No dia dos namorados, publico (mantida a grafia original) o poema daquele que deve ser os mais antigo poeta de Indaiatuba, pelo menos dos que
tive acesso em minhas pesquisas até agora.
O mais antigo enamorado de Indaiatuba é Mila (a Mila ou o Mila?) , que publicou sua obra reproduzida abaixo em 23 de julho de 1866 no jornal "Diário de São Paulo".
Tente não se emocionar!
Minh´alma chora!
Amar não posso: meu amor foi sonho
Que evaporou-se ao despontar d ´aurora,
Fugio-me então para não mais voltar
E é por isso que minh´alma chora.
Minh´alma chora porque vê perdido
P ´ra si de bello quanto o mundo tem;
A fé, o amor, a felicidade, o riso,
Verde esperança, que murcho também.
O meu passado, denegrida folha,
Que a minha vida revestira outr´ora,
Porvir d´esperança arrebatou comsigo,
Roubou-me a crença, que minh´alma chora.
Minh´alma chora, porque não encontra
O que lhe possa minorar a dôr,
Affecto vivo, verdadeiro, infindo,
Filho de um puro e verdadeiro amor.
Meo Deos eu soffro!
E porque soffro tanto?!
Nada no mundo
meu pezar minora
Só o sepulchro,
a quietação eterna;
Mas ante a morte
ainda minh´alma chora.
Minh´alma chora ter bebido a tragos
Todo o veneno, que lhe déra o mundo,
Quer envolver-se no sarcasmo frio
Mas teme a queda no dormir profundo.
Quando eu disser o eternal adeos
A este mundo, e me soar a hora,
Triste gemido hão de ouvir então...
Verão ainda que minh´alma chora.
Nossa, coitado ou coitada do ou da Mila, quanto sofrimento... até morrer quis por causa da perda desse amor! Coisas do século passado, ou melhor, retrasado!
ResponderExcluir