altares lateraes, de São Benedicto, o Senhor da Ressurreição, São José e a Senhora da Boa Morte.
Na entrada da sachristia lê-se a data de 1839.
A cadeia é um bonito prédio, situado em uma grande praça; nella funcciona também a Câmara.
A villa póde ter uns 2000 habitantes.
É tradição que pelos fins do seculo XVIII, ou principio do actual, um José da Costa, morador no lugar denominado Vuturú, encontrou á margem do dito rio uma velha imagem da Senhora da Candelária, edificando, no lugar em que está hoje a matriz dessa villa, uma pequena capella, que conservou por todo o tempo em que viveu, fazendo reunir nas sextas-feiras os moradores de ao redor para ahi orarem.
Morto José da Costa, tomou Pedro Gonçalves a protecção da referida capella, que estragando-se, foi substituída por outra.
Crescendo os moradores, contrataram capellão á sua custa (ilegível).
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